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A p o n t a m e n t o s / J o s é P a u l o V a s c o n c e l o s A RELÍQUIA

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A Relíquia Eça de Queirós

1 Análise crítica I

Romance de Eça de Queirós, saído em folhetins na Gazeta de Notícias, publicado em 1887, no Porto.

A sua epígrafe - "Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia"

sintetizar a aliança entre realismo e imaginação, naturalismo e fantástico, união, aliás, patente na obra e confirmada na "Introdução" (na qual se diz que a realidade vive na obra

pesadas roupagens da História, ora mais livre e saltando sob a caraça vistosa da Farsa").

Da intriga central – a viagem de Teodorico à Terra Santa, de onde traz, não a relíquia que prometera à tia beata, mas sim, por lapso, a camisa de dormir de uma amante

tempo do protagonista que, acompanhado pelo seu erudito amigo Dr. Topsius, assiste à pregação, julgamento e morte de Jesus. A obra, que exalta a figura humana de Cristo, como paradigma

bondade, foi considerada herética pelos setores mais conservadores, por questionar a divindade de Cristo.

Teodorico Raposo, o narrador, tendo ficado órfão aos sete anos de idade, vê tutela de sua riquíssima mas extremam

Raposo tudo faz para cair nas boas graças da austera senhora, construindo uma existência dupla. Por um lado, cultiva uma extrema e abnegada prática religiosa

ou ermida onde se fizesse a adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Em todas as exposições do Santíssimo eu lá estava, de rojos. Partilhava sofregamente de todos os desagravos ao Sacramento.

Novenas em que eu rezei, contam-

«sentimento religioso» lhe deixa, diverte

Satisfeita com o comportamento do sobrinho, que conhece apenas parcialmente, D.

Patrocínio decide encomendar-lhe uma viagem a Jerusalém, onde este deverá substituí ela rezaria e intercedendo por si e por sua saúde. Nesta viagem, de que o próprio Teodorico f prefácio como da «glória superior da minha carreira»

existencial através do seu percurso por lugares santos e bordéis e, simbolicamente, através dos dois embrulhos iguais que ele transporta. Enquanto um deles encerra a "santa relíquia", a "relíquia milagrosa"

pedida por sua tia - um galho de uma árvore com espinhos que Raposo alega ser a coroa de espinhos de Jesus Cristo, o outro contém uma camisa de dormir, oferecida por uma amante, com a seguinte inscrição:

«Ao meu Teodorico, meu portuguesinho possante, em lembrança do mu Eduardo Lourenço escreveu uma vez que

femininos", referindo-se à cultura beata e ao

educação que algumas das personagens femininas de Eça, na esteira de grande parte das mulheres

A Relíquia Eça de Queirós

A R ELÍQUIA

Análise crítica I

Romance de Eça de Queirós, saído em folhetins na Gazeta de Notícias, publicado em 1887, no Porto.

nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia"

sintetizar a aliança entre realismo e imaginação, naturalismo e fantástico, união, aliás, patente na obra e confirmada na "Introdução" (na qual se diz que a realidade vive na obra "ora embaraçada e tropeçando nas pesadas roupagens da História, ora mais livre e saltando sob a caraça vistosa da Farsa").

a viagem de Teodorico à Terra Santa, de onde traz, não a relíquia que prometera o, a camisa de dormir de uma amante – sobressai o sonho ou a viagem no tempo do protagonista que, acompanhado pelo seu erudito amigo Dr. Topsius, assiste à pregação, julgamento e morte de Jesus. A obra, que exalta a figura humana de Cristo, como paradigma

bondade, foi considerada herética pelos setores mais conservadores, por questionar a divindade de Cristo.

Teodorico Raposo, o narrador, tendo ficado órfão aos sete anos de idade, vê-

tutela de sua riquíssima mas extremamente devota tia, D.ª Maria do Patrocínio. Querendo herdar tal fortuna, Raposo tudo faz para cair nas boas graças da austera senhora, construindo uma existência dupla. Por um lado, cultiva uma extrema e abnegada prática religiosa («Ia a matinas, ia a vésperas. Jamais falhei a igreja ou ermida onde se fizesse a adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Em todas as exposições do Santíssimo eu lá estava, de rojos. Partilhava sofregamente de todos os desagravos ao Sacramento.

-se pelos lumes do céu.»). Por outro, apesar da pouca energia que o lhe deixa, diverte-se pouco religiosamente com mulheres "de má vida".

Satisfeita com o comportamento do sobrinho, que conhece apenas parcialmente, D.

lhe uma viagem a Jerusalém, onde este deverá substituí ela rezaria e intercedendo por si e por sua saúde. Nesta viagem, de que o próprio Teodorico f

ória superior da minha carreira», acabará por corporizar

existencial através do seu percurso por lugares santos e bordéis e, simbolicamente, através dos dois embrulhos iguais que ele transporta. Enquanto um deles encerra a "santa relíquia", a "relíquia milagrosa"

um galho de uma árvore com espinhos que Raposo alega ser a coroa de espinhos de Jesus Cristo, o outro contém uma camisa de dormir, oferecida por uma amante, com a seguinte inscrição:

Ao meu Teodorico, meu portuguesinho possante, em lembrança do muito que gozámos

Eduardo Lourenço escreveu uma vez que "o universo inteiro (para Eça) está escrito em caracteres se à cultura beata e ao "cristianismo de sacristia e de alcova"

educação que algumas das personagens femininas de Eça, na esteira de grande parte das mulheres

11ºE

Romance de Eça de Queirós, saído em folhetins na Gazeta de Notícias, publicado em 1887, no Porto.

- tornou-se célebre por sintetizar a aliança entre realismo e imaginação, naturalismo e fantástico, união, aliás, patente na obra e

"ora embaraçada e tropeçando nas pesadas roupagens da História, ora mais livre e saltando sob a caraça vistosa da Farsa").

a viagem de Teodorico à Terra Santa, de onde traz, não a relíquia que prometera sobressai o sonho ou a viagem no tempo do protagonista que, acompanhado pelo seu erudito amigo Dr. Topsius, assiste à pregação, julgamento e morte de Jesus. A obra, que exalta a figura humana de Cristo, como paradigma de amor e de bondade, foi considerada herética pelos setores mais conservadores, por questionar a divindade de Cristo.

-se obrigado a viver sob Maria do Patrocínio. Querendo herdar tal fortuna, Raposo tudo faz para cair nas boas graças da austera senhora, construindo uma existência dupla. Por um as. Jamais falhei a igreja ou ermida onde se fizesse a adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Em todas as exposições do Santíssimo eu lá estava, de rojos. Partilhava sofregamente de todos os desagravos ao Sacramento.

Por outro, apesar da pouca energia que o se pouco religiosamente com mulheres "de má vida".

