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Perfil dos cuidadores informais de idosos atendidos por um NRAD do Distrito Federal

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A minha filha Gabriela, pelo carinho, cooperação, compreensão, apoio e incentivo em todos os momentos.

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

Dissertação de Mestrado

PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS

ATENDIDOS POR UM NRAD DO DISTRITO FEDERAL.

Brasília - DF

2012

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LUCIENE CORADO GUEDES

PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS ATENDIDOS POR UM NRAD DO DISTRITO FEDERAL

.

Dissertação apresentado ao programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profª Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira

Brasília

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

G924p Guedes, Luciene Corado.

Perfil dos cuidadores informais de idosos atendidos por um NRAD do Distrito Federal. / Luciene Corado Guedes 2012.

99f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira

1. Cuidadores. 2. Idosos. 3. Serviços de assistência domiciliar. I. Oliveira, Maria Liz Cunha de, orient. II. Título.

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TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação de autoria de Luciene Corado Guedes, Intitulada Perfil dos Cuidadores Informais de Idosos Atendidos por um NRAD do Distrito Federal , apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, em 14 de junho de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Professora Doutora Maria Liz Cunha de Oliveira

Orientadora

Professora Doutora Célia Pereira Caldas

Examinadora Externa

Professora Doutora Altair Macedo Lahud Loureiro

Examinadora Interna

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AGRADECIMENTO

A Deus por me amparar nos momentos difíceis, dando-me força interior para superar as dificuldades, mostrando os caminho nas horas incertas e me suprindo em todas as minhas necessidades, guiando os meus passos para prosseguir em frente.

Sou muito grata a todos os meus familiares, a qual amo muito, pelo carinho, paciência, incentivo e confiança. Principalmente minha irmã Vera Lúcia meus sinceros agradecimentos pelo apoio e acima de tudo as palavras e estímulo depositada em minha pessoa.

À Profª. Dra. Maria Liz orientadora desta dissertação, por todo empenho, sabedoria, compreensão, exigência, crítica e sugestões visando o meu crescimento enquanto orientanda.

Aos Idosos e Cuidadores que me receberam de portas aberta, participando e acreditando na pesquisa.

Ao meu querido companheiro Agnaldo Silva, por sua compreensão, generosidade amor e paciência durante o processo de construção dessa dissertação.

À Universidade Católica de Brasília, pela oportunidade de crescimento intelectual, profissional e pessoal.

Agradeço a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que liberou-me vinte horas semanais para que pudesse realizar com êxito esse trabalho.

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RESUMO

GUEDES, Luciene Corado. Perfil dos Cuidadores Informais de Idosos Atendidos por um NRAD do Distrito Federal. 2012. 89f. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília/UCB. Brasília, 2012.

O objetivo deste estudo é analisar o perfil dos cuidadores informais de idosos internados no núcleo regional de atenção domiciliar (NRAD) do Guará, Brasília, Distrito Federal. O estudo foi definido como exploratório, quantitativo de caráter descritivo. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com questionário combinando perguntas abertas e fechadas. A análise dos dados foi realizada, tabulada e processada em banco de dados eletrônico no programa MicrosoftR Excel 97. A pesquisa foi realizada com 22 idosos internados no NRAD da Regional de Saúde Guará/SES/DF e seus respectivos cuidadores. Os resultados da investigação permitiram evidenciar que, quanto às características dos cuidadores participantes da pesquisa, observou-se que: (90,90%) eram do sexo feminino. O que chama atenção é que a grande maioria dos cuidadores pesquisados (50%) são idosos e muitos (13,63%) estão com idade superior a 70 anos; (68,18%) referiram que são casados e têm companheiro fixo; (72,72%) disseram que são católicos; (40,91%) concluíram o ensino fundamental e não houve nenhum cuidador analfabeto. Os principais cuidadores são os filhos (54,54%), seguidos por esposas, sobrinhas e netas; (22,72%) dos participantes da pesquisa relataram que são aposentados; (40,90%) afirmam que não trabalham fora e que têm como ocupação ser do lar; (63,63%) têm residência própria. No tocante renda, o que chama atenção é o número expressivo de cuidadores (40,90%) que não recebem nenhum tipo de rendimento mensal e contam com apoio dos próprios idosos e de outros familiares para ajudá-los nos compromissos e despesas da família. (54,55%) cuidam dos idosos, em média, por um tempo entre 3-5 anos; (90,90%) não tem curso formal de cuidador; (100%) indicariam essa modalidade de atendimento domiciliar a outros pacientes e também todos os entrevistados afirmaram que houve diminuição dos gastos após a atuação da equipe do NRAD em seu domicilio. O estudo também permitiu identificar o perfil dos idosos atendidos no NRAD. Observa-se que (63,63%) dos pesquisados são do sexo feminino. No tocante escolaridade, observa-se que (45,46%) são analfabetos ou só sabem ler e escrever. Outro dado importante é o número bem expressivo de idosos que são viúvos: (45,46%). (50%) dos cuidadores têm residência própria e esse mesmo percentual moram com os filhos, que são seus cuidadores. Quanto ao grau de dependência dos pacientes atendidos pela equipe, o que chama atenção é o número muito expressivo de idosos classificados como portadores de dependência grau III 86,37%, o que significa que estão acamados e totalmente dependentes para as atividades de vida diárias AVDs, necessitando de todos os cuidados.

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ABSTRACT

GUEDES, Luciene Corado. Profile of Informal Caregivers of Seniors Served by a NRAD Federal District. 2012. 89f. Dissertation in Gerontology from the Catholic University of Brasilia / UCB. Brasília, 2012.

The aim of this study is to analyze the profile of informal caregivers of elderly patients hospitalized in the regional center for home care (NRAD) of Guará, Brasília, Distrito Federal. The study was defined as exploratory, quantitative descriptive. Data were collected through semi-structured questionnaire combining open and closed questions. Data analysis was conducted, tabulated and processed in an electronic database in the program MicrosoftR Excel 97.The survey was conducted with 22 elderly patients hospitalized in the Regional Health NRAD Guara / SES / DF and their caregivers. The research findings have highlighted that, on the characteristics of caregivers participating in the research, it was observed that: (90.90%) were female. An interesting point is that the great majority of caregivers surveyed (50%) are elderly and many (13.63%) are aged over 70 years; (68.18%) said that they are married and have a steady partner; (72.72%) said they were Catholics; (40.91%) completed primary school and there was no illiterate caregiver. The primary caregivers are the patients children (54.54%), followed by wives, nieces and granddaughters; (22.72%) of respondents reported they are retired; (40.90%) say they do not work out and classify themselves as home keepers; (63.63%) have their own home. Regarding income, what draws attention is the large number of caregivers (40.90%) who did not receive any monthly income and have the support of other older people and other family members to assist them in family expenditure commitments. (90.90%) has no formal training on caregiving; (100%) indicate this type of home care to other patients and also all respondents stated that there was a decrease in expenses after the NRAD team's performance in their home. The study also allowed outlining the profile of the elderly patients of NRAD. It was observed that (63.63%) of the surveyed are female. Regarding education, it was observed that (45.46%) are illiterate or can just read and write. Another significant data is the number of elderly who are widowed (45.46%). (50%) of caregivers have their own home and the same percentage live with their children, who are their caregivers. Regarding the degree of dependence of patients attended by the team, what catches attention is the very expressive number of elderly who are dependent and classified as grade III - 86.37%, which means they are bedridden and totally dependent for daily AVDs activities, requiring all types of care.

