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LIÇÃO 13-2 TRIMESTRE DE 2021 O DEUS UNO E TRINO

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Academic year: 2022

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1 LIÇÃO 13 - 2° TRIMESTRE DE 2021

O DEUS UNO E TRINO

TEXTO ÁUREO: A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém. 2Co 13.14.

INTRODUÇÃO

Tendo concluído parte do estudo acerca dos atributos de Deus temos a oportunidade, nesta lição, de refletir um pouco sobre este assunto simples e complexo ao mesmo tempo, por se tratar de um “mistério”

contido nas Escrituras, com alguns pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição, 2Pe 3.16. Deus é uma pessoa, Jesus Cristo é uma pessoa, o Espírito Santo é uma pessoa, subsistentes em um só Deus. Cremos na existência de um só Deus eternamente subsistente em três Pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo (Gn 1.26 comparar com Mt 28.19).

Não somos triteístas, somos monoteístas (Is 43.10; 44.6 comparar com Ap 1.17).

Um Deus trinitário

Gn 1.26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...

Comparar com:

Mt 28.19 - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

Uma crença monoteísta

Is 43.10 - Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

Comparar com:

Ap 1.17 - E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me:

Não temas; Eu sou o primeiro e o último;

Este será um assunto simples se Deus abrir nossos olhos para este entendimento, todavia, será extremamente complexo se ficarmos nos debatendo para tentar entender por conta própria, ou apenas através da teologia, filosofia ou outra ciência. Strong escreveu: A razão nos mostra a Unidade de Deus; apenas a revelação nos mostra a Trindade de Deus. É nesta dinâmica divina que estaremos pensando e tecendo comentários, com o fim de ampliarmos o nosso conhecimento no “SER” de Deus. É preciso dedicar um esforço especial para entender a questão da Trindade, o modo como esta visão foi construída nos períodos cruciais de fundamentação da fé e da teologia cristã e a maneira como essa doutrina é entendida e explicada na atualidade. O grau de dificuldade para o entendimento deste assunto, as vezes, é tão grande que ele tem sido motivo de ataques por parte de outras religiões ou por parte de algumas formas religiosas, que mesmo identificando-se como cristãs, desviaram-se do cristianismo original.

Mas esta dificuldade não pode diminuir o nosso interesse em conhecer e prosseguir conhecendo ao Senhor (Os 6.3), e justamente porque excede o nosso entendimento, merece ser estudado. Nenhuma obra séria vai gabar-se de resolver todos os problemas relativos a esse assunto, mas o fato de tratá-lo com a seriedade que é necessária já é um passo importante. Como afirma Myer Pearlman: “Será tudo isso difícil de

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2 compreender? Como poderia ser de outra maneira visto que estamos tentando explicar a vida íntima do Deus Todo-Poderoso!”1.

No que acreditamos? Mesmo dentro de nossas igrejas identificamos pessoas que acreditam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três deuses separados, e por esse motivo, teologicamente, são denominados de

“triteístas”. Há os que creem que apenas o Pai é Deus, enquanto Jesus é considerado como um homem especial que revela o Pai, e o Espírito Santo é um poder, uma força. Tanto uma posição quanto outra é um desvio sério, pois a primeira está propagando um politeísmo e com isso aproxima-se das religiões que creem em mais de um deus e a segunda reproduz uma linha de pensamento muito próxima ao do judaísmo e do islamismo: o Pai é Deus e Jesus é o seu profeta, enquanto o Espírito Santo fica praticamente de fora das discussões sobre a divindade do ser eterno2.

Já afirmamos que somos teístas e o que isto significa. Segundo Henry Thiessen3, não existe um acordo sobre o uso da palavra “teísmo”, pois ela é utilizada em pelo menos quatro sentidos diferentes, na sequência ele aponta para os usos mais comuns desse termo:

1. A crença em um poder ou poderes sobrenaturais, em um agente ou agentes espirituais, em um ou muitos deuses. Esse ponto de vista inclui todas as crenças num deus ou deuses qualquer que seja sua espécie ou número e é contrário apenas ao ateísmo.

2. A crença na existência de apenas um Deus quer pessoal ou impessoal, quer presentemente ativo no universo ou não. Este ponto de vista inclui o monoteísmo, panteísmo e deísmo e se opõe ao ateísmo, politeísmo e henoteísmo.

3. A crença em um Deus pessoal que é tanto transcendente quanto imanente e existe em uma só pessoa. Esta é a concepção judaica, maometana e unitária de Deus, e se opõe ao ateísmo, politeísmo, panteísmo e deísmo.

4. A crença em um Deus pessoal, tanto imanente quanto transcendente, que existe em três pessoas distintas, conhecidas respectivamente como Pai, Filho e Espírito Santo. Esta é posição do Teísmo cristão e se opõe a todos os outros conceitos mencionados. É uma forma de monoteísmo, só que não do tipo unitário e sim do trinitário. O cristão afirma que, como todas as outras crenças mencionadas possuem uma concepção falsa de Deus, seu ponto de vista é o único realmente teísta.

De modo geral os autores concordam que a doutrina da Trindade depende decisivamente da revelação.

Sem a revelação o que se tem é um emaranhado de teorias humanas, que se perdem em argumentos e contra- argumentos que, nem sempre, levam a Bíblia em consideração. A palavra “Trindade” não aparece no Novo Testamento, trata-se de um termo teológico, empregado por Teófilo de Antioquia, e também por Tertuliano, que passou a ser usado a partir do segundo século. As palavras onisciente, onipresente e onipotente também não se encontram na Bíblia, mas o seu conceito sim. Myer Pearlman nos lembra que Júpiter já existia antes de receber este nome, assim também a doutrina da Trindade se encontra na Bíblia e sempre esteve lá, antes que fosse tecnicamente chamada de Trindade.

As escrituras ensinam que Deus é Um, e que além dele não existe outro Deus. Poderia surgir a pergunta:

“Como poderia Deus ter comunhão com alguém antes que existissem as criaturas finitas?” A respostas é que a Unidade Divina é uma Unidade composta, e que nesta unidade há realmente três Pessoas distintas, cada uma das quais é a Divindade, e que, no entanto, cada uma está sumamente consciente

1 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. 6ª Edição. São Paulo: Editora Vida, 1977, p. 51.

2 KEELEY, Robin. Fundamentos da Teologia Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2000, p. 109.

3 THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Batista Regular, 1997, p.23.

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3 das outras duas. Assim, vemos que havia comunhão antes que fossem criadas quaisquer criaturas finitas.

Portanto Deus nunca esteve só4.

Recordando as palavras do comentarista para finalizar esta introdução: “No Ser Supremo há uma só natureza, uma só essência, uma só substância, que subsiste nas três pessoas divinas.

Veja AJUDA EXTRA I, ao final da lição.

1. O DEUS PAI

Deus tem existência própria sem se dissociar da divindade. O que seria isto?

Tem uma frase no comentarista onde ele afirma que: “Trino: Que consta de três, um só nome para definir três coisas ou aspectos. Essa divisão é puramente didática, não implica a existência de uma divisão ontológica na natureza de Deus ou de uma divisão entre os seus atributos”. Pensemos nisto. A começar pela palavra “ontológica”, pouco comum no vocabulário de quem não está familiarizado com o vocabulário da filosofia e da teologia.

