O PAPEL DAS AUTORIDADES CENTRAIS
E A SECRETARIA DE COOPERAÇÃO
JURÍDICA INTERNACIONAL DO MPF
Curso de Cooperação Jurídica Internacional para membros e servidores da Procuradoria da República no Paraná
- Cooperação Internacional
Intercâmbio internacional de documentos para garantir o cumprimento extraterritorial de medidas judiciais,
processuais ou investigativas de outro Estado.
- Cooperação Direta (Informal): Realizada entre as Polícias (INTERPOL), Ministérios Públicos, Magistrados, Unidades de Inteligência Financeira;
- Cooperação Juridica (Formal): Realizada entre as Autoridades Centrais e órgãos diplomáticos, com base em Tratados e Convenções de Auxílio Jurídico Mútuo e legislação local dos países.
A cooperação jurídica pode se basear em tratado ou em promessa de reciprocidade. - Surgimento de Tratados Multilaterais e Bilaterais
INTRODUÇÃO
AUTORIDADE CENTRAL
A) Conceito e Origem:
• Órgão de auxílio à Cooperação Internacional • Conhece a legislação e os procedimentos • Órgão técnico e especializado
• Integra a estrutura do Ministério Público ou do Poder Executivo • Constituição decorrente de tratado
• Definição e substituição pelo Estado
• Modelo inaugurado com a Convenção de Haia de comunicação de
atos processuais de 1965
B) Atividades:
• Recebimento e transmissão de pedidos de cooperação • Análise e adequação das solicitações
• Orientação da parte solicitante
• Coordenação e acompanhamento da execução
Propor e fomentar melhorias no sistema de cooperação
Articula, integra e propõe ações de governo
Diplomacia Redes judiciárias Oficiais de Ligação
Evitar falhas na comunicação internacional Evitar o seguimento de pedidos inadequados
Evitar a adoção de mecanismos de cooperação inadequados
Prévio juízo de admissibilidade administrativo
Cabe também à Autoridade Central:
Encaminhamento à autoridade competente
Em regra: não tem função de execução direta (se não for MP)
Apoio da Polícia (Canal Interpol)
Se não preenchidos os requisitos necessários DEVOLUÇÃO
Principais motivos de recusa:
a) Má qualidade da tradução; b) Dados equivocados;
c) Deficiência na narrativa / insuficiência de dados / homônimos; d) Ausência de quesitos para o interrogatório ou inquirição;
e) Designação de data de audiência sem atenção ao prazo.
Antes da devolução, no entanto, caberá à Autoridade Central solicitar a remessa de
Papel fundamental para a
cooperação jurídica internacional
• Como ponto de contato, facilita e acelera a tramitação dos pedidos • Elimina a intermediação dos MRE pela comunicação direta
• Tramitação de documentos sem a necessidade de legalização
consular ou tradução juramentada
• O trâmite via AC assegura autenticidade
e legalidade aos documentos
• Conhece as particularidades das
contrapartes
• Centralização = Celeridade e Eficácia
• Avanço em relação à cooperação apenas pela via diplomática
D) Identificação e Instrumentos Legais:
No Brasil, atualmente o papel da Autoridade Central para CJI cabe, majoritariamente, ao Ministério da Justiça:
DRCI
DEEST Secretaria Nacional de Justiça
Ao DEEST compete analisar e tramitar os pedidos de
extradição e de transferência de pessoas condenadas
Ao DRCI compete analisar e tramitar os demais pedidos de Cooperação Jurídica Internacional
Competências normatizadas em diversos instrumentos legais:
a) Decreto nº 6.061/2007;
b) Resolução STJ nº 9 (art. 7º, Parágrafo Único):
c) Portaria Conjunta MJ/PGR/AGU nº 1/2005; d) Portaria Interministerial MJ/MRE nº 501/2012; e) Tratados e acordos de que o Brasil é parte.
As cartas rogatórias podem ter por objeto atos decisórios ou não decisórios.
Parágrafo Único. Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiveram por objeto atos que não ensejem juízo de delibação pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados como carta rogatória, serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por auxílio direto.
