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Entrevista a Cecília Palmeiro: produtora de mirtilos em Oliveira do Hospital. URI:

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Academic year: 2021

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Entrevista a Cecília Palmeiro: produtora de mirtilos em Oliveira do Hospital

Autor(es):

Matos, Margarida Rolo de

Publicado por:

Publindústria

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25414

Accessed :

4-Feb-2021 02:46:27

digitalis.uc.pt

impactum.uc.pt

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4.o Trimestre de 2012

Produção de “long-canes” de amora

Kiwi Arguta, uma aposta de futuro

Medronho, um “tesouro” a descobrir

Cecília Palmeiro e a aventura do mirtilo

Este suplemento faz par

te integrante da Agr

otec n.

o 5, do 4. o trimestr

e de 2012, e não pode ser v

endido separadamente.

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2 peouenosfrutos

entrevista

Durante 15 anos não consegui vender um grama em Oliveira do Hospital. Neste momento, se tivesse o dobro da produção vendia tudo. Aqui os media tem uma papel importante. Saiu um pequeno artigo no “Expresso” sobre os benefícios do consumo dos pequenos frutos e no ano seguinte as pessoas começa-ram a perguntar-me por aquelas coisas pequeninas e comecei a vender. Houve alturas que pensei em desistir, em arrancar mesmo as árvores. Mas depois num ano vendemos tudo.

E atualmente para onde vende?

Vendo ao público local. Vendo para uma frutaria e para empresas de compotas. Para exportação não tenho produção VXͤFLHQWH'XUDQWHDQRVVRQKHL ter 2 ou 3 produtores para ter dimensão para exportar. Mas nunca se concretizou. Neste ano, a área de mirtilo vai multiplicar por 100. Isso é bom mas vai haver uma perturbação no mer-cado nos próximos 5 anos e só RVERQVSURGXWRUHVY¥RͤFDU

Como vê este interesse pelos pequenos frutos, nomeadamente o mirtilo?

Não deixa de ser uma moda. As pessoas acham que é dinheiro fácil. Agora não há mirtilos nacionais (a colheita acontece em junho) mas se formos ao super-mercado os mirtilos que lá estão na prateleira são importados e rondam os 40 euros o quilograma. É lógico que as pessoas começam a fazer contas mas não é bem assim. O produtor não vende a estes preços. Eu vendo entre 3 a

Entrevista a Cecília Palmeiro

Produtora de Mirtilos em Oliveira do Hospital

MARGARIDA ROLO DE MATOS TEXTO E FOTOS

Foram 20 anos de descoberta. Agora com a internet é mais fácil, conseguimos ter acesso a muita informação. Na altura, foi mandar-me de avião sem paraquedas.

Fez alguma formação e/ou foi ver alguma plantação?

1¥Rͤ]QHQKXPDIRUPD©¥RQHP fui ver nada. Tive apenas um contacto de uma hora com o técnico da fundação Lockorn que me deu uma panorâmica das necessidades da cultura. Mas o que me fez avançar foi a necessi-dade de inovar. Precisávamos de inovar e continuamos a precisar GHSURGX©·HVGLYHUVLͤFDGDVHGH responder às necessidades do mercado. Depois também viajo um bocadinho e, na altura, fui-me apercebendo das necessidades de consumo de pequenos frutos. Tudo isto me levou aos mirtilos.

Já tinha o terreno?

Eu sou de Coimbra mas o meu marido é de cá e resol-veu comprar um terreno mas sem perspetiva do que ia fazer. Quando surgiu a questão do mirtilo tinha comprado terreno há pouco tempo. Fui comprando aos poucos, em várias parcelas.

Quanto investiu na exploração?

Não tenho noção exata do inves-timento. Fiz um sistema de rega novo quando comprei o terreno. Entre bombas, eletroválvulas gastei cerca de 15 mil euros, fora o preço da terra.

Como é que começou a vender?