A palavra ontologia nos remete à Filosofia. Como uma definição geral pode-se dizer que ontologia é o ramo da filosofia que oferece noções a respeito da natureza do ser, da existência e da própria realidade. Ao

“pé da letra” ela significaria “estudo do ser”. Ontologia é, portanto, o ramo da filosofia que trata da investigação teórica das características fundamentais do ser. É a tentativa de definir o “ser” apresentando as características elementares de sua natureza, os fatos relativos a sua existência e a “realidade” pensada ou demonstrada a respeito deste “ser”. O “Ser de Deus” comporta sua unidade na trindade, e, sua trindade na unidade. Portanto, afirmar a existência de um Deus uno e trino resulta de uma constatação bíblica, todavia, dizer que Deus é Trino é apenas um modo de dizer, do mesmo modo que falamos que Ele tem diferentes atributos. Porque é assim. Mas, na verdade esta separação é tão somente para estudo porque, seu Ser sua natureza (essência, substância), bem como, seus atributos são indissociáveis. “Não implica em uma divisão ontológica”, está no sentido de “isto não quer dizer que o ser de Deus está dividido”.

Quando usamos a palavra DEUS ela tem, basicamente dois sentidos. Ela pode se referir a uma pessoa, que seria o Deus Pai, primeira pessoa da Trindade, ou ela pode estar se referindo a natureza divina, neste caso é uma referência à natureza de três pessoas. Daí a afirmativa de ser Ele: Uno e Trino. Falamos de uma divindade que coexistiu trinitariamente, por toda a eternidade, tendo a mesma substância, poder e glória iguais.

Esse mesmo Deus Triúno se revelou se manifestando na história do mundo, muito especialmente, para a salvação do ser humano.

Veja AJUDA EXTRA II, ao final da lição.

1.1. O Criador

Deus é o grande arquiteto do Universo, ninguém pode negar seu poder criador. Quando a palavra Elohim é utilizada no primeiro versículo da Bíblia já nos remete a pluralidade de pessoas na unidade do ser, porque o sujeito da frase no plural (Elohim = deuses) se faz acompanhar do verbo no singular (criou).

A lição nº 03 deste mesmo trimestre discorreu exatamente sobre este assunto, O Deus Criador. Na introdução do primeiro tópico escrevemos: Deus - o Deus de Abraão, Isaque e Jacó - o Deus da Bíblia Sagrada é o Criador de tudo o que existe. É nisto que cremos, pela fé. Entendemos que Deus criou o mundo, através de Sua soberana vontade e por seus eternos desígnios, isso porque acreditamos na existência de um Deus criador e que tudo que existe, seja no mundo visível ou invisível, é obra da Trindade.

4 PEARLMAN, Myer. Op. Cit. p. 51.

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4 Neste ponto gostaria que pensássemos que, ainda que Deus não esteja preocupado em provar sua existência, deixou, todavia, sua assinatura em todas as coisas cridas. O físico Adauto Lourenço e outros como o bioquímico Marcos Eberlin, que têm se dedicado ao estudo do Design Inteligente, para mostrar, cientificamente, o artista por trás da obra, escreveu que precisamos diferenciar o Deus da Bíblia de todos os demais deuses que nos são apresentados pelas criaturas humanas. Entre estes caracteres de diferenciação existe uma que é primordial, que é o fato do Deus da Bíblia ser triúno. E ele escreve:

Note que a Bíblia não é politeísta (muitos deuses). Ela é monoteísta (um só Deus).

Esta característica do Deus da Bíblia é peculiar: três em um!

Vejamos agora as características da natureza.

A natureza existe no tempo e no espaço.

O tempo existe na seguinte forma: passado, presente e futuro (três em um).

O espaço existe na seguinte forma: largura, altura e profundidade (três em um).

A natureza é constituída de matéria (átomos)

Os átomos existem na seguinte forma: prótons, nêutrons e elétrons (três em um).

Prótons e nêutrons existem na seguinte forma: três quarks (três em um).

As formas de vida se baseiam em informação genética. Esta informação genética aparece codificada no DNA através da sequencia de pequenas letras químicas (A – adenina; T – timina; C – citosina; G – guanina). Estas sequências são divididas naturalmente em códons. Cada códon possui três letras (três em um).

Apenas mais um exemplo para você pensar: quantas pernas um banquinho precisaria ter para ser estável? Três.

Poderíamos continuar mencionando muitos outros exemplos encontrados na natureza, mostrando que ela é base três (três em um)5.

Sim, os exemplos continuam, tudo o que conhecemos e experimentamos está relacionado com o tempo, o espaço e a matéria; a água é encontrada da natureza em três estados: sólido, líquido e gasoso, no entanto não são três águas e sim uma única água. As camadas da terra são crosta terrestre, manto e núcleo. O ser humano é dividido em três partes, cabeça, tronco e membros, como também em corpo, alma e espírito. Também as camadas da nossa pele são: epiderme, derme e hipoderme, e, o sangue humano, tirando o plasma que é o líquido carreador, é composto de plaquetas, leucócitos e hemácias (três em um). É a assinatura de Deus impressa por todos os lados. Matematicamente 1+ 1+1 = 3, o que seria o caso do somatório no politeísmo, que é a soma de três deuses, mas o Deus das Escrituras Sagradas se revela em um sistema base três que matematicamente falando seria 13 = 1, ou seja, 1 x 1 x 1 = 1 sendo esta a multiplicidade do Deus da Bíblia.

Isto porque, conforme explica Lourenço, “Imagine um cubo cujo valor de cada lado (aresta) seja 1. Para que possamos determinar a totalidade desse cubo, nós não somamos as medidas dos três lados, 1+ 1+1 = 3! Nós multiplicamos o valor dos três lados para obter o resultado do seu volume, o qual representa a totalidade do cubo: 1 x 1 x 1 = 1”6. O mais interessante é que não para por aí, vai puxando o fio da meada que vai chegar lá no Criador.

Chamamos ao Deus Pai de Criador porque se observarmos biblicamente, que há como se fosse uma divisão de tarefas para cada membro da Trindade: primeiro o Pai planejou, ele é o projetista, o arquiteto chefe, então ele disse: Haja e ouve, mas Jesus é a Palavra, ele é o verbo de Deus, por isto se diz que o Filho estava presente na criação e sem ele nada do que foi feito se fez, Jo 1.3, executou o plano de redenção, deixando para ao Espírito Santo – o Senhor que dá a vida e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado - o trabalho de aplicar a regeneração e a santificação desta obra no coração do salvo. Daí a sequência didática: 1º – Pai, 2º – Filho e

5 LOURENÇO, Adauto. Gênesis 1 e 2: a mão de Deus na criação. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2011, p. 60-61.

6 Idem, p. 82.

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5 3º – Espírito Santo. É um grande erro pensar que esta sequência prova algum tipo de desigualdade entre os membros da Trindade. É puramente uma questão funcional e não de natureza7.

Quando a Bíblia afirma que Deus criou, ela chama nossa atenção para pensar, primeiramente, no Deus Pai, a primeira1ª pessoa da trindade, como Criador. O Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo, Is 57.15. Aquele que do nada faz todas as coisas. O livro de Apocalipse usa o glorioso simbolismo de Deus em um trono, em várias passagens, para mostra-Lo como a fonte de toda autoridade. Inclusive o capítulo 4, foi escrito para detalhar a grandeza e majestade do trono divino e de quem está assentado sobre ele. Ao ascender aos céus, após sua ressurreição o Senhor Jesus tomou o seu lugar à destra do Pai nas alturas celestes, no dizer de Cl 3.1 - Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.

1.2. O Sustentador

Deus é o sustentador e o controlador supremo de tudo o que existe, mantendo tudo em pleno funcionamento. Se Deus se ausentasse por apenas um fração de tempo, se deixasse de levar adiante seu plano de manutenção da humanidade, a vida na terra pereceria. Imagine se Ele resolvesse fechar nosso suprimento de oxigênio, ou retirar por completo a camada de Ozônio, se retirasse as trancas dos mares, ou ainda o equilíbrio na cadeia alimentar, entre outros, o que acha que nos sucederia? Mas ele mantém seu compromisso e trata responsavelmente tudo o que criou. Sem Ele não somos nada, nem existiríamos, contudo, estamos certos de que não falhará, não mudará, de eternidade a eternidade Ele agirá como o Deus que era, é e sempre será.

