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BALANÇO ENERGÉTICO DA CULTURA DO ALGODÃO NA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL NO CERRADO DO MATO GROSSO DO SUL

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Academic year: 2021

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BALANÇO ENERGÉTICO DA CULTURA DO ALGODÃO

NA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL NO CERRADO DO MATO GROSSO DO SUL Fábio Aquino de Albuquerque (Embrapa Algodão / fabio@cnpa.embrapa.br), Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (Embrapa Algodão), José Mário Cavalcanti de Oliveira (Embrapa Algodão), Dalfran

Gonçalves Vale (Embrapa Algodão), José Carlos Aguiar de Silva (Embrapa Algodão), Waltemilton Vieira Cartaxo (Embrapa Algodão)

RESUMO - Os sistemas produtivos de subsistência tedem a apresentar menor consumo de energia em detrimento a produção, em comparação aos sistemas mais intensivos. Assim, procurou-se avaliar o balanço energético de dois sistemas de cultivo de algodão de pequenos produtores do Mato Grosso do Sul. Os coeficiente técnicos foram obtidos a partir de publicações da Embrapa Agropecuária Oeste para safra 2006/07. Um quilo de semente de algodão tem 4200 kcal/kg, os fertilizantes 14922,61 kcal/kg, 2299,64 kcal/kg e 2189,80 kcal/kg para N, P e K, respectivamente. Inseticidas, herbicidas e formicidas os valores foram de 74300 kcal/kg, 83090 kcal/kg e 21340 kcal/kg. Admitiu-se o consumo em torno de 225 kcal por hora trabalhada para 8 horas/dia. Um animal consome aproximadamente 1575 kcal/h/dia. O consumo de diesel foi de 7,0 l/hora para um valor energético de 9583 kcal/l. Um trator com 65 cv de potência a DEE foi de 4322,70 kcal/h. Considerou-se ainda a composição do capulho do algodão com 36% de pluma, 58% caroço e 6% resíduos. Os dois sistemas de cultivo apresentaram-se equilibrados com vantagem para o sistema de cultivo do assentamento, com B.E. de 1,10.

Palavras-chave: agricultura familiar, eficiência cultural, dióxido de carbono, culturas alimentares. INTRODUÇÃO

O consumo energético em sistemas de produção agrícola tem sido estudado há algoum tempo (ROMERO et al., 2006; GAZZONI et al., 2006; PIMENTEL e PATZEK, 2005; URQUIAGA et al., 2004).Os sistemas muito intensivos apresentam altos inputs de energia em compensação têm alta produtividade,enquanto que os sistemas de produção de subsistência tendem a ser mais positvos, com maior saída (output) do que entrada de energia (HEITSCHMIDT et al., 1996; BOWMAN, 1980).

Essas entradas de energia provêm basicamente da utilização da energia fóssil utilizada na fabricação das máquinas e insumos, e no consumo de óleo e lubrificantes durante as atividades agrícolas. Consequetemente, ocorre maior emissão dos chamados gases do efeito estufa, mais especificamente o CO2. O aumento dessas emissões tem provocado o aumento da temperatura do planeta que é uma realidade que teremos de conviver pelas próximas quatro décadas. Os estudos até agora apresentados mostram que a temperatura poderá aumentar em até 6ºC se as emissões continuarem no ritmo atual. Entretanto, para que possamos sentir os efeitos danosos deste aumento não é necessário que chegue a tanto. Segundo Assad et al. (2005) o aumento de apenas 1ºC na temperatura média no Brasil poderá promover uma redução de 65% da área apta para o plantio de café no estado de Minas Gerais. De uma maneira geral estima-se que o grande diferencial que o Brasil tem frente aos outros países, o agrícola, não seja mais tão significativo assim.

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Nas pequenas propriedades agrícolas a quantidade de energia que é investida na agricultura é relativamente pequena se comparada com a agricultura empresarial. Em virtude das atividades envolverem, na sua maioria, a força de trabalho do homem e pelo fato de haver menor mecanização agrícola. Por outro lado a produção de energia (saída de energia) é menor, em virtude destes fatores. Avaliar o balanço energético de uma pequena propriedade requer uma detalhada análise de todos os fatores que estão contribuindo para a entrada e saída de energia.