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LISTA DE TABELA

Tabela 01- Distribuição dos Cuidadores de Idosos, de acordo com o sexo, faixa etária, estado civil, religião, número de filhos, escolaridade, parentesco, profissão, moradia e

renda...48

Tabela 02- Distribuição dos Cuidadores de Idosos, considerando o tempo que cuida do idoso, percepção da saúde do cuidador, avaliação, atendimento NRAD, curso formal de cuidador de idoso, alteração financeira após NRAD, recomendação do atendimento a outros pacientes, esclarecimento diagnóstico...52

Tabela 03- Distribuição dos Idosos, considerando sexo, faixa etária, estado civil, religião,

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABEn Associação Brasileira de Enfermagem

AD Assistência Domiciliar

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AVD atividades da vida diária

ABVDs - Atividades Básicas de Vida Diária

AIVDs - Atividades Instrumentais de Vida Diária

BVS Biblioteca Virtual em Saúde

CEP SES/DF Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal

COIND Coordenação de Internação Domiciliar

COREN Conselho Regional de Enfermagem

FEPECS Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde

GEAD Gerência de Atenção Domiciliar

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ID - Internação Domiciliar

LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MS Ministério da Saúde

NAMID Núcleo de Assistência Média a Internados em Domicílio

NRAD Núcleo Regional de Atenção Domiciliar

OMS Organização Mundial de Saúde

PACS Programa dos Agentes Comunitários de Saúde

PDR Plano Diretor Regional

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

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RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SAMED Serviço de Assistência Multiprofissional em Domicílio

SAMDU Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência

SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SCIELLO - Scientific Electronic Library Online

SES/DF Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal

SESP Serviço Especializado de Saúde Pública

SSAD Subsistema de Assistência Domiciliar

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UCB Universidade Católica de Brasília

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...14

2 OBJETIVOS...18

2.1 OBJETIVO GERAL...18

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...18

CAPITULO I 3 REFERENCIAL TEÓRICO...19

3.1 ATENDIMENTO DOMICILIAR...19

3.1.1 Histórico...19

3.2 ATENÇÃO DOMICILIAR...22

3.3 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR...23

3.4 INTERNAÇÃO DOMICILIAR...23

CAPÍTULO II 4. REVISÃO DE LITERATURA...26

4.1 PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS...26

CAPÍTULO III 5 HISTÓRICO DA ATENÇÃO DOMICILIAR NO DISTRITO FEDERAL...29

5.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO DISTRITO FEDERAL...,,,,,,,,,,,,,,,,,,,...30

5.2 ATENÇÃO DOMICILIAR NA REGIONAL DO GUARÁ SES/DF...32

CAPÍTULO IV 6 O CUIDADO...34

6.1 O CUIDADOR...34

6.2 TIPOS DE CUIDADORES...35

62.1 Cuidador Formal/Profissional...36

6.2.2 Cuidador Informal...36

6.2.3 Cuidador Primário ou Principal e Secundário...37

6.2.4 O Cuidador e a Equipe de Saúde...37

6.2.5 O Papel da Enfermagem na Capacitação de Cuidadores...38

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6.4 O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR...40

6.5 IDOSO E DEPENDÊNCIA FUNCIONAL...41

CAPÍTULO V 7. MÉTODOS...43

7.1 TIPOS DE ESTUDO...43

7.2 CAMPO DE ESTUDO/ LOCAL DA PESQUISA...43

7.2.1 Duração da Pesquisa...44

7.2.2 Critérios de Inclusão...44

7.2.3 Critérios de Exclusão...44

7.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA...44

7.3.1 Instrumento e Procedimento de Coleta de Dados...45

7.3.2 Variáveis Estudadas...45

7.3.3 Procedimento de Análise dos Dados...46

7.4 RISCOS/BENEFÍCIOS DA PESQUISA...46

7.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA...47

7.6 PROPRIEDADE DAS INFORMAÇÕES...47

CAPÍTULO VI 8. RESULTADOS DOS DADOS QUANTITATIVOS SOBRE OS CUIDADORES...48

9. DISCUSSÕES DOS DADOS QUANTITATIVOS DAS CARACTERÍSTICAS DOS CUIDADORES...54

10. RESULTADOS DOS DADOS QUANTITATIVOS SOBRE OS IDOSOS...64

11. DISCUSSÕES DOS DADOS QUANTITATIVOS DAS CARACTERISTICAS DOS IDOSOS...67

12. DEPOIMENTOS DOS CUIDADORES...72

CAPÍTULO VII 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS...81

14. REFERÊNCIAS...85

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO...96

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...98

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1 INTRODUÇÃO

O tema que me proponho a desenvolver trata-se de um estudo no campo da gerontologia sobre o perfil de cuidadores Informais de Idosos Atendidos por uma equipe do NRAD do Distrito Federal.

O desafio de refletir sobre essa temática do cuidado em domicilio, considerando a importância da atuação de uma equipe de internação domiciliar, no contexto da família, em circunstâncias que exigem cuidado e adaptações do ambiente familiar, pode causar impacto na vida cotidiana dos idosos, pois muitas vezes essas ações podem influenciar nas relações entre o ser cuidado, os cuidadores e a própria família.

Trata-se de um estudo exploratório, quantitativo realizado em uma equipe do Núcleo de Atenção Domiciliar (NRAD) com vinte e dois (22) idosos e seus respectivos cuidadores na Regional do Guará. O presente estudo tem a finalidade de analisar o perfil dos cuidadores de informais de Idosos internados no (NRAD) do Guará, Brasília, Distrito Federal.

Sabe-se que a assistência à saúde vem sofrendo alterações importantes nas últimas décadas, e em especial em nosso país. O Atendimento Domiciliário (AD) aparece como um dos modelos de atenção à saúde já com bastante solidez em alguns países desenvolvidos e com rápido e expressivo crescimento no Brasil (DUARTE; DIOGO, 2006).

O Atendimento consiste em visitas feitas pelo profissional e/ou equipe no ambiente familiar do paciente com a finalidade de avaliar as demandas dos mesmos e de seus familiares, bem como as condições do ambiente em que vivem, para que possa estabelecer um plano assistencial voltado à recuperação e/ou reabilitação do idoso visando à independência e à maximização de sua autonomia (SOUZA; CALDAS, 2008).

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O interesse em abordar o tema Atendimento Domiciliar justifica-se pela crescente demanda de idosos com doenças crônicas, limitações e dependência, que necessitam de cuidados e que podem ser atendidos e acompanhados por uma equipe de saúde em seu domicílio. O resultado deste programa seria a diminuição de pacientes internados e, consequentemente, uma maior disponibilização de vagas e leitos hospitalares para outras situações que necessitem de cuidados contínuos. Em muitos casos, esses leitos são ocupados por pacientes que poderiam ser assistidos em domicílio, acompanhados por equipe específica e assim, promover a desospitalização precoce através de alta assistida.

Os ganhos resultantes da internação domiciliar seriam inúmeros, pois, com certeza, evitaria a permanência desnecessária do idoso no hospital, reduziria as reinternações, possibilitaria a humanização do atendimento, permitindo, assim, a permanência do idoso com a família o que favoreceria a sua recuperação e a diminuição do risco de infecções hospitalares.

Esta pesquisa ainda se justifica pelo fato da nova realidade de dependência do idoso o restringe em nossa sociedade atual, o que impõe a urgência de mudanças e inovação das políticas públicas de atenção à saúde do idoso, bem como de seu cuidador. Além disso, a partir do enfoque apresentado, este estudo será capaz de motivar e estimular novas pesquisas e poderá contribuir também para que todos os profissionais da equipe multiprofissional possam refletir de forma consciente sobre seus atos e atitudes no cuidado com o idoso, no sentido de permitir o desenvolvimento de práticas holísticas, reflexivas e capazes de auxiliar a assistência do cuidador de idosos.

A internação domiciliar além de diminuir a hospitalização dos pacientes idosos, de contribuir para que estes mantenham o convívio em seu núcleo familiar e promove assistência humanizada ao idoso, proporciona ainda uma maior aproximação da equipe de saúde com a família. Isso estimula a participação deste grupo no tratamento proposto, visa também contribuir para a otimização dos leitos e o atendimento ambulatorial, com grande redução de custos hospitalares.