Satisfeita com o comportamento do sobrinho, que conhece apenas parcialmente, D.ª Maria do lhe uma viagem a Jerusalém, onde este deverá substituí-la, rezando como ela rezaria e intercedendo por si e por sua saúde. Nesta viagem, de que o próprio Teodorico fala num breve por corporizar-se a sua duplicidade existencial através do seu percurso por lugares santos e bordéis e, simbolicamente, através dos dois embrulhos iguais que ele transporta. Enquanto um deles encerra a "santa relíquia", a "relíquia milagrosa"

um galho de uma árvore com espinhos que Raposo alega ser a coroa de espinhos de Jesus Cristo, o outro contém uma camisa de dormir, oferecida por uma amante, com a seguinte inscrição:

ito que gozámos». O ensaísta

"o universo inteiro (para Eça) está escrito em caracteres

"cristianismo de sacristia e de alcova" que caracteriza a

educação que algumas das personagens femininas de Eça, na esteira de grande parte das mulheres

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portuguesas do século XIX, dão aos seus descendentes. Mas podemos dizer que o universo de Raposo está escrito em caracteres femininos, não só

valores por influência feminina de sua tia, mas também porque, também desde o início, nos lugares por que ele passa são as mulheres que, através do seu olhar, nós vemos em primeiro lugar: no univer

lê primeiro os caracteres femininos. É como se, em Teodorico, o excesso e a ostentação da prática religiosa o tivessem conduzido erroneamente a procurar na vida o que não encontra na religião e vice

do seu pensamento, assistimos ao deslocamento dos valores cristãos: o culto que deveria ser prestado a Cristo é transferido para o corpo feminino. Há como que uma confusão entre o sagrado e o feminino:

Teodorico deseja e visualiza corpos femininos no oratório de sua tia, substituindo Cristo: «À noite, depois do chá, refugiava

meus olhos no corpo de ouro de Jesus, pregado na sua linda cruz de pau

metal precioso ia, pouco a pouco, embaciando, tomava uma alva cor de carne, quente e tenra; a magreza de Messias triste, mostrando os ossos, arredondava

coroa de espinhos, desenrolavam-se lascivos anéis de cabelos crespos e n

chagas, levantavam-se rijos, direitos, dois esplêndidos seios de mulher, com um botãozinho de rosa na ponta».

É neste contexto que a sátira denuncia a efemeridade do amor humano. Em face das traições que povoam a sua vida amorosa, Teodorico não pode deixar de sentir a nostalgia de um amor

se misturassem os valores pouco efémeros do Cristianismo:

esperança de um amor de monja mais forte que o medo de Deus, de um seio magoad penitência caindo, todo a tremer e vencido, entre os meus braços valentes!...

tinham sido demasiado fortes para lhe permitirem escapar ileso. De resto, num dos passos mais longos do romance, aquele do sonho em que Teodorico se vê regressado à Antiguidade cristã, presenciando o julgamento e crucifixão de Jesus Cristo, assistimos a uma reescrita da história sagrada. No sonho de Teodorico, Jesus Cristo não ressuscita, é apenas retirado do seu sepulcro, sendo

o encontrando nesse local pela manhã do dia seguinte, difunde a crença na sua ressurreição:

amor de uma mulher muda a face do mundo e dá uma reli

Uma mulher (sua tia) forçara-o a cultivar uma crença criada por outra mulher (Maria Madalena) que outras (as suas ingratas amantes) haviam deslocado e desmentido.

Enquanto Camilo recorre ao sarcasmo e à paródia para exprimir a vanidade do mundo em geral, Eça serve-se da ironia e da sátira, mais subtis e delicadas, como é visível em A Relíquia, narrativa do homem português do século XIX, deformado por via feminina através de uma educação cristã que, para além de não o preparar para as realidades práticas da vida, lhe nega e confunde impul

com valores que ele não é capaz de encontrar num mundo onde o amor humano é efémero e o amor divino pouco credível, e parecendo dotá-

Trata-se, no fundo, de, mais uma vez, traçar o retrato daquela que, segundo Jacinto do Prado Coelho, é a grande personagem latente da obra de Eça: Portugal.

A Relíquia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003

portuguesas do século XIX, dão aos seus descendentes. Mas podemos dizer que o universo de Raposo está escrito em caracteres femininos, não só porque a sua existência é desde o início marcada por estes valores por influência feminina de sua tia, mas também porque, também desde o início, nos lugares por que ele passa são as mulheres que, através do seu olhar, nós vemos em primeiro lugar: no univer

lê primeiro os caracteres femininos. É como se, em Teodorico, o excesso e a ostentação da prática religiosa o tivessem conduzido erroneamente a procurar na vida o que não encontra na religião e vice

s ao deslocamento dos valores cristãos: o culto que deveria ser prestado a Cristo é transferido para o corpo feminino. Há como que uma confusão entre o sagrado e o feminino:

Teodorico deseja e visualiza corpos femininos no oratório de sua tia, substituindo

À noite, depois do chá, refugiava-me no oratório, como numa fortaleza de santidade, embebia os meus olhos no corpo de ouro de Jesus, pregado na sua linda cruz de pau-preto. Mas então o brilho fulvo do co a pouco, embaciando, tomava uma alva cor de carne, quente e tenra; a magreza de Messias triste, mostrando os ossos, arredondava-se em formas divinamente cheias e belas; por entre a se lascivos anéis de cabelos crespos e negros; no peito, sobre as duas se rijos, direitos, dois esplêndidos seios de mulher, com um botãozinho de rosa na

É neste contexto que a sátira denuncia a efemeridade do amor humano. Em face das traições que rosa, Teodorico não pode deixar de sentir a nostalgia de um amor

se misturassem os valores pouco efémeros do Cristianismo: «Rompeu-me então na alma a fulgurante esperança de um amor de monja mais forte que o medo de Deus, de um seio magoad

penitência caindo, todo a tremer e vencido, entre os meus braços valentes!...». A educação e a prática cristã tinham sido demasiado fortes para lhe permitirem escapar ileso. De resto, num dos passos mais longos do ho em que Teodorico se vê regressado à Antiguidade cristã, presenciando o julgamento e crucifixão de Jesus Cristo, assistimos a uma reescrita da história sagrada. No sonho de Teodorico, Jesus Cristo não ressuscita, é apenas retirado do seu sepulcro, sendo Maria Madalena que, não o encontrando nesse local pela manhã do dia seguinte, difunde a crença na sua ressurreição:

amor de uma mulher muda a face do mundo e dá uma religião mais à humanidade!»

a cultivar uma crença criada por outra mulher (Maria Madalena) que outras (as suas ingratas amantes) haviam deslocado e desmentido.

Enquanto Camilo recorre ao sarcasmo e à paródia para exprimir a vanidade do mundo em geral, Eça ra, mais subtis e delicadas, como é visível em A Relíquia, narrativa do homem português do século XIX, deformado por via feminina através de uma educação cristã que, para além de não o preparar para as realidades práticas da vida, lhe nega e confunde impulsos básicos, contaminando com valores que ele não é capaz de encontrar num mundo onde o amor humano é efémero e o amor divino

-lo de uma retórica grandiloquente pouco adequada a esse contexto.

uma vez, traçar o retrato daquela que, segundo Jacinto do Prado Coelho, é a grande personagem latente da obra de Eça: Portugal.

A Relíquia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003 Disponível na www: <URL: http://ww

portuguesas do século XIX, dão aos seus descendentes. Mas podemos dizer que o universo de Raposo porque a sua existência é desde o início marcada por estes valores por influência feminina de sua tia, mas também porque, também desde o início, nos lugares por que ele passa são as mulheres que, através do seu olhar, nós vemos em primeiro lugar: no universo, Teodorico lê primeiro os caracteres femininos. É como se, em Teodorico, o excesso e a ostentação da prática religiosa o tivessem conduzido erroneamente a procurar na vida o que não encontra na religião e vice-versa. Através s ao deslocamento dos valores cristãos: o culto que deveria ser prestado a Cristo é transferido para o corpo feminino. Há como que uma confusão entre o sagrado e o feminino:

o corpo crucificado de me no oratório, como numa fortaleza de santidade, embebia os preto. Mas então o brilho fulvo do co a pouco, embaciando, tomava uma alva cor de carne, quente e tenra; a magreza se em formas divinamente cheias e belas; por entre a egros; no peito, sobre as duas se rijos, direitos, dois esplêndidos seios de mulher, com um botãozinho de rosa na

