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TERRITÓRIOS DA CIDADANIA COMO UNIDADES DE PLANEJAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: NOVAS PERSPECTIVAS DO ORDENAMENTO TERRITORIAL RURAL.

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Academic year: 2021

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TERRITÓRIOS DA CIDADANIA COMO UNIDADES DE PLANEJAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: NOVAS PERSPECTIVAS DO ORDENAMENTO

TERRITORIAL RURAL.

Ruan Luiz Fonseca Monteiro Universidade Federal do Pará ruanluiz_22@hotmail.com

Lendl Alves de Oliveira Universidade Federal do Pará lendloliveira@hotmail.com

RESUMO

Os territórios da cidadania caracterizam-se por critérios multidimensionais, os quais são os elementos mais marcantes a fim de facilitarem a coesão social, cultural e territorial para o gerenciamento de projetos potencializadores da economia regional, sendo reflexo de por um lado, das ruralidades - sob o ponto de vista do ambiental, dos valores locais e da valorização das comunidades rurais - e por outro, das dinâmicas sócio-econômicas e culturais e das particularidades geográficas de cada território. A participação dos atores sociais nas políticas públicas pensadas para cada território visto a participação social junto aos processos de discussão em torno das políticas públicas para o desenvolvimento dos territórios rurais, mostra-se de grande valia para o desenvolvimento territorial rural. Nestas experiências, já se identifica uma mudança de visão nas novas abordagens utilizadas para compreender o papel do rural no desenvolvimento regional do país. Uma nova perspectiva de estudo vem substituindo a visão tradicional - que se fundamentava na dicotomia rural-urbana e confundia rural com agrícola - por uma visão sobre o mundo rural que se apoia na possibilidade de o “território da cidadania” incluir também as pequenas cidades do “interior” e oferecer novas alternativas de emprego e renda e diversas outras formas de melhoria na qualidade de vida da sua população.

PALAVRAS-CHAVE: Ordenamento territorial, territórios da cidadania, desenvolvimento territorial rural.

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ABSTRACT

The citizenship territories are characterized by multidimensional criteria which are the most signifivative elements to facilitate the social, cultural and territorial cohesion for the management of potentiating projects of the regional economy, being reflection, on the one hand, of the ruralities – by the environmental point of view, by the local values and by the enhancement of rural communities – and, on the other hand, by socio-economic and cultural dynamics and by geographical particularities of each territory. The participation of the social agents on the public policies developed for each territory, according the social participation associated to the tactics of discussion about the public policies for the development of rural territories, has been valuable to the territorial and rural development. In these experiences, it was already identificated a change of view on the new approaches used to understand the rural function on the regional development of our country. A new perspective of study has replaced the traditional view- that was based in the rural-urban dichotomy and it confused rural and agricultural – by another vision about the rural world which is based on the possibility of the “citizenship territory” also include small “country towns” and offer new alternatives of employment, of income and of many others forms of improvement on the population’s life quality.

KEYWORDS: Territorial planning, citizenship territories, territorial and rural development

INTRODUÇÃO

O ordenamento do território é o processo integrado da organização do espaço, tendo como objetivo a ocupação, a utilização e a transformação do território, de acordo com as suas capacidades e vocações. A política de ordenamento do território define e integra as ações promovidas pela Administração Pública, visando assegurar uma adequada organização e utilização do território nacional.

O presente texto apresenta a estratégia brasileira de desenvolvimento rural, o programa Territórios da Cidadania, abordando o fundamento da participação social

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junto aos processos de discussão em torno das políticas públicas para o desenvolvimento dos territórios rurais - que é o grande diferencial desde programa em relação a políticas públicas anteriores - e, é claro, a dinâmica territorial rural, que pode ser visualizada desde a menor escala, como uma unidade de produção familiar até as interações com sistemas mais abrangentes em termos de território.

TERRITÓRIOS RURAIS E A GEOGRAFIA

“O rural é marcado, em suas características mais gerais, pela propriedade fundiária intimamente ligada a forças e relações produtivas específicas (como instrumentos rudimentares e o trabalho familiar), industriais ainda na fase artesanal, divisão do trabalho incipiente, dispersão populacional, relação muito próxima de indivíduos com sua natureza exterior (com significados muitas vezes simbólico, bucólicos, românticos...), relações de vizinhança e ajuda mútua (cooperação), identitárias (nas linhas e vilas/sedes distritais)”. SAQUET (2006).

Aqui os pontos de partida são os conceitos de território e territórios rurais apresentados como um espaço físico, geograficamente definido e geralmente contínuo, que compreende tanto a cidade quanto o campo, caracterizados por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial.

Faz-se presente a complexidade destes conceitos que apresentam um caráter multidimensional, não se reduzindo apenas a economia, à densidade populacional ou à estrutura de povoamento.

AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA FORMAÇÃO DOS TERRITÓRIOS RURAIS

Os territórios rurais são caracterizados pelos critérios multidimensionais bem como os elementos mais marcantes que facilitam a coesão social, cultural e territorial, apresentam, explicita ou implicitamente, a predominância de elementos “rurais”. Nestes

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territórios incluem-se os espaços urbanizados que compreendem pequenas e médias cidades, vilas e povoados. (Programa Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável. CONDRAF, Junho 2003. P.23).

Sob o ponto de vista econômico, as ações devem ter como objetivo a implantação e o gerenciamento de projetos potencializadores da economia regional. Essa condição requer políticas territoriais que superem a lógica setorial e considere a relação campo cidade na perspectiva de um continuum. “A exploração desta nova dinâmica territorial supõe políticas públicas que estimulem a formulação descentralizada de projetos capazes de valorizar os atributos locais e regionais no processo de desenvolvimento”. ABRAMOVAY (1999).