Gn 8.22 - Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.

Jó 26.7-14 - O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada. Prende as águas nas suas nuvens, todavia a nuvem não se rasga debaixo delas. Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem. Marcou um limite sobre a superfície das águas em redor, até aos confins da luz e das trevas. As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça. Com a sua força fende o mar, e com o seu entendimento abate a soberba. Pelo seu Espírito ornou os céus; a sua mão formou a serpente enroscadiça [arisca, veloz]. Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?

Apesar de identificarmos, com clareza, declarações e dicas sobre verdades científicas na Palavra de Deus, podemos afirmar que as Escrituras não foram planejadas para nos ensinar a ciência física, conforme a concebemos, ainda que a Bíblia faça afirmações de cunho científico. Segundo escreveu Laurence A. Justice sobre o versículo, “O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada” (A citação seguinte, deste autor é longa, mas preferi preservar o original):

O que mantém a terra suspensa? O que a mantém em seu lugar no espaço? Os antigos gregos criam que a terra era mantida suspensa nas costas e ombros deum homem bem forte chamado Atlas. Atlas, assim pensava-se, ficava em pé na água, mas ninguém jamais disse o que é que havia debaixo da água o sustentando. A mitologia hindu diz que a terra apoia-se nas costas de um elefante de pé em cima de uma tartaruga! A ciência moderna descobriu que nenhum homem ou animal está segurando a terra, mas que é realmente a terra que está suspensa no espaço. Essa declaração, que Deus suspende a terra em cima do nada, soa espantosamente como ciência no século 21 d.C., não é? Jó diz que Deus suspende a terra em cima do nada - como uma bola de basquetebol no ar. Ele a suspende em cima do nada ou literalmente em cima do vazio, sem nada visível apoiando-a. Pelo poder do Deus onipotente a terra está

7 Idem.

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6 firmemente fixa no lugar. Podemos firmar os pés em cima da terra e confiar o peso de nossos corpos a algo que está suspenso em cima do nada! Vê-se a onipotência de Deus no fato científico declarado neste texto hoje! O homem por sua própria capacidade não consegue manter suspensa uma pena em cima de nada, mas Deus mantém suspenso o mundo inteiro em cima do nada! Deus suspendeu não só a terra, mas também os outros planetas, o sol e a lua em cima do nada! Deus suspendeu a terra no espaço e a preserva em sua órbita. A terra está suspensa pelo grande poder e providência de Deus. O apóstolo Paulo diz em Hebreus 1:3 que a terra e todas as coisas são sustentadas pela Palavra do poder de Deus.

Ele está falando de Cristo, Deus o Filho, aqui quando diz: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas”.

Paulo diz praticamente a mesma coisa em Colossenses 1:17 quando fala de Cristo e diz que “…todas as coisas subsistem por Ele” ou são mantidas juntas por Ele. O texto que estamos examinando diz literalmente: “O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada”. Quanto Jó entendia disso? Será que essa declaração é exclusivamente inspiração de Deus? [...] Mas o que o homem nunca pode fazer, Deus faz todos os dias!8

Os versos 12 e 13 nos falam do mar, da soberba e agentes do mal. Pelos estudos inferimos que houve um tempo bíblico em que o mar aparece nas Escrituras como um símbolo do mal e do caos, pela sua força destruidora. No verso 13 onde aparece “a sua mão formou a serpente enroscadiça” trata-se de uma expressão com diferentes traduções em outras versões. Na NVI, NAA e Almeida Século XXI é, “a sua mão feriu”; na NTLH é, “a sua mão matou”, na ARA é, “a sua mão fere o dragão veloz”; e na King James está posto “com o toque de sua mão fere a poderosa e veloz serpente”. O livro de Jó possui uma linguagem altamente figurada, mas consegue com isto, expressar o poder ilimitado de Deus sobre toda criação em todas as suas variadas formas. tanto que o mar, a soberba, as forças espirituais da maldade são meras criaturas sob o controle do Criador.

Ao final traz um dos versículos mais impressionantes da Bíblia em sua descrição do poder de Deus. Jó afirma que, caso conhecêssemos de verdade o poder de Deus, saberíamos que aquilo que podemos observar da criação representa as orlas dos seus caminhos, o que seria somente um pouco. O que aconteceria conosco se na sua ira Ele nos arremessasse raios do Seu trovão? Subsistiríamos? Nós não entendemos. Somos pobres demais no entendimento e é muito pouco o que temos ouvido dele!

O Deus criador é também sustentador. Continua sustentando nossas frágeis vidas da mesma forma que sustenta a terra, o espaço sideral e tudo quanto existe.

Gn 48.15 - E abençoou a José, e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia.

Dt 8.3 - E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.

Ne 9.21 - De tal modo os sustentaste quarenta anos no deserto; nada lhes faltou; as suas roupas não se envelheceram, e os seus pés não se incharam.

Sl 3.5 - Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou.

Sl 66.9 - Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam abalados os nossos pés.

Sl 71.6 - Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe;

o meu louvor será para ti constantemente.

Is 41.10 - Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.

8 JUSTICE. Laurence A. Capítulo 6: A ciência no livro de Jó. Disponível em:

https://jephmeuspensamentos.wordpress.com/2013/09/13/ciencia-no-livro-de-jo-laurence-a-justice-jo-267/. Acesso em:

22/06/2021.

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7 Is 42.5 - Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz;

que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela.

At 17.25 - Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas.

1.3. O provedor

Aquele que cria e sustenta também provê o necessário para a subsistência de toda sua criação. Como vimos na lição 03, Yahweh Yireh - Iavé Proverá. Yavé cuidará, porque o Senhor é provedor. Largamente utilizado em nossos dias este é um nome de Deus que enfatiza suas provisões. Segundo escreveu Campos, esse é um dos nomes mais preciosos entre todos os nomes compostos das Escrituras9.

Gn 22.7-8 - Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos.

Gn 22.14 – E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

A providência divina, ainda que misteriosa, como no caso de José, nunca falha. Trata-se de um capítulo à parte na Teontologia (Estudo sobre o Deus Uno e Triúno). Conforme escreveu Strong: Providência “é a atuação contínua de Deus pela qual Ele faz todos os eventos do universo físico e moral cumprirem o desígnio para o qual Ele o criou”10. Assim como a Criação, conforme descrita na narrativa bíblica, explica a existência do Universo; o sustento divino, que seria a Sua preservação, explica a sua continuação; de igual modo a providência explica sua “evolução” (não em termos evolucionistas) como também o seu progresso. Seguindo ainda com o comentário de Strong:

Providência é a atenção de Deus concentrada em toda a parte. Seu cuidado é tanto microscópico quanto telescópico [...] Os problemas do tratamento providencial de Deus apenas são inteligíveis quando considerarmos que Cristo é o revelador de Deus e que Seu sofrimento pelo pecado abre-nos o coração de Deus. A história toda é a manifestação progressiva da santidade e do amor de Cristo e na cruz temos a chave que destrava o segredo do universo. Focalizando a cruz, cremos que ao Amor dirige tudo e que

“ [...] todas as coisas colabora para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28)11.