A atuação como Autoridade Central, no entanto, está dividida entre outros órgãos, conforme disciplinam os seguintes 6 Tratados:
1. Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Convenção de Nova York – CNY);
2. Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil;
3. Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá;
4. Convenção sobre os aspectos civis do sequestro internacional de crianças; 5. Convenção relativa à proteção das crianças e à cooperação em matéria de
adoção internacional;
AUTORIDADES CENTRAIS
MJ
SEDH
1.1. Departamento de Recuperação de Ativos
e Cooperação Jurídica Internacional – DRCI
1. Ministério da Justiça
• Articulação de políticas públicas; coordenação da atuação do Estado
no que concerne à recuperação de ativos ilícitos, à CJI, e à prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao crime transnacional;
• Negociação de acordos;
• Articulação e colaboração com o Poder Judiciário, Ministério Público,
Polícias e demais órgãos relacionados à cooperação.
1.2. Departamento de Estrangeiros – DEEST
1. Ministério da Justiça
• Analisar e tramitar os pedidos de extradição e de transferência
de pessoas condenadas
Atua no sentido de agilizar o trâmite dos pedidos, em parceria com o MRE, o Departamento de Polícia Federal, a
INTERPOL e os Juízes das Varas de Execuções Penais.
2. Secretaria Especial de Direitos Humanos
• Convenção sobre aspectos civis do sequestro internacional
de crianças (Haia, 1980);
• Convenção relativa à proteção das crianças e à cooperação em matéria
de adoção internacional (Haia, 1993);
• Convenção Interamericana sobre restituição internacional de menores.
Promoção e proteção dos direitos e do interesse superior de crianças e adolescentes – preservação da dignidade que a condição humana lhes garante.
3. Procuradoria-Geral da República
Secretaria de Cooperação
Jurídica Internacional
• Convenção sobre prestação de alimentos
no estrangeiro – CNY (Dec. Nº 56.826/65)
• Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal
entre Brasil e Portugal (Dec. Nº 1.320/94)
• Tratado de Auxílio Mútuo em Matéria Penal
entre Brasil e Canadá (Dec. Nº 6.747/09)
SECRETARIA DE COOPERAÇÃO
JURÍDICA INTERNACIONAL – SCI
A) Origem, Estrutura e Funções:
• Criada em 2005 – Integra o Gabinete do PGR
• Existência de um grupo de apoio que auxilia o Secretário • Função de facilitar o acesso de autoridades estrangeiras e
organismos internacionais a informações, e buscar soluções para diversas questões jurídicas
• Acompanhar, apoiar e coordenar a atuação dos membros do
MPF na execução dos pedidos
• Estabelecer, manter e desenvolver as relações do MPF com
outras instituições, nacionais ou estrangeiras, em questão de cooperação internacional
• Organizar e dar cumprimento à documentação emanada de
autoridades estrangeiras e organismos internacionais
• Atuar em colaboração com as Câmaras
de Coordenação e Revisão, PFDC, MJ e MRE;
• Promover a realização de estudos, pesquisas e
B) Atuação:
I) Pedidos Passivos de Cooperação em Matéria Penal:
- Recebimento do pedido
- Cadastro, análise, pesquisa e autuação
- Encaminhamento para execução (delegação do PGR)
- Informações e restituição para encaminhamento à autoridade rogante - Possibilidade de execução direta
- Atuação como Autoridade Central (Portugal e Canadá)
- Sistema Único - PCI
STJ Requisitos preenchidos Auxílio Direto
Autoridade requerente estrangeira ou MRE – via diplomática
Autoridade Central de Portugal ou Canadá
DRCI SCI
Justiça Federal Autoridade competente para
cumprimento – Delegação do PGR E x e c u ç ã o
II) Pedidos Ativos de Cooperação em Matéria Penal:
Requisitos preenchidos Há tratado em vigor Autoridade requerente brasileira SCI DRCIMRE – via diplomática Autoridade Central estrangeira
Não há tratado em vigor
Autoridade Central de Portugal ou
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Benefícios da atuação de maneira concentrada • Inviabilidade da pluralidade de vias
• Diálogo contínuo e atuação coordenada
• Interlocução entre AC e órgãos oficiantes na
execução - Intermédio da SCI
• Ideia de uma Nova Autoridade Central Brasileira
para CJI Órgão colegiado com representação de várias
esferas do Governo