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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 938.840 - PA (2007/0072177-4)

RELATORA

: MINISTRA ELIANA CALMON

RECORRENTE

: ELIANE MARIA ICHIHARA FONSECA E OUTROS

ADVOGADO

: MARIA CECÍLIA HERMES RODRIGUES E OUTRO

RECORRIDO

: FAZENDA NACIONAL

PROCURADORES : EVERTON LOPES NUNES E OUTRO(S)

CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO

EMENTA

TRIBUTÁRIO – CTN, ART. 43 – IMPOSTO DE RENDA – HORAS

EXTRAS – INCIDÊNCIA – PACIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO PELA PRIMEIRA

SEÇÃO.

1. O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica

ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). Dentro deste conceito se

enquadram os valores recebidos pelo empregado a título de horas extras. Precedentes: EREsp

695499/RJ e EREsp 670514/RN.

2. Recurso especial não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por

unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a).

Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Herman Benjamin e Mauro Campbell

Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Humberto Martins.

Brasília-DF, 19 de agosto de 2008 (Data do Julgamento)

MINISTRA ELIANA CALMON

Relatora

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 938.840 - PA (2007/0072177-4)

RECORRENTE

: ELIANE MARIA ICHIHARA FONSECA E OUTROS

ADVOGADO

: MARIA CECÍLIA HERMES RODRIGUES E OUTRO

RECORRIDO

: FAZENDA NACIONAL

PROCURADORES : EVERTON LOPES NUNES E OUTRO(S)

CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: - Trata-se de recurso

especial interposto com fundamento nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional contra

acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que manteve a incidência do imposto de

renda sobre os valores recebidos pelos recorrentes, advogados da Caixa Econômica Federal, a

título de horas extras, sob o fundamento de que possuem caráter remuneratório.

Apontam os recorrentes, além de dissídio jurisprudencial, violação do art. 43, I e

II, do CTN, defendendo, em síntese, a não-incidência do imposto de renda sobre os valores em

questão, por entender que possuem caráter indenizatório, e não remuneratório, como decidiu o

Tribunal de origem.

Com as contra-razões, subiram os autos, admitido o especial na origem.

É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 938.840 - PA (2007/0072177-4)

RELATORA

: MINISTRA ELIANA CALMON

RECORRENTE

: ELIANE MARIA ICHIHARA FONSECA E OUTROS

ADVOGADO

: MARIA CECÍLIA HERMES RODRIGUES E OUTRO

RECORRIDO

: FAZENDA NACIONAL

PROCURADORES : EVERTON LOPES NUNES E OUTRO(S)

CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON (RELATORA): -

Prequestionada a questão federal suscitada e preenchidos os demais pressupostos de

admissibilidade, examino o mérito do recurso especial.

A questão posta para julgamento é a seguinte: qual é a natureza jurídica da

parcela recebida pelos recorrentes a título de horas extras, em razão da adequação de suas

jornadas de trabalho às disposições da Lei 8.906/94, enquanto advogados da Caixa Econômica

Federal.

No julgamento do REsp 508.340/RS tive a oportunidade de me manifestar a

respeito do tema e posicionei-me no sentido de que não se pode tratar como indenização o que foi

pago por horas trabalhadas além da jornada normal, o que se constitui horas extras, sujeitas

tradicionalmente à incidência do imposto de renda.

Não obstante, a Segunda Turma, acompanhando o voto vencedor do Ministro

Franciulli Netto, uniformizou o entendimento no sentido de considerar como de natureza

indenizatória o referido pagamento porque ao ser negado o direito do empregado de usufruir o

benefício in natura (folga), surge o "substitutivo da indenização em pecúnia". Asseverou-se

ainda que a natureza indenizatória desse pagamento não se modifica para salarial, diante da

conversão em pecúnia desse direito.

O precedente ficou assim ementado:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. FOLGAS NÃO-GOZADAS. MUDANÇA DE REGIME DE SOBREAVISO. DIMINUIÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO. SISTEMA DE REVEZAMENTO. UM DIA DE TRABALHADO POR UM DIA E MEIO DE FOLGA. COMANDO DA CF/88. ADAPTAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO APENAS EM AGOSTO DE 1990. ACORDO COLETIVO - PETROBRÁS. INDENIZAÇÃO DE HORAS TRABALHADAS.