A minha experiência da produção do mirtilo foi muito interessante.

Começou a dedicar-se à cultura do mirtilo há cerca de

20 anos, sendo uma das produtoras mais antigas de

mirtilo em Portugal. A Pequenos Frutos foi a Oliveira

do Hospital conhecer o percurso, a exploração e os

segredos que fazem da engenheira agrícola Cecília

Palmeiro um exemplo.

F

oi a vontade em arriscar que levou Cecília Palmeiro a apostar no “rei dos antioxidantes”. O caminho não foi fácil. A produtora e técnica do Ministério da Agricultura confessa que durante muito WHPSRWHYHGLͤFXOGDGHVHPYHQGHUDSURGX©¥RPDVQXQFDGHVLVWLX e a sorte mudou com o consumo a disparar. Atualmente, se mais produzisse mais venderia, razão para acreditar na cultura. Embora tenha uma área de plantação de apenas 2000 metros consegue atingir produtividades tão elevadas que é considerada uma das recordistas nacionais. Elege a poda como a grande chave do sucesso das suas produtividades, designando-a por “uma poda personalizada”. Com o crescente interesse no cultivo do mirtilo defende que os produtores têm que se organizar, de forma, “a otimizar recursos” pois as con-dições de sucesso estão reunidas, olhando, com esperança, para o IXWXURGDͤOHLUD

.

Quando é que começou a produzir mirtilos? E porquê?

Fiz a primeira plantação em 1993. Surgiu com o conhecimento do projeto da fundação Lockorn para a região de Sever do Vouga. No PHXWUDEDOKRHQTXDQWRW«FQLFDGD'5$3&ͤ]DOJXPDFRPSDQKD-mento a esse projeto, a cultura pareceu-me interessante e que se ia adaptar bem às condições do clima de Oliveira do Hospital. E avancei.

«Neste momento, se tivesse o dobro da

produção vendia tudo»

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2tempos design

5 euros o quilo para a frutaria e esta vende a cerca de 8 euros. Mas na maioria dos supermercados, na altura da colheita, um quilo ronda os 15 a 20 euros. Há muita procura lá fora e o mercado português tem quase 99,9 por cento para crescer. Quando esta moda passar vamos ͤFDUFRPXPERPQDLSHGHSURGXWRUHVGHPLUWLORHWDPE«PGHDPRUD e framboesa. Vamos conseguir mostrar-nos cá dentro e lá fora.

4XDLVIRUDPDVSULQFLSDLVGLͤFXOGDGHVTXHWHYHDRORQJRGHVWH tempo?

Os principais problemas foram a comercialização, a poda e o encharcamento. A comercialização é fundamental. É importante YHUTXHK£DOJXPUHWRUQRͤQDQFHLUR4XDQWR¢SRGDIXLID]HQGRXQV pequenos acertos ao longo do crescimento das árvores. Mas quando WLYHPHVPRQHFHVVLGDGHGHSRGDUWLYHGLͤFXOGDGHV)XLSRG£ORVGH acordo com os livros e aprendi depois por experiência própria. No ano seguinte a essa poda não tive produção, tive só 100 gramas. O problema foi que podei demais, podei de acordo como o que estava escrito, que era tirar todos os ramos velhos e partidos. Mas também tive azar porque nesse ano choveu muito e não houve frio e o mirtilo SUHFLVDGHDOJXPDVKRUDVGHIULRSDUDIUXWLͤFDU$O«PGLVVRRPLUWLOR é muito sensível à falta de água, mas mais ainda ao encharcamento. No meu campo, há uma mancha que é mais encharcada e durante estes anos fui sempre replantando e os mirtilos morriam. Sou WHLPRVDPDVRVPLUWLORVWLQKDPUD]¥R$JRUDͤ]XPFDPDOK¥RSDUD conseguir drenar melhor aquela zona e vou plantar outra vez este ano. Estou em fase de encomendar as plantas.