Jesus é a melhor e maior de todas as providências de Deus para a humanidade. Como a providência “é a atuação contínua de Deus pela qual Ele faz todos os eventos do universo físico e moral cumprirem o desígnio para o qual Ele o criou” (repito porque gostaria que decorássemos esta frase), foi desígnio de Deus que vindo a plenitude dos tempos, Ele nascesse de mulher, sob a lei, Gl 4.4. providenciando assim o nosso resgate, nos redimindo da condenação da morte

No subsídio para o professor, o comentarista fez referência a Teologia Sistemática de Stanley Horton, no artigo de autoria de Kerry D. McRoberts, nos chamando para uma aceitação reverente do que não é revelado nas Sagradas Escrituras por este nome “trindade”, mesmo antes de se perguntar a respeito de sua natureza, pois isto é o mais necessário, ou seja, como a trindade é um mistério devemos nos aproximar de Deus em

9 CAMPOS, Héber Carlos de. O Ser de Deus e os seus atributos. 1ª Edição. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 90.

10 STRONG. Augustus Hopkins. Teologia Sistemática: Edição Revisada e Ampliada. São Paulo: Hagnos, 2007, p. 727, v.1.

11 Idem, p. 728.

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8 reverência e santo temor, pois, “A glória ilimitada de Deus deve ser uma forma de nos conscientizar com respeito à nossa insignificância em contraste com aquEle que é ‘sublime e exaltado’ ”12.

A criação, sustentação e providência de todas as coisas, permanece como um mistério, que a mente humana não é capaz de entender plenamente e a ciência não explica. Apenas pela revelação de Deus vamos alcançando o entendimento mínimo de todas as coisas e aceitando, pela fé, o que Deus fez e faz, no eterno agora.

2. O DEUS FILHO

Entendemos as Escrituras como uma revelação progressiva, por isto mesmo o conceito de Trindade vai ganhar novos e expressivos contornos a partir da Jesus Cristo. O Novo Testamento nos fala mais claramente, sobre a Unidade na Trindade. Quando os Evangelhos nos revelam a pessoa e a natureza de Jesus como um ser divino/humano, podemos notar a sua preexistência junto com o Pai e o Espírito Santo, antes do princípio de todas as coisas, como um fato inequívoco na narrativa neotestamentária.

Fp 2.5-11 - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Cl 1.15,19 - O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse.

Hb 1.3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.

Até aqui estudamos Deus, o Pai, primeira pessoa da trindade, como criador, sustentador e provedor, estudaremos agora o Deus, Filho, segunda pessoa da trindade, como libertador, mediador e salvador.

O credo Atanasiano, citado pelo comentarista, está disponível na íntegra na ajuda extra ao final da lição. A leitura do primeiro capítulo do Evangelho de João é muito importante aqui.

2.1. O Libertador

Jesus liberta. Com Jesus aprendemos como agir face a esta demanda e como realizar o aconselhamento bíblico na libertação. O empenho produtivo nesta área irá promover a santificação da igreja em uma perspectiva fundamental e prática, garantindo ao corpo de Cristo uma “liberdade”, que somente é conseguida com a devida aplicação dos princípios da Palavra de Deus. Mas, antes é preciso ter um entendimento mais ampliado do que seja “libertação”. Conforme escreveu Marcos Borges:

A palavra “libertação” na cultura evangélica vem sendo, ao longo de sua história, associada restritamente ao conceito de expulsão de demônios. Porém, no padrão de aconselhamento, é fundamental distinguirmos a “expulsão de demônios” da “libertação”. Isto é muito claro no ministério

12 MCROBERTS, Kerry D. A Santíssima Trindade. In: HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal.

Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 159.

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9 de Jesus. Em muito episódios você observa Jesus expulsando diretamente os demônios de uma pessoa, mas em outros, a libertação ocorre sem nenhum tipo de expulsão13.

Acontece, as vezes, no desenvolvimento do ministério evangelístico, que a pessoa alcançada pela mensagem do Evangelho manifeste demônios, o que chamamos de possessão demoníaca. Quando o demônio é expulso a pessoa fica livre para fazer sua decisão por Jesus. Tendo tomado a atitude de entregar sua vida ao Senhor a pessoa experimenta o que chamamos de regeneração ou Novo Nascimento. Mas as questões relativas ao seu passado, são todas resolvidas? Em muitos casos, não. Existem causas que viabilizaram a exploração demoníaca que precisarão ser tratadas com responsabilidade pastoral, por isto a mensagem enfática de Jesus:

Vá e não peques mais. A libertação da alma está associada ao processo de conversão e extrapola o conceito de novo nascimento. Mas, tendo nascido de novo foi dada a largada para uma nova vida em Cristo, agora libertada de todo pecado. A essência da libertação é a santificação, e a santificação é tanto um ato primordial e definidor do neófito (novo convertido), quanto um processo que precisa ser assumido desde o início da fé.

Jo 5.14 - Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.

Hb 6.9 - Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.

Observe o que lemos em:

Ef 1.5-7 - E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça,

Esta palavra remissão: do verbo “redimir” é usada com o significado de resgate de uma pessoa feita prisioneira ou escrava. Pode ser usado também como libertação de um homem condenado a pena de morte.

Nas Escrituras temos esse termo usado para a libertação do povo de Israel do Egito e do livramento do povo de Deus de tribulações. Em todos os casos é a ocasião de libertar alguém de uma situação em que ele por si mesmo é incapaz de se libertar ou quitar a sua dívida. No original apolytrosis também é utilizado como pagamento por alguém que estava condenado e deixá-lo livre.

Is 61.1-4 - O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos. A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes, a ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado. E edificarão os lugares antigamente assolados, e restaurarão os anteriormente destruídos, e renovarão as cidades assoladas, destruídas de geração em geração.

O trecho que vai do verso 1 ao 11 de Isaías 61, refere-se ao quinto dos cânticos do Servo e nesse cântico a ênfase recai sobre a sua missão. Referências semelhantes são encontradas em Isaías 11.2; 30.1; 42.1; 48.16;

59.21; Lc 3.22, e estes textos são entendidos como messiânicos (referentes à pessoa de Jesus) a exceção de Lucas, que é uma citação direta de Jesus. Este é o mesmo Servo mencionado em Isaías 42.1; 49.1; 50.4; 52.13.

Jesus Cristo inaugurou seu ministério identificando-se com esse Servo.

Lc 4.17-21 - E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos e restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro,

13 BORGES, Marcos de Souza. Pastoreamento inteligente: o padrão de aconselhamento na libertação. Almirante Tamandaré, PR:

Editora Jocum Brasil, 2011, p. 14.

(10)

10 assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

Ele veio libertar. Proclamar liberdade provavelmente é uma alusão à inauguração oficial do Ano da Libertação, ou do Jubileu (Lv 25.10) e cativos são aqueles mantidos escravos pelos ímpios (Is 58.6) ou presos na iniquidade em geral. Muitas são as situações que aprisionam e mantém as pessoas alienadas de Deus. O ano aceitável do Senhor está vinculado ao dia da salvação (Is 49.8) e ao ano dos meus redimidos (Is 63.4). Jesus liberta os pobres de sua pobreza, tanto material quanto espiritual e emocional; Jesus liberta os quebrantados de coração, restaurando e trazendo nova vida aos que estão com seus sentimentos fraturados.

Jesus liberta os cegos que prosseguem por esta existência sem visão, sem percepção, sem entendimento. Jesus liberta o possesso e o oprimido por demônios, como aquele que é oprimido por circunstâncias adversas. Jesus liberta os encarcerados, tanto literal quanto figurativamente. O salmista ora no Salmo 142:

Sl 142. 6,7 - Atende ao meu clamor; porque estou muito abatido. Livra-me dos meus perseguidores; porque são mais fortes do que eu. Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem

2.2. Mediador

1Tm 2.5 - Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.

Hb 8.6 - Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.

