• Nenhum resultado encontrado

Ciênc. saúde coletiva vol.20 número11

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Ciênc. saúde coletiva vol.20 número11"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

3296

EDIT

ORIAL EDIT

ORIAL

Adolescência e saúde coletiva: entre o risco e o protagonismo juvenil

Este número da “Ciência e Saúde Coletiva” nos brinda com temáticas que cercam diversos aspectos da saúde do adolescente, como as questões associadas ao desenvolvimento físico através da alimentação e dos cuidados com a saúde oral; a presença de problemas para a saúde mental como depressão, decorrentes do bullying e de outras formas de violência; e a temática da desigualdade social que permeia a vida dos adolescentes e sua qualidade de vida. O tema da masculinidade está presente, indicando tendência nos estudos mais recentes na área da saúde coletiva.

A adolescência caracteriza-se por transformações físicas, psicológicas e sociais, com progressiva emanci-pação da família e da escola. Sob a perspectiva da saúde mental, teorias psicológicas se referem à síndrome da adolescência normal, caracterizada por reações típicas, que podem ou não configurar problemas. É um período de fermentação e escolhas, com estilos de vida e valores em processo de formação. Estas características são mais nítidas na população urbana e são impactadas pela inserção social a que o adolescente pertence.

Em 2009, havia 1,2 bilhão de adolescentes de 10 a 19 anos de idade no mundo. No Brasil, há aproxima-damente 45 milhões nesta faixa etária, com frágeis indicadores sociais, principalmente na Região Nordeste do país, onde a pobreza e os dados de frequência escolar desnudam a desigualdade social e de oportunidades.

É comum referências à população adolescente como aquela que menos adoece ou que menos procura os serviços de saúde. Contudo, hoje os adolescentes entre 15-19 anos engrossam as estatísticas brasileiras de violência, apresentando elevadas taxas de mortes por causas violentas. Além disso, o uso abusivo de drogas, a população de rua, a exploração do trabalho, a vida escolar e a profissionalização, as doenças sexualmente transmissíveis e as gestações não planejadas são temas prioritários. Aproximadamente 11% das internações no Brasil correspondem a essa faixa etária, especialmente devido à gravidez e a causas externas.

É uma fase da vida marcada por processos de definição, de inserção social e de vulnerabilidades. De um lado, há a vitimização do adolescente decorrente da contemporaneidade, do cenário social de crise, do desemprego e da violência urbana; por outro, há que se destacar a sua alegria de viver, sua criatividade e autonomia. É a partir dessa concepção positiva que as ações de prevenção e de promoção de saúde podem encontrar terreno fértil e se tornarem efetivas, estimulando o potencial criativo e resolutivo dos adolescen-tes, e incentivando a participação e o protagonismo juvenil para o desenvolvimento de projetos de vida e comportamentos que priorizem o autocuidado em saúde. Este enfoque facilita a abordagem de diversos problemas desta fase da vida (atividade sexual precoce, pressão do grupo, uso de drogas, prevenção de aci-dentes e violência urbana) e viabiliza intervenções que possibilitam ao adolescente adquirir competência e segurança na autogestão de sua vida. Esta abordagem, porém, não é tarefa fácil, já que os interesses e os comportamentos desta faixa etária são dinâmicos, exigindo constante integração de novos elementos nas ações de prevenção e de promoção de saúde.

Pelo menos três entraves se mostram presentes na abordagem dos adolescentes no cotidiano dos servi-ços de saúde: o precário acesso aos serviservi-ços públicos de saúde; a dificuldade dos profissionais em lidar com assuntos polêmicos como questões ligadas à sexualidade, com pouca divulgação de informações que favo-reçam a adoção de práticas saudáveis de vida; a falta de reconhecimento dos profissionais de saúde de que é também sua a tarefa de formação dos jovens como cidadãos, frequentemente limitando-se ao atendimento de acordo com sua área de competência técnica.

O caminho de mudança para o protagonismo deve ser trilhado coletivamente, e o sistema de saúde deve ver como uma de suas missões, ajudar a tirar a adolescência do lugar de bode expiatório dos problemas sociais, incluindo-a por meio de sua efetiva participação, resultando assim na diminuição dos problemas desta importante etapa do desenvolvimento.

Editoras convidadas

Simone Gonçalves Assis 1, Joviana Quintas Avanci 1, Cristiane S. Duarte 2

1Departamento de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli, ENSP/Fiocruz

2Columbia University - New York State Psychiatric Institute

Referências

Documentos relacionados

The PAJ content validation, obtained from the analysis of the experts and from a group of young people, which allowed to evaluate clarity and equivalence attributes, and

The final female model included the behavior of having felt sad or hopeless, which increased the probability of hav- ing a low QOL by 4.69 times, and having made a plan in the

El modelo de mujeres final inclu- yó la conducta de haberse sentido triste o sin es- peranza, que aumentó la posibilidad de una CV inferior 4.69 veces, y la de haber hecho un plan

Situated in the field of gender studies and pro- posing to discuss the relationship between mascu- linities and the use of drugs from an intersectional perspective, the

Abstract The scope of this study was to analyze the relationship between the internalization of body image and depressive symptoms with re- strictive eating habits among

The profes- sionals from OSS, younger (from 29 to 32 years old) than professionals from the City (from 41 to 49 years old), were inserted in the labor market around year 2000,

The present study aimed to verify the prevalence of headache in teenage students at public state high schools in the city of Recife, the capital of the northeastern state

Concerning the family structure aspects, hav- ing separated parents (p = 0.007), the absence of the father during childhood or adolescence (p = 0.001), and having lived for at