Como é a poda que faz agora? A poda também varia de acordo com a idade das plantas.

Sinceramente acho que as produtividades que consigo se devem à poda que faço. É uma poda personalizada. Cada planta demora-me bastante tempo a podar, olho para cada uma das plantas de diferentes formas. 9RXID]HQGRSRXFRDSRXFRDRͤPGHVHPDQDTXDQGRK£OX]8PGLD posso podar uma planta e noutro 10. O meu terreno tem 2000 metros de área dedicada ao mirtilo mas como o terreno tem falhas, tenho uma área de 1000 metros a produzir 3 toneladas. Por hectare, seriam 30 WRQHODGDV0DVLVVRQ¥R«H[WUDSRO£YHOH«SUHFLVRTXHͤTXHEHPFODUR Porque não consigo fazer o que faço numa área maior. Não conseguia ter esta atenção e cuidado. Numa produção regular a média de produ-ção por hectare deve rondar, pelo menos, as 12 a 15 toneladas.

No seu entender, qual é a estratégia para adequada para vender o produto?

Hoje em dia as câmaras municipais fazem um bom trabalho ao desenvolverem periodicamente feiras agrícolas com os produtos da região. Os produtores devem eles próprios ir ao mercado, bater às portas. Os produtores têm de se agregar a estruturas que já existam tal como há em Mangualde ou em Sever do Vouga, tanto para tra-balhar para o mercado nacional como para o internacional. Temos de nos deixar de capelinhas e de otimizar recursos. É mais fácil. Sozinhos os produtores não vão a lado nenhum.

Que conselhos dá a quem queira começar a produzir mirtilos?

É importante fazer formação para conhecer os aspetos técnicos da cultura. A DRAPC está a instalar, em Viseu, na estação agrária,

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peouenosfrutos

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entrevista

um campo de demonstração de variedades de mirtilos. A intenção é juntar todos os interessados que nos têm contactado para acompanhar a instalação do mir-tilo, o desenvolvimento do campo e das suas variedades. Vamos fazer dias de campo. Falem também com outros produtores já instalados e com os técni-cos da DRAPC. Em 20 anos de trabalho na DRAPC nunca, como neste último ano, me aparece-ram pessoas a perguntar o que hei de fazer e como. Até aqui as pessoas só estavam preocupa-das em saber se havia subsídios para limpar as terras, subsídios para plantar… As pessoas agora estão-se a preocupar com os detalhes técnicos, os media tam-bém acordaram para a questão da agricultura, para a necessi-dade de produzir mais e importar menos.

Quais os objetivos/metas que tem de futuro para a sua exploração?

Vou continuar a minha área de 2000 metros e este ano vou replantar com variedades mais recentes, eu comecei a produzir com a Bluecrop e Patriot. Tive um problema sério com a Patriot que morreu toda, porque é muito sensível ao encharcamento. Mesmo que não tivesse morrido eu tinha-a arrancado. Apesar de ter bons frutos, de sabor intenso, tem problemas na colheita. A maturação do bago não é uniforme e tem muitas folhas, RTXHGLͤFXOWDDFROKHLWD‹XPD

«Numa produção regular a média de produção por

hectare deve rondar, pelo menos, as 12 a 15 toneladas.»

CECÍLIA PALMEIRO

CECÍLIA PALMEIRO

Naturalidade: Coimbra Formação: Engenheira agrícola

SHOD87$'

([SHUL¬QFLDSURͤVVLRQDO

Trabalha no Ministério da Agricultura há 24 anos.

Primeiro contacto com agricultura: Eu sou de Coimbra

mas os meus avós tinham vinhas em Trás-os-Montes e a minha ligação com a agricultura era apenas nas férias. Mas a agricultura é apaixonante.

OS SEGREDOS TÉCNICOS DA EXPLORAÇÃO

Antes de começar a plantar, fez estudos ao solo?