Para fundamentar teoricamente o desenvolvimento aprofundado deste estudo, foi inicialmente realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados confiáveis como: Scientific Electronic Library Online (SCIELLO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medlline e a Biblioteca de

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selecionados 25 trabalhos entre artigos, periódicos, dissertações de mestrado e tese de doutorado. Nenhum abordava o tema Atendimento Domiciliar de idosos no Distrito Federal. Encontramos uma Dissertação de Mestrado sobre: O Cuidado Do Idoso no Domicílio (SILVA, 2005), realizado na Regional do Guará.

A pesquisa é relevante por avaliar o trabalho executado pelos cuidadores informais de idosos cadastrados na equipe do NRAD junto às famílias assistidas. Diante do quadro atual do envelhecimento no Mundo, no Brasil e no Distrito Federal, em que se evidencia o aumento da população de idosos, simultaneamente com o alto índice de doenças crônicas, limitações e perda de capacidade funcional. O papel do cuidador e do atendimento prestado pelo mesmo, o qual muitas vezes encontra-se sobrecarregado pelas tarefas desempenhadas para o auxilio no dia-a-dia ao idoso é de extraordinária importância que seja pesquisado.

Acredita-se que o resultado deste trabalho possa colaborar com mais pesquisas sobre o modelo assistencial domiciliar nos serviços públicos de saúde e espera-se que seus resultados colaborem para a definição de ações e políticas relacionadas ao cuidado do idoso em seu domicílio e para a ampliação de redes de solidariedade e apoio aos familiares e cuidadores. Espero, também, que os resultados deste estudo possam colaborar para que se aumentem as pesquisa e produções técnica-cientificas sobre a temática.

A pesquisa proposta está estruturada em sete capítulos, além desta introdução, e objetivo, sendo organizada da seguinte forma:

O primeiro capítulo constitui-se do referencial teórico com o histórico e levantamento bibliográfico sobre o estudo, onde aborda os aspectos históricos do atendimento domiciliar no Mundo, Brasil, bem as definições de atenção, assistência e internação domiciliar.

O segundo capítulo apresenta a revisão de literatura sobre os relatos mais recentes a respeito do Perfil dos Cuidadores Informais de Idosos.

O terceiro capítulo apresenta o histórico da Atenção Domiciliar, bem como a sua implantação e organização no Distrito Federal e na Regional do Guará.

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O quinto capítulo apresenta o método que foi utilizado para a abordagem do estudo com os cuidadores informais, relatando o tipo de estudo da pesquisa realizada, o campo de estudo, a duração da pesquisa, critério de inclusão e exclusão, instrumento e procedimento de coleta de dados, variáveis estudadas, procedimento de análise dos dados, população e amostra, risco e benefício da pesquisa, aspecto ético da pesquisa.

O sexto capítulo traz a análise e discussão dos resultados obtidos, confrontando com outras experiências, levando em consideração os aspectos da pesquisa que abordam a temática e destacando a importância do AD para o idoso e os significados desse cuidado para o cuidador.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar o Perfil dos Cuidadores Informais de Idosos Internado no Núcleo Regional e Atenção Domiciliar (NRAD) do Guará, Brasília, Distrito Federal.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o perfil dos cuidadores informais dos pacientes idosos internado no NRAD;

Identificar o perfil dos idosos que recebem os cuidados no NRAD;

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CAPÍTULO I

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 ATENDIMENTO DOMICILIAR

3.1.1 Histórico

A prática de assistência de pacientes em domicílio, de modo geral, não é uma atividade nova na área de saúde. No século XVIII, na Europa antes do surgimento dos modelos de assistência hospitalar e ambulatorial como temos hoje, o AD já fazia parte da prática médica (BRASIL, 2006a).

Há relatos de assistência do doente em casa que se misturam com o surgimento da assistência hospitalar no fim do século XVIII. Trata-se, no entanto, de tendência que surgiu na época para atendimento da população de necessitados e economicamente desfavorecida por partes de entidades comunitárias e locais. Os hospitais mantidos pelas ordens religiosas surgiram progressivamente no século XIX (JACOB FILHO; GORZONI, 2008).

Segundo Chiba; Yamaguchi; Haga-Taniguchi (2008), o AD, nos Estados Unidos teve início no século XIX, quando as mulheres da sociedade beneficente de Charleston, no estado de Carolina do Sul, organizavam uma assistência domiciliar programada para os pobres da região. Até então, a assistência no domicílio caracterizava-se por visitas isoladas dos médicos, que eram remunerados individualmente e não havia forma estruturada de assistir o doente em casa.

No início do século XIX, foi fundada a Associação das Enfermeiras Visitadoras Visiting Nursing Association (VNA), que reuniu as empresas formadas pelas enfermeiras. Essas empresas passaram a atuar com famílias que podiam arcar com o ônus da prestação de serviço. O dinheiro oriundo das famílias mais abastadas, juntamente com os donativos formavam os fundos que podiam ser alocados para o atendimento dos menos favorecidos (CHIBA; YAMAGUCHI; HAGA-TANIGUCHI, 2008).

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A mudança na prática de enfermagem decorreu do alto índice de acometimento da população com as doenças infectocontagiosas na metade do século XIX. Nessa fase, a prática de enfermagem passou a ter característica de orientação, educação e prevenção nas visitas domiciliares (CHIBA; YAMAGUCHI; HAGA-TANIGUCHI, 2008).

Em 1912, surgiu a Organização Nacional de Saúde Publica (The National Organization for public Health), que substituiu a VNA. Na época com a consolidação da comunicação e do transporte terrestre, como, por exemplo, o ferroviário, houve aumento de fluxo de população para o interior dos Estados Unidos. Uma das consequências dessa facilidade de mobilidade da população, naquela região, foi o aumento da mortalidade por epidemias de doenças infecciosas, principalmente em crianças e jovens, uma vez que a base da pirâmide populacional era bem alargada, ou seja, cerca de 40% da população tinha menos de 20 anos de idade (JACOB FILHO; GORZONI, 2008).

Em 1947, de acordo com Cherkasky apud Albuquerque (2003), após a segunda Guerra Mundial, o Hospital de Montefiore, em Nova York, apresentou um programa de atendimento aos pacientes no domicílio como serviço extensivo da internação daquele hospital, caracterizando a primeira assistência domiciliar baseada no hospital (Hospital Based home Care). Foi também o primeiro registro de assistência a atuar para facilitar a alta precoce em relação à internação que se estendia até a recuperação funcional do doente dentro da instituição. Os serviços eram coordenados por enfermeiras de saúde pública pertencente ao hospital (ALBUQUERQUE, 2003).

No Brasil, um dos primeiros registros formais de (AD) foi o Decreto Nº 46.348, de 03 de julho de 1959, aprovando o regimento do Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU), como o primeiro serviço de assistência organizada, que tinha por finalidade prestar assistência médica aos segurados ativos e inativos dos Institutos de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, Comerciários, Bancários, Marítimos e Empregados em Transportes e Cargas e da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos. Foi organizado na cidade do Rio de janeiro em 1949 e idealizado pelo médico Nildo Aguiar (RATES, 2007).

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Em 1942, instituiu-se o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) que se inspirou na assistência domiciliar como estratégia para expandir os serviços para os indivíduos e suas famílias na comunidade em que viviam (ALBUQUERQUE, 2003).

O pioneiro em (AD) no Brasil foi o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, que começou a vigorar em 1968, basicamente com o propósito de atender aos pacientes com doenças crônicas que necessitavam da continuidade da assistência e também reduzir o número de leitos ocupados. Para tanto, foi implantado um tipo restrito de (AD), englobando os cuidados de baixa complexidade clínica.

Uma das mais antigas e bem estruturadas instituições da rede pública é o Grupo Hospitalar Conceição que deu inicio à assistência domiciliar no ano de 1982, com várias características envolvidas desde o princípio, isto é, tanto aquelas preventivas e de vigilância até as assistenciais diretas e de cuidados paliativos para pacientes sem possibilidades de cura (JACOB FILHO; GORZONI, 2008).