É neste contexto que a sátira denuncia a efemeridade do amor humano. Em face das traições que rosa, Teodorico não pode deixar de sentir a nostalgia de um amor “divino” no qual me então na alma a fulgurante esperança de um amor de monja mais forte que o medo de Deus, de um seio magoado pela estamenha de A educação e a prática cristã tinham sido demasiado fortes para lhe permitirem escapar ileso. De resto, num dos passos mais longos do ho em que Teodorico se vê regressado à Antiguidade cristã, presenciando o julgamento e crucifixão de Jesus Cristo, assistimos a uma reescrita da história sagrada. No sonho de Maria Madalena que, não o encontrando nesse local pela manhã do dia seguinte, difunde a crença na sua ressurreição: «E assim o gião mais à humanidade!», conclui Teodorico.

a cultivar uma crença criada por outra mulher (Maria Madalena) que outras

Enquanto Camilo recorre ao sarcasmo e à paródia para exprimir a vanidade do mundo em geral, Eça ra, mais subtis e delicadas, como é visível em A Relíquia, narrativa do homem português do século XIX, deformado por via feminina através de uma educação cristã que, para além de sos básicos, contaminando-o com valores que ele não é capaz de encontrar num mundo onde o amor humano é efémero e o amor divino lo de uma retórica grandiloquente pouco adequada a esse contexto.

uma vez, traçar o retrato daquela que, segundo Jacinto do Prado Coelho, é a

A Relíquia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-01-01].

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$a-reliquia>.

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2 Análise crítica II

A personagem principal, Teodorico Raposo, é um órfão criado por uma tia beata e rica, obcecada pela conquista da graça divina.

O pequeno Raposo, em criança, carente e sexualmente reprimido, cresce,

secretamente um ódio visceral à religião e à “querida” Titi, ao mesmo tempo que simula uma afeição sincera pela tia e uma devoção genuína pelos ideais desta.

A hipocrisia é a faceta predominante na componente comportamental das atitudes da per

Enquanto isso, a componente emocional da mesma atitude é revestida de um cinismo atroz, de uma crueza de sentimentos jamais vista.

Todas as ações de Teodorico são comandadas a partir do impulso sexual que se traduz numa obsessão omnipresente, desenvolvida a partir de uma infância totalmente deserta de qualquer tipo de afeto feminino.

Teodorico é, na fase infantil, uma criança muito sexuada, se considerarmos a voluptuosa sofreguidão com que com que avalia os mais dotados espécimes do género feminino

Senhor Barão”.

Na fase adulta, a sua relação com as mulheres obedece à mesma estrutura. Todas as suas aventuras amorosas são apenas passageiros delírios passionais, à semelhança do idílio de Ega e Raquel Cohen em Os Maias. Desde a horizontalíssima e venal Adélia, em Lisboa, às prostitutas do bordel em terras orientais, passando pela aparentemente angelical luveira inglesa de Alexandria. Tanto o bordel como o paquete no qual Raposo viaja para a Terra Santa, são palco de algu

salientam o carácter burlesco da personagem em tudo o que se relaciona com “saias”

tia, poderosa, cuja degustação poderá impedi legará após a sua morte.

A psico-castração forçada a que Raposo é submetido leva ao desenvolvimento de uma certa ambiguidade sexual que se traduz na sua relação com Crispim. Este exprime a sua afeição pelo colega um pouco fora dos cânones considerados “normais” entre d

está patente na admiração demonstrada por Raposo ao manifestar a sua admiração pela beleza feminil de um deslumbrante efebo árabe, fazendo lembrar T.E. Lawrence e a sua paixão em terras muçulmanas.

A peregrinação de Raposo à Terra Santa tem como objetivo a busca de uma relíquia sagrada que lhe permita conquistar definitivamente a afeição da sua tia e a certeza de ser o único contemplado na tão cobiçada herança.

A Relíquia transforma-se, assim, no pretexto para u

distantes sem o jugo opressivo da encarnação da Virtude que é a sua mãe substituta.

É nesta viagem que Eça tem, mais uma vez, oportunidade de, através do sapiente e eruditíssimo companheiro de viagem de Raposo

Jones –, que o autor exibe a sua mais do que vasta cultura, no que respeita às civilizações antigas e ao conhecimento das descobertas arqueológicas e étnicas pelos mais eminentes académicos euro

contemporâneos (ou quase) como Champollion e Chateaubriand.

II

A personagem principal, Teodorico Raposo, é um órfão criado por uma tia beata e rica, obcecada

O pequeno Raposo, em criança, carente e sexualmente reprimido, cresce,

secretamente um ódio visceral à religião e à “querida” Titi, ao mesmo tempo que simula uma afeição sincera pela tia e uma devoção genuína pelos ideais desta.

A hipocrisia é a faceta predominante na componente comportamental das atitudes da per

Enquanto isso, a componente emocional da mesma atitude é revestida de um cinismo atroz, de uma crueza

as ações de Teodorico são comandadas a partir do impulso sexual que se traduz numa nvolvida a partir de uma infância totalmente deserta de qualquer tipo de afeto

Teodorico é, na fase infantil, uma criança muito sexuada, se considerarmos a voluptuosa sofreguidão com que com que avalia os mais dotados espécimes do género feminino como, por exemplo, “a inglesa do

Na fase adulta, a sua relação com as mulheres obedece à mesma estrutura. Todas as suas aventuras amorosas são apenas passageiros delírios passionais, à semelhança do idílio de Ega e Raquel Desde a horizontalíssima e venal Adélia, em Lisboa, às prostitutas do bordel em terras orientais, passando pela aparentemente angelical luveira inglesa de Alexandria. Tanto o bordel como o paquete no qual Raposo viaja para a Terra Santa, são palco de alguns ultracómicos episódios que salientam o carácter burlesco da personagem em tudo o que se relaciona com “saias”

tia, poderosa, cuja degustação poderá impedi-lo de aceder ao paraíso financeiro que a austera senhora lhe

castração forçada a que Raposo é submetido leva ao desenvolvimento de uma certa ambiguidade sexual que se traduz na sua relação com Crispim. Este exprime a sua afeição pelo colega um pouco fora dos cânones considerados “normais” entre dois indivíduos do mesmo sexo. Ambiguidade que está patente na admiração demonstrada por Raposo ao manifestar a sua admiração pela beleza feminil de um deslumbrante efebo árabe, fazendo lembrar T.E. Lawrence e a sua paixão em terras muçulmanas.

ão de Raposo à Terra Santa tem como objetivo a busca de uma relíquia sagrada que lhe permita conquistar definitivamente a afeição da sua tia e a certeza de ser o único contemplado na tão

se, assim, no pretexto para uma aventura sem precedentes, em terras distantes sem o jugo opressivo da encarnação da Virtude que é a sua mãe substituta.

É nesta viagem que Eça tem, mais uma vez, oportunidade de, através do sapiente e eruditíssimo companheiro de viagem de Raposo –, o alemão Topsius, professor universitário, uma espécie de Indiana utor exibe a sua mais do que vasta cultura, no que respeita às civilizações antigas e ao conhecimento das descobertas arqueológicas e étnicas pelos mais eminentes académicos euro

contemporâneos (ou quase) como Champollion e Chateaubriand.

A personagem principal, Teodorico Raposo, é um órfão criado por uma tia beata e rica, obcecada

O pequeno Raposo, em criança, carente e sexualmente reprimido, cresce, alimentando, secretamente um ódio visceral à religião e à “querida” Titi, ao mesmo tempo que simula uma afeição sincera

A hipocrisia é a faceta predominante na componente comportamental das atitudes da personagem.