Este talvez seja o termo que melhor define a pessoa de Jesus Cristo em relação a todo aquele que é alcançado com a mensagem da salvação e o aceita como Deus e Senhor de sua vida. O comentário da revista somente nos deixou versículos para meditarmos neles e eles, por si, dizem tudo. Não há outro meio de salvação e não há outro mediador. Para que a salvação seja perfeita é necessário:

 Um mediador que seja humano: Hb 2.11,17; 1Co 15.21; Ef 4.30; Gl 4.4; 1Tm 2.5; Hb 4.15 e 1Jo 4.2,3

 Um medidor sem pecado: Nm 19.2; 1Pe 1.18,19

 Um mediador santo: Lc 1.35; Hb 7.26; 1Pe 3.18

 Um mediador que seja Legislador não sujeito à lei, por sua natureza, para poder cumpri-la pelos outros: Mt 22.37

 Um mediador que aja voluntariamente: Sl 40.7,8; Jo 4.34; At 8.32; Is 53.12; Jo 19.30

 Um mediador tem esteja unido ao seu povo, isto é, manter relações de pacto (aliança ou contrato) com os que há de remir: 1Co 15.45; Rm 5.12-19; Hb 2.11-13; Ef 1.4; Mt 1.21; Is 61.10

 Um mediador divino, porque somente Deus pode efetuar uma obra tão magnânima: Gl 5.1; 1Co 6.19,20; Hb 10.4-10; Is 40.26; Sl 89.19

Durante milhares de anos após a queda Deus preparou a humanidade para compreender e crer na verdade da redenção. Ele nos deu sua Palavra, inspirada e revelada a fim de que fossemos alcançados pelas verdades ali contidas, sendo a maior delas: JESUS CRISTO morreu e ressuscitou e o seu sangue foi derramado para nos resgatar das mãos do diabo, para nos libertar do poder do pecado e nos salvar da perdição eterna.

Jesus veio ao mundo para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt 20.28). A Obra de Cristo na Cruz tem o poder para resgatar o homem que crê em Jesus, como Filho de Deus e que ressuscitou dos mortos (Rm 10.9), da escravidão do pecado. Jesus derramou a Sua vida e venceu a morte, para que o homem pudesse sair da morte (morte espiritual) e conhecer a vida que há em Cristo Jesus (1Tm 2.5-6). A morte de Jesus foi o preço pago pelo resgaste da alma do pecador.

(11)

11 No que consiste a escravidão do homem caído? Ele está escravizado aos modos do mundo, ao poder de satanás e a própria morte. Sem Cristo não haveria meio de o homem ser liberto dessa escravidão. Desde a Queda o homem caído não tem outra opção além de pecar. Cristo resgatou a humanidade através da sua morte na cruz (1Pe 1.18-19). Os salvos foram comprados por um alto preço (1Co 6.20; 7,23). O valor pago para resgatar a Sua igreja foi Seu próprio sangue (Ap 5.9). O sangue de Jesus proporciona a contínua ação do poder reconciliador e purificador na vida do salvo, à medida que este se aproxima de Deus por meio do único mediador entre Deus e o Homem, Jesus Cristo, o “Único mediador da Nova Aliança”. Hb 8.6 - Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. Cristo pagou a dívida que tínhamos com Deus e Sua Santidade. Leia Mt 20.28; Rm 10.9; 1Tm 2.5-6; 1Pe 1.18-19; 1Co 6.20; 7.23; Ap 5.9.

2.3. O Salvador

Salvação é uma milagrosa transformação Espiritual, operada na alma e na vida – no caráter – de toda a pessoa que, pela fé, recebe Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador pessoal. Ef 2.8,9. A palavra

“Salvação” é de profundo significado e de infinito alcance; não se trata apenas do livramento da condenação do inferno; envolve todos os atos e processos redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o ser humano e o mundo (isto é, a criação), através de Jesus Cristo nesta vida e na vindoura. (Rm 13.11;

Hb 7.25; 2Co 3.18; Ef 3.19). Salvação é tudo o que Jesus realizou e ensinou para levar uma raça pecadora à comunhão com um Deus santo. Trata-se da redenção do ser humano do poder do pecado.

1Pe 1.18,19 - sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.

Ela, e apenas ela, a salvação, promove a união entre o homem e Deus. Uma vez salvos os olhos são abertos, os ouvidos se tornam atentos e todos os sentidos ficam apurados para reconhecer a soberania de Deus;

para buscar a presença de Deus e para entregar-se incondicionalmente à sua santíssima vontade. Somente Jesus salva.

At 4.12 - E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

A graça de Deus atua no homem para a salvação, na sua consciência o leva ao arrependimento e para a fé, sendo a fé o meio pelo qual Deus escolheu para que a graça opere a Salvação (Rm 10.17). Essa fé salvífica funciona no coração do homem por meio do convencimento do Espírito Santo. A fé religiosa a maioria da humanidade tem, mas essa fé não salva, pois a fé salvífica leva o homem a se reconhecer como pecador e carente de um Salvador. A partir do momento que o homem ou a mulher são alcançados pela graça ele (a) desfruta das coisas que acompanham a salvação. (Hb 6.9). A força da graça supera a força do pecado (Rm 5.20). Agora já não é mais o pecado que reina e sim a graça da vida do salvo (Rm 5.21).

Apesar de uma aparente oposição entre a Lei e a Graça, elas se complementam. A Lei cumpre sem papel como “aio” (“paidagogos” cuidador, instrutor, pedagogo) até que manifestasse a Graça. A Lei preparou o homem para receber a promessa da graça. O papel da Lei é como de um cuidador que pega a criança pela mão e leva até a escola. A lei pega o homem pela mão e leva até a Cristo.

A Lei aponta para o pecado e o pecado para a morte (Ez 18.20; Dt 27.26). A Lei foi escrita em tábuas e não dentro do homem. A Lei é perfeita e aponta os erros dos homens imperfeitos. Se a Lei pudesse justificar alguém, não haveria a necessidade do sacrifício de Jesus Cristo. A lei não remove o pecado, ao contrário, ela o revela (Rm 3.23). O papel principal da Lei é mostrar ao homem que ele é um pecador e que necessidade de um salvador.

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12 Na afirmativa “a graça de Deus há manifestado” o original do vocábulo “manifestado” é “epifanea” e pode ser traduzido como visível aparição de alguma coisa ou de alguém que estava invisível14. A graça tem origem em Deus e se tornou visível em Jesus. A salvação alcança a todos que creem em Jesus Cristo, como resposta a pregação do Evangelho. A salvação alcança a todos os homens no sentido de todas as línguas, tribos e nações e não no sentido de todos como sem exceção. Não há universalismo na salvação. A graça alcança a todos no sentido de: homens e mulheres, novos e idosos, ricos e pobres, escravos e senhores, gentios e judeus, mas para que isso acontece é necessário que o ouvinte creia em Jesus e o receba como salvador.

Não há esperança para ninguém fora da salvação em Cristo. Jesus é libertador, Jesus é Mediador e Jesus é Salvador. Não precisamos de, absolutamente, nada mais.

3. O DEUS ESPÍRITO SANTO

Hb 9.14 - Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?

Jo 4.24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

As doutrinas sobre Deus e Jesus Cristo não produziram maiores divergências, por outro lado a doutrina sobre o Espírito Santo só passou a ter maior ênfase com o advento do Pentecostalismo, a partir do século XIX e até o dia de hoje há muitas divergências em torno do desenvolvimento doutrinário e teológico a seu respeito.

A regeneração é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que outorga nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu salvador pessoal. Através desse milagre, o pecador é ressuscitador da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo). Esta nova vida é a natureza divina que passa a habitar no crente, mediante o poder do Espírito Santo. Sem esta miraculosa transformação espiritual, o pecador arrependido permaneceria morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal15.

