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O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE GRAVATAÍ

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O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE GRAVATAÍ

Luciane Torezan Viegas – IPA

RESUMO

O presente estudo apresenta uma análise do processo de implantação do Atendimento Educacional Especializado no município de Gravataí, no Estado do Rio Grande do Sul. Como objetivos da pesquisa procurou-se: identificar momentos históricos e elementos constituidores de uma política educacional inclusiva no município de Gravataí e analisar as estratégias iniciais propostas na rede municipal para implantação do Atendimento Educacional Especializado. Metodologicamente, a análise de documentos produzidos pelos gestores da rede pública de Gravataí, envolvidos com a educação especial no município, forneceu importantes elementos para a compreensão de momentos significativos de avanços em termos da implantação das políticas para a educação inclusiva. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com gestores atuantes em diferentes momentos na rede, fonte de reflexão sobre o dinâmico processo de constituição de ações voltadas para a inclusão de crianças e jovens nas escolas regulares e nas classes comuns. Autores como Baptista, Kassar, Carvalho, dentre outros, auxiliaram na análise dos dados coletados. Conclui-se que a rede pública municipal de Gravataí acompanhou os diferentes momentos de implantação da Política Nacional para a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, identificando-se com os princípios da escola inclusiva e propondo ações que marcaram a inserção de crianças e jovens com deficiência na rede regular de ensino. Logo, a proposta de Atendimento Educacional Especializado implantada na rede a partir de 2009, além de afinada com a proposta nacional, configurou-se como importante espaço para discussão sobre a aprendizagem de crianças e jovens com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades-superdotação no que se refere ao suporte necessário para dar conta do ensino em termos de recursos e metodologias adequadas.

Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado. Educação Especial. Educação Inclusiva.

INTRODUÇÃO

O estudo ora apresentado trata de um recorte de pesquisa realizada no âmbito do Doutorado em Educação. O tema deste texto analisa o processo de implantação do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no município de Gravataí, no Estado do Rio Grande do Sul.

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No contexto atual, em que se proliferam propostas e discussões que envolvem a escolarização das crianças com deficiência1, há necessidade de refletir, discutir, investigar, propor alternativas que

possibilitem e garantam, no âmbito legal e escolar, a educação com qualidade de crianças e jovens, com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades-superdotação. Os recentes estudos, na área da educação e da educação especial, têm apontado a necessidade de se compreender como as políticas públicas educacionais são definidas, propostas e elaboradas e, mais particularmente, implantadas nos âmbitos das redes públicas e privadas nos municípios, Estados e no Distrito Federal (BAPTISTA, 2011; KASSAR, 2011).

A fim de compreender o processo de implantação da política nacional e do AEE no município de Gravataí, a análise de documentos produzidos pelos gestores da rede pública foi a base da pesquisa de campo. Destacam-se entre os documentos analisados nesta pesquisa: Anais dos Congressos Municipais de Educação, realizados em 1998, 2003, 2007, documentos referentes ao histórico da Educação Especial no município, bem como documentos orientadores no âmbito interno na rede, referidos ao longo do estudo. Além disso, a realização de entrevistas semiestruturadas com três gestores, coordenadores de processos relativos à Educação Especial em diferentes gestões na rede municipal contribuíram com informações importantes para compreensão do processo.

Considera-se importante sinalizar que o município de Gravataí é um município brasileiro localizado no Rio Grande do Sul, pertencente à microrregião de capital, localizando-se ao norte da mesma, distante 23 km, e é um dos 23 integrantes da Região Metropolitana de Porto Alegre. O município configura-se como um importante pólo industrial do Estado e conta com importante rede rodoviária, que o coloca em conexão com diferentes regiões do Estado.

Ao analisar as matrículas nas redes de ensino presentes no município (estadual, municipal e privada), destaca-se a oferta pela rede municipal, como aquela de maior contingente, tanto nos anos iniciais como nos anos finais do Ensino Fundamental, quanto na Educação Especial. Cabe investigar onde se encontram os estudantes do Ensino Fundamental, se

1 A fim de esclarecer a opção teórica e a utilização dos conceitos relativos à população historicamente atendida pela

educação especial, no âmbito deste projeto, adotarei a nomenclatura “pessoas com deficiência” para me referir a “pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades-superdotação” e também para apontar o “alunado” desta modalidade de educação. Entende-se que a designação “necessidades educacionais especiais” abranja as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades-superdotação, mas não se restrinja a esse grupo, uma vez que qualquer criança poderá apresentar, em algum momento de sua escolarização, dificuldades de aprendizagem, o que caracteriza a utilização do termo “necessidades educacionais especiais”.