Enquanto isso, a componente emocional da mesma atitude é revestida de um cinismo atroz, de uma crueza

as ações de Teodorico são comandadas a partir do impulso sexual que se traduz numa nvolvida a partir de uma infância totalmente deserta de qualquer tipo de afeto

Teodorico é, na fase infantil, uma criança muito sexuada, se considerarmos a voluptuosa sofreguidão como, por exemplo, “a inglesa do

Na fase adulta, a sua relação com as mulheres obedece à mesma estrutura. Todas as suas aventuras amorosas são apenas passageiros delírios passionais, à semelhança do idílio de Ega e Raquel Desde a horizontalíssima e venal Adélia, em Lisboa, às prostitutas do bordel em terras orientais, passando pela aparentemente angelical luveira inglesa de Alexandria. Tanto o bordel como o ns ultracómicos episódios que salientam o carácter burlesco da personagem em tudo o que se relaciona com “saias” – o fruto proibido pela lo de aceder ao paraíso financeiro que a austera senhora lhe

castração forçada a que Raposo é submetido leva ao desenvolvimento de uma certa ambiguidade sexual que se traduz na sua relação com Crispim. Este exprime a sua afeição pelo colega um ois indivíduos do mesmo sexo. Ambiguidade que está patente na admiração demonstrada por Raposo ao manifestar a sua admiração pela beleza feminil de um deslumbrante efebo árabe, fazendo lembrar T.E. Lawrence e a sua paixão em terras muçulmanas.

ão de Raposo à Terra Santa tem como objetivo a busca de uma relíquia sagrada que lhe permita conquistar definitivamente a afeição da sua tia e a certeza de ser o único contemplado na tão

ma aventura sem precedentes, em terras distantes sem o jugo opressivo da encarnação da Virtude que é a sua mãe substituta.

É nesta viagem que Eça tem, mais uma vez, oportunidade de, através do sapiente e eruditíssimo

emão Topsius, professor universitário, uma espécie de Indiana

utor exibe a sua mais do que vasta cultura, no que respeita às civilizações antigas e ao

conhecimento das descobertas arqueológicas e étnicas pelos mais eminentes académicos europeus seus

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É ainda, através de Topsius, que Eça se propõe a criticar o pedantismo dos ideólogos alemães e da pretensa superioridade intelectual e militar germânica, antevendo o que se passaria daí

no início do séc. XX, inclusive o massacre massivo da população judaica na Europa.

Outro episódio interessante é o do sonho de Raposo, uma regressão de dezoito séculos que lhe dá a possibilidade de assistir ao julgamento de Cristo, desc

Ressurreição e do nascimento da religião cristã.

Um conto dentro do romance que vem retirar a originalidade a alguns autores contemporâneos como Dan Brown em O Código DaVinci e Catherine Clément em Jesus na

É ler para crerJ

De facto tudo parece ter sido originado a partir de um mal romano – Pilatos e Cláudia – que correu mal à última horaJ

Da mesma forma a Fatalidade apodera Fortuna para o nosso (anti) herói.

E é sempre verdade que “mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo O estilo predominante em A Relíquia

em relação à sucessão dos factos, exibe a profunda ironia face ao prazer sádico dos deuses, ou qualquer força superior que se assemelhe a uma divindade, em brincar com os desejos humanos

que o felino se diverte com a presa antes de a aniquilar, devorando

O último capítulo está particularmente recheado de situações deste género. E, quando o autor, já nas últimas páginas, parece atribuir um final moralizante à história, de inspiração assaz hegeliana

primar da consciência e a noção de que a hipocrisia

de um cinismo contundente, ao professar a crença de que só não triunfa quem não sabe mentir de forma convincente, mesmo quando desmascaradoJ

Mais uma obra acutilante feita para abalar consciências e es Para bom entendedorJ

Disponível na www: <URL:

3 Análise crítica III

3.1 Um romance da segunda fase:

O romance que agora passaremos a analisar pertence à segunda fase de Eça, ligada à crítica impiedosa contra a pequena-burguesia portuguesa e ao provincianismo, religiosidade e conservadorismo português.

« 2ª fase (1875 a 1887): Aqui se

O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (

contra a pequena-burguesia portuguesa. Aderindo à causa r largamente as instituições da sua terra e

burguesia serão atacadas violentamente

É ainda, através de Topsius, que Eça se propõe a criticar o pedantismo dos ideólogos alemães e da pretensa superioridade intelectual e militar germânica, antevendo o que se passaria daí

no início do séc. XX, inclusive o massacre massivo da população judaica na Europa.

Outro episódio interessante é o do sonho de Raposo, uma regressão de dezoito séculos que lhe dá a possibilidade de assistir ao julgamento de Cristo, descortinando, simultaneamente, a “verdade” acerca da Ressurreição e do nascimento da religião cristã.

Um conto dentro do romance que vem retirar a originalidade a alguns autores contemporâneos como Dan Brown em O Código DaVinci e Catherine Clément em Jesus na Fogueira.

De facto tudo parece ter sido originado a partir de um mal-entendido e de um plano que o casal que correu mal à última horaJ

Da mesma forma a Fatalidade apodera-se do destino de Raposo. Um descuido f

E é sempre verdade que “mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo

A Relíquia está impregnado de sarcasmo, enquanto a estrutura narrativa factos, exibe a profunda ironia face ao prazer sádico dos deuses, ou qualquer força superior que se assemelhe a uma divindade, em brincar com os desejos humanos

que o felino se diverte com a presa antes de a aniquilar, devorando-a.

mo capítulo está particularmente recheado de situações deste género. E, quando o autor, já nas últimas páginas, parece atribuir um final moralizante à história, de inspiração assaz hegeliana

primar da consciência e a noção de que a hipocrisia não compensa –, não resiste a terminar com uma tirada de um cinismo contundente, ao professar a crença de que só não triunfa quem não sabe mentir de forma convincente, mesmo quando desmascaradoJ

Mais uma obra acutilante feita para abalar consciências e espetar a farpa bem no meio da ferida.

Cláudia Sousa Dias, A Relíquia. In Há Sempre Um Livro [Em linha]. [Consult. 2013 Disponível na www: <URL: http://hasempreumlivro.blogspot.pt/2005/11/relquia-

lise crítica III

Um romance da segunda fase:

O romance que agora passaremos a analisar pertence à segunda fase de Eça, ligada à crítica burguesia portuguesa e ao provincianismo, religiosidade e conservadorismo

se encontram-se seus romances realistas-naturalistas. Nela, aparecerão O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887), trilogia mais acidamente crítica

burguesia portuguesa. Aderindo à causa republicana, fora de Portugal,

sua terra e os seus inúmeros e intoleráveis vícios: a Monarquia, a Igreja e a violentamente. Sob a legenda “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano É ainda, através de Topsius, que Eça se propõe a criticar o pedantismo dos ideólogos alemães e da pretensa superioridade intelectual e militar germânica, antevendo o que se passaria daí a algumas décadas,

Outro episódio interessante é o do sonho de Raposo, uma regressão de dezoito séculos que lhe dá a ortinando, simultaneamente, a “verdade” acerca da

Um conto dentro do romance que vem retirar a originalidade a alguns autores contemporâneos como

entendido e de um plano que o casal

se do destino de Raposo. Um descuido faz inverter a Roda da

E é sempre verdade que “mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo”J

está impregnado de sarcasmo, enquanto a estrutura narrativa factos, exibe a profunda ironia face ao prazer sádico dos deuses, ou qualquer força superior que se assemelhe a uma divindade, em brincar com os desejos humanos – da mesma forma

mo capítulo está particularmente recheado de situações deste género. E, quando o autor, já nas últimas páginas, parece atribuir um final moralizante à história, de inspiração assaz hegeliana – exaltando o , não resiste a terminar com uma tirada de um cinismo contundente, ao professar a crença de que só não triunfa quem não sabe mentir de forma

petar a farpa bem no meio da ferida.

