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A EVOLU O DO CONCEITO DE ESPA O GEOGR FICO. 1. SILVA, Rodrigo Kuhn 2 1 RESUMO. Palavras-chave: EPISTEMOLOGIA; ESPA O GEOGR FICO; GEOGRAFIA.

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A EVOLUd­O DO CONCEITO DE ESPAdO GEOGRÈFICO.

1

SILVA, Rodrigo Kuhn

2

1 Trabalho de Pesquisa _UFSM

2 Mestrando do Programa de Pys-Graduaomo em Geografia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: rodrigokuhn@terra.com.br

RESUMO

Este artigo tem como intuito realizar uma releitura a partir de diversos autores de diversas correntes e escolas do pensamento geogrifico, como o objetivo de analisar a evoluomo do conceito de espaoo geogrifico, e identificar sua importkncia nas diversas escolas do pensamento geogrifico. Pode-se observar a diversidade de conceitos e vis}es sobre o espaoo geogrifico e a forma que cada escola do pensamento geogrifico se utilizou destes conceitos. A medida que as relao}es espaciais foram se tornando cada vez mais contradityrias e muitas vezes de diftcil entendimento o conceito de espaoo se moldou, adaptou e veio a explicar tais contrariedades.

Palavras-chave: EPISTEMOLOGIA; ESPAdO GEOGRÈFICO; GEOGRAFIA.

1. INTRODUd­O

Analisando e estudando as escolas norteadoras do pensamento geogrifico p posstvel identificar

que o conceito de espaoo geogrifico sofreu muitas mudanoas. Em algumas destas escolas o conceito referido nmo se constituta num conceito chave para a disciplina, ji em outras o conceito

passou a ser chave para os estudos geogrificos. Na escola tradicional, por exemplo, o espaoo

geogrifico nmo se afigurava num conceito chave nos estudos geogrificos. Ji na escola crttica o

conceito de espaoo se tornou chave para os estudos da disciplina norteando os estudos de

grandes autores e pensadores da cirncia geogrifica como Milton Santos.

O presente artigo tem como intuito realizar uma releitura a partir de diversos autores de diversas correntes e escolas do pensamento geogrifico, como o objetivo de analisar a evoluomo do conceito de espaoo geogrifico, e identificar sua importkncia nas diversas escolas do

pensamento geogrifico. Este artigo tentari analisar o conceito de espaoo geogrifico de varios

autores nmo emitindo julgamento de suas idpias e sim tentando analisar a evoluomo do conceito

e a importkncia que o mesmo teve para a cirncia geogrifica.

2. EMBASAMENTO TEÏRICO

Espaoo geogrifico uma diftcil definiomo

Uma das primeiras referencias e definio}es de espaoo foi feita por Aristyteles,onde o espaoo era a inexistrncia do vazio e lugar como posiomo de um corpo entre os outros corpos. Com esta

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despreza a necessidade do homem como componente. Para Aristyteles nmo basta que esta irea esteja preenchida, p necessirio que haja um referencial, outro corpo que dr ao primeiro uma localizaomo.

Avanoando um pouco no tempo Immanuel Kant no spculo XVIII deu importkncia is formas de

sentido como instrumento de percepomo. Segundo Kant, nys percebemos todas as coisas

dotadas de dimens}es, ou seja, como realidades espaciais. O espaoo nmo p algo passtvel de percepomo, mas o que permite haver percepomo. Nesta concepomo percebemos que Kant separa

o espaoo e os demais elementos; o primeiro p uma ³pano de fundo´ para se fixar os corpos. As

considerao}es apresentadas por Kant foram importantes no avanoo dos estudos regionais,

contudo limitadas no tocante que nmo vrem o espaoo como algo constitutdo de significado ou estrutura prypria.

Para La Blache, autor muito importante na construomo do pensamento geogrifico, o meio p entendido como um local onde coabita o diverso e seria sin{nimo de adaptaomo. A geografia estuda os lugares nmo os homens, o estudo das paisagens p feito pelo mptodo descritivo e o

espaoo seria o local onde existe e acontece a coabitaomo do homem e natureza.