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matriculados nas escolas regulares e no AEE e em que condições estão recebendo o AEE, previsto no Decreto nº. 6.571, de 2008.

A EDUCAÇÃO ESPECIAL E AS POLÍTICAS MUNICIPAIS EM GRAVATAÍ

Considera-se importante apresentar o histórico da educação especial, na rede municipal de Gravataí, para que seja possível conhecer os vários planos associados à configuração dos serviços, à organização dos entes responsáveis e ao financiamento da educação especial. Os registros indicam o ano de 1966, como o início da educação especial no município, com a criação de classes especiais pertencentes à Secretaria Municipal de Educação, mas que funcionavam em uma escola privada. Já nesse momento, é possível questionar qual a colaboração entre a rede pública municipal e a rede privada, para o atendimento do alunado da educação especial. Ao que parece, antes disso, não havia nenhuma forma de acesso ao ensino regular. A seguir, em 1969, um grupo de pais fundou a APAE de Gravataí, tornando visível, conforme modelo adotado em diferentes momentos históricos, o papel da sociedade civil, no atendimento do alunado da educação especial. O poder público não assumiu o custeio da educação dessa parcela da população, mas é importante destacar que, nesse momento histórico, o Estado não dava conta, ainda, de grande parte do alunado em idade escolar, que se encontrava fora do ensino comum, por falta de vagas (KASSAR, 2011).

Nesse sentido, no ano de 1970, as classes especiais, por força da comunidade local e pelo entendimento de que as crianças e jovens com deficiência seriam mais bem atendidos, foram transferidas para o prédio da APAE. Então, a Associação passou a funcionar como escola especial e se estabeleceu uma parceria entre a Prefeitura de Gravataí e a APAE, parceria esta que existe até hoje. O questionamento que fica é no sentido de compreender a decisão da gestão municipal de transferir, para a APAE, a responsabilidade para com essa parcela da população e também sinalizar os esforços realizados para que a prefeitura arcasse com algum custo, no que tange ao financiamento.

Dessa forma, as escolas especiais são os espaços que se proliferam para dar conta de atender ao alunado que necessita de alguma forma de escolarização diferente dos demais

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indivíduos. Proliferam-se aí as instituições de caráter assistencial, algumas vezes sem nenhuma conotação educacional em sua proposta, limitando-se a tratar da alimentação, higiene e segurança das pessoas com deficiência. Também no início do século XX ocorreu uma proliferação de espaços para pessoas com deficiências específicas, que acabaram se caracterizando, conforme as diferenciações das necessidades de aprendizagem (PESSOTTI, 1994; PITTA; DANESI, 2002).

Em 1972, um Decreto Municipal criou a Escola Municipal Especial Cebolinha, oficializando a parceria da APAE com a Prefeitura Municipal. Em 1983, uma professora da Escola Especial Cebolinha foi convidada para organizar a educação especial na Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) e, nesse momento, foram criadas as classes de aprendizagem lenta, ou classes especiais, para alunos com dificuldades de aprendizagem, em doze escolas da rede municipal.

Antecipando-se às políticas atuais, no ano de 1991, criou-se o Programa Novo Rumo, desenvolvido pela Escola Municipal Especial Cebolinha, com o objetivo de incluir crianças e jovens com deficiência mental na sociedade, através do trabalho, da educação infantil e fundamental ou de seu espaço de convivência social. O Programa Novo Rumo, até o ano de 2007, já havia incluído 107 crianças no ensino fundamental e 74 na educação infantil, contando com o apoio de equipe técnica da escola e de estagiários nas áreas de Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Fisioterapia. Os mesmos realizavam assessoria à equipe diretiva e professores das escolas e desenvolveram ações com crianças e jovens com deficiência, destinadas à realização de atividades de vida diária, preparação para o trabalho, encaminhamento para estágio e para oficinas protegidas.

