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Academic year: 2021

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como Técnica de Orientação

MARIET A LEITE

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Entre as técnicas de orientação mais amplamente utilr- zadas está, sem dúvida, a entrevista. Nenhuma, entre- tanto, mais superficialmente tomada, aplicada e julgada quer em sua significação, quer em seus resultados. Pre- valece a idéia de considerá-la uma arte, bem manejada pelos que têm o poder de provocar uma longa e animada C'onversa. CHARLES NAHouM, no entanto, afirma: "'Ao invés de ser um artista, ao qual com excessiva facilidade é comparado, o entrevistador é um profissional exigente para consigo mesmo. A arte lhe será dada como comple- mento". Convém, pois, que estudemos a técnica da entre- vista para bem manejá-la como instrumento útil no al- cance dos objetivos de investigar, informar, motivar e influir - que configuram a tarefa do orientador educa- cional.

Em síntese, compete ao orientador educacional ajudar o aluno a C'rescer psicologicamente. E o crescimento psí- quico, assim como o físico, vem de dentro do ser em desenvolvimento e traz a marca de sua individualidade.

Cada um, premido pela necessidade de afirmação, toma os tipos de comportamento mais de acôrdo com sua base temperamental e vai, assim, estruturando e reestruturan- do, a cada passo, o seu caráter. Incorpora normas de con- duta que lhe sejam válidas e elimina aquelas cujas con-

* MARIETA LEITE - Ex-Psicóloga do Inst. de Seleção e Orientação Profis.

sional (ISOP)

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seqüências lhe sejam demasiadamente penosas no sentido prático ou afetivo.

Cabe, aqui, meditar sôbre a teoria do caráter, de ADLER, na interpretação sumarizada de BERNSTEIN. - A carac!.

terologia adleriana se configura pelos seguintes princípios:

a) o princípio da precocidade do caráter; b) o teleoló- gico; c) o da unidade; d) o da identidade (fidelidade a si mesmo); e) o social; f) o da originalidade; g) o auto- criador (o caráter não está determinado pelo orgânico nem pela herança psíquica nem por um determinismo psíquico ou social). Desta meditação, pelo menos duas conclusões se impõem:

1 - agindo sôbre a infância e a adolescência é que a educação coopera na formação do caráter individual.

2 - só o fará, efetivamente, na medida em que souber criar situações psicológicas favoráveis ao seu desenvolvimento.

o

orientador tem, na realidade da situação psico-social da entrevista, a sua técnica de trabalho por excelência. É im- perativo somá-la fina e segura. E isto pode-se aprender e ensinar. Aprender a entrevistar? Sim; aprender no ver- dadeiro sentido da palavra: conquistar o seu domínio através do estudo teórico, da prática e da introspecção.

Para uma tomada de atitude convém ao orientador (edu- cacional ou profissional) conhecer as características bási- cas (e extremas) dos dois tipos conceituais de entrevista usados por psicólogos e psicoterapeutas: a entrevista de atitude não diretiva e a de atitude diretiva.

A atitude não diretiva segue a filosofia de CARL ROGERS, seu criador: respeito absoluto à individualidade. Baseia-se no princípio de que o indivíduo, sendo o único respon- sável pelo seu próprio destino, tem o direito de escolher a solução para os seus problemas e dificuldades - inde- pendente da escolha do entrevistador.

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Assim, o psicólogo abstém-se de investir-se de padrões e valores. A atitude empática e a relação psicológica efetiva mantidas durante a entrevista (ou entrevistas) visam a levar o entrevistado à livre expressão de sentimentos, à tomada de consciência dêles e de seu comportamento e a encará-los de maneira construtiva e responsável - o que lhe permite evoluir para a integração, a unificação e a maturidade.

A atividade maior que o psicólogo se permite é a de, às vêzes repetir a verbalização do indivíduo, ajudando-o a configurar objetivamente seu próprio padrão de atitudes.

Não investiga, não interpreta, não julga, não aconselha.

ROGERS e seus seguidores defendeu o uso da atitude não diretiva como a mais útil, mas só para as pessoas essen- cialmente normais, que tenha, integridade de personali- dade suficiente para resolver suas dificuldades de ajus- tamento com um mínimo de auxílio - como, também, para aquelas pessoas prêsas de situações neuróticas pro- fundas OU psicoses sérias. O psicólogo-entrevistador será, então, um especialista em criar situações de relação psi-

cológica num clima de segurança e compreensão onde possam libertar-se as fôrças de desenvolvimento do indi- víduo. E a entrevista, o momento favorável para isso.

