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William Freire Advogados Associados Saneamento Ambiental 1

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Academic year: 2021

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Saneamento é o conjunto de medidas e serviços visando preservar ou modificar as condições do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a qualidade ambiental,

através da melhoria das condições de vida da população, do incentivo de hábitos higiênicos, da garantia da limpeza pública, da melhoria da produtividade do indivíduo, refletindo,

conseqüentemente, na atividade econômica.

O saneamento ambiental é definido pela implantação de sistemas de: Abastecimento e controle da qualidade da água potável;

A potabilidade da água

A qualidade da água distribuída e consumida no Brasil é controlada baseada em padrões estabelecidos como um todo. Para garantia de tal qualidade, é indispensável primeiramente a preservação e o monitoramento das fontes de água para abastecimento, além de análises da água bruta e da água tratada específicas para a região.

Para que a água seja considerada potável, ou seja, própria para consumo não apresentando risco algum para a saúde, ela precisa atender a padrões de potabilidade que são padrões químicos, físicos e biológicos. Caso a água tenha substâncias que estejam fora dos valores máximos permitidos pelo Ministério da Saúde, para a concentração para uma série de substâncias e componentes presentes na água, esta é considerada poluída.

Dentro dos padrões químicos, são analisadas a quantidade de sais minerais (como o cálcio e magnésio), que deve ser pequena, porém não ausente; a presença de sais tóxicos, como o arsênio, o chumbo, o cádmio e o mercúrio, que são metais pesados; e a DBO, que é a demanda bioquímica de oxigênio da água.

Nos padrões físicos, é exigido que a água seja inodora, incolor e insípida, porém ter um sabor indefinível, que permite distingui-la de qualquer outro líquido. Deve ser fresca, sensação que depende da temperatura ambiente.

A presença de odores possivelmente é proveniente da decomposição da matéria orgânica, lixo, esgoto e detergentes despejados na água.

A alteração de sua turbidez indica a presença de argila, algas e matéria orgânica.

A coloração da água é devida ao excesso de matéria orgânica ou a despejos de industrias. Nas condições biológicas, basicamente verifica-se a presença de organismos patogênicos, ou seja, aqueles capazes de causar doenças.

Sistema de abastecimento de água

Os sistemas apropriados de abastecimento de água proporcionam uma notável melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade, no controle de disseminação de

doenças, na limpeza pública e na promoção da prática de hábitos higiênicos como a

instalação de pias, tanques e chuveiros para a limpeza de vasilhas, o preparo dos alimentos, a lavagem de roupas e para a própria higiene pessoal.

Cerca de 300 milhões de pessoas ingerem água contaminada nos centros urbanos e mais de um bilhão em zonas rurais, segundo pesquisa das Nações Unidas. Na América Latina e no

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Caribe, 30% da população não têm acesso à água potável. No Brasil, 45 milhões de pessoas não possuem abastecimento de água, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2000 pelo IBGE.

Para o planejamento da construção de um sistema completo de abastecimento de água, são definidos, primeiramente, o número de habitantes favorecidos pelo fornecimento, o

crescimento da comunidade e suas necessidades industriais.

Na zona rural, usualmente, são usadas fontes, minas e cisternas para o abastecimento de água para uma ou mais habitações. Porém a água desses locais pode não ser pura ou de boa qualidade, pois está exposta a poluição e contaminações causadas por insetos, animais e enxurradas e pela proximidade de fossas.

Um sistema convencional de abastecimento de água é constituído de: o Captação

Primeiramente é escolhida a fonte de abastecimento de água. Esta deve ser um corpo d’água cuja vazão proporcione um abastecimento suficiente à comunidade e cuja água seja de boa qualidade. A localização da fonte, a topografia da região e a presença de possíveis focos de contaminação também devem ser levadas em conta.

Mesmo com uma rígida seleção, as águas captadas podem conter resíduos de mineração, lixo doméstico ou químico, esgotos domésticos e industriais contendo metais pesados, coliformes fecais e agrotóxicos.

Por isso o tratamento precisa ser iniciado diretamente nas fontes de captação, protegendo os mananciais e as barragens, para evitar a poluição da água por essas fontes de poluição. Além disso, é preciso ter o controle do crescimento de algas através de algicidas, pois essas dificultam, e muito, o tratamento da água, além de terem a possibilidade de liberar toxinas altamente nocivas à saúde. A partir dos dados coletados, será definido qual o tratamento adequado para tal água especificamente.

A captação da água pode ser subterrânea ou superficial. A primeira é efetuada por poços artesianos, com bombas instaladas perto do lençol que bombeiam a água para a superfície por tubulação. A segunda é feita em rios, lagos ou represas, por gravidade ou bombeamento. Caso seja por bombeamento, uma casa de máquinas precisa ser construída próxima à

captação.

o Estação de tratamento

O processo de tratamento de água é composto por oxidação, coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção, correção de pH e fluoretação.

· Oxidação / Verificação de Metais Pesados

Os efluentes de indústrias que utilizam mercúrio e diversos metais em suas linhas de

produção são as principais fontes de contaminação das águas dos cursos d’água por metais pesados.

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químico, podendo ser facilmente absorvidos pelos tecidos animais e vegetais, acumulando-se nesses organismos e na cadeia alimentar.

Para se retirarem os metais pesados da água captada, deve ser feito um pré-tratamento específico (oxidação), com a adição de substâncias químicas, de acordo com os metais presentes, que formarão metais ainda mais pesados que, por sua alta densidade, se sedimentarão no fundo dos tanques de tratamento. Terminada esta etapa, a água é

encaminhada para o tratamento tradicional. No caso de ferro e manganês presentes, cloro é adicionado à água.