Ji Ratzel teve suas idpias sobre o espaoo muito influenciadas pela polttica, sua definiomo celebre de espaoo foi o de ³espaoo vital´, ou seja, base indispensivel para a vida do ser humano. O homem deve conquistar ³espaoos´ j medida que o seu ³espaoo vital´ se tornar limitado e insuficiente para sua sobrevivrncia, nmo apenas ftsica mas de polttica e dominaomo. O espaoo geogrifico para Ratzel p visto como base indispensivel para a vida do homem, encerrando as condio}es de trabalho, quer naturais, quer aqueles socialmente produzidos.

Como tal, o domtnio do espaoo transforma-se em elemento crucial na histyria do homem.

Para Brunhes apud Braga (2007) a geografia deve estudar os lugares as regi}es e suas

relao}es. Alpm da aomo do homem no meio ele destaca quatro foroas que atuam no planeta e

formam um todo ordenado: as foroas interiores da terra, o calor do sol, as foroas ligadas aos movimentos atmosfpricos e a traomo centrtpeta do peso. Os princtpios bisicos da geografia

seriam a atividade e a conexmo, que fornece o sentido dos lugares e das regi}es. A evoluomo da

paisagem terrestre seria feita por um movimento duplo de construomo e reconstruomo,

necessirio para a manutenomo da harmonia. Continua Brunhes apud Braga (2007) a geografia deveria estudar os ³fatos essenciais´: simples, complicados, regras de convtvio social e os fatos essenciais ligados a cultura. A interaomo desses fatos essenciais conformaria a organizaomo do

espaoo, entendido como comunhmo entre o convtvio social e o meio atravps do trabalho e das

trocas.

Hartshorne (1978) exp}e que o termo espaoo p empregado no sentido de irea que seria somente um quadro intelectual do fen{meno, um conceito abstrato que nmo existe em realidade

e que a irea esti relacionada aos fen{menos dentro dela e somente naquilo que ela os contem

em tais e tais localizao}es. O espaoo na vismo de Hartshorne p o espaoo absoluto, um conjunto

de pontos que tem existrncia em si, sendo independente de qualquer coisa.

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apenas contpm coisas. Braga (2007) comenta que Hartshorne fornece 3 definio}es para o

objetivo da geografia em relaomo ao espaoo geogrifico: A geografia tem por objetivo

proporcionar a descriomo e a interpretaomo, de maneira precisa, ordenada e racional, do cariter

variivel da superftcie da terra; A geografia p a disciplina que procura descrever e interpretar o

cariter variivel da terra, de lugar a lugar, como o mundo do homem e a geografia p o estudo

que busca proporcionar a descriomo cientifica da terra como o mundo do homem.

Pierre Deffontaines e Pierre Monbeig foram dois geygrafos fundadores da Geografia Brasileira Institucionalizada, de origem francesa seguiram a matriz da escola francesa e

elaboraram conceitos em relaomo ao objeto da geografia humana e em conseqrncia o espaoo

geogrifico. Para Braga (2007) a Geografia , na vismo de Monbeig, estuda os fatos geogrificos,

sua localizaomo e interaomo, em outras palavras os complexos geogrificos revelados pela paisagem, ressalta o papel da tpcnica e a organizaomo do espaoo, este entendido como fruto do trabalho humano na produomo da paisagem. Outro autor da escola francesa que conceituou o

espaoo geogrifico foi Demangeon que de acordo com Moreira (2005) analisa que a geografia

deve estudar o espaoo geogrifico analisando a relaomo dos grupos humanos com o meio

geogrifico, atravps dos modos de vida, sua evoluomo, sua distribuiomo e as instituio}es humanas.