Cláudia Sousa Dias, A Relíquia. In Há Sempre Um Livro [Em linha]. [Consult. 2013-01-01].

de-ea-de-queirs-planeta.html

O romance que agora passaremos a analisar pertence à segunda fase de Eça, ligada à crítica burguesia portuguesa e ao provincianismo, religiosidade e conservadorismo

naturalistas. Nela, aparecerão

1887), trilogia mais acidamente crítica

epublicana, fora de Portugal, Eça pôde criticar

seus inúmeros e intoleráveis vícios: a Monarquia, a Igreja e a

Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano

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da fantasia”, compõe um painel amplo daquela sociedade que julgava culpada pelo atraso de seu povo: o clero hipócrita, a aristocracia rural acomodada, a burguesia gananciosa, irresponsável e medíocre.

Já sabe o que se vai encontrar aqui. E desta vez, Eça critica profundamente os costumes do clero, a religiosidade irresponsável. Tudo isso através de uma crítica ferrenha, que espicaça a alma pequena das criaturas que vivem encasteladas num mundo sem perspetivas

Critica de forma cáustica e verrinosa os dogmas fundamentalistas de uma religiosidade que mais um negócio de compra e venda de promessas de vida eterna do que uma devoção sincera ao divino, ao amor fraterno e ao bem.

No final do romance, parece haver uma apologia da consciência, do sentido do bem e da verdade, como a pedra de toque que justifica e deve orientar as ações humanas. Por momentos, o leitor é levado a considerar que o autor defende que é a consciência qu

higiénico” saiba muito a moralismo e pouco a Eça.

Mas no remate final (mesmo nos último parágrafos) há um “coup de foudre”, uma reviravolta na moral veiculada e parece que o importante, mais do que ter consciênci

e até ao fim. A agilidade intelectual para ultrapassar os imprevistos e a capacidade de seguir em frente mentido e enganando os outros – é mais coincidente com o Portugal que Eça quer retratar (e criticar e zurz e desmascarar) que a dignidade honrada de quem se remiu pela honestidade. E aí temos o Eça em todo o seu esplendorJ

3.2 A estrutura do romance:

O romance A Relíquia, publicado em 1887, está dividido em cinco grandes capítulos, todos inominados.

3.2.1 Ponto de vis

O narrador é o protagonista narrador-personagem. O narrador é o

detalhes mínimos de objetos ou vestuário, coloca

realista. Esse apego à minúcia é outra marca queirosiana, que não pode ser esquecida.

Vale a pena destacar a riqueza das referências religiosas e históricas. São muitas e de muita qualidade as referências que o narrador vai fazendo sobre o que vê, o que ouve e que visita. E quando, por imposição da lógica narrativa, esses conhecimentos históricos, geográficos ou religiosos não podem ser enunciados pelo narrador é o seu companheiro de viagem, o Dr. Topsius

tendo como seu narratário o protagonista da história.

3.2.2 O espaço

O relato inicia-se com referências ao “Mosteiro”, quinta do Minho onde infância até aos 7 anos. Depois,

(universidade, casa de Dr. Roxo e Esta

, compõe um painel amplo daquela sociedade que julgava culpada pelo atraso de seu povo: o clero hipócrita, a aristocracia rural acomodada, a burguesia gananciosa, irresponsável e medíocre.

vai encontrar aqui. E desta vez, Eça critica profundamente os costumes do clero, a Tudo isso através de uma crítica ferrenha, que espicaça a alma pequena das

um mundo sem perspetivas que não sejam as "do lado de lá" da vida.

Critica de forma cáustica e verrinosa os dogmas fundamentalistas de uma religiosidade que mais um negócio de compra e venda de promessas de vida eterna do que uma devoção sincera ao divino, ao amor

No final do romance, parece haver uma apologia da consciência, do sentido do bem e da verdade, como a pedra de toque que justifica e deve orientar as ações humanas. Por momentos, o leitor é levado a considerar que o autor defende que é a consciência que deve guiar o Homem.

higiénico” saiba muito a moralismo e pouco a Eça.

Mas no remate final (mesmo nos último parágrafos) há um “coup de foudre”, uma reviravolta na moral veiculada e parece que o importante, mais do que ter consciência e defender a verdade, é saber mentir bem e até ao fim. A agilidade intelectual para ultrapassar os imprevistos e a capacidade de seguir em frente

é mais coincidente com o Portugal que Eça quer retratar (e criticar e zurz e desmascarar) que a dignidade honrada de quem se remiu pela honestidade. E aí temos o Eça em todo o

A estrutura do romance:

O romance A Relíquia, publicado em 1887, está dividido em cinco grandes capítulos, todos

Ponto de vista do narrador:

narrador é o protagonista e, portanto, toda a narração é feita na primeira pessoa, enquanto narrador é omnisciente. Ele move-se lentamente pelos

detalhes mínimos de objetos ou vestuário, colocando o leitor dentro da cena, tão ao gosto da realista. Esse apego à minúcia é outra marca queirosiana, que não pode ser esquecida.

Vale a pena destacar a riqueza das referências religiosas e históricas. São muitas e de muita s que o narrador vai fazendo sobre o que vê, o que ouve e que visita. E quando, por imposição da lógica narrativa, esses conhecimentos históricos, geográficos ou religiosos não podem ser enunciados pelo narrador é o seu companheiro de viagem, o Dr. Topsius, que os faz em discurso direto, tendo como seu narratário o protagonista da história.

O espaço

se com referências ao “Mosteiro”, quinta do Minho onde o protagonista

infância até aos 7 anos. Depois, há breves referências a Lisboa (Colégio dos Isidoros) e Coimbra (universidade, casa de Dr. Roxo e Estalagem das Pimentas).

, compõe um painel amplo daquela sociedade que julgava culpada pelo atraso de seu povo: o clero hipócrita, a aristocracia rural acomodada, a burguesia gananciosa, irresponsável e medíocre.»

vai encontrar aqui. E desta vez, Eça critica profundamente os costumes do clero, a Tudo isso através de uma crítica ferrenha, que espicaça a alma pequena das

que não sejam as "do lado de lá" da vida.

Critica de forma cáustica e verrinosa os dogmas fundamentalistas de uma religiosidade que mais um negócio de compra e venda de promessas de vida eterna do que uma devoção sincera ao divino, ao amor

No final do romance, parece haver uma apologia da consciência, do sentido do bem e da verdade, como a pedra de toque que justifica e deve orientar as ações humanas. Por momentos, o leitor é levado a e deve guiar o Homem. Ainda que este “final

Mas no remate final (mesmo nos último parágrafos) há um “coup de foudre”, uma reviravolta na moral a e defender a verdade, é saber mentir bem e até ao fim. A agilidade intelectual para ultrapassar os imprevistos e a capacidade de seguir em frente – é mais coincidente com o Portugal que Eça quer retratar (e criticar e zurzir e desmascarar) que a dignidade honrada de quem se remiu pela honestidade. E aí temos o Eça em todo o

O romance A Relíquia, publicado em 1887, está dividido em cinco grandes capítulos, todos

e, portanto, toda a narração é feita na primeira pessoa, enquanto cenários, descrevendo , tão ao gosto da maneira realista. Esse apego à minúcia é outra marca queirosiana, que não pode ser esquecida.

Vale a pena destacar a riqueza das referências religiosas e históricas. São muitas e de muita s que o narrador vai fazendo sobre o que vê, o que ouve e que visita. E quando, por imposição da lógica narrativa, esses conhecimentos históricos, geográficos ou religiosos não podem ser , que os faz em discurso direto,

o protagonista passa a sua

oa (Colégio dos Isidoros) e Coimbra

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Quase todo o primeiro capítulo se esgota em Lisboa, entre os conventos, as igrejas, os espaços sagrados (onde Teodorico cumpre a vida religiosa tão do agrado da

Adélia).