· Coagulação

Nesta etapa, a água é agitada para que haja a perfeita mistura do coagulante que é adicionado à mesma, podendo ser sulfato de alumínio ou cloreto férrico. Esses produtos químicos coagulam os sólidos dissolvidos.

· Floculação

Há a formação dos flocos pela agitação estratégica da água, de forma que eles se unem ganhando peso, volume e consistência ideais.

· Decantação

Os flocos formados na etapa anterior separam-se da água, sedimentando-se, pela força da gravidade e pela diferença de densidade, no fundo dos tanques. O período médio de

retenção da água nesses tanques é de três horas. · Filtração

Nesta fase, as impurezas que não foram sedimentadas no processo de decantação ficam retidas nos filtros que são constituídos por camadas de areia e antracito suportadas por cascalho de granulometria variada, que retêm a sujeira remanescente. A água então fica livre de sólidos solúveis e suspensos.

As fases de floculação, decantação e filtração recebem juntas o nome de clarificação. · Desinfecção

Também chamada de cloração, nesta etapa, há a adição de cloro com o objetivo de extinguir os microorganismos patogênicos que ainda estão presentes na água (desinfecção), para reduzir gosto, odor e coloração da água, e é considerado indispensável para a potabilização da água.

A aplicação do cloro é feita em forma de gás ou em soluções de hipoclorito, e a quantidade é de acordo com a massa de água a ser tratada, com a qualidade da água e com o cloro

residual que se deseja manter na rede de abastecimento, para garantir a qualidade da água nas redes de distribuição e nos reservatórios.

Apesar de ser de fundamental importância no processo de purificação da água, a cloração deve ser feita com cuidados rigorosos, pois a associação do cloro com algumas substâncias orgânicas, os chamados trialometanos, que são compostos orgânicos clorados, afetam o sistema nervoso central, o fígado e os rins, e, além disso, é cancerígeno, teratogênico e

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abortivo.

Uma das alternativas para remoção do cloro livre e da matéria orgânica é o uso do Filtro de Carvão Ativado, que é composto por um vaso metálico à pressão com uma camada de carvão ativado, disposto internamente sobre um fundo falso provido de coletores. Tem o funcionamento semelhante ao de um filtro simples: a água entre pela parte de cima, passa pelo carvão ativado e flui pelo bocal inferior.

O filtro também pode remover agrotóxicos presentes na água, cujo tratamento anterior não conseguiu remover. O cloro livre e a matéria orgânica podem ser responsáveis pela presença de sabor e cor na água.

· Correção de pH

Esta correção é feita com o intuito de se protegerem, contra corrosões e incrustações as canalizações das redes de distribuição e das residências. O procedimento é simples: adiciona-se uma dose de cal à água, corrigindo seu pH.

· Fluoretação

A fluoretação consiste no acréscimo de uma dosagem de composto de flúor à água. É uma etapa adicional, em atendimento à portaria do ministério da saúde. A aplicação do flúor colabora com a redução a incidência da carie dentária, especialmente na época de formação dos dentes, que vai da gestação até a idade de 15 anos.

Caso a captação da água seja subterrânea, usualmente é feita a adição de cloro para a desinfecção, pois a água normalmente costuma não apresentar qualquer turbidez, eliminando as outras etapas do tratamento convencional. Mas sempre é necessária uma análise prévia das condições ambientais da água que se deseja utilizar.

o Reservatório

Finalizado o tratamento, a água é enviada para reservatórios sendo posteriormente conduzida até as residências através de canalizações.

A finalidade de se armazenar a água em reservatórios é manter a regularidade da vazão para abastecimento, em situações quando a produção é interrompida pela necessidade de

manutenção em alguma das unidades do sistema, ou para atender a eventuais e demandas extras, como as que ocorrem nos períodos de grande calor ou durante determinados horários do dia em que a maioria das pessoas usa a água ao mesmo tempo.

Os reservatórios podem ser subterrâneos, apoiados ou elevados, sendo de acordo com a dimensão de cada projeto e com a topografia e tipo de terreno no qual a ETA – Estação de Tratamento de Água – será implantada.

o Redes de distribuição

As redes de distribuição são o conjunto de dutos que canalizam a água tratada ao seu

destino, ou seja, às residências, indústrias ou quaisquer estabelecimentos que necessitam de água potável para seu funcionamento. Esses dutos são enterrados sob a pavimentação das ruas. Eles funcionam sob o princípio dos vasos comunicantes. Porém, para que a rede de

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distribuição funcione perfeitamente, é necessário haver pressão satisfatória em todos os seus pontos. Nos trechos onde há menos pressão, instalam-se bombas cujo objetivo é impulsionar a água para locais mais altos. No caso de haver pressão em excesso, são instaladas válvulas redutoras.

As tubulações das residências normalmente são feitas de PVC, por ser considerado o material mais adequado, que facilita a instalação, os reparos e provoca menos vazamentos.

O monitoramento da qualidade da água deve ser feito nos reservatórios e nos dutos condutores até chegar aos consumidores. Depois de ser utilizada, a água é devolvida em forma de esgotos e continua sendo analisada, para que haja o tratamento antes de ser devolvida aos corpos d’água, de acordo com as normas ambientais vigentes.