Outro autor que tambpm relacionou e entrelaoou os conceitos do objeto da geografia

humana e o espaoo geogrifico foi Max Sorre. Sorre (1967) concebe a Geografia Humana como

a ³descriomo do ec~meno´ ou a ³ descriomo cienttfica das paisagens humanas e sua distribuiomo

pelo Globo´. e a disciplina dos ³espaoos terrestres´. Continua o autor analisando que a geografia humana deveria se preocupar em estudar os grupos humanos vivos, sua organizaomo espacial,

seu movimento, suas tpcnicas, as relao}es do homem com o meio e a formaomo dos grneros

de vida. Na sua concepomo o espaoo p visto como localizaomo e extensmo isso atravps dos mapas.

Na dpcada de setenta Henri Lefebvre realizou importantes estudos sobre o espaoo

geogrifico que veio a influenciar diversos autores que o precederam. Lefebvre (1976) entende o

espaoo geogrifico como produomo da sociedade, fruto da reproduomo das relao}es sociais de produomo em sua totalidade. O autor trabalhou com 4 abordagens do conceito de espaoo: o espaoo como forma pura; espaoo como produto da sociedade; espaoo como instrumento

polttico e ideolygico e o espaoo socialmente produzido, apropriado e transformado pela

sociedade. Com relaomo j anilise do espaoo social Lefebvre (1976) destaca 3 vertentes: o espaoo percebido, do corpo e da experirncia corpyrea, ligado as priticas espaciais; espaoo concebido ou espaoo do poder dominante e da ideologia e espaoo vivido que une experirncia e cultura , corpo e imaginirio de cada um de nys p o espaoo da representaomo.

Tambpm na dpcada de setenta se destaca o autor Y-Fu Tuan que no kmbito da

geografia humantstica conceituou o espaoo geogrifico. Tuan (1980) cita que para se conceituar

o espaoo geogrifico levando em conta os aspectos da geografia humanista os sentimentos espaciais e as idpias de um grupo ou povo sobre o espaoo a partir da experirncia smo muito

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valorizados. Continua o autor citando que existem virios tipos de espaoo, um espaoo pessoal,

outro grupal, onde p vivida a experirncia do outro, e o espaoo mttico-conceitual que, ainda que

ligado i experirncia, extrapola para alpm da evidencia sensorial e das necessidades imediatas e em direomo a estruturas mais abstratas.

Outra abordagem sobre o espaoo geogrifico que influenciou muitos autores foi o

proposto pelo professor Roberto Lobato Corrra. Para Corrra (1982) o espaoo geogrifico p a

morada do homem e abrange a superftcie da Terra, enfatiza em seus estudos 3 abordagens do

espaoo. A primeira p do espaoo absoluto, que seria o espaoo em si; a segunda abordagem p a

do espaoo relativo, seria a distkncia e a terceira abordagem p a do espaoo relacional, na qual o

objeto sy existe em contato com outras. Continua o autor a explicar que as 3 abordagens nmo

smo excludentes e que refletem diferentes valores de uso e valores de troca. O espaoo p social e p inseparivel do tempo e os atores principais seriam os proprietirios dos meios de produomo e o estado que almejam a acumulaomo do capital e a reproduomo da foroa de trabalho.

O professor Ruy Moreira tambpm deu sua contribuiomo conceitualizando o espaoo

geogrifico. De acordo com Moreira (1982) o espaoo geogrifico como estrutura de relao}es sob

determinaomo do social, p a sociedade vista com sua expressmo material vistvel, atravps da socializaomo da natureza pelo trabalho e uma totalidade estruturada de formas espaciais. Para exemplificar seu conceito o autor utiliza a metifora da quadra esportiva polivalente para entender o espaoo, onde o arranjo espacial representa as leis do jogo, o espaoo seria a aparrncia e a sociedade a essrncia.

Para Corrra (2005) Moreira enfatiza em seus estudos a importkncia do conceito de formaomo econ{mico-social, que abarca as classes dominantes e o modo de produomo. O

arranjo espacial p visto como expressmo fenomrnica do modo de socializaomo da natureza e dos

termos de sua configuraomo em formaomo econ{mico-social e o espaoo organizado socialmente

p formaomo sycio-espacial que p a expressmo fenomrnica da complexa trama da formaomo econ{mico-social.