CARÁTER INDENIZATÓRIO. HIPÓTESE DISTINTA DO PAGAMENTO DE

HORA-EXTRA A DESTEMPO.

As verbas em debate percebidas pelo recorrente decorrem de indenização por folgas não-gozadas, prevista na Lei n. 5.811/72 e devidas em virtude de alteração promovida nos regimes de turno ininterrupto de revezamento, com o advento da CF/88, que modificou seu regime de trabalho.

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O sistema de revezamento em que laborava o recorrente, conhecido por 1 x 1 (um dia de trabalho por um dia de folga), previsto no art. 2º e seguintes da Lei 5.811/72, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, em virtude de uma extensão dos efeitos do inciso XIV do artigo 7º para os empregados que trabalhavam em regime de sobreaviso, passou a ser 1 x 1,5 (um dia de trabalho por um dia e meio de folga).

A Petrobrás apenas conseguiu adaptar os contratos de trabalho e implantar turmas de serviço de acordo o novo regime de trabalho dois anos após a promulgação da CF/88. Por meio de Acordo Coletivo assinado em agosto de 1990, comprometeu-se a indenizar os períodos de folga não-gozados por seus empregados, seguindo as disposições do art. 9º da Lei nº 5.811/72, cuja base de cálculo seria o valor da hora-extra do turno respectivo, bem como indenizar a supressão do adicional de sobreaviso habitualmente pago àqueles. O montante foi acertado em 25 parcelas mensais, pagas de 1995 a 1996, tendo essas verbas sofrido a incidência do imposto de renda na fonte.

Com efeito, o dano sofrido pelos empregados da Petrobrás que ensejou a intitulada "Indenização de Horas Trabalhadas" está consubstanciado justamente nos dias de folga acrescidos pela Constituição – mas não-gozados, percepção que descaracteriza e afasta o tratamento dado ao caso dos autos até o momento, como mera hipótese de pagamento de hora-extra a destempo.

A impossibilidade do empregado de usufruir desse benefício gera a indenização, porque, negado o direito que deveria ser desfrutado in natura, surge o substitutivo da indenização em pecúnia.

A natureza indenizatória desse pagamento não se modifica para salarial, diante da conversão em pecúnia desse direito.

O dinheiro pago em substituição a essa "recompensa" não se traduz em riqueza nova, nem tampouco em acréscimo patrimonial, mas apenas recompõe o patrimônio do empregado que sofreu prejuízo por não exercitar esse direito à folga. Em conseqüência, não incide o imposto de renda sobre essa indenização.

Recurso especial provido.

(REsp 508.340/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Rel. p/ Acórdão Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 14./12/2004, DJ 11/04/2005, pág. 232)

A Primeira Turma também se posicionou no mesmo sentido, conforme demonstra

o seguinte julgado:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. PETROBRÁS. HORAS-EXTRAS. INDENIZAÇÃO DE HORAS TRABALHADAS. NATUREZA INDENIZATÓRIA.

1. A Primeira Turma do STJ, no julgamento do RESP 584.182, Rel. p/ o acórdão Min. José Delgado, DJ de 30/08/2004, consagrou o entendimento segundo o qual o valor pago pela PETROBRÁS a título de "Indenização de Horas Trabalhadas - IHT" não se encontra sujeito à incidência do imposto de renda, por se tratar de verba indenizatória que recompõe os períodos de folga não gozados e a supressão de horas-extras.

2. Recurso especial a que se nega provimento.

(REsp 639.903/RN, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 15/03/2005, DJ 04/04/2005, pág. 199)

Confiram-se, ainda, os seguintes julgados: REsp 696.104/RN; REsp 674.657/RN,

AgREsp 669.155/RN, REsp 639.910/RN e REsp 642.036/RN.

Diante disso, e considerando o papel uniformizador desta Corte, alinhei-me ao

entendimento adotado nesses precedentes, passando a defender que não incidia o imposto de

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renda sobre as referidas verbas:

TRIBUTÁRIO – HORAS EXTRAS RECEBIDAS POR DIMINUIÇÃO LEGAL DA JORNADA DE TRABALHO – FUNCIONÁRIOS DA PETROBRÁS – INDENIZAÇÃO DE HORAS TRABALHADAS (IHT) – NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA – VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC – INOCORRÊNCIA.