A caixas d’água é para o armazenamento de água nas residências. Sua limpeza deve ser de 6 em 6 meses e precisa ser tampada, para que não haja nenhum tipo de contaminação, como dejetos e entrada de animais e plantas. Se a caixa d’água for subterrânea, ela deve ter proteção contra água de enxurrada.

v Coleta, tratamento e destino do esgoto;

Segundo o IBGE de 2000, 82 milhões de pessoas, no Brasil, não têm acesso à rede de esgotos. Pela falta de saneamento adequado, 40 milhões de pessoas sofrem de barriga d’água, 80% dos leitos dos hospitais são ocupados por pacientes que têm doenças transmitidas pela água e uma criança morre de diarréia a cada 24 minutos.

O tratamento dado à pequena porcentagem recolhida é muito ineficiente. Cerca de 75% de todo o esgoto sanitário coletado nas cidades é despejado “in natura”, ou seja, sem receber nenhum tipo de tratamento, poluindo fatalmente os corpos d’água. Desse modo, cerca de apenas 4% do esgoto recebem algum tipo de tratamento adequado.

Os despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados em função da atividade antrópica. Um grande problema do saneamento é o destino dos dejetos domésticos (esgoto), pelo alto potencial de transmissão de doenças, por possuírem grande número de agentes patogênicos.

O objetivo de coletar e canalizar a água usada é afastar e impedir o contato do efluente com a população, águas de abastecimento, vetores de doenças e alimentos, e de conduzi-lo para a ETE – Estação de Tratamento de Esgoto – caso essa existir.

O esgoto pode ser:

Ø Fresco (recente, ainda com oxigênio livre). Ø Sanitário (efluentes domésticos e industriais). Ø Sépticos (em fase de putrefação).

Ø Pluviais (águas da chuva).

Ø Combinado (sanitário + pluvial). Ø Cru (sem tratamento).

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Sistemas de Esgotos Ø Coleta e Transporte

A Rede Domiciliar é o conjunto de tubulações interligadas dentro da residência, que coletam a água das pias, dos tanques, dos ralos e dos vasos sanitários e a encaminham para Rede Coletora, que é uma rede própria para interceptar o esgoto, que fica por baixo da rua. O esgoto escoa por gravidade, tendendo a chegar a um curso d’água, no caso de não haver uma Estação de Tratamento de Esgoto para a qual se pode conduzir o efluente. Esta seria a conjuntura mais adequada, uma vez que o processo de esgotamento sanitário requer não só a implantação de uma rede de coleta, mas também um adequado sistema de tratamento e disposição final.

A natureza tem a capacidade de autodepuração da água, através do consumo da matéria orgânica dos esgotos pelos microorganismos, quando há oxigênio dissolvido na água. Porém, se a carga orgânica for elevada, a demanda de oxigênio também será alta, e este tem sua concentração diminuída drasticamente, matando os microorganismos aeróbios

heterotróficos.

Quando o esgoto é canalizado para tratamento, ele passa, convencionalmente, por quatro etapas de tratamento dentro da ETE: Tratamento Preliminar, Primário, Secundário e Terciário (não muito comum no Brasil).

1) Tratamento Preliminar

Esta etapa tem o objetivo de proteger as tubulações, as válvulas, bombas, e as próprias unidades subseqüentes. São duas subetapas: o gradeamento e a desaneração. São

mecanismos de remoção de ordem física. O material retido nesta primeira etapa deve ser encaminhado para aterros sanitários.

a) Gradeamento – na entrada da ETE, o esgoto passa através de grades de diversos tamanhos que impedem a passagem de todos os materiais grosseiros contidos no efluente, como galhos, latas, papelão e trapos.

Desarenação – o esgoto escoa pelo tanque em baixa velocidade, previamente estipulada, para que toda a areia e gorduras decantáveis nele sejam sedimentadas pela força da gravidade e diferença de densidade.

2) Tratamento Primário

Essa etapa visa à remoção de sólidos em suspensão e sólidos flutuantes. E isso é conseguido pela Decantação Primária: os esgotos fluem lentamente através do decantadores (tanques), permitindo a decantação dos sólidos suspensos pela ação da gravidade e diferença de

densidade e se depositam gradualmente no fundo do tanque, formando o lodo primário. Esse lodo é retirado e posteriormente tratado por processos de secagem ou incineração antes da sua disposição no solo.

3) Tratamento Secundário

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(DBO solúvel) ou em suspensão (DBO suspensa), que, por serem muito finas, não se

decantaram no decantador primário. Esta etapa acelera os mecanismos de degradação que ocorreriam normalmente na natureza, ou seja, a digestão da matéria orgânica por bactérias, só que em menor velocidade.

O princípio do tratamento secundário é puramente biológico: as bactérias e outros

microorganismos, que estão naturalmente presentes no efluente, alimentam-se da matéria orgânica em grande concentração contidas no esgoto, e se reproduzem a altas taxas de crescimento, formando flocos biológicos. Esses microorganismos convertem a matéria orgânica em gás carbônico, água e biomassa (material celular pelo crescimento e reprodução).

Existe uma grande variedade de métodos de tratamento secundário:

a) Lagoas de estabilização – São lagoas artificiais, construídas com a finalidade de estabilizar a DBO.

Há quatro tipos de sistemas de lagoa de estabilização, sendo que o mais simples é o de lagoas facultativas, pois depende apenas de fenômenos puramente naturais. O efluente entra em um ponto da lagoa e fica retido por vários dias, sendo posteriormente retirado do lado oposto. Nesse intervalo é quando ocorre a sedimentação da matéria orgânica em suspensão, formando o lodo no fundo da lagoa, que será estabilizado por bactérias

anaeróbicas. A matéria orgânica dissolvida será decomposta por bactérias facultativas que, de acordo com o meio, sobrevivem com ou sem oxigênio.