Fiz análises de solo e de água. Não há nenhum técnico no Ministério da Agricultura que não peça análise de solo e de água, é importante para o mirtilo, por causa do pH e da conduti-vidade elétrica. Depois há uma análise fundamental que é o conhecimento da terra. Se não for o dono da terra, deve ser um vizinho mais velho que saiba dizer as ocorrências, as geadas, os ventos dominantes, sempre questões que interferem muito no desempenho de uma cultura. Depois destas análises, só tive que fazer uma correção orgânica e de fósforo no solo.

Em que altura se deve fazer a plantação?

Aconselho a fazer a plantação agora no outono ou no início da primavera, o mais tardar até meados de março. As diferenças prendem-se com o clima da zona de plantação. Se o local é agreste e tem frios demasiados intensos HXSUHͤURTXHDVSODQWDVY¥RSDUD o terreno só na primavera. Se o inverno for mais ameno pode-se plantar agora.

Recorre a fertilizantes?

Sim, faço uma fertilização por DQR8VRXPSRXFRGHD]RWRIµV-IRURHSRW£VVLRQRͤPGDFROKHLWD e no início do abrolhamento. No entanto, nas plantações novas devem fazer fertirrega. Há 20 anos não se utilizava. O sistema de rega que uso é o de gota a gota. Tem a idade da plantação e nunca tive problemas. Aqui mais uma vez a qualidade é fundamental. Comprei um grupo de bombagem Grundfos que me custou a alma mas nunca tive problemas nem com tubos, nem ͤOWURVQHPERPEDV

E como combate as infestantes?

As ervas daninhas são de facto um problema o ano inteiro. Como o mirtilo precisa de água todos os dias, há sempre água e as ervas crescem todos os dias. E sou eu que ando lá a tirá-las manualmente, o que é um grande trabalho.

O que faz para evitar pragas?

Ainda não tive pragas nem doen-ças. Faço apenas uma monotori-zação para 'URVµͤODVX]XNL com a Estação Agrária de Viseu. É comum não haver pragas porque o mirtilo era uma cultura inexis-tente no país. Agora à medida que vão aparecendo mais plantações e, com a importação de plantas é natural que as pragas também comecem a aparecer.

Quantas pessoas tem a trabalhar?

Tenho uma pessoa a tempo par-cial. E na altura da colheita tenho 4 mulheres todas as manhãs durante um mês, mês e meio. Na fase da colheita, os mirtilos vão logo para o consumidor no próprio dia. Daí que não tenha problemas com o seu armazena-mento e conservação. Por norma, começo a colher em junho e, às vezes, vou até dia 15 de julho. variedade que não aconselho. No

momento, só tenho a Bluecrop e vou continuar com ela. Agora vou plantar as variedades Legacy,

Liberty e Camellia nas falhas de

terreno que tenho.

Quais as diferenças entre essas variedades?

A Camellia é uma variedade arriscada. As outras escolhi-as porque gostei do porte descolhi-as plantas, do sabor dos frutos, do calibre. A qualidade das plantas é uma questão fundamental, é o mais importante na instalação de um pomar. É mesmo a chave do sucesso ou do fracasso da SURGX©¥R(DTXLRVFHUWLͤFDGRV varietais são cruciais. Temos de saber se a variedade que compramos é mesmo a que está QRFHUWLͤFDGRVHDSODQWDHVW£V¥ sem viroses, pragas e a garantia de que a planta tem estrutura para se desenvolver bem. Às vezes vejo viveiristas com plantas com um metro de altura, com preços estrondosos e a planta é um fracasso, porque a raiz não está adequada. É para a raiz e não para a planta que temos que olhar. O raizame tem de estar bem distribuído no vaso para GHSRLVVHͤ[DUQDWHUUD

Quais os preços que as plantas atingem?

Há diferenças astronómicas entre os fornecedores de plantas e diferenças de preço entre varie-dades. O valor mais caro de uma variedade protegida ronda os três euros por planta.

Referências

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