A partir da década de 1990, as empresas de home care, seguindo uma tendência mundial, deram início às suas atividades, com serviços organizados na forma de cuidado domiciliar concentrado em empresas privadas e nos grandes centros. Devido à falta de normatização, as instituições cresceram de forma desregulada (JACOB FILHO; GORZONI 2008).

Em 1994, o Ministério da Saúde (MS) lança, em nível nacional, um extenso programa de atenção à saúde das famílias Programa de Saúde da Família . Esse programa tem como proposta prestar, na unidade de saúde e no domicílio, assistência integral, contínua, com resolutividade e boa qualidade às necessidades da população (BRASIL, 2007).

Em 1998, foi implementada a primeira normatização do (MS) com a Portaria nº 2.416, de 23 de março, na qual se instituiu a internação domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS) e estabeleceu requisitos para credenciamento de hospitais e critérios para realização de internação domiciliar no SUS.

Mas somente em 2002 a Lei nº 10.424 regulamentou a assistência domiciliar no Sistema Único de Saúde segundo o relato do médico Adalberto Domingues Pedro (ALBUQUERQUE 2003; JACOB FILHO; GORZONI, 2008).

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conhecimento específico e a utilização de terminologia aparentemente semelhante têm contribuído para dificultar a caracterização exata deste tipo de assistência (BRASIL, 2006b). Finalmente, em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu as regras da atenção domiciliar na forma de Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 11, de 26 de janeiro (BRASIL, 2006c).

O AD, na área da saúde, está colaborando expressivamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e familiares. Tem sido uma opção eficaz na assistência à saúde, sendo uma resposta positiva para o atendimento à demanda dos clientes portadores de doenças crônicas, pois, devido às características do atendimento, essas pessoas não estão sujeitas à exposição constante ao ambiente hospitalar e, portanto, não correm ao risco de infecção hospitalar. Tais procedimentos diferenciados, obviamente, serão de fundamental importância para coibir as reinternações e a perda da convivência familiar, além de contribuir para a diminuição dos custos (SILVA JUNIOR; POSSO; VASCONCELLOS NETO, 2010).

O AD constitui uma atividade básica a ser realizada em atenção primária à saúde para responder às necessidades de assistência de pessoas que, de forma provisória ou permanente, estão incapacitadas para deslocarem-se para a unidade de saúde. Nesse sentido, Lopes (2003, p. 09), esclarece que:

A Organização Mundial da Saúde define Assistência Domiciliar como a provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o objetivo de promover, restaurar e manter o conforto, função e saúde das pessoas num nível máximo, incluindo cuidados para uma morte digna . Serviços de assistência domiciliar podem ser classificados nas categorias de preventivos, terapêuticos, reabilitadores, acompanhamento por longo tempo e cuidados paliativos.

3.2 ATENÇÃO DOMICILIAR

É definida como um conjunto de ações realizadas por uma equipe interdisciplinar no domicílio do usuário/família, a partir do diagnóstico da realidade em que está inserido, de seus potenciais e limitações (BRASIL, 2006d).

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A (RDC) 11, da (ANVISA, 2006c), afirma que os serviços de AD devem elaborar um plano que oriente a atuação de todos os profissionais envolvidos de maneira direta e indireta na assistência a cada paciente em seu domicílio desde sua inclusão até a alta.

Ainda de acordo com a mesma RDC 11, o serviço deve possuir um regimento interno que defina o tipo de atenção domiciliar (visita, assistência ou internação) e as diretrizes básicas que norteiam seu funcionamento, bem como um manual e normas técnicas de procedimentos, de acordo com a especificidade da assistência a ser prestada.

3.3 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

É desenvolvida por profissionais desse nível de atenção como as equipes da Saúde da Família e de Centros de Saúde e/ou de atenção especializada, utilizando-se de tecnologia de alta complexidade (conhecimento) e baixa densidade tecnológica (equipamentos), pautada na integralidade das ações e adaptada as especificidades loco - regionais (BRASIL, 2008a).

Destina-se a responder às necessidades de saúde de um determinado segmento da população com perdas funcionais e dependência para a prática das atividades da vida diária. A operacionalização deve ser executada pela equipe por meio de um planejamento construído em conjunto de forma pactuada com o usuário-família e considerando as atribuições dos membros da equipe (BRASIL, 2006e).

A ANVISA, (2006c), afirma que os programas de assistência domiciliar são caracterizados pelo conjunto de atividades de cunho ambulatorial, programadas e continuadas em domicílio, sem necessidade de utilização de equipamentos para manutenção da vida direcionados a pacientes: (i) portadores de doença crônica, acamados e dependentes; (ii) em fase terminal; (iii) com dificuldade de locomoção; (iv) egressos de hospitais, que necessitem de acompanhamento domiciliar por alguma condição que os impossibilitem a comparecer à unidade de saúde; (v) com outros problemas de saúde, incluindo doença mental, que ocasionem impossibilidade de locomoção à unidade de saúde mais próxima.

3.4 INTERNAÇÃO DOMICILIAR

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A ampliação desse modelo de assistência ressalta a importância do contexto do cuidador familiar e da família para o atendimento ao doente dependente. É necessário que a família seja coparticipante do processo de cuidar, pois os profissionais da área de saúde atingem melhores resultados quando a família assume o cuidado (BRONDANI et al, 2010).

A Portaria do (MS) nº 1892 de 18 dezembro 1997, preconiza a internação domiciliar como uma diretriz para a equipe básica de saúde, destacando que a mesma não substitui a internação hospitalar e que deve ser sempre utilizada no intuito de humanizar e garantir maior conforto à população. Para tanto, deve ser realizada quando as condições clínicas do usuário e a situação da família o permitir (BRASIL, 1997).

A Portaria nº 2.529 de 19 de outubro de 2006 deixa claro que a internação domiciliar caracteriza-se por um conjunto de atividades prestadas no domicílio às pessoas clinicamente estáveis que necessitam de cuidados que possam ser realizados em casa, desde que assistidas por equipe exclusiva para esse fim (BRASIL, 2006f).

Essa mesma Portaria relata que para discutir a internação domiciliar foi necessário se debruçar sobre as diversas experiências, para, então, elaborar as mediações teóricas que permitiram compreender o processo brasileiro de implantação dessa modalidade. Por outro lado, também se fez necessário levantar aspectos epidemiológicos que contribuíssem para a definição de clientelas diferenciadas.

Portaria nº 2.529/2006 institui a Internação Domiciliar no SUS definindo seus critérios de caracterização, composição e funcionamento técnico-administrativo.

De acordo com a Lei 8080/90, a modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliar inclui, principalmente, os procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros e que são necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio.

Ainda de acordo com a Lei 8080/90, o atendimento e a internação domiciliar serão realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. O atendimento e a internação domiciliar só poderão ser realizados por indicação médica, com expresso consentimento do paciente ou de sua família.

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Entre os vários objetivos do (AD), destacamos os descritos por Floriani; Schramm, (2004), a saber: (i) contribuir para a otimização dos leitos hospitalares e do atendimento ambulatorial, visando à redução de custos; (ii) reintegrar o paciente em seu núcleo familiar e de apoio; (iii) proporcionar assistência humanizada e integral, por meio de uma maior aproximação da equipe de saúde com a família; (iv) estimular uma maior participação do paciente e de sua família na terapêutica proposta; (v) promover educação em saúde; e (vi) ser um campo de ensino e pesquisa.

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CAPÍTULO II

4. REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo apresenta alguns artigos sobre o perfil dos cuidadores informais de idosos e retrata os aspectos, onde os mesmos estão inseridos, bem como as suas características.