O geygrafo americano Edward Soja p outra referencia importante no tocante ao resgate

que fez ao conceito de espaoo geogrifico. Soja (1993) enfatiza o abandono da categoria espaoo

e a foroa que teve o historicismo para as cirncias modernas. Cita Braga (2007) que a contribuiomo de Soja esti em discutir autores que tentaram fazer esse resgate da categoria de espaoo e contribuir para a formaomo de um mptodo que seja materialista histyrico e geogrifico ao mesmo tempo, pois espaoo e tempo seriam insepariveis. Na vismo de Soja (1993) o ser

humano ji p em si espacial, onde distancia e relaomo seriam os pares dialpticos do ser.

Outras abordagens sobre o espaoo geogrifico como as de Paul Claval e Alves que tambpm contribuem para se tentar entender o espaoo. Para Claval (1999) a cultura p heranoa

da comunicaomo, com papel fundamental da palavra, que transforma o espaoo cultural em

espaoo simbylico. Seria a mediaomo sociedade-natureza atravps das tpcnicas e deve sempre ser tomada como uma construomo. A cultura p a ordem do simbylico e o espaoo p onde ocorrem as manifestao}es.

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Para Alves apud Corrra (2005) o espaoo p produto das relao}es entre os homens e dos

homens com a natureza, e ao mesmo tempo p fator que interfere nas mesmas relao}es

existentes entre os homens na sociedade. Este tipo de abordagem valoriza a observaomo e a descriomo dos elementos do espaoo, buscando a evidencia das sensao}es atravps da

exploraomo do vistvel ou da imagem, como forma de alcance da percepomo do sentido.

O mais importante geygrafo brasileiro e um dos maiores pensadores da cirncia geografia dos

~ltimos tempos foi Milton Santos, este autor foi muito importante na conceitualizaomo do espaoo geogrifico e para os conceitos da geografia como um todo. No intuito de pensar e conceitualizar o espaoo geogrifico, Santos (1979) cita que os modos de produomo tornam concretos numa base territorial historicamente determinada, as formas espaciais constituem uma linguagem dos modos de produomo. Milton Santos tenta mostrar que um determinado local tem seu espaoo alterado devido a historia deste espaoo, tambpm devido as forma de apropriaomo que este espaoo sofreu pela sociedade e principalmente pelo interesse que o poder do capital infringiu a este local.

Cita Santos (1978) que o espaoo organizado pelo homem p como as demais estruturas sociais,

uma estrutura subordinada-subordinante. E como as outras instkncias, o espaoo, embora submetido i lei de totalidade, disp}e de certa autonomia. Contudo em Santos (1994) consta que o espaoo p hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoados por sistemas de ao}es igualmente imbutdos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos, ao lugar e ha seus habitantes. Podemos verificar nestas duas citao}es de Milton Santos como o poder financeiro, os grandes capitais aumentaram seu poder de modificar e se apropriar dos espaoos. Na primeira citaomo de Santos em 1978, o autor identifica que mesmo submetido i

totalidade o espaoo ainda tinha certa autonomia. Contudo em 1994 Santos identifica que cada

vez mais os locais estmo com relao}es estranhas a seus habitantes.

Para Santos (1982) o espaoo p a acumulaomo desigual de tempos, o autor tenta evidenciar que o espaoo se desenvolve desigualmente, a locais que historicamente despertaram mais interesse da sociedade e do capital de se desenvolver e ireas que se desenvolveram de forma mais

lenta. Continuando nesta anilise Santos (1985) cita que a forma, funomo, estrutura e processo

smo quatro termos disjuntivos, associados a empregar segundo um contexto do mundo de todo dia. Quando estes termos smo tomados individualmente, representam apenas realidades parciais, limitadas, do mundo. Estes termos considerados em conjunto, porpm, e relacionados

entre si, eles constroem uma base teyrica e metodolygica a partir da qual podemos discutir os

fen{menos espaciais em totalidade.

