Monitoria de Bioquímica Básica: mais que uma ferramenta
técnica e social
Igor Alves Pinto de Assis*; Ana Karine Rocha de Melo Leite ** *Discente do Curso de Farmácia **Docente da disciplina de Bioquímica Básica do Curso de Farmácia
FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza igoralves910@gmail.com
APRESENTAÇÃO
No curso de Farmácia, a disciplina de Bioquímica Básica é considerada de extrema importância, uma vez que os conhecimentos adquiridos nessa disciplina são fundamentais para a prática profissional. A compreensão sobre as estruturas, organização e transformações moleculares que ocorrem nas células das quais configuram o que se chama metabolismo, que nada mais é que as reações extremamente coordenadas que são fundamentais para garantir a sobrevivência, o crescimento e reprodução dos organismos vivos, constrói a base para uma boa formação do estudante da área da Saúde.
Vários são os compromissos de um Programa de Monitoria Acadêmica, dentre eles: o desenvolvimento de autonomia do aluno monitor e do senso de responsabilidade, bem como a ampliação do vínculo do professor, monitor, alunado.
Na Faculdade Metropolitana de Fortaleza, existem dois Programas de Monitoria: a Monitoria Voluntária e a Monitoria Institucional. Ambos objetivam incentivar e favorecer a participação dos alunos na execução de projetos de ensino e na vida acadêmica universitária. Ainda, busca incentivar a melhoria no processo de ensino e aprendizagem tanto do aluno monitor quanto dos alunos da disciplina (ZANEI, 2006).
Como previsto na Lei n.º 5.540, de 28/11/68, no Art.41, as universidades deverão criar as funções de monitor para alunos do curso de graduação que se submetam a provas específicas, nas quais demonstrem capacidade de desempenho em atividades técnico-didáticas em determinada disciplina. Em seu parágrafo único do artigo supracitado, complementa que as atividades de
CONEXÃO FAMETRO:
ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE
XII SEMANA ACADÊMICA
monitoria têm caráter remunerado, devendo também ser consideradas em currículo acadêmico (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, 2009).
Ser aprovado no processo seletivo de monitoria e assumir ser aluno-monitor leva a responsabilidade, seriedade, maturidade e o compromisso de pesquisa, planos e estratégias para um bom desenvolvimento no rendimento de notas finais dos alunos.
PERCURSO METODOLÓGICO
O presente trabalho se trata de uma analise descritiva, do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência discente na monitoria da disciplina de Bioquímica Básica do curso de Farmácia da FAMETRO. A mesma é ofertada aos discentes do segundo semestre. Tal experiência ocorreu na cidade de Fortaleza/CE, no período de março a junho de 2016, correspondendo ao semestre 2016.1. A descrição do relato de experiência foi embasada por pesquisa literária. Foram usados livros sobre Bioquímica, artigos sobre monitorias no âmbito acadêmico e sobre a iniciação à docência.
A atuação do monitor, com carga horária de 40horas mensais, envolveu a revisão dos conteúdos ministrados; suporte às aulas práticas junto ao professor (Figura 1); aplicação de casos clínicos; acompanhamento nos critérios de correção de provas, com finalidades de aprimorar e incentivar os alunos monitorados na ampliação do conhecimento da referida disciplina.
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Figura 1: Preparação de solução para o desenvolvimento e execução de aulas práticas. Fonte: Pessoal.
O exercício de monitoria proporciona uma maior obtenção de conhecimentos relacionados aos conteúdos abordados. Nesses meses de obtive uma maior aptidão em relação a segurança na transferência de conhecimento bem como aprimoramento das minhas atividades como monitor, fato que me despertou interesse na prática da docência como atividade para o futuro profissional.
No primeiro trimestre de cada semestre, foram pautados conteúdos específicos como conhecimento básico da citologia, importância da água, tamponamento, proteínas e suas diversas funções para o organismo, enzimas e sua ações, conceitos gerais de metabolismo e suas subdivisões: catabolismo e anabolismo. Foram aplicados também alguns resumos e vídeo-aulas como forma de revisão e estratégia pedagógica para a fixação dos conteúdos.