4.1 PERFIL DOS CUIDADORES INFORMAIS

As bibliografias sobre cuidadores, em vários países desenvolvidos, são vastas, e as tentativas de conceituar cuidadores formais e informais, ou cuidadores principais e secundários, e fatores que indicam o tipo de cuidador exigido para cada idoso dependente é muito discutido com base em informações empíricas (KARSCH, 2003).

Ainda de acordo com o mesmo autor citado anteriormente, por várias causas, como a redução de custo da assistência hospitalar e institucional aos idosos debilitados, a atual tendência, em vários países e no Brasil, é indicar a permanência dos idosos incapacitados em seus domicílios sob os cuidados de seus familiares.

É importante entender que o lar desempenha sobre o idoso uma atuação favorável na conservação da sua própria identidade, podendo beneficiar sua autonomia e independência, proporcionando-lhe progressos para sua recuperação, reabilitação e qualidade de vida. Esta assistência domiciliar aos idosos com dependência funcional demanda programas de orientação, informação e ajuda de profissionais habilitados em saúde do idoso e depende, basicamente, de apoio informal e familiar, constituindo-se num dos aspectos básicos na atenção à saúde desse grupo populacional (SILVESTRE; COSTA, 2003).

Cuidar do idoso em casa é, com certeza, uma situação que deve ser preservada e estimulada; todavia, cuidar de um indivíduo idoso e incapacitado por mais que 8 horas por dia, não é tarefa para uma pessoa sozinha, geralmente com mais de 50 anos, sem apoio, nem serviços que possam atender às suas necessidades, e sem uma política de proteção para o desempenho deste papel (OLIVEIRA et al. 2006).

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do idoso com limitações ou demência e também de como cuidar de si próprio, o trabalho seria menos árduo e mais fácil de suportar.

Estudo realizado por Silva; Neri (1993) mostra que os cuidadores oriundos de redes informais de apoio, como filhos, parentes e amigos, constituem a mais importante fonte de suporte de idosos e, afirma que 80% a 90% dos serviços e cuidados recebidos por estes, são dispensados pelos familiares.

A literatura internacional aponta quatro fatores, geralmente presentes, na designação da pessoa que, preferencialmente, assume os cuidados pessoais do idoso incapacitado: parentesco (cônjuges); gênero (principalmente mulher); proximidade física (vive junto) e proximidade afetiva (conjugal, pais e filhos) (KARSCH, 2003).

De acordo com várias literaturas nacionais, os cuidadores de idosos são predominantemente mulheres e, na maioria das vezes, mantêm um laço conjugal com o idoso ou são filhas dos mesmos (ALMEIDA, 2005; GARRIDO; MENEZES, 2004; GONÇALVES et al. 2006; GRATÃO, 2006).

Rafacho; Oliver (2010), em estudo sobre: a atenção aos cuidadores informais/familiares e a estratégia de Saúde da Família: contribuições de uma revisão bibliográfica, o cuidador foi descrito como sendo uma pessoa que presta cuidados fundamentais a alguém que apresente algum tipo de dependência, de forma parcial ou integral.

Mendonça; Garanhani; Martins, (2008), em pesquisa sobre o significado e as implicações de se tornar cuidador de um indivíduo com seqüelas de Acidente Vascular Encefálico (AVE) em uma Unidade de Saúde da Família (USF) em Londrina/PR, observaram ambivalência de sentimentos dos cuidadores, concluindo que cuidar de um familiar é uma tarefa complexa, que gera nos mesmos distintas formas de compreensão do cuidado.

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Lapola; Caxambu; Campos, (2008) afirma que o fato de um membro da família vivenciar um processo de dependência altera a dinâmica familiar. Em geral, são as mulheres que assumem o cuidado, e esse papel é visto como natural, pois está inscrito socialmente no papel de mãe. Outro fato importante e o da faixa etária dos cuidadores que pertence à mesma geração dos doentes, tornando assim idosos jovens independentes cuidando de idosos dependentes.

A pesquisa realizada por Oliveira et al. (2006) sobre perfil dos cuidadores de idosos atendidos pelo projeto de assistência interdisciplinar a idosos em nível primário - PAINP - Londrina PR. Revelou que do total de cuidadores, 70,3% são mulheres, sendo 49% de filhos que cuidam dos pais, dos quais 39% são filhas e 10% são filhos homens, e 22% de cônjuges e 34% dos cuidadores entrevistados estavam com idade superior a 60 anos.

Ainda de acordo com Oliveira et al. (2006), o cuidador informal, no entanto, é um componente da família ou da comunidade, que proporciona cuidado de forma parcial ou integral aos idosos com déficit de autocuidado. Para tanto este pessoa deve ser alfabetizado e possuir noções básicas sobre o cuidado do idoso e compreensão mínima do processo de envelhecimento humano.

O cuidar de pessoas idosos em suas residências muitas vezes implica procedimentos difíceis e específicos. Para tanta é imprescindível que todos os cuidadores tenham um treinamento voltado à realidade de cada caso, ou pelo menos passem por uma orientação fornecida pela equipe de atendimento do idoso.

Portanto é importante que o cuidador familiar, receba continuamente capacitação que favoreça o desenvolvimento de suas habilidades quanto ao cuidado, pois esta ação pode facilitar o entendimento da importância do seu papel junto ao idoso dependente.

Esta pesquisa nos permitiu realizar uma análise e afirmar que a tensão do cuidador familiar de idosos dependentes resulta de vários fatores como: biopsicossociais, econômicos e histórico-culturais, que pode interferir na situação do cuidado em sua totalidade, como também no próprio relacionamento do cuidador consigo mesmo.

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CAPÍTULO III

5 HISTÓRICO DA ATENÇÃO DOMICILIAR NO DISTRITO FEDERAL

Por volta da década de 90, as discussões acerca da falta de uma estrutura adequada para o atendimento aos pacientes crônicos no sistema de saúde do Distrito Federal tornaram-se o foco de debates e tornaram-se organizavam de maneira sistematizada, , uma vez que essa situação onerava os serviços hospitalares, não só pela complexidade da assistência, mas também pela média de permanência desses usuários nos hospitais da rede, em específico nas unidades de internação (BRASIL, 2008a).

O perfil de morbidade encontrado nessas unidades ensejou a discussão de alternativas que reduzissem o tempo de internação hospitalar, iniciando, então, a partir da Regional de Saúde de Sobradinho, um programa de assistência domiciliar, com o acompanhamento em domicílio de pacientes portadores de doenças crônicas. A assistência a pacientes em seus domicílios era realizada por uma equipe multiprofissional, que após a alta hospitalar daqueles, estes prestavam assistência médica e de enfermagem, ofereciam acompanhamento nutricional, fisioterápico, psicológico e de assistência social e, ainda, davam oportunidade para que os familiares se envolvessem no cuidado, juntamente com a equipe de saúde (BRASIL, 2008a).

Desse modo, foi implantado informalmente, em 1994, nas Regionais de Sobradinho e Planaltina o Serviço de Assistência Multiprofissional em Domicílio (SAMED), com o objetivo inicial de oferecer atendimento domiciliar por uma equipe multiprofissional aos pacientes portadores de doenças crônicas ou patologia que já houvesse passado pela fase aguda e que tivesse sido resolvida em nível hospitalar e, portanto, adquirido condições de atenção no domicílio (BRASIL, 2008a).

Em 2000, o serviço foi formalizado na Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal SES/DF como Núcleo de Assistência Médica a Internados em Domicílio (NAMID), Essa nova equipe foi implantada na Regional do Gama em 2002.

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Com a promulgação da lei nº 10.424, de 16 de abril de 2002, que dispõe sobre o regulamento da Assistência Domiciliar no SUS, a regional de saúde de Sobradinho ficou com a responsabilidade de repassar sua experiência nesse tipo de atenção para viabilizar sua aplicabilidade em todo o Distrito Federal (BRASIL, 2008a).