Finalizando a grandiosa contribuiomo de Milton Santos em relaomo ao espaoo geogrifico pode-se citar Santos (1997) quando relata que o espaoo como uma instkncia da sociedade, ao mesmo tttulo que a instancia econ{mica e a instancia cultural-ideolygica. Isso significa que,

como instkncia, ele contrm e p por ele contida. A economia esti para o espaoo, assim como o

espaoo esti na economia. O mesmo se di com o polttico-institucional e com o

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Outra contribuiomo do autor p quando o mesmo analisa que o meio tecno-cienttfico que inclui

saber p o suporte da produomo do saber novo, isso faz com que os espaoos que nmo detpm o

saber se tornem espaoos do fazer. Com isso cita Santos (1997) os espaoos comandados pelo

meio tecno-cienttfico smo os espaoos do mandar, os outros smo os espaoos do obedecer.

O espaoo geogrifico e as escolas da Geografia

A escola tradicional que se iniciou em meados de 1870 e teve seu termino em meados de 1950

aproximadamente nmo teve no espaoo geogrifico um conceito chave para os estudos

geogrificos da ppoca. Mesmo assim se mostra presente nas obras de Ratzel e de Hartshorne, a

geografia tradicional em suas diversas vers}es privilegiou os conceitos de paisagens e regimo, em torno deles estabelecendo-se a discussmo sobre o objeto da geografia e a sua identidade no kmbito das demais cirncias.

A escola teorptico-quantitativa que data entre 1950 a 1970 tratou o espaoo geogrifico como conceito chave da disciplina, pode-se citar que foi a primeira vez que o conceito de espaoo geogrifico foi realmente trabalhado. Nesta escola o espaoo p considerado sob duas formas que

nmo smo mutuamente excludentes. De um lado atravps da plantcie isotrypica e, de outro, de sua

representaomo matricial. A plantcie isotrypica p uma construomo teyrica que resume uma concepomo de espaoo derivada de um paradigma racionalista e hipotptico-dedutivo. Admite-se

como ponto de partida uma superftcie uniforme tanto no que se refere i geomorfologia como ao

clima e i cobertura vegetal, assim como a ocupaomo humana.

Nesta plantcie isotrypica a uma uniformidade em relaomo a densidade demogrifica, de renda e

de padrmo cultural que se caracteriza pela adoomo de uma racionalidade econ{mica fundada na

minimizaomo dos outros custos e maximizaomo dos lucros ou da satisfaomo.A circulaomo desta

plantcie p posstvel em todas as direo}es. Sobre esta plantcie de lugares iguais desenvolvem-se

ao}es e mecanismos econ{micos que levam i diferenciaomo dos espaoos.

Na plantcie isotrypica a variivel mais importante p ha distkncia. Neste sentido Corrra

(2005) cita que o espaoo relativo p entendido a partir de relao}es entre objetos, relao}es estas

que implicam em custos, dinheiro, tempo e energia para se vencer a fricomo imposta pela distkncia. Continua o autor citando que p no espaoo relativo que se obtpm rendas diferenciais e que desempenham papel fundamental na determinaomo do uso da terra.

A escola crttica que se iniciou em meados dos anos de 1970 o espaoo reaparece como

conceito chave, o debate principal sobre o tema se debruoavam nas obras de Marx, onde se discutia se o espaoo estava ausente ou presente, e por outro lado qual a natureza e o significado do espaoo. Para Corrra (2005) Lefebvre teve um papel importante nesta escola quando

argumenta que o espaoo desempenha um papel ou uma funomo decisiva na estruturaomo de

uma totalidade, e uma lygica, de um sistema. Continua o autor explicando que o espaoo entendido como espaoo social, vivido, em estreita correlaomo com a pritica social nmo deve ser visto como espaoo absoluto, vazio e puro, lugar por excelrncia dos n~meros e das proporo}es.

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Essa nova concepomo de espaoo trabalhada pela escola crttica marca

profundamente os geygrafos que a partir da dpcada de 1970 adotaram o materialismo histyrico

e dialptico como paradigma. Conforme Braga (2007) o espaoo p concebido como lycus da reproduomo das relao}es sociais de produomo, isto p, reproduomo da sociedade. Outro geygrafo que foi muito importante na conceitualizaomo de espaoo nesta escola foi Milton Santos. Ele estabeleceu o conceito de formaomo sycio-espacial, afirma nmo ser posstvel conceber uma determinada formaomo socioecon{mica sem recorrer ao espaoo, e que modo de produomo, formaomo socioecon{mica e espaoo smo categorias interdependentes.