A possibilidade de articulação de políticas públicas está diretamente ligada à capacidade de gerar um ambiente propício para o desenvolvimento, através do acesso a serviços e recursos que possam materializar no território os resultados do trabalho, garantindo tanto a geração de riqueza quanto sua apropriação de maneira mais igualitária. Esse ambiente visa apoiar os sistemas produtivos, formados principalmente por agricultores familiares, agricultores sem terra, micro e pequenos empreendedores, potencializando as intervenções externas em seus diversos canais mediante a participação destes atores sociais nas políticas públicas pensadas para cada território rural.

A articulação para que esses atores participem efetivamente do planejamento das políticas públicas é, portanto, o maior desafio a ser vencido pela proposta do desenvolvimento territorial, pois ela se mostra necessária em todos os níveis de poder, sendo que, as articulações podem significar mudanças importantes na relação de forças e nas dinâmicas tradicionais dos espaços de poder.

AS RELAÇÕES SOCIAIS E DE TRABALHO NOS TERRITÓRIOS RURAIS

Os aspectos relacionados às potencialidades locais dos territórios rurais se verificam na presença do “saber-fazer” dos agricultores familiares, na organização sócio-econômica, institucional e histórica e nos recursos ambientais, humanos e culturais.

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Os territórios rurais se sustentam economicamente através de atividades de produção agropecuárias, nem sempre voltadas para produtos de melhor qualidade e/ou de maior valor, ao lado de atividades industriais e de serviços de pequeno e médio porte. Assim, o desenvolvimento desses territórios depende tanto das dinâmicas externas, através dos mercados agrícolas ou agroindustriais, como também da capacidade dos seus agentes locais atraírem fluxos de recursos (capital para investimento produtivo, turistas ou trabalhadores capacitados) para investimento sobre suas particularidades territoriais.

Enquanto no “rural-agrícola” a sociedade se organiza em torno dos interesses da agricultura, no território rural a sociedade se mostra mais heterogênea e os interesses ficam mais diversificados e conflituosos. O território rural é o reflexo, por um lado, da ruralidade, sob o ponto de vista do ambiente, da tranqüilidade, dos valores locais e da valorização das comunidades rurais, e, por outro, das dinâmicas sócio-econômicas e culturais e das particularidades geográficas de cada território rural. Dessa forma, o território é o mais importante quando se quer analisar as diversidades sócio-econômicas e as variações das dinâmicas de desenvolvimento, ou seja, são os territórios que passam a serem os elementos principais de diferenciação sócio-econômica.

GESTÃO SOCIAL NOS TERRITÓRIOS RURAIS

O grande destaque a respeito da gestão dos territórios rurais é a participação social, que consideramos fundamental para o sucesso de sua política, não apenas no sentido de democratizar a gestão das políticas públicas e aproximá-las do público alvo, mas também no sentido de fortalecer a capacidade de auto-organização dos atores, no exercício pleno da cidadania e dos seus direitos, participando de maneira decisiva da definição dos rumos do desenvolvimento nos territórios em que vivem.

Assim, a própria sociedade que vive nestas unidades de planejamento tem a possibilidade de gerir assuntos públicos, neste caso, as políticas e iniciativas voltadas para a promoção do desenvolvimento dos territórios rurais. Também é um processo amplo e participativo para a gestão de assuntos públicos, principalmente políticas de valor social para o desenvolvimento.

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A gestão social implica compartilhar os processos de decisão e de gestão, o que significa que toda a sociedade deverá se preparar para assumir suas responsabilidades, exercendo efetivamente cidadania. É considerada como o referencial mais relevante e efetivo para conferir sustentabilidade ao processo de desenvolvimento.

A participação social junto aos processos de discussão em torno das políticas públicas para o desenvolvimento dos territórios rurais é considerada como um elemento fundamental para a democratização da gestão dessas políticas, aproximando as do público alvo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos debates em torno do desenvolvimento rural já se identifica uma mudança de visão nas novas abordagens utilizadas para compreender o papel do rural no desenvolvimento das regiões do país.

Uma nova perspectiva de estudo vem substituindo a visão tradicional - que se fundamentava na dicotomia rural-urbana e confundia rural com agrícola - por uma visão sobre o rural que se embasa na possibilidade de o “território rural” incluir também as pequenas cidades do “interior” e oferecer novas alternativas de emprego e renda e diversas outras formas de melhoria na qualidade de vida da sua população.

Esperamos que, assim, os territórios rurais possam utilizar o potencial local, aproveitar as suas características históricas e culturais particulares e estar integrados sócio-economicamente com o seu entorno e com o exterior, levando ao justo e igualitário desenvolvimento, a partir da implementação do programa Territórios da Cidadania com elemento catalisador deste processo.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. Agricultora familiar e desenvolvimento territorial. Revista “Reforma Agrária” da Associação Brasileira de Reforma Agrária – Abra, Volume 28 nº1, 2, 3 – Jan/Dez de 1998 e volume 29 – nº1 – Jan/Ago de 1999

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ELIAS, D. Novas Dinâmicas Territoriais no Brasil Agrícola. In: SPOSITO, E. S; SPOSITO, M. E. B; SOBARZO, O. (Org). Cidades médias: produção do espaço urbano e regional. 1º Ed, São Paulo: Expressão Popular, 2006.

MDA/SDT. Referências conceituais do Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável. CONDRAF/NEAD, 2003.

SAQUET, Marcos. Por uma abordagem territorial das relações urbano-rurais do sudoeste paranaense. In: SPOSITO, M. E. B. ; WHITACKER, A. M. (Orgs.). Cidade e Campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006.

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