Fez-se então imperiosa a criação de uma coordenação experiente que gerenciasse as atividades dessas equipes, direcionando sua atenção aos pressupostos e princípios da SES/DF, com supervisão contínua e aprimoramento da Assistência Domiciliar na situação. Assim, foi criada a Coordenação de Internação Domiciliar (COIND), pelo Decreto nº. 23.660, de 14 de março de 2003, da SES/DF (BRASIL, 2008a).

Em 2006, com a publicação da (RDC) nº 11 da (ANVISA), e da portaria nº 20, de 02 de maio, que implanta o Subsistema de Assistência Domiciliar (SSAD) no âmbito do Distrito Federal e da Portaria nº 2.529 de 19 de outubro, do (MS), é que foram definidos as normatizações e os instrumentos balizadores para a regulamentação do programa de internação domiciliar, não sendo contemplada, ainda, a Assistência Domiciliar (BRASIL, 2008a).

Em junho de 2007, obedecendo à nova estrutura organizacional da SES/DF, a (COIND) passou a ser Gerência de Atenção Domiciliar, (GEAD), vinculada à Diretoria de Atenção Primária à Saúde e Estratégia de Saúde da Família, com 15 Núcleos Regionais de Atenção Domiciliar (NRAD)

Atualmente, o programa conta com quinze equipes multiprofissionais, nas Regionais de Saúde, os Núcleos de Internação Domiciliar são vinculados aos Hospitais Regionais das respectivas áreas de cobertura de atuação, e até o momento há coberturas nas seguintes Regionais: Asa Sul, Asa Norte, Brazlândia, Ceilândia, Guará, Gama, Núcleo Bandeirante, Samambaia, Sobradinho, São Sebastião, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Santa Maria, Taguatinga. As equipes são compostas por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais e terapeuta ocupacional.

5.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO DISTRITO FEDERAL

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saúde, vinculada hierárquica e tecnicamente a (GEAD) e inseridos totalmente na rede de atenção à saúde no âmbito do (SUS) do Distrito Federal, integrando as ações da atenção primária, urgência e emergência e área hospitalar, com mecanismos pré-estabelecidos, neste projeto, de co-responsabilização pelos cuidados prestados.

Dessa maneira, os núcleos regionais estão vinculados administrativamente à regional de saúde local, sendo os hospitais regionais de referência o local onde as equipes de saúde multiprofissionais e interdisciplinares específicas se estabelecerão em área física destinada para esta finalidade, a qual se constituirá nos (NRAD).

O estabelecimento de responsabilidade compartilhada entre níveis distintos da rede de serviços de saúde é imprescindível, pois tem por finalidade garantir a continuidade indispensável ao atendimento das necessidades de grupos particularmente vulneráveis. Tal procedimento é realizado por meio de pactuação de vínculo formal dos núcleos de atenção domiciliar em parceria com as unidades hospitalares, unidade de atenção primária, de especialidades e de diagnósticos complementares, unidade de urgência e emergência de referência e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

A clientela beneficiada nessa modalidade de assistência se constitui de: pacientes internados em hospitais de referência que têm condições clínicas de receber alta precoce e assim serem desospitalizados e que possuam alguma condição que os incapacitem de comparecer à unidade de saúde; portadores de doenças que necessitem de cuidados paliativos; pacientes com patologias múltiplas e co-morbidades, dependência total/funcional, que necessitem de equipamentos e procedimentos especializados no domicílio; portadores de incapacidade funcional que apresentem: doenças crônicas agravadas, transmissíveis ou não (tuberculose, câncer, moléstias cardiovasculares e outras); seqüelas por acidentes decorrentes de causas externas ou outros; úlceras de decúbito, agudizadas por infecção e ou com repercussão sistêmica; seqüelas de agravos ou pós-operatório de cirurgias de grande porte; idosos portadores de doença crônica com incapacidade funcional e dependência física para as atividades da vida diária (AVD) a partir do grau quatro de incapacidade funcional da escala da cruz vermelha espanhola. De forma clara e concisa, encontram-se dispostas, a seguir, as principais considerações a respeito da escala de grau em questão. Portanto, estabelecem-se por meio da escala seis graus assim definidos:

Grau 0: vale-se totalmente por si mesmo, caminha normalmente;

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Grau 2: Apresenta algumas dificuldades nas AVD, necessitando apoio ocasional. Caminha com ajuda de bengala ou similar;

Grau 3: Apresenta graves dificuldades nas AVD, necessitando de apoio em quase todas. Caminha com muita dificuldade, ajudado por, pelo menos, uma pessoa;

Grau 4: Impossível realizar, sem ajuda, qualquer das atividades de vida diária. Capaz de caminhar com extraordinária dificuldade, ajudado por pelo menos duas pessoas;

Grau 5: Imobilizado na cama ou sofá, necessitando de cuidados contínuos; Durante a internação e acompanhamento domiciliar, o paciente e seus cuidadores são de responsabilidade da equipe em co-responsabilidade, com a família, sendo os profissionais alocados de acordo com as necessidades e disponibilidade, podendo ser utilizado todos os profissionais que façam parte ou estejam disponíveis à equipe.

A cada visita que realizar, o profissional deverá registrar o atendimento conforme estabelecido pelo programa: no prontuário domiciliaro registro deve ser feito imediatamente após a visita; o relatório de visita domiciliar e registro serão feitos na pasta individual do paciente no núcleo regional.

5.2 ATENÇÃO DOMICILIAR NA REGIONAL DO GUARÁ SES/DF

Na Regional do Guará, o AD funciona desde julho de 2008 e atende as comunidades do Guará I e II, Lúcio Costa e Cidade Estrutural. No momento em que foi realizada esta pesquisa encontravam-se cadastrados 65 pacientes que recebem em sua residência os cuidadores da equipe do (NRAD).

Em Maio de 2008, a GEAD da SES/DF elaborou o projeto de implantação do Programa de Internação Domiciliar no Distrito Federal, com previsão de uma equipe básica completa para a Regional do Guará. A equipe inicialmente começou com uma enfermeira e uma técnica de enfermagem, ambas com 40h semanais e o médico cedido pelo Hospital Regional do Guará com carga horário de 5h semanais. Como a equipe não estava estruturada, não foi possível atender às necessidades dos pacientes que procuravam o programa, tendo em vista a população Idosa de esta Regional ser superior a 13.000 mil habitantes e devido ao fato de que muitos desses idosos apresentarem moléstias em estado crônicos e também por serem dependentes de cuidados, em sua maioria.

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não havia profissionais suficientes para realizar as demandas da população. No momento a equipe esta melhor estruturada e conta com a presença de praticamente todos os profissionais que são preconizadas pelo programa, porém ainda permanece com a carga horária médica insuficiente uma vez que não há sequer um profissional dessa categoria lotado na equipe. Também houve a colaboração de uma médica cedida pelo Centro de Saúde nº 02 disponível apenas quatro horas mensais no ano 2010 para atender os usuários da supracitada região.

Para receber o AD, a pessoa deve cumprir alguns critérios, como estar com a condição clínica comprometida e haver um tratamento já estabelecido, residir na área de abrangência da equipe e contar com um responsável que exerça a função de cuidador.

As visitas acontecem em média de duas a três vezes por mês na residência do usuário, dependendo da situação de cada paciente essa visita pode ser realizada com maior freqüência. Também em muitas situações há parceria entre a equipe de Atenção Domiciliar e os profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa dos Agentes Comunitários de Saúde (PACS), os quais se encontram lotados nos centros de saúde.

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CAPÍTULO IV

6 O CUIDADO

Para falar sobre cuidado, precisamos olhar, inicialmente, para a etimologia do termo. Segundo Boff (2008), para alguns filólogos, a palavra cuidado deriva do latim cura, sendo utilizada num contexto de relações de amor e de amizade. Sendo assim, expressava uma atitude de cuidado, de carinho, de preocupação e de inquietação pela pessoa amada ou por um objeto de estimação.

