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Projeto Verde Novo: levantamento florístico preliminar do IF-SC - Campus Florianópolis

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Academic year: 2022

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Projeto Verde Novo: levantamento florístico preliminar do IF-SC - Campus Florianópolis

Juliano César de Oliveira e Débora Monteiro Brentano Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - IFSC | Campus Florianópolis - Av. Mauro Ramos, 950 - Centro - Florianópolis - SC CEP: 88020 - 300 E-mail: brentano@ifsc.edu.br

Resumo: As árvores no contexto urbano promovem uma série de benefícios. Nota-se que a ausência de um planejamento paisagístico para o “Campus” Florianópolis no passado priva tanto a fauna local quanto a comunidade acadêmica dos benefícios de uma arborização consolidada. Diante disso, a coordenação do Curso Técnico de Meio Ambiente elaborou o projeto Verde Novo, visando à implantação de uma arborização de qualidade, para o qual houve a necessidade da realização de um levantamento florístico das espécies arbóreas já existentes no “campus”. O objetivo deste artigo é, assim, apresentar os resultados preliminares desse levantamento, descrevendo os dados da área intitulada “área A”, que abrange as quadras poliesportivas abertas, o campo de futebol suíço e a pista de atletismo. Levantaram-se nessa área 83 espécimes de, pelo menos, 17 espécies diferentes, com altura variando de menos de um metro até 9 metros. A espécie mais abundante foi o Ligustrum japonicum Thunb (ligustro), espécie exótica, seguida pelas nativas Eugenia uniflora L. (pitangueira) e Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira vermelha). Observou-se, além da predominância de espécies exóticas, que a saúde de 76% dos espécimes presentes na ‘área A’ requer cuidados específicos e que os resultados preliminares apontam para a necessidade de uma política institucional que prime pelo paisagismo ecológico do “Campus” Florianópolis.

Palavras-Chave: Aborização urbana, Levantamento florístico, Projeto Verde Novo.

1 Introdução

O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IF-SC) foi criado em Florianópolis por meio do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, pelo Presidente Nilo Peçanha, como Escola de Aprendizes Artífices de Santa Catarina. Desde 1962, o Campus Florianópolis, maior e mais antigo Campus do IF-SC, está sediado na Avenida Mauro Ramos, no Centro de Florianópolis (IF-SC, 2009).

Observa-se que remonta desta data a ausência de um planejamento paisagístico para o referido Campus.

Esse fato priva a comunidade acadêmica de desfrutar dos benefícios de uma arborização consolidada e que desempenhe um papel ecológico.

Como Santos e Teixeira (2001) afirmam, as árvores no contexto urbano melhoram a qualidade do ar, pois reciclam os gases por meio do mecanismo fotossintético; retêm material particulado; reduzem os níveis de ruído; equilibram o microclima, pois aumentam a umidade local; proporcionam conforto lumínico, diminuindo a intensidade da radiação solar, e propiciam abrigo e alimento para a fauna local, especialmente

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a avifauna.

Lorenzi (2002) soma esses argumentos à questão cultural. Segundo ele, a flora brasileira conta com centenas de espécies de grande beleza e qualidade paisagística, e a arborização urbana é a oportunidade de aproximar os cidadãos das espécies que um dia ocuparam todos os espaços que hoje são ocupados.

Assim, diante da ausência histórica de um planejamento paisagístico para o Campus Florianópolis e dos benefícios ambientais proporcionados por um paisagismo ecológico planejado, identificou-se a necessidade de implantar uma arborização de qualidade no Campus. Esta atividade está sendo realizada sob a coordenação do Curso Técnico de Meio Ambiente e foi intitulada “Projeto Verde Novo”.

A implantação dessa arborização passa, necessariamente, pelo levantamento florístico das espécies arbóreas já existentes no campus. Com base nesse levantamento, pode-se desenvolver o planejamento paisagístico perseguido pelo projeto. Assim, este artigo apresenta o levantamento florístico preliminar feito no campus Florianópolis.

2 Materiais e métodos

O levantamento florístico preliminar do Campus Florianópolis compreendeu a área que abriga as quadras poliesportivas abertas, o campo de futebol suíço e a pista de atletismo, área que foi denominada como “área A”.

