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A descoberta do mundo

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Academic year: 2022

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Texto

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UNIDADE: ________________

DATA: 04 / 05 / 2016

I ETAPA – AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA – 9.º ANO/EF

ALUNO(A): N.º: TURMA:

PROFESSOR(A): VALOR: 8,0 MÉDIA: 4,8 RESULTADO: %

TEXTO I

A descoberta do mundo

Clarice Lispector

Disponível em: <http://verseando.com/blog/clarice-lispector-cronicas-chacrinha/>. Acesso em: 10 mar. 2016.

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá- la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.

Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20000413.htm>. Acesso em: 09 mar. 2016.

SOCIEDADE MINEIRA DE CULTURA Mantenedora da PUC Minas e do

COLÉGIO SANTA MARIA

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01. A locutora do TEXTO I expõe uma abordagem subjetiva, isto é, pessoal, sobre a língua portuguesa. Explique como é feita essa exposição.

02.

Assinale a alternativa que constitui uma interpretação aceitável do desejo da autora em

relação à língua portuguesa.

A) Clarice Lispector gostaria de dominar mais o idioma britânico para ter uma abordagem límpida em inglês.

B) A autora gostaria de dominar a língua portuguesa tanto quanto Camões a dominava.

C) Clarice Lispector não pretende dominar a língua portuguesa porque a considera muito complicada e sem maleabilidade.

D) Clarice Lispector está satisfeita com o que sabe sobre língua portuguesa e não deseja aprofundar os conhecimentos.

E) A autora gostaria de compreender e dominar totalmente e cada vez mais a língua portuguesa.

TEXTO II

O dicionário

Era uma vez um tanoeiro, demagogo, chamado Bernardino, o qual em cosmografia professava a opinião de que este mundo é um imenso tonel de marmelada, e em política pedia o trono para a multidão.

O primeiro ato do novo rei foi abolir a tanoaria, indenizando os tanoeiros, prestes a derrubá-lo, com o título de Magníficos. O segundo foi declarar que, para maior lustre da pessoa e do cargo, passava a chamar- se, em vez de Bernardino, Bernardão.

Como era calvo desde verdes anos, decretou Bernardão que todos os seus súbtidos fossem igualmente calvos, ou por natureza ou por navalha, e fundou esse ato em uma razão de ordem política, a saber, que a unidade moral do Estado pedia a conformidade exterior das cabeças. Outro ato em que revelou igual sabedoria, foi o que ordenou que todos os sapatos do pé esquerdo tivessem um pequeno talho no lugar correspondente ao dedo mínimo, dando assim aos seus súbditos o ensejo de se parecerem com ele, que padecia de um calo. O uso dos óculos em todo o reino não se explica de outro modo, senão por oftalmia que afligiu Bernardão, logo no segundo ano do reinado. A doença levou-lhe um olho, e foi aqui que se revelou a vocação poética de Bernardão, porque, tendo-lhe dito um dos seus dous ministros, chamado Alfa, que a perda de um olho o fazia igual a Aníbal, — comparação que o lisonjeou muito, — segundo o ministro, Ômega, deu um passo adiante, e achou-o superior a Homero, que perdera ambos os olhos. Esta cortesia foi uma revelação; e como isto prende com o casamento,vamos ao casamento.

Tratava-se, em verdade, de assegurar a dinastia dos Tanoarius. Não faltavam noivas ao novo rei, mas nenhuma lhe agradou tanto como a moça Estrelada, bela, rica e ilustre...

Bernardão ofereceu-lhe as cousas mais suntuosas e raras. Estrelada, porém, resistia à sedução.

Não resistiu muito tempo, mas também não cedeu tudo. Como entre os seus candidatos preferia

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que Homero, e fizera a unidade dos pés e das cabeças. Concorreram ao certâmen, que foi anônimo e secreto, vinte pessoas. Um dos madrigais foi julgado superior aos outros todos; era justamente o do poeta amado.

Bernardão anulou por um decreto o concurso, e mandou abrir outro; mas então, por uma inspiração de insigne maquiavelismo, ordenou que não se empregassem palavras que tivessem menos de trezentos anos de idade. Nenhum dos concorrentes estudara os clássicos: era o meio provável de os vencer. Não venceu ainda assim porque o poeta amado leu à pressa o que pôde, e o seu madrigal foi outra vez o melhor.

Bernardão anulou esse segundo concurso; e, vendo que no madrigal vencedor as locuções antigas davam singular graça aos versos, decretou que só se empregassem as modernas e particularmente as da moda.

Terceiro concurso, e terceira vitória do poeta amado.

Bernardão, furioso, abriu-se com os dous ministros, pedindo-lhes um remédio pronto e enérgico, porque, se não ganhasse a mão de Estrelada, mandaria cortar trezentas mil cabeças. Os dous, tendo consultado algum tempo, voltaram com este alvitre:

— Nós, Alfa e Ômega, estamos designados pelos nossos nomes para as cousas que respeitam à linguagem. A nossa ideia é que Vossa Sublimidade mande recolher todos os dicionários e nos encarregue de compor um vocabulário novo, que lhe dará a vitória.