1. Afasta-se a alegada violação do art. 535 do CPC, pois o Tribunal a quo, para resolver a lide, analisou suficientemente a questão.

2. As verbas recebidas por empregados da Petrobrás, em virtude de horas-extras recebidas por diminuição da jornada de trabalho, denominadas de IHT (Indenização de Horas Trabalhadas) por terem natureza indenizatória não se sujeitam à incidência do imposto de renda.

3. Realinhamento da posição da relatora para acompanhar a jurisprudência majoritária.

4. Precedentes da 1ª e 2ª Turma. 5. Recurso especial improvido.

(REsp 865.729/SE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 21.09.2006, DJ 03.10.2006 p. 202)

TRIBUTÁRIO – HORAS EXTRAS RECEBIDAS POR DIMINUIÇÃO LEGAL DA JORNADA DE TRABALHO – FUNCIONÁRIOS DA PETROBRÁS – INDENIZAÇÃO DE HORAS TRABALHADAS (IHT) – NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

1. Impossível comprovação de dissídio jurisprudencial quando não há similitude fática entre os arestos confrontados.

2. Descabe, em sede de recurso especial, o exame de violação a decreto, por não se enquadrar no conceito de lei federal, na forma do art. 105, III, "a", da CF/88.

3. Se o dispositivo legal dito violado não serve de embasamento a qualquer juízo de valor emitido pelo Tribunal a quo, não se conhece da tese a ele relativa, por ausência de prequestionamento. Aplicação da Súmula 282/STF.

4. As verbas recebidas por empregados da Petrobrás, em virtude de horas-extras recebidas por diminuição da jornada de trabalho, denominadas de IHT (Indenização de Horas Trabalhadas) por terem natureza indenizatória não se sujeitam à incidência do imposto de renda.

5. Realinhamento da posição da relatora para acompanhar a jurisprudência majoritária.

6. Precedentes da 1ª e 2ª Turma. 7. Recurso especial provido.

(REsp 803.290/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 03.08.2006, DJ 17.08.2006 p. 345)

Ocorre que a questão foi levada à Primeira Seção, e no julgamento proferido em

09.05.2007, prevaleceu a tese de que incide o imposto de renda sobre as parcelas recebidas

pelo empregado a título de horas extras, inclusive as decorrentes de acordo coletivo de

trabalho, e independentemente do nome atribuído à referida parcela pelo empregador. Eis o

precedente:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ACORDO COLETIVO. "INDENIZAÇÃO" POR HORAS EXTRAORDINÁRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL.

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viabilizada por acordo coletivo, tem caráter remuneratório e configura acréscimo patrimonial, incidindo, pois, Imposto de Renda.

2. É irrelevante o nomen iuris que empregado e empregador atribuem a pagamento que este faz àquele, importando, isto sim, a real natureza jurídica da verba em questão.

3. O fato de o montante ter sido fruto de transação em nada altera a conotação jurídica dos valores envolvidos.

4. Ademais, mesmo que caracterizada a natureza indenizatória do quantum recebido, ainda assim incide Imposto de Renda, se der ensejo a acréscimo patrimonial, como ocorre na hipótese de lucros cessantes.

5. Embargos de Divergência não providos.

(EREsp 695499/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09.05.2007, DJ 24.09.2007 p. 236)

O mencionado entendimento foi reafirmado novamente pela Primeira Seção, por

unanimidade, na assentada do dia 28.05.2008, nos autos do EREsp 670.514/RN.

Diante disso, portanto, tenho por legítima a incidência de imposto de renda na

hipótese dos presentes autos, razão por que o acórdão recorrido não merece quaisquer reparos.

Com essas considerações, nego provimento ao recurso especial.

É o voto.

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ERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2007/0072177-4 REsp 938840 / PA Número Origem: 200139000115084

EM MESA JULGADO: 19/08/2008

Relatora

Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO Secretária

Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : ELIANE MARIA ICHIHARA FONSECA E OUTROS

ADVOGADO : MARIA CECÍLIA HERMES RODRIGUES E OUTRO

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

PROCURADORES : EVERTON LOPES NUNES E OUTRO(S)

CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO

ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Física - Verbas Indenizatórias CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Os Srs. Ministros Castro Meira, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Humberto Martins. Brasília, 19 de agosto de 2008

VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária

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