O segundo Capítulo detém-se inicialmente em Alexandria (Egito), sobretudo na Rua das Duas Irmãs, loja de “Miss Mary” e alcova dos amores de Teodorico.

Ainda no segundo capítulo, a ação desloca

Quase todo resto do romance vai ser passado em Jerusalém, com a identificação claro do Hotel Mediterrâneo, onde Teodorico e Topsius ficam alojados. Ainda assim há várias referências a outros locais vizinhos de Jerusalém, quase sempre c

de passagem.

A ação terminará em Lisboa, sucessivamente no campo de Santana (a casa da Titi), na Baixa (o Hotel Pomba de Ouro) e na travessa da Palha (a casa de hóspedes do Pita)

3.2.3 O tempo

A ação situa-se na segunda metade do século XIX.

Há duas datas que podem ser precisadas: 1853, ocasião em que o pai de Teodorico se aproxima do bispo de Corazim, D. Gaspar, o que lhe vale um bom emprego na Alfândega; e 1875, data em que o narrador empreende viagem à Terra Santa, porque Titi (a tia do narrador) queria que ele pudesse ir até lá, respirar os ares santos.

O narrador recorre a analepse adulta em Lisboa.

Há também um tempo presente que corresponde ao tempo em que se desenvolve cronologicamente a narrativa da vida de Teodorico e um te

Jerusalém. A união desses dois tempos, no final do romance permite a Teodorico en repostas que os Homens têm colocado ao longo dos séculos.

3.2.4 Personagens:

Teodorico – O narrador: é neto de um padre

criado pela beata Titi depois da morte dos pais (a mãe morre quando ele anos). Finge adaptar-se ao conservadorismo beato da casa da tia

leviano e dissoluto, mentiroso e dissimulado.

Tem a alcunha de Raposão. Jovem hipócrita e interesseiro que se faz passa a tia e obter sua fortuna em testamento.

atender o desejo da tia e aproximar

mínima, já que não demonstra qualquer escrúpulo também em enganar as pessoas com relíquias.

No final parece ter um rebate de consciência, mas logo se arrepende de não ter mentido mais e melhor.

Quase todo o primeiro capítulo se esgota em Lisboa, entre os conventos, as igrejas, os espaços sagrados (onde Teodorico cumpre a vida religiosa tão do agrado da Titi) e o Largo dos Caldas (a casa de

se inicialmente em Alexandria (Egito), sobretudo na Rua das Duas Irmãs, alcova dos amores de Teodorico.

Ainda no segundo capítulo, a ação desloca-se para a Palestina, a Terra Santa.

Quase todo resto do romance vai ser passado em Jerusalém, com a identificação claro do Hotel Mediterrâneo, onde Teodorico e Topsius ficam alojados. Ainda assim há várias referências a outros locais , quase sempre com a finalidade de promover descrições geográficas e com carácter

A ação terminará em Lisboa, sucessivamente no campo de Santana (a casa da Titi), na Baixa (o na travessa da Palha (a casa de hóspedes do Pita).

O tempo

se na segunda metade do século XIX.

Há duas datas que podem ser precisadas: 1853, ocasião em que o pai de Teodorico se aproxima do bispo de Corazim, D. Gaspar, o que lhe vale um bom emprego na Alfândega; e 1875, data em que o viagem à Terra Santa, porque Titi (a tia do narrador) queria que ele pudesse ir até lá,

a analepses para ir buscar a infância remota (quando fica

presente que corresponde ao tempo em que se desenvolve cronologicamente a narrativa da vida de Teodorico e um tempo passado, associado ao sonho, aquele em que Cristo viveu em Jerusalém. A união desses dois tempos, no final do romance permite a Teodorico en

repostas que os Homens têm colocado ao longo dos séculos.

Personagens:

neto de um padre, nasce no Minho, em dia de sexta

a Titi depois da morte dos pais (a mãe morre quando ele tinha 3 dias e perde o pai aos 7 se ao conservadorismo beato da casa da tia, em Lisboa, cheia de exigências. Mas é leviano e dissoluto, mentiroso e dissimulado.

Raposão. Jovem hipócrita e interesseiro que se faz passar por beato para enganar e obter sua fortuna em testamento. É falso e mulherengo. Peregrina pela Terra Santa apenas para atender o desejo da tia e aproximar-se ainda mais de sua fortuna. Falta-lhe resíduo moral e decência

qualquer escrúpulo também em enganar as pessoas com

No final parece ter um rebate de consciência, mas logo se arrepende de não ter mentido mais e Quase todo o primeiro capítulo se esgota em Lisboa, entre os conventos, as igrejas, os espaços Titi) e o Largo dos Caldas (a casa de

se inicialmente em Alexandria (Egito), sobretudo na Rua das Duas Irmãs,

.

Quase todo resto do romance vai ser passado em Jerusalém, com a identificação claro do Hotel Mediterrâneo, onde Teodorico e Topsius ficam alojados. Ainda assim há várias referências a outros locais om a finalidade de promover descrições geográficas e com carácter

A ação terminará em Lisboa, sucessivamente no campo de Santana (a casa da Titi), na Baixa (o

Há duas datas que podem ser precisadas: 1853, ocasião em que o pai de Teodorico se aproxima do bispo de Corazim, D. Gaspar, o que lhe vale um bom emprego na Alfândega; e 1875, data em que o viagem à Terra Santa, porque Titi (a tia do narrador) queria que ele pudesse ir até lá,

quando fica órfão) e depois a vida

presente que corresponde ao tempo em que se desenvolve cronologicamente , aquele em que Cristo viveu em Jerusalém. A união desses dois tempos, no final do romance permite a Teodorico encontrar algumas

, nasce no Minho, em dia de sexta-feira da Paixão. Foi tinha 3 dias e perde o pai aos 7 , cheia de exigências. Mas é

r por beato para enganar falso e mulherengo. Peregrina pela Terra Santa apenas para lhe resíduo moral e decência qualquer escrúpulo também em enganar as pessoas com as suas falsas

No final parece ter um rebate de consciência, mas logo se arrepende de não ter mentido mais e

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Titi, a D.ª Patrocínio das Neves seca, magra, “carão chupado e esverdinhado virgem e com aversão ao sexo. Mantém em casa um padres, que recebe todas as noites

controlar e dominar por completo o seu sobrinho (Teodorico) e todos aqueles que a orbitavam.

No final do romance parece evidenciar um encantamento estranho por um padre muito magro, de dentes afiados e famintos – o Padre Negrão.

Adélia – Amante de Teodorico.

interesseira que acaba desprezando o protagonista por causa d pela tia e porque pouco consegue ob

dinheiro (Adelino). No final, torna-se Titi.

Casimiro – Padre, procurador de

inteiramente nele. Já idoso, sorridente, simpático e nédio.

Pinheiro – Outro padre frequentador está sempre a examinar a língua ao

Crispim – Amigo de escola de Teodorico, comercial. No final do romance é chamado

comportamento homossexual durante a vida no internato. Acaba Teodorico. Tem uma irmã solteirona com quem Teodorico se casa.