Em 1993, as classes de crianças com aprendizagem lenta foram extintas e os alunos passaram a ser atendidos na Escola Especial Cebolinha, com a justificativa de que os mesmos teriam mais assistência com equipe multidisciplinar. Nesse momento, alguns alunos foram incluídos em classes regulares, mas a maioria permaneceu na escola especial. Esse é um dos aspectos contraditórios no funcionamento da rede municipal e destaca-se na tomada de decisão dos gestores, pois, ao mesmo tempo em que já se realizava a inclusão de crianças com deficiência em escolas regulares, optou-se por retirá-las das escolas e encaminhá-las para a escola especial. Há que se considerar, obviamente, o contexto e as concepções vigentes no momento histórico em que esse fato aconteceu, mas situações semelhantes podem ser observadas em momentos mais recentes da história da rede pública municipal de Gravataí.

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Segundo Kassar (2011, p. 53), “desde 2003 documentos oriundos do governo federal passaram a anunciar a implantação do que se tem denominado de sistemas educacionais inclusivos”. Neste sentido, entende-se a constituição de um sistema formado por escolas capazes de comportar toda e qualquer criança e que o AEE seja complementar ou suplementar à escolarização básica.

Na continuidade, aconteceu o I Congresso Municipal de Educação2 e, nesse mesmo ano,

registrou-se a inclusão de inúmeras crianças na rede regular, principalmente em 1998, ano entendido como um marco para a educação especial no município.

Ressalta-se que, durante o Congresso Municipal de Educação, as teses apresentadas a favor da inclusão de crianças com deficiência foram derrubadas pela plenária final, formada, na sua maioria, por professores. Foram aprovadas apenas as teses que evidenciavam o ensino nas escolas especiais como o indicado para essa alunado. Tal momento reforça o dinâmico contexto de tomada de decisões, onde as diferentes concepções, por vezes contraditórias, se enfrentam na arena política e definem os rumos da gestão municipal.

O segundo Congresso Municipal de Educação, realizado em 2003, aprovou apenas uma tese referente à temática, conforme segue:

A política de inclusão social e de necessidades especiais articula ações entre várias instituições governamentais e não-governamentais, sendo de responsabilidade das instituições governamentais o acesso e a permanência do educando na escola. Compete à mantenedora garantir sistemas de apoio às escolas da rede municipal, dentro das diversas especialidades, definindo políticas públicas de educação especial (PREFEITURA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GRAVATAÍ, 2003).

A análise do texto permite observar, claramente, a tendência a não apontar o poder público municipal como único responsável pelo atendimento da parcela da população que depende da educação especial, pois, conforme cita, o atendimento é “[...] de responsabilidade das instituições governamentais e não-governamentais”. Infere-se que as decisões que perpassam o financiamento também poderão ser compreendidas nesse contexto de socialização das responsabilidades entre Poder Público e sociedade civil.

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A Prefeitura Municipal de Educação de Gravataí, através da Secretaria Municipal de Educação, organizou os Congressos Municipais de Educação, que aconteceram em 1998, 2003, 2007. O próximo está previsto para novembro de 2011.

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No terceiro Congresso Municipal de Educação, realizado em 2007, foram aprovadas inúmeras teses sobre inclusão/diversidade, prevalecendo, ainda, a defesa das escolas especiais e da concepção clínico-terapêutica de educação especial, como segue:

A inclusão das crianças portadoras de necessidades especiais precisa estar alicerçada na garantia de atendimento de profissionais especializados. Para tanto, o poder público precisa constituir centros de apoio especializado, a fim de que as escolas realizem encaminhamentos diretos e possam acompanhar de perto o tratamento dos alunos (PREFEITURA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GRAVATAÍ, 2007).

O Fórum Permanente da Educação de Gravataí, iniciado em 2009, mostrou que os vários segmentos escolares (pais, alunos, professores e funcionários) não são contrários ao processo da educação inclusiva, mas apontam inúmeras necessidades para o sucesso do mesmo. Nas proposições, reivindicações e necessidades dos segmentos escolares sobre a Inclusão no Fórum Permanente da Educação de Gravataí, destacam-se temáticas como convívio com as diferenças, diferentes formas de aprendizagem, especialização de docentes e monitores, criação de Centro de Atendimento Especializado, acessibilidade, dentre outras.

O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA REDE MUNICIPAL

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), o Decreto nº 6.571/2008, seguido pela Resolução CNE/CEB Nº 4/2009 e pelo Parecer CNE/CEB N° 13/2009 trouxeram inúmeros desafios e novas perspectivas para a Educação Especial no Município de Gravataí.