Tt 3.5 - Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,

A obra de Cristo possibilitou ao homem ser salvo, a obra do Espírito Santo convence o homem de que é pecador e de que necessita de ser salvo. Jesus morreu para que o homem tenha vida, mediante o novo nascimento. O Espírito Santo opera a obra da salvação no coração do pecador e assim o convence do pecado, do juízo e da justiça (Jo16.8-11). Para ser salvo o homem precisa do Espírito Santo e da Palavra de Deus. O Espírito Santo usa a Palavra, aplica no coração do pecador para convencer dos pecados, produzir fé e arrependimento.

Diante do que foi visto até aqui relembramos que, segundo a proposta do comentarista, minimamente, reconhecemos as distintas pessoas das trindade pelas obras que realizam:

▪ Deus: Criador, Sustentador e Provedor

▪ Jesus Cristo: Libertador, Mediador e Salvador

▪ Espírito Santo: Consolador, convencedor e Intercessor

Vale reafirmar Algo que considero importa e instrutivo é falar sobre a ação das três pessoas da Trindade a partir do entendimento de que todas as três divinas pessoas são coeternas e iguais entre si, mas em suas operações concernentes à Criação e Redenção distinguem-se da seguinte forma:

▪ Deus, o Pai, planejou, ou criou tudo (Ef 3.9).

14 LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemon: doutrina e vida, um binômio inseparável / Hernandes Dias Lopes. São Paulo: Hagnos, 2009, p. 92.

15 OLIVEIRA, Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1987, p. 229.

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13

▪ Deus, o Filho, executou o plano, criando (Jó 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2; 11.3).

▪ Deus, o Espírito Santo, vivificou, ordenou, pôs em ação (Jó 33.4; Jó 3.5; 6.63; At 1.8; Gl 6.8).

Em continuação, podemos dizer que:

▪ O Pai domina.

▪ O Filho realiza.

▪ O Espírito Santo vivifica, preserva e sustenta.

Na redenção da humanidade,

▪ O Pai planejou a salvação

▪ O Filho consumou a salvação

▪ O Espírito Santo realiza [aplica] a salvação.

Entretanto em qualquer desses atos as três divinas pessoas estão presentes.

3.1. O Consolador

Jo 14.16 - E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.

No Novo Testamento a expressão “Espírito Santo” ocorre 86 vezes, além de “Espírito de Deus”,

“Espírito de Cristo”, Consolador, “Espírito da Promessa”; “Espírito da Verdade”; “Espírito da graça”;

“Espírito da Vida”; “Espírito de Adoção”. Conforme o prometido o Espírito Santo foi derramado, o Consolador bendito passou a habitar nos lavados e redimidos no sangue de Jesus, que a partir desta experiência de conversão, procuram viver uma vida irrepreensível diante de Deus. É função do Espírito Santo estar com os crentes todos os dias até a consumação dos séculos, Mt 28.20; habitar neles, Jo 14.17; ser seu conselheiro, consolador, ajudador, Jo 14.16; batizá-los, Mc 1.8; e juntá-los em um só corpo, Ef 4,4; para uni-los à cabeça, que é Cristo, Cl 1.18.

Toda Escritura é o resultado de inspiração divina, e não foi por acaso que chegou até nós. É por ela que conhecemos o Espírito Santo, é nela que entendemos como deve ser nossa nova vida, guiada pelo Espírito do Senhor, ela que nos revelou os eventos mais significativos da história como a vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus que culminou com a descida do Espírito Santo a terra, na condição de Consolador.

Como Consolador a obra do Espírito Santo inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em nós.

Ele ensina todas as coisas e faz lembrar tudo o que Cristo disse, além de nos consolar (Jo 14.16,26; 15.26 16.7). Este nome expressa que o Espírito Santo transmite aos homens a consolação da parte de Deus, “o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação” 2 Co 1.13.

Jesus revelou aos discípulos que estes receberiam poder do alto para serem testemunhas de Cristo e sua obra (Lc 24.49; At 1.8; At 2.4,33). Com o envio do Consolador todos os discípulos de Cristo de todos os tempos passaram a ser guiados sobrenaturalmente pelo Espírito Santo, mas não de uma forma aleatória.

1Co 12.4-7 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.

Em Lc 24.49 lemos: E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. Jesus enviou a promessa do Pai, o Consolador bendito revestiu seus discípulos com o poder e em várias passagens de Lucas o Espírito Santo vem sobre Isabel, sobre Maria, sobre Jesus e sobre os discípulos: Lc 1.15,35; 2.25-27; 3.22; 4.14,18; 11.13; 12.10,12; 24.29. O Espírito Santo se tornou, desde seu derramamento, o liame [a ligação] de continuidade do ministério de Jesus com a vida da Igreja. Isso é retratado de modo bem evidente pelo evangelista. De sua relevância é dito:

Lc 12.10 - E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado.

(14)

14 Quando Deus criou todas as coisas as abençoou e instruiu toda sua existência. Quando Jesus ascendeu ao céu, abençoou seus discípulos, lhes fez promessas do Consolador, que viria da parte dEle para estar com os seus até o fim dos tempos e que os capacitaria para serem testemunhas vivas, e lhes deu uma missão: Ir por todo mundo e pregar o Evangelho a toda criatura. Todos merecem conhecer, receber e viver as maravilhas de ter este ser divino morando no seu íntimo. O Espírito Santo habita na vida daquele que é nascido de novo.

Disto não podemos duvidar. Uma vez sendo templo do Espírito de Deus (1Co 6.19,20), a paz inexplicável e incomensurável que só o Senhor pode dar inunda o ser, mudando tudo.

At 1.8,9 - Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.

1Co 2.14 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura;

e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

3.2. O Convencedor

Sendo pessoa divina, doador da vida, o Espírito Santo transforma o ser, convence do pecado, leva a pessoa ao entendimento da sua necessidade de arrependimento e de uma nova vida. A necessidade da salvação está relacionada com a impossibilidade de o homem restaurar sua comunhão com Deus por si mesmo. Esta situação é decorrente do que Deus é, e daquilo que o homem se tornou depois da Queda. Deus é santo (Lv 11.44; Is 6.3; 1Pe 1.15-16) e não tem comunhão com o pecado (Is 59.2). Importa-nos achegarmo-nos a esse Deus santo, receber graciosamente sua oferta e nos convertermos ao Deus vivo. Mas não faremos isto a menos que sejamos convencidos pelo Espírito Santo.

Lv 11.44 - Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis com nenhum réptil que se arrasta sobre a terra;

1Pe 1.15-16 - Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.

Is 59.2 - Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.

Há pessoas que se convencem naturalmente de que Jesus é bom, que seus preceitos devem ser seguidos e aderem ao cristianismo apenas de forma intelectual, conhecem fatos sobre Jesus, mas nunca o conheceu, realmente. Este tipo de convencimento não vem do Espírito de Deus, que além de convencer coloca todo o processo de conversão em andamento. Convencer-se não é mesmo que converter-se. Para entrar no reino é necessário nascer de novo. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus”, Mt 7.21. A porta de entrada é o conjunto daquilo que está descrito como doutrinas da salvação, e isso se faz acompanhar por uma transformação de vida, manifestada no fruto do Espírito Santo em atividade na existência do cristão.

O Espírito Santo é o convencedor por excelência. A mudança nas relações entre Deus e o ser humano é efetuada por meio de Cristo isso envolve, primeiramente, o movimento de Deus em direção ao homem, tendo em vista quebrantar a hostilidade humana, recomendar o amor e a santidade divina e convence-lo, através do Santo Espírito da enormidade de seu pecado e das consequências do mesmo. É Deus quem inicia esse movimento na pessoa e na obra de Jesus Cristo16.