Topsius – É o colega de viagem de Teodorico quando ambos viajam para a Terra Santa. Doutor, pesquisador, ele sabe tudo sobre aquela região.

indivíduo espigado, magríssimo e pernudo,

manuscritos”. Tinha o nariz agudo e pensativo e usava óculos de ouro

patriótico, considerava a Alemanha a “mãe espiritual dos povos”. Apenas seu pigarro e a mania de usar a escova de dentes de Teodorico, des

É uma personagem muito útil à narrativa já que é através dos seus “conhecimentos” que o autor pode verter para o romance referências históricas, geográficas e científicas

texto – que de outra forma dificilmente teriam oportunidade de serem passadas a escrito.

Com a sua vasta cultura, funciona muitas vezes como um guia cultural no oriente. Provavelmente, Eça cria esta personagem como a intenção de arranjar um enunciador para a muitas notas que o autor tin sobre o oriente, nomeadamente Jerusalém, compiladas aquando da sua viagem à inauguração do Canal do Suez.

Vicência – Criada de Titi; Teodorico gosta de seus braços gordos e branquinhos. Gostava também de seus cuidados e carinhos. Primeira paixão de Teo

Patrocínio das Neves – Para ela, tudo o que diz respeito a sex

“carão chupado e esverdinhado”, mãos encarquilhadas e óculos escurecidos

Mantém em casa um oratório que possui um altar; gosta da companhia de para o jantar. Dona de uma imensa fortuna, usava isto como

controlar e dominar por completo o seu sobrinho (Teodorico) e todos aqueles que a orbitavam.

No final do romance parece evidenciar um encantamento estranho por um padre muito magro, de o Padre Negrão.

Amante de Teodorico. Teodorico apaixona-se por ela; Adélia, no entanto, é uma que acaba desprezando o protagonista por causa da sua obediência aos horários estipulados

ue pouco consegue obter financeiramente; troca-o por outro amante que pode dar se amante do Padre Negrão, que recebera grande

adre, procurador de D.ª Patrocínio das Neves, vem sempre jantar com ela. Titi confia Já idoso, sorridente, simpático e nédio. Também ele vai herdar parte dos bens da Titi.

frequentador dos jantares oferecidos por Titi. Triste, tem mania de doença e espelho. Moreno, triste. Herdeiro de parte dos bens da Titi.

Amigo de escola de Teodorico, filho do dono da firma Teles, Crispim & C hamado, ironicamente, "a firma". Tinha cabelos compridos e louros comportamento homossexual durante a vida no internato. Acaba por se tornar

em uma irmã solteirona com quem Teodorico se casa.

colega de viagem de Teodorico quando ambos viajam para a Terra Santa. Doutor, pesquisador, ele sabe tudo sobre aquela região. Alemão, formado pela Universidade de Bonn. Era um indivíduo espigado, magríssimo e pernudo, "com uma rabona curta de lustrina, en

. Tinha o nariz agudo e pensativo e usava óculos de ouro equilibrados

patriótico, considerava a Alemanha a “mãe espiritual dos povos”. Apenas seu pigarro e a mania de usar a escova de dentes de Teodorico, desagradavam este último.

É uma personagem muito útil à narrativa já que é através dos seus “conhecimentos” que o autor pode verter para o romance referências históricas, geográficas e científicas – enriquecendo profundamente o

cilmente teriam oportunidade de serem passadas a escrito.

Com a sua vasta cultura, funciona muitas vezes como um guia cultural no oriente. Provavelmente, Eça cria esta personagem como a intenção de arranjar um enunciador para a muitas notas que o autor tin sobre o oriente, nomeadamente Jerusalém, compiladas aquando da sua viagem à inauguração do Canal do

riada de Titi; Teodorico gosta de seus braços gordos e branquinhos. Gostava também Primeira paixão de Teodorico.

o é pecado. Muito alta, e óculos escurecidos é uma beata oratório que possui um altar; gosta da companhia de Dona de uma imensa fortuna, usava isto como forma de controlar e dominar por completo o seu sobrinho (Teodorico) e todos aqueles que a orbitavam.

No final do romance parece evidenciar um encantamento estranho por um padre muito magro, de

se por ela; Adélia, no entanto, é uma jovem sua obediência aos horários estipulados o por outro amante que pode dar-lhe mais grande parte da herança da

vem sempre jantar com ela. Titi confia Também ele vai herdar parte dos bens da Titi.

dos jantares oferecidos por Titi. Triste, tem mania de doença e Herdeiro de parte dos bens da Titi.

ilho do dono da firma Teles, Crispim & C.

ia

, rica casa cabelos compridos e louros e um por se tornar patrão e cunhado de

colega de viagem de Teodorico quando ambos viajam para a Terra Santa. Doutor, Alemão, formado pela Universidade de Bonn. Era um com uma rabona curta de lustrina, enchumaçada de equilibrados na ponta do nariz. Era patriótico, considerava a Alemanha a “mãe espiritual dos povos”. Apenas seu pigarro e a mania de usar a

É uma personagem muito útil à narrativa já que é através dos seus “conhecimentos” que o autor pode enriquecendo profundamente o cilmente teriam oportunidade de serem passadas a escrito.

Com a sua vasta cultura, funciona muitas vezes como um guia cultural no oriente. Provavelmente, Eça cria esta personagem como a intenção de arranjar um enunciador para a muitas notas que o autor tinha sobre o oriente, nomeadamente Jerusalém, compiladas aquando da sua viagem à inauguração do Canal do

riada de Titi; Teodorico gosta de seus braços gordos e branquinhos. Gostava também

(8)

Mary – Amante que Teodorico arranja e flores de cera”.

É “miss Mary”, a “doce Maricoquinhas” que oferece a Teodorico o embrulho em “papel pardo”, atado por “nastro vermelho” onde vai a “camisa de rendas” e o ardente bilhetinho onde era recordado o “muito que gozámos”. É, portanto, a responsável pelo fa

de dormir e do bilhete que nela havia pregado.

A última notícia dela coloca-a

Margaride – Homem corpulento e solene, calvo e com

como carvão. Foi amigo do pai de Teodorico em Viana, onde foi delegado. Foi juiz em Mangualde, mas aposentou-se depois de receber uma grande herança de seu irmão Abel. Tinha um gosto mórbido de exagerar as desgraças alheias. É o Dr. Margaride que vai dar conhecimento da existência de um rival de Teodorico no processo de conquista (herança) da fortuna da Titi: Jesus Cristo!

Também o Dr. Margaride herda da herança da Titi.

G. Godinho – Comendador,

propriedades, imóveis, ações, bens e “contos do comendador G. Godinho”. Não parece ter outra função senão ser o dono de uma fortuna considerável que deixa a sua sobrinha D.ª Patrocínio das Neves.

Potte – Paulo Potte. Guia de Teodorico e Topsius em Jerusalém.

Potte que vai acompanhar os dois europeus durante toda a estadia em Jerusalém.

José Justino – Tabelião de Titi.

escuras e de reputação duvidosa.

Parece revelar alguma simpatia e até cumplicidade (discretíssima!) em relação a Teodorico. É esta personagem que vai dar a conhecer a Teodorico a notícia da morte da Titi e o conteúdo do testamento desta. Embora seja pouco, também herda

Alpedrinha – Português encontrado no Egito como carregador de malas.

triste e sóbrio, é este patrício que vai indicar “Miss Mary” a Teodorico.

Rufino da Assunção – Pai de Teodorico. Vivia em É

um artigo no “Farol” enaltecendo grandemente as virtudes de D. Gaspar de Lorena (bispo e ex

seu pai, o padre Rufino da Conceição). Por influência deste bispo, é nomeado diretor da Alfândega de Viana; muda-se para o Minho onde vai conhecer as sobrinhas do comendador G. Godinho, D.ª Rosa (futura mulher e mãe de Teodorico) e D.ª Patrocínio (a Titi). Morre de uma apoplexia

mascarado de urso, quando Teodorico tem 7 anos.

