Ficha de trabalho
Lê atentamente o seguinte texto.
Correr por amor
Passei a noite acordado por causa da rapariga ruiva da minha escola. Estão a ver… É uma paixão! Não que eu quisesse. Aconteceu-me. E logo a mim, que sou dado a exageros. Se eu soubesse desamar… Mas quem é que sabe? Não há um rapaz da escola que não goste dela, embora alguns não queiram que se saiba.
Por isso a escolheram para entregar o prémio ao vencedor da corrida de fim-de-ano.
Antes disso, só havia dois rapazes inscritos e a prova chegou a estar em risco. Depois, já eram tantos a querer correr que tiveram de encerrar as inscrições à pressa. Nem oito nem oitenta, disseram eles.
O meu lugar na linha de partida estava garantido, o problema era chegar ao fim antes dos outros. Sou um rapaz franzino que escreve versos e histórias enquanto os outros jogam à bola e sobem às árvores. Numa corrida rápida, de velocidade, teria as minhas hipóteses, mas dar cinco voltas ao recinto enlameado da escola era mais apropriado para o Mário e o Xavier, por exemplo, que praticavam vários desportos e eram desses rapazes fortes e musculados, sem miolo nenhum, que as raparigas admiram.
No entanto, e fosse pelo que fosse, tinha grandes esperanças. Se todos os rapazes iam correr por amor, correria mais quem mais amasse a rapariga ruiva, pensei eu já ao fim da noite.
Já não sabia se tinha sonhado ou imaginado que o amor ia pôr asas nos meus pés e ajudar-me a ganhar aquela corrida. Depois, recebia das mãos dela a salva de prata com a data do meu feito gravada no centro, enquanto ela sorria para mim, só para mim, e eu decidia abandonar tudo, até a minha mãe. De mãos dadas, sem trocar palavras, eu e a rapariga ruiva atravessávamos o campo de jogos e chegávamos ao jardim secreto, um pedacinho de mundo que só os jovens namorados da escola conheciam. Ela voltava a sorrir e eu ganhava coragem para lhe contar que era eu quem escrevia as cartas de amor e os poemas que o Nuno e o Filipe lhe mandavam. Eles não sabiam escrever dessas coisas e eu não sabia que fazer às palavras de amor que me assaltavam a todas as horas. Depois, ela dizia qualquer coisa que eu não percebia, talvez por o ter dito muito baixinho, e trocávamos um beijo apaixonado enquanto o sol caía no céu.
Álvaro Magalhães, Hipopóptimos – Uma História de Amor, Edições ASA.
Nome: _____________________________________________ Nº _____ 6º ano/ Turma ______
Lê atentamente as seguintes questões e responde de forma completa.
1- “Passei a noite acordado (…)”.
1.1-Qual foi a razão que perturbou o sono do narrador? _________________________
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1.2-Explica por que motivo surgiram tantos inscritos para a corrida de fim-de-ano. ___
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1.3-Faz o retrato físico do narrador-personagem, a partir de todas as informações contidas no texto.
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1.4-Faz o seu retrato psicológico. ___________________________________________
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1.5-Apesar de tudo, o narrador tinha grandes esperanças. Explica porquê. __________
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1.6-Depois de ter recebido a taça, para onde se devia dirigir o rapaz com a rapariga ruiva? _______________________________________________________
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1.7-No seu sonho, o que mais via o narrador? _________________________________
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1.8-Indica a classe e a subclasse das seguintes palavras do texto:
prazer, dor
amor, paixão Classe ____________ Subclasse ___________
esperança, coragem 1.9-Do segundo parágrafo, transcreve:
Os quantificadores numerais aí presentes: __________________________
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Bom trabalho!
A prof. Susana Costa