proporcional ao número de inversões de subsidência, isto é no período de novembro a janeiro e de março a abril. No período
de janeiro a março ocorreu o contrário por exemplo: em março
houve um pequeno aumento na quantidade de inversões de
subsidência junto com um acentuado acréscimo de chuva. De um
certo modo, este fato pode ser justificado por ser março o período que ocorre mais precipitação; logicamente os dias em que ocorreram inversão não coincidem com os dias de maiores
intensidades de chuvas.
Com o auxílio das cartas sinóticas de superfície das fotos de satélites, bem como o uso de algumas fotos em forma de
filmes (movie-loops), pode se observar que as chuvas ocorridas
em dias que registraram inversão do tipo subsidência, foram
originadas da convergência de massas de ar vindas de N ou NE, como também das penetrações dos ventos alísios. A Figura 10a mostra uma subsidência entre as camadas de 900 a 850 mb, ocorrida no dia 18 de janeiro de 1972. Esta subsidência foi causada por uma forte convergência de massa de ar vinda de NE como mostra a Figura lObo Neste dia, a quantidade de chuva
registrada nos 27 postos próximo a Petrolina. foi em torno de
115,0 mm.
Quanto à origem das chuvas, no caso em que as inversões são do
tipo frontais conclui-se que: no período de janeiro a abril
estas são caracterizadas por situações pré-frontais, e por penetrações de aglomerados de nuvens vindos de NE, E e SE.
No período de novembro a dezembro há casos bem
característicos de penetrações de frente frias vindas do sul.
Na Figura 10a vê-se a inversão frontal, ocorrida em 25 de
março de 1971, entre o nível de 930 a 880 mb, causada por
penetração de aglomerados de nuvens, vindos de E, como pode-se ver na Figura 10d; o total de chuvas foi de 305,4 mm.
No dia 28 de dezembro de 1969, o total de chuva foi de 352,4 mm. Essa chuva foi proveniente de uma frente fria, localizada em Petrolina, Figura 10f. A Figura 10e mostra a
inversão frontal entre as camadas de 400 a 450 mb, para o
mesmo dia.
4. CONCLUSÕES E DISCUSSÃO
Após um levantamento estatístico do comportamento dos
oarâmetros necessários ao estudo das inversões térmicas na ârea de Petrolina, PE, conforme apresentado neste estudo, pode-se chegar a conclusões que venham esclarecer algumas das
causas da pouca ocorrência da ~recipitação.
Desde a superfície até o nível de 300 mb (limite superior do
estudo), houve uma predominância de vento do quadrante Este. A umidade relativa abaixo do nível de 700 mb quase não varia durante o ano. Acima deste nível a umidade relativa sofre uma apreciável variabilidade anual, constituído o trimestre julho, agosto e setembro, o mais seco, chegando a atingir um valor médio mínimo de 11%.
O baixo índice de umidade observada em altura no semestre seco, pode ser justificado por uma predominância de situações de subsidência na troposfera média.
há maior frequência de inversões. De 342 casos de inversões estudadas nessa camada 76% foram do tipo subsidencia e 24% do tipo frontal.
A partir da média troposfera até o nível de 300 mb o~orreram
134 casos, sendo 81% de inversão de subsidência e 19% de
inversão frontal
Durante os meses de novembro a abril verificou-se maior
ocorrência de inversões e menor quantidade de chuva, isto no
período estudado, comprovando que a quantidade de precipitação
é inversamente proporcional à quantidade de inversão.
Quando ocorre chuva na área de Petrolina e está registrada no
diagrama adiabático ~ma inversão de subsidência, pode ser
justificada a ocorrencia da chuva, pela convergência de massas de ar vindas de N ou NE, com as massas provenientes de sudeste.
Pelo fato do radiossonda abranger um raio de 100 km, pode
estar acontecendo a precipitação em um determinado local
dentro desta área e também ocorrendo uma inversão de caracter seco.
-Quando as inversoes sao do tipo frontal, as chuvas registradas
no período de janeiro a abril são originárias de situações pré-frontais ou por penetração de aglomerados de nuvens de SE, E e NE. Enquanto nos meses de novembro e dezembro as chuvas ocorridas são também oriundas de penetração de frentes frias vindas do Sul.
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(Trabalho no prelo), 1978.
Fiqura 1 - - Variabilidade reldtiva (7.) d.J preci.pitação anual ;t.
período 1931/60. calculada por STRA~Gcom Ci. !-órrnUta: Vr = I'(Pi - p) xlOO/np. em que Pi é a prCClplt3,3" anual, pa precipitação mêdta anual e ~ .:> numero de anos.
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40 20 o o 20 40 60 '0 100 120 140INVERSÕES ÚMIDAS INVERSÕES SECAS
FiÇfura 3 - Número total de casos de inversões (úmidas e secas) constatadas nas radiossondagens
de Petrolina. PE. nos períodos NOV.~8/ABR.69.NOV.69/ABR.70. NOV.70/ABR.71 e NOV.71/ ABR.72 para cada camada de 50 mb.
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Figura 4 - Media da quantidade de inversão de subsidência Media da quantidade de inversão frontal
Total de chuva média
Fi"ura 5 - lnversao- de subsidencla- . entre os níveis de 900 e 865 mb.
Em 18/01/72.