Neste trabalho procurou-se avaliar o balanço energético da cotonicultura familiar em dois municípios do Mato Grosso do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

Os coeficientes técnicos para os dois sistemas produtivos foram obtidos da estimativa de custo de produção para um hectare na safra 2006/2007 para o Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (RICHETTI, 2006). As variáveis de entrada e saída foram transformadas em quilocaloria (kcal) para efeito de uniformização dos cálculos. Foram computadas como entradas todos os insumos e práticas culturais, assim como os equipamentos utilizados para cada atividade. Alguns valores foram omitidos divido a impossibilidade de determinação do valor energético contido na atividade ou insumo, como foi o caso do milheto no sistema de plantio direto, que consta o valor energético da atividade, mas não consta o valor energético das sementes de milheto.

Considerou-se o valor de 4200 kcal/kg de sementes de algodão, para os fertilizantes os valores foram de 14922, 61 kcal/kg, 2299, 64 kcal/kg e 2189,80 kcal/kg para nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente. Inseticidas, herbicidas e formicidas apresentaram valores de 74300 kcal/kg, 83090 kcal/kg e 21340 kcal/kg, respectivamente. Admitiu-se que um homem consome em torno de 225 kcal por hora trabalhada e considerou-se uma jornada de trabalho de oito horas/dia. Um animal (boi) consome aproximadamente 1575 kcal/h/dia. O consumo de combustível foi de 7,0 l/hora e o óleo diesel apresenta um valor energético de 9583 kcal/l. Para de determinação da demanda específica de energia (DEE) de máquinas agrícolas, seguiu-se a metodologia de Ulbanere (1988) e Freitas et al. (2006), assim para um trator com 65 cv de potência a DEE foi de 4322,70 kcal/h. Considerou-se ainda a composição do capulho do algodão com 36% de pluma, 58% caroço e 6% resíduos (CASTANHO FILHO e CHABARIBERI 1982).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O balanço energético do assentamento do município de Nioaque foi positivo sendo que para cada unidade de quilocaloria (kcal) que entra no sistema saem 1,10. Apesar de baixo este valor demonstra que o saldo é positivo, isto ocorreu em função da maior utilização da mão-de-obra. Ainda assim verificou-se que os fertilizantes foram os que mais contribuíram para o incremento de energia o sistema (Tab. 1), seguido dos inseticidas e herbicidas.

Para o município de Itaquiraí o balanço energético foi nulo, ou seja, para cada caloria que entra é gerada uma. Nesse sistema, se não houve ganho ao menos não houve perda de energia. Nesse sistema o que contribuiu mais significativamente, além dos fertilizantes e inseticidas, foi a maior utilização de máquinas agrícolas que apesar de serem pouco usadas, têm uma demanda especifica de energia alta, o que acaba contribuído para o incremento de energia.

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Tabela 1. Balanço energético (B.E.) do sistema de produção convencional, em assentamento, para o município de Nioaque, MS, safra 2006/07.

Componente Unidade Quantidade Total (kcal)

Insumos Semente kg 13.00 54600.00 Fertilizante (NPK) kg 200.00 3882410.00 Fertilizante (N) kg 50.00 746130.50 Herbicida l/kg 1.00 83090.00 Inseticida l/kg 2.30 170890.00 Formicida kg 0.30 6402.00 Operações agrícolas Gradagem da 1.60 2520.00 Semeadura dh 3.00 5400.00 Aplicação de herbicida dh 0.50 900.00 Aplicação de inseticidas dh 3.50 6300.00 Capinas manual dh 1.00 1800.00 Capinas animal da 1.00 1575.00 Destruição de soqueira da 1.00 1575.00 Entradas (Input) 4963592.50 Produção 150 @ kg 2250 2250 58% de semente kg 1305 1305 Saídas (Output) 5481000.00 B.E. = 1.10

hm: hora máquina, dh: dia homem, da: dia animal, B.E.: Balanço energético

Tabela 2. Balanço energético (B.E.) do sistema de produção convencional, para pequeno produtor, para o município de Itaquiraí, MS, safra 2006/07.