Pode-se combinar, juntamente com a lagoa facultativa, uma Lagoa Anaeróbica, que ocupa uma área bem menor que a facultativa, porém mais profundo, uma vez que não necessita da incidência de luz para produção de fotossíntese objetivando a garantia de oxigênio para as bactérias aeróbicas. A DBO na lagoa anaeróbica é estabilizada cerca de 50 %, e a DBO remanescente é removida na lagoa facultativa.

A Lagoa Aerada Facultativa se diferencia da facultativa simples apenas pelo fato de o oxigênio necessário para as bactérias aeróbicas ser fornecido por aerados mecânicos, ao invés da fotossíntese das algas. Isso possibilita que a área da lagoa seja menor. Também há a sedimentação de lodo no fundo e, como na facultativa simples, ele será degradado por anaeróbicas.

Na Lagoa Aerada de Mistura Completa seguida de Lagoa de decantação há uma maior concentração de bactérias na massa de efluente, aumentando a eficiência da remoção de DBO, permitindo que a lagoa tenha um volume menor do que as outras lagoas. O volume de sólidos é maior, necessitando de uma lagoa de decantação posteriormente, para que o lodo seja recolhido e tratado.

b) Lodos ativados – Têm o objetivo de clarificação removendo os sólidos. O líquido provindo do decantador primário (onde houve a retirada de sólidos sedimentáveis) passa pelo tanque de aeração. Combinando-se a agitação do esgoto com a injeção de ar,

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desenvolve-se uma massa de microorganismos chamada “lodos ativados”. Estes se proliferam e removem a matéria orgânica da água através de seu metabolismo, transformando-a em gás carbônico, água e biomassa. O lodo inicial é proveniente do

sedimento depositado no decantador secundário. Esse método de recirculação do lodo visa suprir a quantidade ideal de microorganismos necessários para decompor a matéria orgânica com maior eficiência. E esse mecanismo foi desenvolvido pela necessidade de se reduzir o volume dos tanques: aumenta-se a concentração da biomassa no meio líquido juntamente com o acréscimo de bactérias. Os microorganismos consomem a matéria orgânica e se proliferam rapidamente, pois esse sistema aumenta a velocidade de assimilação da matéria orgânica, diminuindo o tempo de retenção do efluente. O fornecimento de oxigênio é feito mecanicamente ou por difusão de ar. À montante há um tanque de decantação primária, para retirada de sólidos sedimentáveis. O líquido é encaminhado novamente ao decantador (secundário), é retirado o lodo ativado, e o esgoto tratado é devolvido ao meio ambiente. c) Filtro biológico – São filtros que aproveitam o surgimento de biofilmes – que são

camadas de bactérias aderidas em alguma superfície – nas pedras das camadas filtrantes. O efluente passa pelo filtro, fazendo com que a matéria orgânica fique retida pelas bactérias. Há também os biodiscos, que não são filtros, mas utilizam o biofilme para a degradação da matéria orgânica. As bactérias ficam aderidas em discos parcialmente submersos no líquido. Ao girar, ele disponibiliza para as bactérias aderidas oxigênio para desempenharem suas funções de degradação.

d) Tratamento anaeróbico – Pode ser por fossa séptica – filtro anaeróbico ou por reator anaeróbico de manta de lodo.

No primeiro caso, o esgoto passa por uma fossa séptica, onde há a sedimentação dos sólidos em suspensão, sendo digeridos anaerobicamente no fundo do tanque. A seguir, o efluente é encaminhado para um filtro de fluxo ascendente e totalmente submerso, onde as bactérias aderidas nas pedras das camadas filtrantes estabilizam a DBO por processos anaeróbicos. Nos reatores de manta de lodo, o fluxo também é ascendente, porém as bactérias estão dispersas na massa líquida e também degradam a matéria orgânica anaerobicamente. Disposição sobre o solo – A aplicação de esgotos pré-tratados no solo pode suprir água e nutrientes para as plantas, quando é usado na irrigação. Também contribuem para a recarga do lençol freático e para a evapotranspiração. O restante fica retido na matriz do solo.

Sedimentação, filtração, radiação, desidratação, oxidação e biodegradação são alguns dos mecanismos que contribuem para a remoção de poluentes dispostos no solo.

Terciário

Esta etapa tem a finalidade de obter uma qualidade superior do efluente, com a remoção quase que total da matéria orgânica e de nutrientes, como o nitrogênio, fósforo e a remoção de bactérias patogênicas. Há também o tratamento do lodo removido durantes todas as outras etapas.

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Há varias opções e etapas para tratamento do lodo, porém com um objetivo que é,

principalmente, diminuir o volume da parte sólida da poluição, ou seja, do lodo resultante, antes de ser descartado definitivamente.

O lodo removido durante os processos de tratamento é enviado aos digestores, que são grandes tanques de concreto. Pelo processo de fermentação, processar-se-á transformação de lodo em matéria mineralizada (ou seja, estável), com carga orgânica reduzida e

diminuição de microorganismos patogênicos.

O adensamento reduz a umidade consideravelmente, uma vez que o lodo, apesar de ser considerado sólido, é constituído por 95% de água. A redução da água conseqüentemente implica a redução do volume e o aumento do teor de sólidos no lodo. O adensamento por gravidade do lodo é similar aos decantadores convencionais. O lodo adensado é retirado do fundo do tanque. No adensamento por flotação, o ar é introduzido na solução através de uma câmara de alta pressão. Quando a solução é despressurizada, o ar dissolvido forma

microbolhas que se dirigem para cima, arrastando consigo os flocos de lodo que são removidos na superfície.