O início do levantamento por essa área deveu-se ao fato de já haver um levantamento topográfico, disponibilizado pela Coordenação do Curso Técnico de Agrimensura, contemplando a localização geográfica dos espécimes arbóreos. Assim, a identificação de cada um dos espécimes apontados no estudo do Curso Técnico de Agrimensura para a “área A” foi realizada mediante a comparação de características como textura do tronco, folhas, frutos e flores dos espécimes com as bibliografias especializadas (BACKES e IRGANG, 2002; LONGHI, 1995; LORENZI, 2002 e SANTOS e TEIXEIRA, 2001).

Segundo Lorenzi (2002), dentre os aspectos da morfologia vegetal observados, destacam-se as seguintes características: altura, tronco, formato da copa, folha, raízes e os atributos ornamentais flores e frutos. Esses foram os aspectos relevantes na comparação dos espécimes arbóreos da “área A” para comparação com a bibliografia. A apresentação do levantamento florístico preliminar do Campus Florianópolis foi descrita em uma tabela com as seguintes informações:

a) número: visando à fácil localização geográfica dos espécimes arbóreos, manteve-se a numeração definida nos marcos do levantamento topográfico disponibilizado pela Coordenação do Curso Técnico de Agrimensura;

b) nome popular, nome científico, família botânica e origem geográfica: estas informações foram obtidas tendo como referências as obras de Backes e Irgang (2002), Longhi (1995), Lorenzi (2002), Santos e Teixeira (2003), de acordo com as características de textura do tronco, folhas, frutos e flores dos espécimes em estudo;

c) altura: utilizou-se o método de superposição de ângulos, descrito por Silva e Paula Neto (1979), para se obter a altura aproximada dos espécimes que possuíam mais de 2,5 m de altura. Segundo este método, encosta-se na árvore uma baliza de altura conhecida e, segurando com o braço estendido um lápis, o operador deve se afastar da árvore até coincidir exatamente os extremos do lápis com os da baliza.

Figura 1. Ilustração do emprego do método da superposição de ângulos FONTE: IMAÑA et al. (2002).

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Sobrepondo posteriormente a base do lápis com o extremo superior da baliza, identifi ca-se o ponto de coincidência do extremo superior do lápis na árvore (Fig. 1) e repete-se essa operação até o ápice da árvore.

Sua altura será a soma dos ângulos superpostos.

Após esse levantamento preliminar, compreendendo apenas a “área A” do Campus Florianópolis, os dados foram plotados em gráfi cos, visando à criação de imagens para melhor interpretação dos resultados.

3 Resultados preliminares e discussões

O levantamento fl orístico da “área A” do Campus Florianópolis revelou a presença de 83 espécimes de, pelo menos, 17 espécies diferentes (ver Tabela 1).

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Tabela 1: Levantamento fl orístico da “área A” do Campus Florianópolis FONTE: Autores

Observou-se que a espécie mais abundante é o Ligustro (Ligustrum japonicum Thunb). Santos e Teixeira (2001) afi rmam que essa espécie, além de ser exótica, possui pouca expressão ornamental e tem sido apontada como responsável por problemas alérgicos na população, em função das características de seu pólen. Seu uso em arborização urbana tem sido frequente, principalmente no sul do país.

Em compensação, as duas espécies seguintes, mais abundantes no levantamento, são nativas. A Eugenia unifl ora L. (pitangueira) é certamente uma das frutíferas mais cultivadas neste país. Santos e Teixeira (2001) descrevem seus frutos como sendo globosos, inicialmente vermelhos, chegando quase ao preto, e muito apreciados pelo homem e pelos pássaros. Sobre a Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira vermelha), afi rmam que seus frutos de coloração avermelhada, além de serem procurados pela avifauma, conferem plasticidade à planta.

A informação com relação à abundância das espécies encontradas pode ser observada na Figura (2) que compila esses dados, apresentando os nomes populares dos espécimes.

Figura 2: Abundância relativa das espécies arbóreas presentes na “área A” do Campus Florianópolis FONTE: Autores

Observou-se grande variação da altura das espécies levantadas. Foram encontradas árvores com menos de um metro e árvores com mais de 9m de comprimento. Este dado revela árvores muito jovens.