O número de alunos, público alvo da educação especial, na rede regular de ensino municipal de Gravataí vinha crescendo continuadamente, nos anos de 2004 a 2008. Com a redefinição deste público, entretanto, observou-se um decréscimo do número de matrículas, tanto nas escolas especiais, quanto nas escolas regulares.

Uma das grandes metas da rede municipal, segundo os gestores, para os próximos anos é a ampliação do AEE, nas escolas da rede, possibilitando que todos os alunos sejam encaminhados diretamente para as escolas regulares mais próximas a sua residência, sendo avaliados e

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acompanhados por um professor especializado na própria escola ou em escola pólo, e com o apoio de Centros Educacionais Especializados, estruturados onde hoje funcionam as escolas especiais.

Conforme foi destacado anteriormente, os dados relativos às matrículas, nos últimos anos, poderão ajudar a entender alguns movimentos, na perspectiva de análise da dinâmica da definição das políticas, em nível nacional e local. Cabe lembrar que, no Relatório Técnico do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), referente ao Censo Escolar 2009, há uma referência à diminuição em 21% da matrícula na educação especial no Brasil, que chama a atenção. Ao analisar os dados, a equipe técnica do INEP verificou que a queda pode ser atribuída a ajuste nas informações decorrentes da melhoria conceitual e metodológica do instrumento de coleta de dados, tais como o detalhamento do tipo de deficiência que cada aluno apresenta e a não possibilidade de inclusão de alunos com deficiência sem escolarização, isto é, que só recebem AEE.

Com relação ao atendimento do alunado da educação especial, no município investigado, em 2009, há realmente uma queda numérica, também sinalizada pelos gestores, ao apontarem que os dados informados ao INEP nem sempre estão em consonância com os dados internos da rede municipal. Outro aspecto que merece ser abordado refere-se à alteração no instrumento de coleta do INEP, que coincide com o Decreto nº. 6.571, de 17 de setembro de 2008, ao dispor sobre o AEE e determinar a dupla matrícula dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades-superdotação nas escolas regulares, nas classes comuns e, de forma complementar ou suplementar, no AEE.

Especificamente no caso da educação especial, para compreendermos as propostas de escolarização e a destinação de recursos, destaca-se o Decreto nº. 6.571, de 17 de setembro de 2008, expedido pelo Presidente da República, que aponta para a perspectiva da dupla matrícula, como um caminho para garantir o financiamento da educação de crianças e jovens com deficiência na escola regular, nas classes comuns e no AEE. O Decreto rompe com uma prática que tem sido referendada historicamente na área da educação especial, caracterizada pela escolarização em espaço especializado, nas escolas ou em classes especiais, mas distante das classes comuns e da escola regular. Entendo que, a partir desse Decreto, essa prática tende a se alterar e a escolarização das crianças com deficiência passa a compor os discursos, considerando a perspectiva legal.

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De acordo com Carvalho (2008, p. 70), a oferta de apoio por meio de trabalho pedagógico especializado em sala de recursos “não deve ser confundida com classes especiais e sim consideradas como espaços pedagógicos que darão suporte aos alunos e seus professores para a remoção das barreiras de aprendizagem”.

Nesta perspectiva, a Resolução nº. 4 do CNE/CEB, de 02 de outubro de 2009, que “Institui Diretrizes Operacionais para o AEE na Educação Básica, modalidade Educação Especial”, reforça que os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades-superdotação nas classes comuns do ensino regular e no AEE. Em sintonia com esta proposta, a legislação apontará de que forma deverá ocorrer, no âmbito da gestão e do financiamento, o encaminhamento da dupla matrícula e a adoção de mecanismos de controle desencadeados no Censo Escolar3, por exemplo, que

impedem, a partir de 2009, a inclusão de estudantes que não se encontram matriculados na escola regular. Como a destinação de recursos utiliza, como referência, os dados do Educacenso, a movimentação das matrículas e as propostas nas redes de ensino tendem a acolher a demanda indicada pela pesquisa.

No que tange à oferta de atendimento especializado, trabalha-se com a implementação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), nas escolas da rede regular de ensino, e com equipe multidisciplinar nas escolas especiais. Discute-se, no momento, quais as modificações necessárias para que as escolas especiais assumam um novo papel, conforme orienta atual política nacional, abrindo-se para a oferta de formação continuada4

aos professores e AEE aos alunos da rede regular de ensino, constituindo um centro de AEE. Há singularidades e exigências de formação qualificada, pois se trata de um processo de instituição de serviços (BAPTISTA, 2011).