Bernardão assim fez, e os dous meteram-se em casa durante três meses, findos os quais depositaram nas augustas mãos a obra acabada, um livro a que chamaram Dicionário de Babel, porque era realmente a confusão das letras. Nenhuma locução se parecia com a do idioma falado; as consoantes trepavam nas consoantes, as vogais diluíam-se nas vogais, palavras de duas sílabas tinham agora sete e oito, e vice-versa, tudo trocado, misturado, nenhuma energia, nenhuma graça, uma língua de cacos e trapos.

— Obrigue Vossa Sublimidade esta língua por um decreto, e está tudo feito. Bernardão concedeu um abraço e uma pensão a ambos, decretou o vocabulário, e declarou que ia fazer-se o concurso definitivo para obter a mão da bela Estrelada. A confusão passou do dicionário aos espíritos; toda a gente andava atônita.

Os farsolas cumprimentavam-se na rua pela novas locuções: diziam, por exemplo, em vez de: Bom dia, como passou? — Pflerrgpxx, rouph, aa? A própria dama, temendo que o poeta amado perdesse afinal a campanha, propôs-lhe que fugissem; ele, porém, respondeu que ia ver primeiro se podia fazer alguma cousa. Deram noventa dias para o novo concurso e recolheram-se vinte madrigais. O melhor deles, apesar da língua bárbara, foi o do poeta amado. Bernardão, alucinado, mandou cortar as mãos aos dois ministros e foi a única vingança. Estrelada era tão admiravelmente bela, que ele não se atreveu a magoá-la, e cedeu.

Desgostoso, encerrou-se oito dias na biblioteca, lendo, passeando ou meditando. Parece que a última cousa que leu foi uma sátira do poeta Garção, e especialmente estes versos, que pareciam feitos de encomenda:

O raro Apeles

Rubens e Rafael, inimitáveis Não se fizeram pela cor das tintas;

A mistura elegante os fez eternos.

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Cinco Histórias do Bruxo do Cosme Velho. 6. ed. Porto Alegre: Projeto, 2013. (Adaptado).

Tanoeiro: aquele que faz e conserta pipas, barris, tinas...

Quem se comporta de maneira interesseira e ambiciosa, visando a manipulação dos interesses populares, por meio do discurso.

Considere o TEXTO II e o estudo da obra Cinco histórias do Bruxo do Cosme Velho, realizado em sala

de aula, e faça as questões 03 e 04.

03. “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve.”

No TEXTO II, o Dicionário de Babel exemplifica ou contradiz essa afirmação? Por quê?

04. Na obra,

Cinco Histórias do Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis venceu esse desafio?

Justifique sua resposta com argumentos consistentes.

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05. Machado de Assis é chamado de o “Bruxo do Cosme Velho” por sua habilidade com as palavras.

No conto “O dicionário”,

A) Machado de Assis sugere que, para agradar uma noiva, é importante desconstruir os significados das palavras.

B) Machado mostra velada discriminação política refletida na procura de casamentos com europeias.

C) Machado de Assis mostra como aqueles que estão no poder dispõem das leis de acordo com suas vontades e interesses.

D) o Bruxo recorre à tradição da língua portuguesa para criar um dicionário.

E) o Bruxo do Cosme Velho revela um pacto de atitudes e valores mantidos por meio de vontades e lições literárias.

06. Recentemente, foi publicada uma notícia relativa aos direitos sobre a música “Parabéns a Você”, que não é brasileira. Fato que deu origem a uma questão:

Coloca-se ou não se coloca crase no “a” que antecede “você”?

Jornal Folha de S. Paulo, 11 fev. 2016.

Marque

a opção que esclarece CORRETAMENTE essa dúvida.

A) Emprega-se crase antes de “você” porque trata-se de uma música internacional e “você” é um pronome de tratamento.

B) Não se pode empregar o indicador de crase no “a” porque o termo “você” dispensa o artigo feminino.

C) Emprega-se o acento indicador de crase antes de “você” pelo mesmo princípio que rege a frase “Fumar faz mal à saúde”.

D) Emprega-se o sinal indicador de crase antes do termo “você” porque é indispensável o artigo feminino.

E) Não se emprega crase antes de “você” quando a fusão funciona como marcador de gênero masculino ou feminino.

07.

Leia os cartazes.

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Em qual dos exemplos a concordância nominal não corresponde à norma-padrão da língua?

Justifique

.

08.

Leia os seguintes enunciados.

Os verbos concordam com o sujeito em número e pessoa, segundo o princípio básico da concordância verbal na norma-padrão da língua.

Um dos enunciados acima foi alterado.

Transcreva

-o,

propondo

a intervenção necessária de modo a atender ao princípio básico da concordância verbal, conforme a norma-padrão.

MRFGL/VAMR/gmf

• Dengue no Brasil

Entrega de Kits de diagnóstico para dengue atrasa em meio ao avanço da doença

• Testes enviados pela União para diagnosticar doença chega aos Estados Unidos com atraso e em quantidade insuficiente.

Jornal Folha de S. Paulo, 09 mar. 2016 (Adaptado).

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