A estabilização remove a matéria orgânica (sólidos voláteis).

O condicionamento é um processo químico que melhora as condições do lodo para a desidratação.

A desidratação é mais uma etapa em que há a retirada de umidade, desta vez por um filtro-prensa.

Na secagem, o lodo é espalhado, e mais água é retirada do lodo pela evaporação, e este é enviado para ser usado na agricultura como fertilizante e condicionador de solo ou é levado para aterros sanitários.

A secagem também pode ser térmica, na qual a redução de umidade é através da aplicação de energia térmica induzindo a evaporação de água para a atmosfera, reduzindo o volume final do lodo drasticamente.

Dependendo da qualidade da água resultante do tratamento de esgotos, a mesma pode ser reutilizada para fins não nobres, como, por exemplo, resfriamento de caldeiras em indústrias, redirecionamento para vasos sanitários, lavagem de áreas externas e ruas, uso em jardins, etc. Caso não reutilizada, é lançada diretamente nos cursos d’água.

Na falta de um sistema de coleta adequado, principalmente em comunidade rurais e de periferia, os esgotos costumam ser despejados no próprio solo sem nenhum tratamento prévio. Quando arrastados por enxurradas, os dejetos contaminam corpos d’água cujas águas poderiam ser captadas para abastecimento.

Saneamento rural

Os usos de tecnologias alternativos de baixo custo para saneamento básico garantem eficiência e qualidade nos sistemas implantados às populações rurais ou nas periferias dos grandes centros:

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1. Fossa seca – Esta é uma solução bastante simples, mais encontrada nas zonas rurais e suburbanas para os dejetos domésticos, porém deve seguir algumas recomendações:

· Deve estar localizada no máximo a 10 metros da casa e no mínimo a 15 metros de qualquer corpo d’água;

· O local não pode estar sujeito a inundações; · A fossa não deve cortar um lençol freático;

· Deve-se usar canalizações, que conduzam o esgoto à fossa séptica ou a sistemas simplificados;

· O fundo não deve ter revestimento.

2. Ferrocimento – É um tipo de construção à base de telas, barras de ferro, cimento comum, areia lavada e água, reduzindo o custo de até 60% em relação aos similares em concreto.

3. Energia solar – Usada em localidades que não possuem energia elétrica. A luz do sol é captada através de painéis que geram eletricidade para o funcionamento de bombas. A água é bombeada até um reservatório podendo ser encaminhada para qualquer ponto de

consumo.

4. O próprio tratamento e disposição de esgotos no solo, como mostrado anteriormente, pois é uma tecnologia de baixo custo e de alta eficiência, de grande simplicidade construtiva e operacional.

5. Educação sanitária – É a promoção de hábitos higiênicos necessários à manutenção da saúde e do bem-estar. O cidadão deve ser responsável pelo seu próprio corpo. A prática habitual de higiene vai sendo gradativamente incluída no seu comportamento pelo prazer em proporcionar a si próprio o bem-estar, o conforto e a saúde.

Dependendo da necessidade, o projeto de abastecimento será simples ou convencional. Para o tratamento, adota-se a cloração simples, no caso de captação subterrânea; ou filtro lento (em ferrocimento) seguido de cloração ou ainda Estação de Tratamento de água (em ferrocimento), nos casos de captação superficial.

v Coleta, tratamento e destino do lixo. Lixo

O lixo é definido como o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade antrópica e da natureza: resíduos domiciliares, públicos, dos serviços saúde, varrição de vias, capina e roçada de vias e a prestação desses serviços públicos. Ele é constituído de material degradável, combustível e inerte.

Resíduos da construção civil (entulhos) são considerados inertes e passíveis de reaproveitamento, porém podem conter resíduos tóxicos como tinta e solvente.

Os resíduos especiais são gerados em serviços de saúde (resíduos sépticos) ou em indústrias e necessitam de especificidades quanto ao seu acondicionamento, manuseio, transporte, tratamento e destino final. Materiais radioativos, medicamentos, inflamáveis, reativos e

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tóxicos são exemplos desse tipo de resíduo.

A dificuldade a respeito do destino final do lixo produzido. Sua destinação apropriada influencia em aspectos sanitário, de conforto e estético; pois, uma vez que não foi

acondicionado corretamente, o lixo torna-se incômodo e desagradável, exalando mau cheiro devido ao apodrecimento.

Porém, na prática, 64% do lixo coletado é depositado em lixões “a céu aberto” no Brasil. No caso do resíduo de indústrias, grande parte é descartada sem controle, de forma desordenada e muitas vezes clandestina, arriscando a contaminação do meio ambiente. Aterros Sanitários

Para sanar o problema dos resíduos sólidos, que geram transtornos para a saúde publica e contribuem com a poluição ambiental, são construídos aterros sanitários e aterros

controlados, porém o aterro sanitário é a melhor solução para a destinação final do lixo. O aterro controlado é um local utilizado para despejo do lixo coletado, no estado bruto, com cuidado de, após a jornada de trabalho, cobri-lo com uma camada de terra, minimizando os impactos ambientais, porém ainda oferece grandes riscos ao meio ambiente.

Os aterros sanitários são projetos de engenharia nos quais uma área é previamente

preparada sob normas operacionais específicas para o recebimento e acondicionamento do lixo, que é disposto em camadas, coberto por terra e em seguida compactado por tratores. A disposição do lixo em aterros minimiza odores, evita incêndios e impede a proliferação de vetores.