1Jo 1.19 - Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.

Com o movimento de Deus em direção ao homem acontece um movimento paralelo pelo lado do homem, em direção a Deus, onde a pessoa, movida pelo Espírito Santo, convencida de sua necessidade, cede

16CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. 2ª edição, v.6. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 653.

(15)

15 ao apelo do amor de Cristo que foi ao auto sacrifício, deixando de lado a inimizade, renunciando ao pecado, voltando-se para Deus com fé e obediência17. A partir daí a realidade da pessoa é, definitivamente, mudada.

Rm 5.11 - E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.

No anúncio do nascimento de João Batista (Lc 1.5-25), consta que o ministério deste profeta, escolhido desde o ventre, teria características peculiares desde o seu nascimento. Entre estas características estava a que ele seria cheio do Espírito Santo. Isto fala da capacidade dada por Deus a ele para o sucesso na pregação (convencer o pecador, levá-lo ao arrependimento e a conversão a Deus). Uma pregação de sucesso tem exatamente estas mesmas características, ela dialoga com a alma do perdido enquanto o Espírito Santo vai operando a sua gloriosa obra do convencimento. Esta capacidade veio a João antes do seu nascimento, ou seja,

“já desde o ventre”. Mas, nós podemos buscar por este revestimento especial de poder espiritual para falarmos tão somente movidos pelo Espírito de Deus, e assim ter esta capacidade de convencimento exercitada pelo Espírito Santo, através de nossas pregações.

3.3. O Intercessor

Na lição próxima passada estudamos um pouquinho sobre este ministério do Espírito Santo quando refletimos no item 1.1. que por sua onisciência Deus ouve nossas orações feitas só com gemidos, com lágrimas e em pensamentos, ou ainda, quando não se consegue expressar nenhuma palavra. Esta é uma característica basilar do Deus, Espírito Santo. O texto básico, tomado como referência para se pensar esta questão é Rm 8.26,27.

Quando estudamos a carta de Paulo aos Romanos percebemos que este trecho se enquadra naquilo que é entendido como os efeitos da Graça de Deus, que vai de Rm 5.12 até 8.39. Esta referência ao Espírito Santo como intercessor nos mostra a glorificação dos Filhos de Deus (Rm 8.18-30), que a partir do seu encontro com o Senhor nunca mais estarão sós, sem esperança, desesperados, sem solução para os seus problemas.

Enquanto oramos Ele ora conosco; enquanto pedimos Ele intercede por nós com gemidos, sente nossas dores, sofre com os nossos sofrimentos, chora nosso choro e guerreia conosco as nossas guerras. Isto não é somente libertador, é o maior conforto que alguém pode ter.

Mas há uma especificidade neste ministério de intercessor do Espírito Santo. Esta é uma outra maneira de edificação dos santos para a obra do ministério. Paulo diz assim: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rm 8.26,27). Note que esse tipo de intercessão é

“pelos santos” (v. 27) e especificamente quando “não sabemos o que havemos de pedir como convém” (v.

26). Ele vai gemer e interceder porque aquele que o abriga no seu interior. Ele assiste na nossa fraqueza, e isto é a base para o encorajamento outorgado ao todos os filhos de Deus, para nos permitir entender que temos uma base forte, mesmo em meio ao sofrimento mais extremo, ou quando estamos fracos demais para pedir como convém. Segundo escreveu John Murray:

A esperança e a expectativa da glória que há de ser revelada sustenta o povo de Deus nos sofrimentos e gemidos desta época (vv.18-25). Por igual modo o Espírito Santo ajuda-nos na nossa fraqueza. Nos versículos anteriores a ênfase estava sobre os sofrimentos e o amparo oferecido em face de tais sofrimentos. Nos versículos 26 e 27, a ênfase recai sobre nossa fraqueza e a ajuda fornecida para alívio

17 Idem. p. 653.

(16)

16 da mesma. Assim como a esperança nos sustenta em meio o ao sofrimento, de modo semelhante o Espírito Santo nos ajuda em nossa fraqueza18.

Altruísmo, amor mútuo e comunhão estão na base do que entendemos por oração de intercessão. Um intercessor é aquele(a) que possui essas características e as aplica em uma vida de oração contínua. Paulo tinha em alta estima tal intercessão, esperando da parte dela grandes coisas

2Co 1.11 - ajudando-nos também vós, com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.

Fp 1.19 - Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo,

O dicionário bíblico Wycliffe define intercessão do seguinte modo: A palavra hebraica para interceder (paga‘) originalmente significava “incidir sobre”, e desse modo veio a significar “atacar alguém com pedidos”. Quando tal ataque era feito em favor de outros, esta atitude era chamada de intercessão. Brandt e Bicket (Livro: Teologia Bíblica da Oração) concordam com essa definição afirmando que: “O vocábulo hebraico paga‘ significa “encontrar-se”, “pôr pressão sobre” e, finalmente “pleitear”. No Novo Testamento a palavra grega entygchano significa “apelar”, “pleitear”, “pedir”, “fazer intercessão”, “orar”. Nos versículos onde o termo aparece, enfatizam um contexto de ações espontâneas, voluntárias, permanentes e altruístas, conforme, as seguintes ilustrações:

Gn 18-23 – A súplica sincera de Abraão por Sodoma e Gomorra;

Êx 32.31,32 – A oração sincera e um espírito disposto de Moisés depois da idolatria praticada pelo povo de Israel;

1Rs 18.36,37 – A oração intercessória de Elias no Monte Carmelo;

Rm 8.34; Hb 7.25 – Cristo é retratado como um sacerdote que se aproxima sempre de Deus para interceder pelo seu povo. Nesse caso o seu ministério tem dois aspectos, o de advogado que está pronto para exercer a nossa defesa (1Jo 2.1,2) e a sua obra preventiva de nos livrar do mal (Jo 17.15). Essa obra de livramento também é ilustrada no diálogo com Pedro, no qual o Senhor lhe diz: “Mas eu roguei por ti , para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.32);

Rm 8.26 – A intercessão do Espírito Santo em favor do crente com gemidos inexprimíveis é sentida no momento em que o crente sente sua esperança desfalecer dentro de si, então, um gemido elevado, santo, e mais intenso do que qualquer voz, sai do seu coração renovado, é pronunciado dentro dele, vindo de Deus e indo para Deus a fim de aliviar o coração abatido;

1Tm 2.1-4 – Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.

O papel do Espírito Santo na intercessão deveria ser o nosso espelho para o desenvolvimento do nosso próprio ministério de intercessores. A obra de intercessão dos crentes precisa ser, primeiramente, em favor de todos os homens, com o propósito que todos possam chegar a verdade da salvação em Cristo, 1Tm 2.4, o que faz com que, nesse sentido, todos os crentes sejam verdadeiros sacerdotes de Deus [sacerdócio real] (1Pe 2.9).

Pudemos refletir neste tópico sobre o Espírito Santo como Consolador, Convencedor e Intercessor.

Senti falta de desenvolver uma discussão sobre o Espírito Santo como batizador e doador de dons, mas teremos ainda outra oportunidade para tal. Fiquemos com esta instrução salutar: como dito anteriormente, o Espírito Santo é o Senhor que dá a vida e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado como doador da vida. Ele pairava sobre a face das águas. Em meio ao caos o Espírito Santo agiu transmitindo e conservando a vida.