D. Rosa – Sobrinha do comendador G. Godinho, irmã de D.ª

trigueira, tinha um carácter romântico, tocava harpa, sabia de cor os versos de “Amor e Melancolia” (c rico arranja aquando da viagem à Terra Santa. Dona de uma loja de “luvas

É “miss Mary”, a “doce Maricoquinhas” que oferece a Teodorico o embrulho em “papel pardo”, atado amisa de rendas” e o ardente bilhetinho onde era recordado o “muito que responsável pelo facto de Titi ter deserdado o sobrinho, por conta de uma

bilhete que nela havia pregado.

a na companhia de um italiano, em Tebas.

Homem corpulento e solene, calvo e com sobrancelhas cerradas, densas e negras como carvão. Foi amigo do pai de Teodorico em Viana, onde foi delegado. Foi juiz em Mangualde, mas eber uma grande herança de seu irmão Abel. Tinha um gosto mórbido de É o Dr. Margaride que vai dar conhecimento da existência de um rival de Teodorico no processo de conquista (herança) da fortuna da Titi: Jesus Cristo!

m o Dr. Margaride herda da herança da Titi.

Comendador, tio de D.ª Rosa e de D.ª Maria do Patrocínio.

propriedades, imóveis, ações, bens e “contos do comendador G. Godinho”. Não parece ter outra função uma fortuna considerável que deixa a sua sobrinha D.ª Patrocínio das Neves.

Guia de Teodorico e Topsius em Jerusalém. É o festivo, risonho, alegre, jucundo Potte que vai acompanhar os dois europeus durante toda a estadia em Jerusalém.

Tabelião de Titi. Cara rapada, colarinhos enormes, de luneta.

Parece revelar alguma simpatia e até cumplicidade (discretíssima!) em relação a Teodorico. É esta personagem que vai dar a conhecer a Teodorico a notícia da morte da Titi e o conteúdo do testamento

pouco, também herda dois dos “contos de G. Godinho” tão apetecidos a Teodorico.

Português encontrado no Egito como carregador de malas. Moço magro e murcho, triste e sóbrio, é este patrício que vai indicar “Miss Mary” a Teodorico.

Pai de Teodorico. Vivia em Évora com a sua mãe (Filomena Raposo). Publica um artigo no “Farol” enaltecendo grandemente as virtudes de D. Gaspar de Lorena (bispo e ex

seu pai, o padre Rufino da Conceição). Por influência deste bispo, é nomeado diretor da Alfândega de se para o Minho onde vai conhecer as sobrinhas do comendador G. Godinho, D.ª Rosa (futura mulher e mãe de Teodorico) e D.ª Patrocínio (a Titi). Morre de uma apoplexia, na noite de entrudo e

quando Teodorico tem 7 anos.

brinha do comendador G. Godinho, irmã de D.ª Maria do

trigueira, tinha um carácter romântico, tocava harpa, sabia de cor os versos de “Amor e Melancolia” (c . Dona de uma loja de “luvas

É “miss Mary”, a “doce Maricoquinhas” que oferece a Teodorico o embrulho em “papel pardo”, atado amisa de rendas” e o ardente bilhetinho onde era recordado o “muito que to de Titi ter deserdado o sobrinho, por conta de uma camisa

cerradas, densas e negras como carvão. Foi amigo do pai de Teodorico em Viana, onde foi delegado. Foi juiz em Mangualde, mas eber uma grande herança de seu irmão Abel. Tinha um gosto mórbido de É o Dr. Margaride que vai dar conhecimento da existência de um rival de

tio de D.ª Rosa e de D.ª Maria do Patrocínio. O invejado dono das propriedades, imóveis, ações, bens e “contos do comendador G. Godinho”. Não parece ter outra função

uma fortuna considerável que deixa a sua sobrinha D.ª Patrocínio das Neves.

É o festivo, risonho, alegre, jucundo

Cara rapada, colarinhos enormes, de luneta. Frequentador de vielas

Parece revelar alguma simpatia e até cumplicidade (discretíssima!) em relação a Teodorico. É esta personagem que vai dar a conhecer a Teodorico a notícia da morte da Titi e o conteúdo do testamento

G. Godinho” tão apetecidos a Teodorico.

Moço magro e murcho,

vora com a sua mãe (Filomena Raposo). Publica um artigo no “Farol” enaltecendo grandemente as virtudes de D. Gaspar de Lorena (bispo e ex-colega do seu pai, o padre Rufino da Conceição). Por influência deste bispo, é nomeado diretor da Alfândega de se para o Minho onde vai conhecer as sobrinhas do comendador G. Godinho, D.ª Rosa (futura , na noite de entrudo e

Maria do Patrocínio. Gordinha e

trigueira, tinha um carácter romântico, tocava harpa, sabia de cor os versos de “Amor e Melancolia” (coleção

(9)

de poesias líricas de Feliciano de Castilho sequência do parto, num domingo de Aleluia.

3.2.5 Características do romance:

Há, no romance de Eça, uma visão pessimista de um Portugal demasiadamente conservador de que Titi é a principal representante; há também uma crítica

portuguesa, ressaltando-se aí os defeitos do clero, o que já fora ant

Amaro. Desta vez, no entanto, a crítica é muito mais aguda e mostra as criaturas que fariam qualque por um pouco de dinheiro.

Principalmente neste romance o autor hostiliza os que ostentam o mundo de aparências; a própria Patrocínio, tão beata e tão piedosa, mas que, por discordar do modo de viver de um sobrinho "pecador', deixa-o morrer doente, sem lhe atender

F

http://www.slideshare.net/dianamendes/portugus

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analis http://www.resumosdelivros.com.br/e/eca

http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_1009.html http://vestibular.uol.com.br/resumos

http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/reliquia_resumo.html http://www.sosestudante.com/resumos

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_reliquia http://aminhaestante.blogspot.pt/2010/11/reliquia

de poesias líricas de Feliciano de Castilho) e gostava de passear pelo campo. Mãe de Teodorico, morre na sequência do parto, num domingo de Aleluia.

Características do romance:

uma visão pessimista de um Portugal demasiadamente conservador de que Titi é a principal representante; há também uma crítica ferina, contundente e cruel desta mesma sociedade

se aí os defeitos do clero, o que já fora anteriormente feito em

. Desta vez, no entanto, a crítica é muito mais aguda e mostra as criaturas que fariam qualque

Principalmente neste romance o autor hostiliza os que ostentam o mundo de aparências; a própria Patrocínio, tão beata e tão piedosa, mas que, por discordar do modo de viver de um sobrinho "pecador',

te, sem lhe atender os pedidos.

F ONTES CONSULTADAS

http://www.slideshare.net/dianamendes/portugus-3473265

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_reliquia http://www.resumosdelivros.com.br/e/eca-de-queiroz/a-reliquia/

r.com.br/resumos/ver_resumo_c_1009.html http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/a-reliquia.jhtm

http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/reliquia_resumo.html http://www.sosestudante.com/resumos-a/a-reliquia-eca-de-queiroz.html

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_reliquia http://aminhaestante.blogspot.pt/2010/11/reliquia-eca-de-queiros.html

Mãe de Teodorico, morre na

uma visão pessimista de um Portugal demasiadamente conservador de que ferina, contundente e cruel desta mesma sociedade eriormente feito em O Crime do Padre . Desta vez, no entanto, a crítica é muito mais aguda e mostra as criaturas que fariam qualquer coisa

Principalmente neste romance o autor hostiliza os que ostentam o mundo de aparências; a própria D.ª Patrocínio, tão beata e tão piedosa, mas que, por discordar do modo de viver de um sobrinho "pecador',

es_completas/a/a_reliquia

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_reliquia

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