Possuem um sistema de captação de chorume, um líquido preto com alto potencial poluidor formado na decomposição anaeróbica dos resíduos, evitando que este contamine o solo. Juntamente com a água da chuva incidente sobre a área do aterro, o chorume é drenado e encaminhado para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, desviando-as.

Os biogases liberados pela degradação anaeróbica do lixo, como o metano, que, além de contribuir para o efeito estufa, pode causar incêndios e explosões, são captados por

chaminés podendo ser queimados com um sistema de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia.

Há ainda algumas considerações para aterros sanitários:

· A distância mínima de um aterro sanitário para um curso de água deve ser de 200m. · Deve estar a mais de 1,5 metro acima do lençol freático.

· Não deve estar em áreas sujeitas e inundações. · Ter fácil acesso.

· Ser distante de núcleos habitacionais. · Ser cercado.

· Ter a arborização adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e para retenção dos odores.

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A compactação é importante para a vida útil do aterro (que é de 10 a 20 anos), pois garante a estabilidade do terreno possibilitando o seu uso futuro para outros fins.

Outra vantagem de se compactar o lixo é que diminui consideravelmente o volume dos resíduos. Com o tempo o aterro vai perdendo sua capacidade, se tornando cheio e atingindo seu limite, não suportando mais resíduos.

Quando isso ocorre, o funcionamento do aterro é terminado e o mesmo é fechado,

necessitando a busca por outros locais, o que não é muito fácil, tanto pelas condicionantes prévias para a instalação de um aterro, tanto por motivos políticos.

Coleta seletiva e reciclagem

Um programa ou projeto de incentivo à coleta seletiva e à reciclagem associado à construção de aterros contribuiria na redução do volume do resíduo que vai ser aterrado, prolongando sua vida útil do aterro.

Usinas de triagem de lixo podem ser instaladas juntamente com o aterro sanitário. Essas usinas são instalações simples, onde funcionários, com a ajuda de maquinários – esteira rolante, eletroímãs e peneiras -, separam os materiais recicláveis (papéis, plásticos, vidros e metais) da massa principal do lixo.

A parte inorgânica do lixo é encaminhada para reciclagem, e a parte orgânica pode ir, ao invés de ir para o aterro, para a compostagem ou até mesmo para a alimentação de suínos. Compostagem

A compostagem é um recurso para a transformação e aproveitamento da matéria orgânica dos resíduos sólidos.

A decomposição na compostagem é induzida e otimizada através do controle de

temperatura, umidade e da aeração de pilhas desse rejeito, favorecendo o crescimento e a atuação de microorganismos, garantindo a estabilidade da pilha e evitando odores

inconvenientes, e se dá em algumas etapas:

o Na primeira, ocorre a decomposição da matéria orgânica facilmente degradável.Há um grande aumento de temperatura que elimina os microorganismos patogênicos, ovos de parasitas e lavas de insetos.

o Na segunda etapa, que é a etapa de semimaturação, a temperatura abaixa e as bactérias, os actinomicetos e os fungos atuam sobre a pilha.

o Por último vem a etapa da maturação/humificação, na qual substâncias mais resistentes à decomposição como lignina e celulose são transformadas em substâncias húmicas pelos pequenos animais do solo como as minhocas. O húmus é um composto formado pela matéria orgânica mais resistente à decomposição pelos microorganismos. No solo, elas vão sendo lentamente degradadas pelos microorganismos e liberando nutrientes que são utilizados pelas raízes das plantas. Além disso, melhora as características do solo podendo ser usado como corretivo orgânico, principalmente de solos argilosos e arenosos, pobres em matéria orgânica.

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Quando a parte orgânica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto, isso colabora com a remoção do lixo e com a coleta seletiva, porém aumenta a carga para o sistema de esgotos. Incineração

Uma outra opção para tratamento dos resíduos sólidos urbanos é a incineração, que consiste na queima do resíduo em altas temperaturas. Tem a grande vantagem de reduzir o peso e o volume do material, além da eliminação da matéria orgânica e conseqüentemente a

patogenicidade do resíduo, o tem bastante relevância no que diz respeito aos resíduos hospitalares e sépticos. A incineração pode produzir, ainda, energia térmica.

A poluição do ar pelos gases originados na combustão do lixo ocorre quando não há tratamentos desses gases. Os incineradores podem provocar a volatilização de metais pesados e formar cinzas ricas em metais, principalmente mercúrio, chumbo e cádmio, que são altamente cancerígenos.

v Proteção aos mananciais e controle de enchentes Mata Ciliar

As matas ciliares são florestas ou matas presentes nas margens dos cursos de água.

A preservação e a recuperação das matas ciliares, juntamente com práticas de conservação e ao manejo adequado do solo, garantem a proteção da água que, há muito tempo, vem sendo considerada o recurso natural mais importante.

As matas ciliares exercem a proteção do solo contra os processos erosivos nas margens dos rios, causados pela chuva e escoamento superficial, evitando o assoreamento dos

mananciais, pela regulação da vazão da água, de sedimentos e nutrientes.

Também minimizam as enchentes e ajudam a manter a qualidade da água, além de auxiliar na proteção da fauna local, pois garante a esta abrigo e alimento.