A partir desse breve apanhado etimológico, percebe-se que o cuidado de acordo com Celich (2004), representa a união entre seres humanos estabelecidos a partir de suas experiências de vida, oportunidade em que eles se revelam, compartilham e resgatam a humanidade existente em cada um. O cuidado se dá em um contexto sócio-econômico-geográfico e cultural no qual o cuidador e o ser cuidado sofrem influências.

Brondani; Beuter, (2009), definem cuidado como sendo um tema complexo, pluridimensional que tem despertado o interesse das diversas áreas do conhecimento, porque, de alguma forma, todos nós cuidamos, independentemente de atuarmos ou não na área de saúde. Cuidar é um fenômeno universal, que varia de uma cultura para outra, com implicações filosóficas, antropológicas, sociológicas e que envolve ética e estética.

Enfim, cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitações. Desse modo, o cuidador tem condições de prestar o cuidado de forma individualizada, a partir de suas ideias, conhecimentos e criatividades, levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada (BRASIL, 2008a).

6.1 O CUIDADOR

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O cuidador é uma pessoa com ou sem vínculo familiar com o paciente, que se responsabiliza pelos seus cuidados. Atuando, também, como canal de comunicação entre a família e a equipe multiprofissional de Atenção Domiciliar (BRASIL, 2008a).

A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa em seus cuidados diários, fazendo por ela somente as atividades que não consiga fazer sozinha. Ressalta-se que não fazem parte da rotina do cuidador técnicas e procedimentos identificados como sendo da competência de outros profissionais legalmente estabelecidos. Como, por exemplo, os da área de enfermagem (BRASIL, 2008a).

O cuidador e a pessoa a ser cuidada podem apresentar sentimentos diversos e contraditórios, tais como: raiva, culpa medo, angústia, confusão, cansaço, estresse, tristeza, nervosismo, irritação, choro, medo da morte e da invalidez (BRASIL, 2008a).

Esses sentimentos [...] precisam ser compreendidos, pois fazem parte da relação do cuidador com a pessoa cuidada. É importante que o cuidador perceba as reações e os sentimentos que afloram, para que possa cuidar da pessoa da melhor maneira possível (BRASIL, 2008).

6.2 TIPOS DE CUIDADORES

Para cuidar de idosos, espera-se que a pessoa que se propunha a realizar esse papel seja alguém capaz de desenvolver ações de complexidade cada vez maior na organização das sociedades, enfatizando a necessidade de cada pessoa, visando à melhoria da qualidade de vida.

6.2.1 Cuidador formal/ profissional

Devido ao aumento da necessidade de pessoas que cuide de um familiar dependente em domicílio, seja ele um componente familiar, isto é um parente ou profissional, foi criado - pelo projeto de lei Federal nº 6.966/2008 e inserido na Classificação Brasileira de Ocupação do Ministério do Trabalho e Emprego com o código 5162-10 - o exercício da profissão de Cuidador de pessoas idosas e dependentes e Cuidador de idosos institucional (MTE/SPPE, 2002), apud Gratão (2010).

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pessoa doente ou dependente, proporcionando seu bem-estar e viabilizando e facilitando o exercício de suas atividades diárias, tais como alimentação e higiene pessoal. Além disso, compete também ao Cuidador ministrar a medicação de rotina e acompanhá-la junto aos serviços de saúde, ou outros requeridos no seu cotidiano, excluindo, para tal, técnicas ou procedimentos identificados como exclusivos de outras profissões legalmente estabelecidas.

De acordo com a lei, anteriormente referida, o cuidador só poderá exercer sua função mediante orientações prescritas por profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento e acompanhamento clínico do indivíduo sob sua responsabilidade. Para exercer sua atividade profissional, o cuidador deverá ter sido aprovado em curso regular para Cuidadores, promovido por instituição de ensino superior ou instituição da sociedade civil, desde que, nesse caso, sejam oficialmente supervisionados por instituição de ensino profissional que regularmente ofereça cursos na área de saúde.

Os cuidadores formais prestam cuidados no domicílio com direitos à remuneração, mas com poder decisório reduzido, cumprindo tarefas delegadas pela família ou pelos profissionais de saúde que orientam o cuidado. São profissionais capacitados para o cuidado, contribuindo de forma significativa para a saúde das pessoas cuidadas. Esses cuidadores têm, em geral, formação de auxiliar ou de técnico de enfermagem, com formação orientada para o cuidado em saúde de portadores de patologia física ou mental, em função do atendimento de necessidades específicas (ROCHA; VIEIRA; SENA, 2008).

6.2.2 Cuidador Informal

Os cuidadores informais são os familiares, amigos, vizinhos, membros de grupos religiosos e outras pessoas da comunidade. São voluntários, sem formação profissional específica, que se dispõe a cuidar de idosos, de modo que a disponibilidade e a boa vontade são fatores preponderantes (ROCHA; VIEIRA; SENA, 2008).

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Com a família assumindo o cuidado, constata-se que, por maiores que sejam as diversidades no âmbito cultural e socioeconômico das partes envolvidas, aparentemente existe uma tendência de um perfil de cuidador de idosos.

6.2.3 Cuidador Primário ou Principal e Secundário

Cuidador primário ou principal é aquele que assume a responsabilidade integral de supervisionar, orientar, acompanhar e cuidar diretamente da pessoa sob seus cuidados. É da competência desse tipo de cuidador a realização da maior parte das tarefas.

Os cuidadores secundários são pessoas da família ou apoiadores que podem desempenhar os mesmos tipos de tarefas do cuidador primário, mas que não têm o mesmo grau de envolvimento e responsabilidade pelo cuidado, podendo substituir o cuidador primário ou socorrê-lo em situações emergenciais (SILVERSTEIN; LITWALK, 1993, apud RATES, 2007).

6.2.4 O Cuidador e a Equipe de Saúde

A Resolução da Diretoria Colegiada RDC 11, da ANVISA (2006c), afirma que o grupo de profissionais que compõem a equipe técnica da atenção domiciliar tem caráter multiprofissional e é orientado para o diálogo interdisciplinar, intencionando prover um melhor atendimento, prestando assistência clínico-terapêutica e psicossocial ao paciente, cuidadores e familiares em seu domicílio.

As atividades que serão realizadas pelo cuidador devem ser planejadas junto aos profissionais de saúde e com a participação também dos familiares. Nesse planejamento deve ficar claro para todos os envolvidos no processo, quais e como devem ser as atividades que o cuidador pode e deve desempenhar (BRASIL, 2006a).

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exclusão, de isolamento. Somam-se a esses outros sentimentos bastante comuns nos relatos deles, tais como: medo, culpa e embaraço. (PIRES JUNIOR, 2008).

As cuidadoras-esposas, que constituem a maioria do grupo de cuidadores-cônjuges, são mais vulneráveis à sobrecarga, pois, além dos cuidados ao paciente-cônjuge, realizam tarefas domésticas (PIRES JUNIOR, 2008).

O ato de cuidar não caracteriza o cuidador como um profissional de saúde, portanto, o cuidador não deve executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais de saúde, tais como: aplicação de injeção intra ou endovenosa ou fazer procedimentos que envolvam curativos complexos, instalação de soros e colocação de sondas (BRASIL, 2006a).

6.2.5 O Papel da Enfermagem na Capacitação de Cuidadores

A Enfermagem moderna é por essência, desde o seu surgimento, uma profissão que proporciona por meio do cuidado a garantia do alívio do sofrimento e a manutenção da dignidade em meio às experiências de saúde, doença, vida e morte. Convém destacar que o cuidado humano oferecido pelo enfermeiro deve alcançar, além dos clientes e seus familiares, a sua equipe, de modo a garantir melhor relacionamento, interdependência, união e competência (WALDOW, 1998).

O Ser Enfermeiro é gente que cuida de gente e, ao cuidar, transcende de si mesmo, usando a si mesmo, terapeuticamente, em prol de quem é cuidado, seja ele o cliente, família, seu familiar/cuidador ou sua comunidade (SANTOS, 2010).