Conforme Corrra (2005) o mprito da conceitualizaomo de Milton Santos de formaomo sycio-espacial esta no fato de se explicitar teoricamente que uma sociedade sy se torna

concreta atravps do espaoo que ela produz, e o espaoo sy p inteligtvel atravps da sociedade. A

natureza e o significado do espaoo aparecem em diversos estudos de Santos quando aborda o papel das formas e interao}es espaciais, os fixos e os fluxos a que ele se refere. Santos

contribuiu significativamente para a compreensmo da organizaomo espacial dos patses

subdesenvolvidos, explicando a coexistrncia de dois circuitos da economia, um circuito superior

e outro inferior. Resultado de um processo de modernizaomo diferenciadora que gera os dois circuitos que tem a mesma origem e o mesmo conjunto de causas e smo interligados.

Outra contribuiomo significativa de Milton Santos foi quando estabeleceu as categorias de

anilise do espaoo que devem ser consideradas a partir de suas relao}es dialpticas. Smo 4 as

categorias de anilise do espaoo. A forma p o aspecto vistvel, exterior de um objeto como, por

exemplo: casa, bairro, cidade e rede urbana. A funomo implica um papel a ser desempenhado pelo objeto criado, a relaomo entre forma e funomo p direta onde a forma p criada para

desempenhar uma funomo. A estrutura p a natureza social e econ{mica de uma sociedade em

um dado momento do tempo. O processo p a estrutura em seu movimento de transformaomo ao

longo do tempo.

A escola geogrifica Humantstica e Cultural se consolidou a partir da dpcada de 1970 e

baseia-se nos sentimentos espaciais e na percepomo vista como significaomo e tem como

filosofia norteadora a Fenomenologia. Neste paradigma, a categoria mais utilizada tem sido o lugar, mas o espaoo tambpm p considerado, principalmente como espaoo vivido e como espaoo percebido. Para Corrra (2005) a escola humanista e cultural assentada na subjetividade, na intuiomo, nos sentimentos, na experirncia, no simbolismo e na contingrncia, privilegiado o

singular e nmo o particular ou o universal e, ao invps da explicaomo, tem na compreensmo a base

de integibilidade do mundo real.

3.CONCLUS­O

O espaoo geogrifico p o resultado das relao}es que nele acontecem. Relao}es econ{micas, sociais, poltticas e culturais. Os diversos autores estudados demonstraram estas relao}es. A foroa que move estas relao}es p a aomo humana impregnada de interesses histyricos, culturais

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e de poder. Estas relao}es espaciais smo muitas das vezes contradityrias porque revelam embates de poder ou embates de interesse em um determinado local. A aomo do homem na terra e as contradio}es que tais ao}es podem vir a causar possuem implicao}es no espaoo, e com o passar do tempo se constituem em produomo espacial. O espaoo geogrifico p o reflexo

das relao}es sociedade, espaoo e tempo.

No caso econ{mico fica evidente a contrariedade das relao}es espaciais. Para Braga (2007) p no campo econ{mico que verificamos a exploraomo do homem pelo homem, dos detentores dos meios de produomo e dos vendedores de foroa-de-trabalho. Politicamente podemos verificar tambpm diversos conflitos espaciais, principalmente brigas pelo controle do

espaoo entre estados e nao}es.

Portanto pode-se observar a diversidade de conceitos e vis}es sobre o espaoo geogrifico e a forma que cada escola do pensamento geogrifico se utilizou destes conceitos.

Foi posstvel verificar que j medida que as relao}es espaciais foram se tornando cada vez mais

contradityrias e muitas vezes de diftcil entendimento o conceito de espaoo se moldou, adaptou e

veio a explicar tais contrariedades.

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Referências

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