Desenvolvendo um emaranhado raticular, as matas ciliares funcionando como um filtro no escoamento superficial, entre a parte mais elevada da bacia hidrográfica – região onde muitas vezes tem agricultura ou urbanização desenvolvidos – e a rede de drenagem. Essa “filtração” retém poluentes, como agrotóxicos e fertilizantes, que seriam acarreados para os corpos d’água, poluindo-os e comprometendo a vida e a qualidade da água. Além de filtrar, essas vegetações também contribuem na diminuição do escoamento superficial, reduzindo o carreamento de sedimentos para os corpos d’água, mantendo a qualidade da água nas bacias hidrográficas. Também favorecem a alimentação para peixes e fauna, formando corredores que colaboram para a manutenção da biodiversidade. São

barreiras contra a dispersão de pragas e doenças da agricultura, e contribuem para a estabilidade térmica pela absorção da radiação solar em pequenos cursos d’água.

O excesso de sedimentos acarreta em assoreamento do corpo d’água: a profundidade do rio diminui, e a velocidade de escoamento de suas águas aumenta, favorecendo ainda mais a erosão, enchentes e secas, dependendo da estação.

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preferência com o maior número possível, para garantir a biodiversidade vegetal, na

tentativa de reproduzir uma floresta ciliar nativa e assegurando a restauração dos processos ecológicos.

A largura da faixa de mata ciliar a ser preservada é definida de acordo com a largura do curso d’água:

o Rios com menos de 10 m de largura – 30m de mata ciliar deverão ser preservados e protegidos.

o Rios com 10 a 50 m de largura – 50 m em cada margem. o Rios com 50 a 200 m de largura – 100 m em cada margem. o Rios com 200 a 600 m de largura – 200 m em cada margem. o Rios com largura superior a 600 m – 500 m em cada margem. o Nascentes – raio de 50 m.

o Lagos ou reservatórios em áreas urbanas – 30 m ao redor do espelho d’água.

o Lagos ou reservatórios em zona rural, com área menor que 20 ha – 50 m ao redor do espelho d’água.

o Lagos ou reservatórios em zona rural, com área igual ou superior a 20 há – 100 m ao redor do espelho d’água.

o Represas de hidrelétricas – 100 m ao redor do espelho d’água. Contaminação dos cursos d’água

São os responsáveis pela degradação das águas:

· Matérias orgânicas provindas de esgotos, que normalmente são lançados aos corpos d’água sem nenhum tipo de tratamento.

· Resíduos sólidos como o lixo, tanto pelo despejo direto nas águas quanto pela percolação do chorume.

· Metais pesados provenientes de industrias e minerações. · Detergentes não-biodegradáveis.

· Materiais radioativos.

· Substâncias tóxicas lançadas pela agricultura (agrotóxicos e inseticidas). vazamento de depósitos ou dutos transportadores de produtos químicos.

· O derramamento de derivados de petróleo.

· A variação da temperatura e da coloração da água pelo despejo de indústrias.

· Solo contaminado, desmatamento, destruição de reservas naturais e da matas ciliares. Medidas que visem à preservação das águas garantem sua disponibilidade para as presentes e futuras gerações. Principalmente nos grandes centros, sistemas de saneamento,

principalmente o do esgoto, são decisivos para evitar o comprometimento dos recursos hídricos.

A princípio, um curso d’água é capaz de se auto-restabelecer naturalmente, através de um processo de autodepuração. Porém o grande crescimento da população,a ocupação

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desordenada e a expansão industrial são responsáveis pelo descarrego de toneladas de substâncias a cada ano, superando a velocidade de auto depuração do rio.

O excesso de nutrientes na água desencadeia a eutrofização, um processo no qual o acúmulo de nutrientes no corpo d’água favorece um enorme crescimento de microorganismos, que consomem rapidamente o oxigênio dissolvido, tornando o meio anaeróbico, onde são

produzidos gases e toxinas. Essas alterações ocasionam a morte de peixes e da flora local e inadequação da água para outros fins, desequilíbrio ecológico, alteração na estética do local e dificultam o seu tratamento e conseqüentemente, sua distribuição.

Enchentes

As enchentes, ou inundações, ocorrem em função do permanente crescimento da

impermeabilização do solo, fruto da urbanização acelerada e da ocupação das margens dos cursos d’água. Esses processos ocasionam picos de vazão cada vez maiores e mais difíceis de controlar por intervenções estruturais, as quais têm o objetivo de ampliação da

capacidade de captação do escoamento superficial.

Para controlar as águas de uma cheia é preciso planejar com antecedência um conjunto de iniciativas mitigadoras, envolvendo medidas de macro e microdrenagem, para garantir segurança e bem estar.

Uma alternativa que o estado de São Paulo encontrou foi a construção de “piscinões” para a contenção do escoamento. São reservatórios de acumulação temporária das águas da chuva que atingiriam grandes extensões, tanto nos locais onde são construídos quanto à jusante. Ocorre assim o retardo da chegada dessa água aos rios principais. Retendo o volume

específico, consegue-se regular a vazão dos cursos d’água. Infelizmente, a falta de medidas adequadas de monitoramento e manutenção impede que esse método seja realmente eficaz. Acúmulo de lixo, restos de construção e sedimentos que acabam entrando nessas valas diminuem a sua capacidade de armazenamento, além da contaminação da água, tornando-a um foco de doenças.

O gerenciamento dos recursos hídricos deve ser uma ação contínua e de longo prazo. Os municípios devem possuir uma visão integrada da drenagem urbana e do controle de inundações. Deve-se incentivar medidas de planejamento juntamente com construções de pontes, canais e barragens.