No Núcleo de Atenção Domiciliar Interdisciplinar, a intervenção de Enfermagem estrutura-se no tripé: cliente, família e domicílio. Essa estruturação tripartida nos possibilita enxergar que a função do enfermeiro possui enorme abrangência, pois se constituem como parte de seus procedimentos interventivos cuidados diretos e indiretos prestados ao cliente (SANTOS, 2010, p.27).

O cuidar em Enfermagem envolve cordialidade consigo mesmo e com o outro, envolve o enxergar com o coração, o tocar em toda a sua essência e plenitude, onde cuidar implica intimidade, acolhimento, respeito e segurança (SANTOS, 2010, p.27).

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e regras da casa e até mesmo a respeito das improvisações necessárias para a assistência com qualidade (BRÊTAS; YOSHITOME, 2006).

É apropriado afirmar que cabe ao profissional Enfermeiro o papel primordial na orientação e treinamento dos cuidadores no que se refere tanto aos cuidados específicos relacionados ao quadro clínico, quanto às ações prestadas diretamente ao cliente tendo como responsabilidade a supervisão periodicamente de tais atividades.

6.3 FEMINIZAÇÃO DO CUIDADO

Cuidar dos outros faz parte do papel tradicional das mulheres. O surgimento da sociedade multigeracional ampliou este papel com o aparecimento de uma geração pivô que ajuda, ao mesmo tempo, os pais idosos, os filhos e os netos (ATTIAS-DONFUT, 2004).

O cuidado feito por mulheres é fruto de construções históricas e sociais determinadas pela divisão sexual do trabalho e perpetuadas pelo modo de produção e de acúmulo da sociedade (SENA, 2006).

A atividade de cuidar é apontada como feminina por requerer características intrinsecamente femininas, tais como a paciência, a capacidade para a maternidade e, além disso, a manifestação de carinho, o gosto demonstrado pela atividade, o dom e a atenção dispensada pela mulher. Principalmente para atividades de cuidar que envolvem a exposição da sexualidade, como, por exemplo, dar banho levar ao toalete, chegou-se à conclusão de que a mulher desempenha com uma maior destreza esse papel e, portanto, que é mais conveniente que ela, a mulher, possuem as condições favoráveis para atuar como cuidadora. Acredita-se que isso acontece porque, provavelmente, o amor de mãe tende a ser visto como assexuado e desinteressado (PAVARINI; NERI, 2006).

O papel da mulher na família, como cuidador principal ou primário, assim denominado na literatura internacional, tem sido muito descrito em termo de características da pessoa do cuidador, face às circunstâncias do cuidador e de quem é cuidado, ou seja, as pessoas idosas em diferentes situações da vida e saúde/doença (GONÇALVES; ALVAREZ; SANTOS, 2006).

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No Brasil, uma pesquisa realizada no município de São Paulo, em 1997, com cuidadores de pacientes acometidos por Acidente Vascular Encefálico (AVC), constataram-se que 87,3% dos cuidadores eram mulheres (LEMOS; GOZZOLA; RAMOS, 2006).

A literatura gerontológica mostra que na grande maioria dos países ocidentais, quem desempenha a tarefa de cuidar em família é geralmente uma mulher, uma vez que prestar cuidado quer seja aos filhos, á casa, ao cônjuge, aos doentes e aos idosos é secularmente uma atribuição feminina (NERI, 2002).

Neri (2002) esclarece que pelo fato das mulheres serem mais longevas do que os homens e, geralmente, mais novas do que os maridos, a cuidadora familiar preferencialmente é a esposa. Na ausência da esposa, em segundo lugar na hierarquia do compromisso, vêm as descendentes da segunda geração como as filhas mais velhas por exemplo.

6.4 IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR

De acordo com Dias; Wanderley; Mendes, (2000) famílias são conjuntos de pessoas unidas por laços de parentesco e que, por isso mesmo, juntas satisfazem necessidades físicas, emocionais, sociais e econômicas, uma vez que essas relações familiares baseiam-se no afeto, reciprocidade e obrigação. Uma das funções da família é cuidar cuidado que, em princípio, os pais têm com os filhos pequenos e, posteriormente, os filhos adultos terão com os pais idosos.

Família é parte integrante da intervenção em saúde em todas as fases da doença, em todos os contextos de assistência, independentemente do grupo etário do paciente. A família provê de 80% a 90% do cuidado de seus membros idosos, o que inclui o cuidado com médico e de enfermagem, serviços pessoais como transporte e ajuda nas tarefas domésticas e compras, e responde também às emergências, ao cuidado agudo e crônico, além de iniciar e manter vínculo com o sistema de cuidado formal quando necessário (ANGELO, 2006).

A relação afetiva no âmbito familiar é um dos principais fatores de equilíbrio e bem-estar dos que envelhecem. A aceitação, o respeito, a raiva ou o rancor são frutos de laços sentimentais construídos ao longo do tempo que repercutem no apoio ao idoso e que vão exigir um novo mapeamento das relações familiares e formas de convivência social (ASSIS, 1998).

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companheirismo; proporcionar apoio e segurança pessoal; proporcionar satisfação e propósito entre os seus membros; transmitir um sentimento de responsabilidade moral e controle social; facilitar a localização social e a socialização de seus membros (DUARTE; DIOGO, 2006).

Segundo Papaléo Neto (2006), o idoso necessita de atenção, de cuidado e traz consigo costumes ou manias cuja referência é o seu passado. É na família, na convivência intergeracional que acontecem as trocas, e a abertura para a convivência harmoniosa, aproveitando-se a experiência do idoso.

Apesar de muitas vezes a família não ter estrutura física (espaço), econômica e social para cuidar do idoso, mas, por outro lado, oferece carinho e atenção, além de boa vontade e solidariedade dos membros, ela, com tal postura, contribuirá de forma significativa para a melhora do paciente em todos os seus aspectos, a saber: físico, mental e emocional (SILVA, 2005).

Nessa concepção Neri, (2002) apropriadamente, afirma que [...] cuidar é uma atividade e um papel que se desdobram no tempo e comportam momentos de transição que podem ou não coincidir com outros que ocorrem na vida familiar e na vida pessoal.

6.5 O IDOSO E A DEPENDÊNCIA FUNCIONAL

Com o processo de envelhecimento da sociedade, o número de pessoas com doenças crônicas cresce rapidamente. Ainda que uma parte da população envelheça com saúde, muitos indivíduos têm nessa fase, uma maior fragilidade que demanda subsídio para a realização das atividades da vida diária (AVD). Entre elas, podemos citar o ato de se vestir, banhar-se e caminhar (TORRES; QUEROZ, 2006).

Estudo realizado por Karsch (2003) apud Medina (1998) revela que cerca de 40% das pessoas com 65 anos ou mais de idade precisa de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa, como fazer compras, cuidar das finanças, prepararem as refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar atividades da vida diária, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se, sentar e levantar de cadeiras e camas.

Na literatura gerontológica, a dependência é definida como a incapacidade de a pessoa funcionar satisfatoriamente sem a ajuda de seu semelhante ou de equipamentos que lhe permitam adaptação (PAVARINI; NERI, 2000).

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Tabela 01- Distribuição dos Cuidadores de Idosos, de acordo com o sexo, faixa etária, estado civil, religião,  número de filhos, escolaridade, parentesco, profissão, moradia e renda
Tabela  02-  Distribuição  dos  Cuidadores  de  Idosos,  considerando  o  tempo  que  cuida  do  idoso,  percepção  da  saúde do cuidador, avaliação, atendimento NRAD, curso formal de cuidador de idoso, alteração financeira após  NRAD, recomendação do aten
Tabela 03- Distribuição dos Idosos, considerando sexo, faixa etária, estado civil, religião, escolaridade, moradia,  renda e grau de dependência

Referências

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