A Rede Municipal de Ensino de Gravataí, que dispunha de 14 SRM em atividade, em 2009, passou a contar com 37 salas até o final de 2010, disponibilizadas pelo Ministério da Educação, através de programa específico. As escolas contempladas com o programa foram

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O Censo Escolar é levantamento de dados estatístico-educacionais, de âmbito nacional, realizado todos os anos e coordenado pelo INEP. Ele é feito com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de Educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país, que informam através do Sistema EducaCenso sobre as escolas, os alunos, os docentes e as turmas (Disponível em: www.inep.gov.br. Acesso em: 21 mar. 2011).

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Incluem-se, na categoria “formação continuada”, todas as ações de formação que acontecem no âmbito da escola ou da rede municipal, tais como palestras, oficinas, grupos de estudo, seminários, eventos de natureza educativa e que promovam a formação em serviço do profissional da educação.

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selecionadas entre as escolas apontadas pelo MEC por apresentarem alunos público-alvo da educação especial.

Neste sentido, Baptista (2011, p.69) ainda sinaliza que:

Muitos dos estudos citados colocaram em evidência as redes municipais de educação. Quando analisamos o âmbito municipal da gestão das políticas públicas relativas à educação especial, é necessário reconhecer que, em muitos municípios, tem ocorrido o processo de sintonia com a diretriz de oferta das salas de recursos por meio da adesão a programas, como aquele que oferece os materiais para aquele tipo de serviço.

Segundo relato dos gestores, nos últimos três anos, houve significativo aumento do número de alunos da educação especial, foi intensificada a oferta de novos serviços e novos atores surgiram no contexto educacional, com base no que orienta a Política Nacional da Educação Especial, tais como: monitores, tradutor e intérprete de LIBRAS e professores responsáveis pelo AEE. Trata-se de uma nova configuração, portanto, que se instituiu a partir da publicação das normativas decorrentes do Decreto nº. 6.571 de 2008. Fica o questionamento do quanto esta reconfiguração pode ter influenciado os gestores, na tomada de decisões e na opção por linhas de financiamento que possibilitassem a oferta dos serviços na rede pública municipal de Gravataí.

CONCLUSÕES

Conclui-se que ao apresentar o histórico da educação especial, na rede municipal de Gravataí, evidenciam-se os vários planos associados à configuração dos serviços e à organização dos entes responsáveis na estruturação do AEE sob a perspectiva das salas de recursos como possibilidade de atendimento de crianças e jovens com deficiência. Dessa forma, a rede municipal de Gravataí está em sintonia, conforme já sinalizado, com a política nacional, no que diz respeito à educação inclusiva, e está implantando as SRM, para oferta aos estudantes de espaço complementar ou suplementar de educação especializada.

Desse modo, acredita-se que os princípios que orientam as políticas nacionais para a escolarização de crianças com deficiência repercutem, diretamente, nas redes municipais, tanto

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no âmbito da gestão quanto na perspectiva do financiamento para a educação especial. Isto faz supor que há relação entre os princípios que orientam as políticas nacionais, direcionados para ações associadas à inclusão escolar, e as pautas de trabalho dos gestores. Estes desenvolvem estratégias para aproximar-se das propostas do governo federal, no intuito de subsidiarem melhorias em infraestrutura física e pedagógica, em formação continuada de professores e em inovação quanto às propostas educacionais para o alunado da educação especial.

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Claudio Roberto. Ação pedagógica e educação especial: a sala de recursos como prioridade na oferta de serviços especializados. Revista Brasileira Educação Especial. Marilia, v.17, p.59-76, maio-ago, 2011. Edição Especial.

CARVALHO, Rosita. Escola inclusiva: a reorganização do trabalho pedagógico. Porto Alegre: Mediação, 2008.

KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Percursos da constituição de uma política brasileira de Educação Especial inclusiva. Revista Brasileira Educação Especial. Marilia, v. 17, p. 41-58, maio-ago., 2011. Edição Especial.

PREFEITURA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GRAVATAÍ. Secretaria Municipal de Educação. In: CONGRESSO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GRAVATAÍ, 2., 2007. Gravataí. Anais... Gravataí, 2003.

PESSOTTI, Isaías. Deficiência Mental: da superstição à ciência. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1994.

PITTA, Isabel; DANESI, Marlene Canarim. Retratando a educação especial em Porto Alegre. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

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