Esse planejamento inclui várias medidas visando à prevenção das inundações, direta ou indiretamente. A coleta de lixo, por exemplo, é responsável pelo entupimento dos canais de drenagem. Há também a limpeza diária de bocas-de-lobo, a delimitação do uso público dos corpos d’água e o controle de ocupação das margens com incentivo de recolocação de moradores situados em áreas de risco.

Controle e vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis e de vetores

A incidência de enfermidades e internações hospitalares se reduzem consideravelmente à medida que se investe em saneamento, principalmente no tratamento de esgotos, pois a

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maior parte das doenças é transmitida pelo contato com a água contaminada, incluindo aí os esgotos não tratados. Essa falta de tratamento é uma das maiores fontes de degradação ambiental e da propagação de moléstias, sendo responsável por 80 % das doenças e 65% das internações hospitalares.

O sistema de esgotos reduz despesas com o tratamento da água de abastecimento e das enfermidades causadas pelo contato humano com os dejetos, como por exemplo: febre tifóide, diarréia, enterites, hepatites, disenterias, verminoses e paralisia infantil. Estando as crianças no grupo de risco, estas podem chegar até à morte.

O lixo, quando acondicionado inadequadamente, também pode transmitir doenças, tanto pelos organismos patogênicos nos resíduos quanto pela contaminação da água, solo e ar contaminados e através de animais como mosca e ratos. Produtos químicos ou resíduos hospitalares também representam um risco de dano à saúde, por contaminação biológica ou intoxicação.

Indiretamente, as doenças que não são por sua natureza de veiculação hídrica, se reduzem consideravelmente com o exercício do saneamento, uma vez que o indivíduo afetado cronicamente por doenças relacionadas à água tem seu sistema imunológico fragilizado ficando assim suscetível de adquirir outras doenças pela fraqueza de seu organismo.

Além da atração de vetores, como moscas, mosquitos, baratas e ratos, o lixão atrai catadores que ficam vulneráveis a doenças e acidentes.

Uma notável fonte de contaminação do ambiente são os incineradores de lixo urbano e industrial, que volatilizam metais pesados formando posteriormente cinzas ricas em metais, principalmente mercúrio, chumbo e cádmio. Esses metais são carcinogênicos e ficam

acumulados no organismo.

O saneamento ambiental indiscutivelmente proporciona o aumento da vida média da

população e a diminuição da mortalidade, principalmente a infantil, sendo um investimento com retorno social bastante visível

Aspectos Econômicos

O abastecimento de água proporciona o desenvolvimento e progresso da comunidade, uma vez que contribui para o prolongamento da vida útil do indivíduo, aumentando sensivelmente o número de horas de trabalho. E, conseqüentemente, há o crescimento da produção pela redução da incidência de enfermidades. Além disso, há a redução de gastos do governo e do próprio indivíduo no tratamento de doenças de veiculação hídrica e verminoses.

Nos setores industrial e comercial, o abastecimento de água de qualidade é de fundamental importância, já que, em grande parte das vezes, influenciará na característica do produto ou serviço oferecido. Além da melhoria nas instalações já existentes, o abastecimento de água propicia a instalação de novas indústrias e núcleos comerciais. Uma boa estrutura de

saneamento é primordial para a implantação de qualquer tipo de parque industrial, principalmente aqueles cuja água é matéria-prima ou meio de operação.

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Há ainda a movimentação de indústrias próprias na produção dos equipamentos utilizados na distribuição/coleta e tratamento da água, esgoto e lixo.

Nas obras de instalação da rede de coleta de esgotos poderão ser contratados os moradores locais, gerando emprego e renda para a população. Postos de trabalho também são gerados indiretamente, pelo crescimento da indústria e do comércio, contribuindo com o

desenvolvimento da comunidade. E, melhorando a qualidade ambiental, o município torna-se atrativo para investimentos externos, podendo até mesmo promover o turismo.

O abastecimento de água de qualidade também facilita as práticas esportistas e recreações, o combate a incêndios e a limpeza pública.

Também deve ser levado em consideração que, a utilização inadequada dos recursos hídricos acarreta em gastos sempre maiores com produtos químicos para tornar a água própria para consumo.

CONCLUSÃO

Segundo as estatísticas da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), mais de dez bilhões de litros de rejeitos são lançados todos os dias nas águas brasileiras. Para mudar esse quadro, é necessária a ação conjunta dos governos federais, estaduais e municipais para que haja a otimização de investimento, projetos e obras no setor de saneamento.

Além da proteção do meio ambiente rural e urbano, esse investimento melhora a qualidade de vida da população brasileira e, combinado com políticas públicas, diminui o número de casos de doenças e de internações hospitalares.

O trabalho multidisciplinar das áreas de saúde, habitação, meio ambiente, desenvolvimento urbano, cultura e educação são fundamentais para que o trabalho englobe todas as

variáveis. É preciso estudar formas para aumentar e melhorar os serviços de saneamento, garantindo que toda a população tenha acesso a esses benefícios.

A educação ambiental é de suma importância, aumentando a eficiência e eficácia do saneamento, pois instiga a participação da população nas questões do meio ambiente Os recursos naturais, por si sós, não conseguem reverter a situação na qual nos encontramos, por isso a água deve ser utilizada com conscientização de que ela é um recurso limitado e que deve ser usada racionadamente.

[1] Engenheira Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa. Assessora da ONG ÉTICA AMBIENTAL. Co-autora do Dicionário de Direito Ambiental e Vocabulário Técnico de Meio Ambiente (Ed. Mineira, 2003); colaboradora nos livros Direito Ambiental Aplicado à Mineração (Ed. Mineira, 2005) e Natureza Jurídica do Consentimento para Pesquisa Mineral, do

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