A atitude diretiva marcada situa-se no extremo oposto.

Baseia-se na idéia de THORNE de que "a necessidade de direção que um indivíduo manifesta está em relação in- versa com sua capacidade de dirigir-se, efetivamente por si mesmo". Assim, atribui ao entrevistador autoridade para fazer sugestões positivas e impulsionar o indivíduo a determinadas ações e formas de conduta, fornecendo-lhe informações e esclarecimentos necessários. O entrevista- dor está como que investido dos fins a serem atingidos e compete-lhe, segundo WOLBERG, dissecar e desarmar a personalidade para reconstruí-la e re-sintetizá-Ia em novos moldes, isto é, frente a um sistema de valores por êle representado.

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Para atingir tais fins tem o direito de usar técnicas co- nexas, entre as quais uma ampla investigação sôbre o passado, o presente e as capacidades de indivíduo. Inter- pretar e julgar os dados investigados. Traçar planos e apontar meios para sua realização. Como base de tra- balho, deve lançar mão de entrevistas estruturadas, de questionários escritos, de resultados de testes e provas.

A consideração dêsses dois conceitos de entrevista é útil ao orientador. Ambos os tipos têm limitações, ambos têm pontos válidos.

Contràriamente ao que se pensa nos meios educacionais, a atitude não diretiva é mais utilmente aplicável nas en- trevistas de orientação educacional comum, pois, segundo

WOLBERG, "os métodos não diretivos são mais úteis aos indivíduos com estrutura de personalidade relativamente sadia que requerem ajuda ao esclarecimento de suas pró- prias idéias sôbre dificuldades da vida corrente ou de in- decisões situacionais. São definitivamente menos efetivas

nos problemas emocionais sérios ... " Obviamente, a pri- meira situação é mais encontradiça nos meios escolares;

a segunda, nas clínicas psicológicas.

Sua limitação, a nosso ver, está na excessiva confiança que deposita no indivíduo, na sua capacidade de transformar, com seus próprios e únic'os recursos, sentimentos e atitu- des - às vêzes em condições ambienciais desfavoráveis.

A atitude marcadamente diretiva, por sua vez, tende a tornar o indivíduo demasiadamente dependente do entre- vistador de quem passa a esperar solução para suas difi- culdades, fugindo à responsabilidade de resolvê-las por si mesmo, o que impede seu desenvolvimento para a matu- ridade emocional e, conseqüentemente, para uma tomada de posição consciente e responsável dentro do grupo (es- colar, social ou profissional).

Está visto, pois, que a entrevista com fins educacionais há de estruturar-se com elementos dos dois tipos conceituais e de ser flexível em sua aplicação. Se de um lado visa

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a influir e a motivar com finalidade determinada, de outro compete-lhe reconhecer que em última análise, o indiví- duo só pode crescer uma linha de individualidade que lhe é própria e só pode transformar-se criando ou recriando, internamente, padrões de conduta.

Em suma, a entrevista de orientação deve manter as ca- racterísticas gerais de uma situação psico-social. O entre- vistador-orientador (ou consultivo) terá de estruturar a relação psicológica de tal modo que ofereça ao aluno se- gurança e bjetividade para o que hão de concorrer a liber- dade de expressão do entrevistado e frente a ela, a atitudo de compreensão empática do entrevistador. Não valem imposições, mais são eficazes as sugestões positivas feitas após uma investigação ampla e sistemática.

Assim, cabem as duas atitudes nas entrevistas de orien- tação. Sua dosagem de mais ou menos diretivas ou não diretivas fica ao critério do entrevistador. Depende de sua experiência, de seu preparo geral, de seus objetivos em cada caso. É não esquecer-se de que a entrevista é uma situação psico-social de que o aluno é o centro e objeto de interêsse, pois:

a - no aluno estão as fontes de motivação que o educador tem de encontrar;

b - é o aluno que precisa de auxílio para crescer psiquicamente.

Tudo o que, cum tal finalidade puder ser feito, é válido investigar, informar, esclarecer, sugerir. É preciso dar-lhe ajuda psicológica; aconselhá-lo; levá-lo a adotar decisões adequadas; traçar com êle um plano de ação que facilite sua adaptação ao meio.

Só não vale impor. E só os psicólogos e educadores inex- perientes ainda o fazem e acreditam na sua eficácia.

Nas entrevistas de orientação - lembramos - também não valem as improvisações.

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