Figura 6 - Foto tirada pelo
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Figura 7 - Inversão frontal entre os níveis de 930 e 880 mb. Em 25/03/71.
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Figura 9 - Inversão frontal entre os níveis de 600 e 540 mb.
Em 28/12/69.
ESTUDO DE TEMPESTADES SEVERAS ASSOCIADAS
COM O JATO SUBTROPICAL NA AM~RICA DO SUL
Roberto Lage Guedes 1
Maria Assunção Paus da Silva Dias 2 RESUMO
Neste trabalho estudamos o comportamento de tempestades severas
que atingem a região norte da Argentina, Paraguai e sul do
Brasil, com grande intensidade durante a primavera.
Utilizando imagens de satélites e dados de radiossondagem fizemos uma composição de dados. Após computar vários parâmetros chegamos a resultados preliminares de que a
componente baroclinica que acompanha os S.C.M. é fraca, bem
como a advecção fria dando a entender que os fenômenos que ocorrem próximo a superficie são os principais responsáveis pelo surgimento e manutenção destes sistemas, bem como
favorecem a acoplagem dos sistemas da alta com os da baixa troposfera.
1. INTRODUÇÃO
A corrente de jato é um fenômeno atmosférico muito estudado desde sua descoberta durante a 2ª Grande Guerra. Estes estudos
foram desenvolvidos, entre outros, por Rossby (13), Riehl et.al
(11), que deduziu um modêlo de circulação vertical nas
vizinhanças de um jato. Beebe e Bates (2), com a introdução de
efeitos de curvatura. Reiter (12) restabelece o interêsse em
modêlos de tempo que se desenvolvem nas vizinhanças de um jato. Entretanto não.só um centro de velocidade máxima do vento
(C.V.M.) na alta troposfera contribui para a intensificacão de
tempestades na região norte da Argentina, Paraguai e sul>do
Brasil. ~ esperado que exista nesta área, assim como em regiões
semelhantes o sotavénto das montanhas rochosas nos E.U.A., um jato de baixos niveis, relacionado com a camada limite
planetária, depende dos processos de radiacão diurna e da
inclinação da superficie Peagle e Rasch (10). Este jato pode
ser o principal fornecedor de energia para a manutenção dos sistemas· ali presentes visto que, o contraste térmico naquela
região, durante a primavera, é pequeno.
Outro processo que pode contribuir para a intensificação ou não
de tempestades naquela área ê o processo de brisa
vale-montanha-vale como o descrito por Paegle e Paegle (9) 1 servindo
de gatilho para a convecção.
Portanto o objetivo deste trabalho é investigar a existência
dos C.V.M. da alta como os da baixa troposfera associados com
fenômenos frequentes naquela área do tipo sistema convectivo de
mesoescala (S.C.M.).
1) Divisão de Ciências Atmosféricas - IAE/CTA
2. METODOLOGIA
Usando o mesmo processo de Kelley e Mock (6) fizemos um
levantamento dos episódios de S.C.M. através de fotografia de
satélites geoestacionários.
Maddox (7) fez uma composição de dados baseados em centros
geométricos de superfícies, definidas pelas isolinhas de
temperatura de -320C do S.C.M., visto de satélite. Esta
superfície não está disponível para nós e optamos por usar o centro geométrico do S.C.M. Note-se que o centro do sistema em
níveis baixos pode estar em posição distinta (atrasado ou
adiantado) daquela definida pela cobertura de nuvens em altos
níveis (Cirrus). Esta composição foi executada com os dados de
12:GMT com uma grade de 30 lato ou longo A composição
justifica-se pela escasses de dados na América do Sul. Como a
grade se desloca com o centro do S. C. M. todos os pontos da grade
estão sob a mesma influência do sistema não importando onde esteja o mesmo.
Deste modo procedemos a análise em cartas isobáricas desde a
superfície até 100 mb, tentando caracterizar as condições
atmosféricas associadas a corrente de jato existente sobre aquela área e outros efeitos que passam a contribuir para uma intensificação ou não do S.C.M.
3. DADOS
Optou-se por estudar o período de setembro a dezembro de 1978 pelo fato de na primavera este fenômeno ser melhor identificado do ponto de vista das imagens de satélite. O ano de 1978 foi escolhido pela disponibilidade de dados de radiossondagem do Brasil, Argentina e Chile, cartas sinóticas e fotos de
satélites geoestacionários nas bandas de infravermelho e visível.
Os dados foram arquivados segundo o padrão "50" elaborado pela
diretoria de rotas (5) e passaram por uma análise de
consistêrtcia com a construcão de faixas horizontais de
validade, segundo Filippov' (4), com a utilização, em média de
2T de desvio. Os resultados apresentados neste trabalho estão
baseados na compósição de dados dos dias 25/10/78 e 28/10/78 às 12:GMT.
A figo I e tab. 1 mostram a trajetória e tamanhos dos S.C.M.
dos dias estudados, desde sua formação e primeira identificação
até seu estágio final de dissipação. O horário estudado precede
de aproximadamente 8 horas da dissipação do sistema. 4. M~TODO DE INTERPOLAÇÃO
Os dados das estações de radiossondagem foram interpolados
para os nós da grade. O método de interpolação é o descrito por
Barbes (1) e Doswell 111 (3) e consiste basicamente em definir
o valor da função g(x,y) no ponto da grade (x,y) como sendo uma