No segundo trimestre de cada semestre, foram abordados conteúdos como: respiração celular e suas subclasses: via glicolítica, ciclo de acido cítrico e fosforilação oxidativa. bem como também pautados assuntos da referentes a neoglicogenese, síntese de lipídios e sua degradação, formação de corpos cetônicos relacionados a Diabetes Mellitus tipo 2, ciclo da ureia e síntese Proteica aplicado a conceitos da genética. Ferramentas como vídeos-aulas, questionário realizados e aplicados pelo monitor e discussões por meio de slides, foram usados métodos estratégico para uma boa aquisição e fixação de conhecimento procurando sempre despertar e instigar o interesse do aluno.
A resolução do Ministério da Saúde n°338, de 06 de maio de 2004, no parágrafo III do Art. 1°. destaca que a assistência farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, para a melhoria de qualidade de vida da população(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Através de gerações, o ato de curar e buscar soluções para os problemas da humanidade é comum, uma tradição, um ato de caridade com o próprio ser humano. E dentro desse aspecto a Bioquímica exerce seu papel, pois são os farmacêuticos os responsáveis por esse conhecimento sempre tentando descobrir medicamentos que possam tratar as doenças humanas.
No intuito de desenvolver metodologias que estimulassem o retorno na busca pelo monitor, com orientação do docente, desenvolvemos propostas de atividades que permitissem melhoria do aprendizado e fixação do conteúdo (Figura 2). Alterou-se a metodologia de exposição teórica para desenvolvermos atividades mais interativas e dinâmicas, como a exposição de vídeo aulas de animação para facilitar a autonomia e senso critico dos discentes, resolução e discussões de casos clínicos para instigar ao aluno a pensar e, assim, obtermos uma boa média final dos alunos do segundo semestre.
Figura 2: Elaboração de protótipos de células em material de biscuit confeccionados pelos discentes e discussão em sala de aula. Fonte: Pessoal.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Dos 55 alunos matriculados na disciplina de bioquímica básica do curso de farmácia da Faculdade Metropolitana de Fortaleza- Fametro, 75% cursavam a disciplina pela primeira vez, 23% pela segunda vez e, 2% terceira ou mais vezes (Gráfico 1).
Gráfico 1: Percentual de alunos categorizados conforme a frequência de repetitividade na disciplina de Bioquímica Básica.
Conforme o percentual verificou-se que a monitoria auxiliou o rendimento dos discentes que cursavam a disciplina e frequentavam as discussões realizadas pelo monitor. Os alunos que eram assíduos nas discussões de monitoria obtiveram aprovação na disciplina com uma média acima de sete. Cerca de 70% dos alunos que em nenhum momento participaram da monitoria, foram reprovados ou desistiram da disciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O programa de monitoria permite ao monitor uma ampliação do conhecimento teórico, científico e social. Ele auxilia no crescimento profissional, incentivando e proporcionando o desenvolvimento da aptidão acadêmica, permitindo a formação de futuro docente e pesquisador. A monitoria permitiu um crescimento para os discente quanto aos conhecimentos exigidos pela disciplina de Bioquímica Básica, bem como, permitiu uma visão crítica e prática dessa disciplina para os futuros profissionais da área de saúde.
REFERÊNCIAS
LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2000. 839p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Brasília- Brasil, 2004. Resolução n. 338 de 06 de maio de 2004.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO. Recife- Pernambuco, 2009. A importância da monitoria na formação acadêmica do monitor.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA.
Bio-química: aulas práticas. 2.ed. Curitiba: Scientia et Labor, 1988. 116p.
ZANEI, Alessandra B. et al. Processo de implantação e consolidação da moni-toria acadêmica na UERJ e na faculdade de enfermagem. Revista Escola Anna Nery, v.10, n.2, p.187-94, ago. 2006.