Componente Unidade Quantidade Total (kcal)

Insumos Semente kg 10.50 44100.00 Fertilizante manutenção (NPK) kg 250.00 4853012.50 Herbicida l 2.00 166180.00 Inseticida l/kg 6.00 445800.00 Operações agrícolas Gradagem hm 2.10 9077.67 Semeadura hm 0.60 2593.62 Aplicação de herbicida dh 0.50 900.00 Aplicação de inseticidas dh 3.52 6336.00 Capinas manual dh 1.65 2970.00 Capinas animal da 1.30 2047.50 Destruição de soqueira hm 1.00 4322.70 Combustível l 25.90 248199.70 Entradas (Input) = 5537339.99 Produção 150 @ kg 2250 58% de semente kg 1305 Saídas (Output) = 5481000.00 B.E. = 0.99

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Os dois sistemas mostraram-se equilibrados, com vantagem para o sistema de cultivo do assentamento que por utilizar mais a mão-de-obra ao invés de máquinas teve um saldo energético positivo. Segundo HEITSCHMIDIT et al. (1996), naqueles sistemas de produção de subsistência, o balanço energético tende a valores positivos enquanto que nos sistemas mais intensivos e de caráter comercial a tendência é que sejam baixos. Além do aspecto energético esse sistema tem a vantagem ainda de utilizar mão-de-obra local contribuindo para a geração de renda de melhor desenvolvimento social. Este é um aspecto que a cultura do algodão tem, principalmente na agricultura familiar. O fato do sistema do assentamento não utilizar trator para trabalhar a terra contribuiu para uma menor emissão de gases de efeito estufa, principalmente o CO2. Trabalhando com algodão precoce Beltrão et al. (1993) verificaram que no 1º ano de ciclo, considerando apenas a saída referente ao algodão, geraram uma eficiência de 1,77, e considerando os consórcios uma eficiência de 5,13. Para os anos seguintes estes autores verificaram que houve um aumento significativo na eficiência cultural, conseqüentemente do balanço energético, do sistema produtivo. Por outro lado Romero et al. (2006) concluíram que a eficiência cultural foi de 0,71, ou seja, negativa, naquele estudo a utilização de implementos agrícolas e os inseticidas e fertilizantes foram determinantes para este saldo.

CONCLUSÕES

Os sistemas estudados mostraram-se equilibrados, com certa vantagem para o sistema do assentamento pelo fato de utilizarem mão-de-obra ao invés de máquinas.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

Este trabalho ajudará a orientar estratégias que possam ser tomadas para um melhor aproveitamento do uso da terra, principalmente no caso de utilização de consórcios com culturas alimentares e também oleaginosas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N.E. de M., AZEVEDO, D.M.P., NÓBREGA, L.B. da ; LACERDA, M.R.B. Estimativa da energia cultural na cotonicultura arbórea no nordeste brasileiro, comparando-se o mocó tradicional com o precoce. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1993. 11p. (Boletim de Pesquisa, 29)

BOWMAN, J.C. Animais úteis ao homem. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980, 74p. (Coleção Temas de Biologia, 20).

CASTANHO FILHO, E.P. ; CHABARIBERI, D. Perfil energético da agricultura paulista. In: São Paulo. Secretaria de Agricultura e Abastecimento/ IEA. Relatório de pesquisa. São Paulo, 1982. 55p.

FREITAS, S.M., OLIVEIRA, M.D.M., FREDO, C.E. Análise comparativa do balanço energético do milho em diferentes sistemas de produção. XLIV CONGRESSO DA SOBER., 44., 2006, Fortaleza, CE, Anais... p. 1-13. Disponível em: www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.ph?codTexto=6832. Acesso em 05 de abril de 2007.

GAZZONI, D. L., FELICI, H.N.P. ; CORONATO, R.M.S. Balanço energético das culturas de soja e girassol para produção de biodiesel. [S.l.: s.n.], 2006.

HEITSCHMIDIT, R.K., SHORT, R.E., GRINGS, E.E. Ecosystems, sustainability, and animal agriculture. Journal of Animal Science, Champaning, v.74, p. 1395-1405,1996.

PIMENTEL, D. ; PATZEK, T.W. Ethanol production using corn, switchgrass, and wood; biodiesel production using soybean and sunflower. Natural Resources Research, v. 14, n.1, p.65-76, 2005.

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RICHETTI, A. Estimativa de custo de produção de algodão, safra 2006/07, para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. [S.l.: s.n.], 2006. p. 1-16. (Comunicado Técnico 125)

ROMERO, M.G.C., BUENO, O.C. ; ESPERANCINI, M.S.T. Análise energética e econômica da cultura de algodão em sistemas agrícolas familiares. Energ.Agric.Botucatu, v. 21, n.4, p.81-97, 2006.

URQUIAGA, S., ALVES, B.J.R. ; BODDEY, R.M. Produção de bio-combustíveis: a questão do balanço energético. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2006, Sergipe. Anais.... Campina Grande, PB: Embrapa Algodão,2006. CD-ROM

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