18 MURRAY, John. Romanos. São Jose dos Campos, SP: Editora Fiel, 2003, p. 338.

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17 Sl 104.30 - Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

O Espírito Santo é quem produz vida, conserva e renova. A terra subsiste porque o Espírito Santo renova a face da terra. A igreja só existe por causa do Espírito Santo. Eu e você só temos vida espiritual plena e aprovada por causa do Espírito Santo, nosso intercessor. As vezes a igreja e/ou os corações estão como a terra original, devastada, sem forma e vazia. Mas, mesmo que haja caos, tragédia, que as coisas estejam sem forma e vazia, complicadas, o Espírito Santo não deixa de pairar. Ainda hoje o Espírito Santo não deixa de fazer a sua obra. Desde o dia de Pentecostes Ele está aqui. Sempre agiu e sempre vai agir, mesmo nas densas trevas nunca deixou de agir. Ele só vai volta para o céu quando a igreja for arrebatada. Enquanto isso o caos pode ser do jeito que for, Ele não vai abandonar a igreja. Ele continuará intercedendo por nós.

CONCLUSÃO

Neste trimestre tivemos a oportunidade de estudar um pouco mais de Deus em relação a nós e menos sobre nós em relação a Deus. O que foi uma novidade, haja visto que a pregação do tipo triunfalista assumiu a cátedra e tem se tornado lugar comum em todos os púlpito, apregoando o amor, a graça e a misericórdia, enquanto os outros atributos divinos vão sendo deixado de lado para não ofender a sensibilidade dos ouvintes, que podem se sentir desconfortáveis, caso sejam confrontados com a verdade contida na Palavra de Deus.

Não deixemos de meditar nas palavras do comentarista ao concluir esta última lição do trimestre. Por tudo devemos ser agradecidos. Pela revelação de tamanho mistério e porque Deus se tornou acessível, novamente, a todos nós por sua graça. Pensemos ainda: Temos um Pai que nos criou, o Pai nosso que está no céu. Temos um filho que nos remiu salvando-nos da morte e da condenação eterna, temos um Espírito Santo que nos santifica, que mora em nós e que estará conosco até o fim. Temos tudo o que precisamos. Deus seja louvado. A Ele toda glória, toda honra e todo louvor.

AJUDA EXTRA I – PARA A INTRODUÇÃO

Vou deixar um registro, nesta introdução, de algumas questões pertinentes a formulação do cânon hermenêutico-doutrinário a respeito da Trindade, que tem acompanhado a igreja cristã desde seu início, porque este não será assunto nos itens seguintes.

O desenvolvimento da formulação da Doutrina da Trindade na História da Igreja seguiu por uma trajetória facilmente identificada e muito bem documentada. No desenrolar da História da Igreja, estudamos sobre a chamada segunda fase ou segundo período, reconhecido por alguns historiadores como Era Imperial e que vai de 313 a 476 d.C. Trata-se de um período de grande importância, pois foi nessa época que foram formulados os credos até hoje são aceitos pelos cristãos de todo mundo, e grandes verdades como a Encarnação e a Trindade foram examinadas e expressas pela Igreja nessa chamada “Era dos Concílios”.

As primeiras sete reuniões conciliares deste período são consideradas as mais importantes de toda a História da Igreja. A partir de cada uma dessas reuniões foram emitidos documentos oficiais, que serviram para defender alguns princípios bíblicos fundamentais que são, até o dia de hoje, entendidos e defendidos como verdadeiros baluartes da igreja. Os comentários abaixo sintetizam essa visão panorâmica desses Concílios:

1. 1º Concílio de Niceia: 20 maio de 325 a 19 de junho de 325, o primeiro depois do Concílio de Jerusalém, foi convocado pelo imperador Constantino. Estava em discussão o Arianismo, a celebração da Páscoa, o cisma de Milécio, batismo de heréticos e o estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio. Foi elaborado, a partir deste encontro o Credo Niceno original e outros cânones. Neste

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18 Concílio Atanásio se ocupou com o desenvolvimento da doutrina da Trindade e a defesa da Deidade de Cristo.

2. 1º Concílio de Constantinopla: Aconteceu no ano de 381 convocado pelo imperador Teodósio. nele estiveram presente 150 representantes da cristandade, mas, sem representação da Igreja Ocidental.

Discutiu-se neste concílio o Arianismo (de novo) e a divindade do Espírito Santo. O documento proveniente dele foi o Credo Niceno-Constantinopolitano.

3. 1º Concílio de Éfeso: Aconteceu de 22/02/431 a 31/07/431. Foi convocado pelo Imperador Teodósico II, teve em torno de 200 a 250 participantes e os tópicos em discussão foram o Nestorianismo, Pelagianismo e Teótoco. O documento deste Concílio foi a Declaração de “Teótoco”.

4. Concílio de Calcedônia: Realizou-se em 451. Foi convocado pelo imperador Marciano. Sua afluência, bem maior que os anteriores, teve em torno de 500 representantes, onde discutiu-se sobre o Monofisismo, a Cristologia e as decisões do Concílio de Éfeso em 449. Os documentos que resultaram deste Concílio foi o Credo de Calcedônia e mais 28 cânones.

5. 2º Concílio de Constantinopla, aconteceu em 553. Foi convocado pelo imperador Justiniano I. Teve uma afluência de 166 representantes legais. As discussões giraram em torno do Monofisismo (de novo), do Nestorianismo (de novo) e do Origenismo. Os documentos resultantes deste Concílio foram:

A Constitutum de Vigílio; 14 cânones Cristológicos; 15 cânones condenando os ensinos de Orígenes e Evágrio.

6. 3º Concílio de Constantinopla: realizado de 7 de novembro de 680 a 16 de setembro de 681 foi convocado pelo imperador Constantino IV. Este é um Concílio que foi presidido por legados romanos junto com o imperador. Talvez tenha afluído a este encontro uns 300 signatários, que nos documentos variam de 43 (primeira sessão) até 174 (última). A discussão principal foi em torno do Monotelismo e as vontades divinas e humanas de Jesus. O documento principal é o que condenou o Monotelismo.

7. O 2º Concílio de Nicéia fecha o grupo destes que são chamados também de Concílios Ecumênicos, porque até aqui todas as reuniões e decisões conciliares, ou a maioria delas, eram até então, aprovadas por unanimidade. Reuniu-se em 24/09/787 a 23/10/787. Ele foi convocado por Tarasius, o patriarca de Constantinopla e a discussão principal foi a veneração de imagens e de santos. Em sua 7ª Sessão (13 de outubro de 787) o concílio emitiu uma declaração de fé sobre a veneração das imagens sagradas.

Onde foi determinado que: Como a cruz sagrada e vivificante está em toda a parte configurada como um símbolo, assim também as imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria, dos santos anjos, bem como das dos santos e outros homens piedosos e santos, devem ser incorporadas no fabricação de vasos sagrados, tapeçarias, vestimentas, etc., e expostos nas paredes das igrejas, nas casas e em todos os lugares visíveis, à beira da estrada e em toda parte, para serem reverenciados por todos que pudessem vê-los. Quanto mais eles são contemplados, mais eles se movem para a memória fervorosa de seus protótipos. Portanto, é apropriado conceder-lhes uma veneração fervorosa e reverente, não, no entanto, a verdadeira adoração que, de acordo com nossa fé, pertence somente ao Ser Divino - pois a honra conferida à imagem passa para o seu protótipo, e quem venerar a imagem venera nela a realidade do que está ali representado. Dá para ver por que seu conteúdo dividiu opiniões e impediu continuar com a conversação fraterna.

Por que é importante saber disto? Porque desde o início da igreja cristã houve este movimento para tentar dirimir quaisquer dúvidas a respeito do conteúdo bíblico e sua interpretação. O modo como entendemos as doutrinas fundamentais da fé foram consolidadas neste período. As grandes questões Cristológicas puderam

Referências

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