Os dados quanto à origem geográfi ca das espécies indicam uma predominante presença de espécies exóticas na área estudada. A Figura (3) mostra que as espécies oriundas de outros países têm um incremento de presença de quase 23% em relação às nativas.

É sabido que as espécies nativas são mais adequadas para plantio que as espécies exóticas. Isso porque desempenham um papel ecológico, fornecendo abrigo e alimento aos animais. Além disso, são dispersoras de sementes, contribuindo para a recuperação de áreas adjacentes aos sítios onde estão estabelecidas.

Para Ziller (2005), a recuperação ambiental com espécies exóticas é um erro que estabelece, na prática, uma monocultura que ocupa o espaço de espécies nativas em prejuízo da biodiversidade. Acrescenta que

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o potencial de as espécies invasoras alterarem os sistemas naturais é tão grande que essas plantas são hoje a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade, só perdendo para a exploração humana direta na destruição de habitat.

Figura 3. Quantidade de espécies arbóreas presentes na ‘área A’ e suas origens geográficas FONTE: Autores

A Figura (4) traz os dados sobre as quantidades de cada espécie e às famílias botânicas às quais elas pertencem.

Figura 4. Quantidades de cada espécie presentes na ‘área A’ e as famílias botânicas às quais elas pertencem FONTE: Autores

Destaca-se, na análise desse gráfico, que o fato de a família Oleaceae ser predominante deve-se única e exclusivamente à presença do Ligustrum japonicum Thunb (ligustro) com um número tão expressivo. A família seguinte, a Anacardiaceae, mesmo representada por duas espécies de aroeiras (Schinus molle L. e Schinus terebinthifolia Raddi) não supera, com seus 13 espécimes nativos, os 17 ligustros.

Neste levantamento observou-se também a saúde dos espécimes estudados. A Figura (5) apresenta seus dados fitossanitários. Quebras espontâneas de galhos e podas desnecessárias ou incorretas, comprometem o bem estar do vegetal. Elas podem favorecer a proliferação de bactérias que, por sua vez, favorecem o desenvolvimento de doenças na planta. Segundo Santos e Teixeira (2001), o ato de podar não se prende às necessidades da planta, condição de manejo, imposição do local ou riscos à população. É uma tradição.

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Dada a abrangência de tal prática, pressupõe-se ser um problema cultural, visto que nem todas as espécies requerem ou aceitam a poda. A falta de informações e acompanhamento técnico se traduz, não raras vezes, em exemplares mutilados, propensos a problemas sanitários e objeto de acidentes.

Figura 5. Situação das espécies arbóreas em relação às técnicas de jardinagens aplicadas na “área A”.

FONTE: Autores

Dentre os exemplares analisados, praticamente 76% deles sofrem com os vestígios deixados exclusivamente por podas mal executadas. Estes espécimes necessitam de correção de poda, visando melhorar a saúde das árvores.

4 Considerações finais

O levantamento florístico preliminar do Campus Florianópolis demonstra haver uma predominância de espécies exóticas na área estudada. Tal fato, aliado ao estado fitossanitário dos espécimes, à disposição conflitante com usos do campus, como estacionamentos, edificações e rede elétrica, compromete o papel ecológico que poderia ser desempenhado pelas espécies vegetais.

Os resultados preliminares apontam para a necessidade de uma política institucional que prime pelo paisagismo ecológico do Campus. Para que o Projeto Verde Novo, iniciativa dessa política, seja implantado com êxito, o presente estudo contribuirá de forma significativa, auxiliando na escolha das espécies a serem inseridas e na decisão dos locais adequados aos seus plantios. Este estudo também agregará aos registros do IF-SC o mapeamento da vegetação existente no momento atual no Campus Florianópolis.

Registra-se também a importância do monitoramento adequado tanto dos espécimes antigos quanto dos vindouros para que sejam alcançados todos os objetivos do projeto, que visa atribuir melhor qualidade de vida ao ambiente de trabalho e estudo do IF-SC.

5 Referências

BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul: guia de identificação & interesse ecológico. Porto Alegre/RS, 2002. 328p.

IMAÑA, E. J.; SILVA, G. F. ; TICCHETTI, I. Variáveis dendrométricas. Brasília: Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Florestal, 2002. 102p.

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA (IF-SC). 100 anos de parceira com a comunidade. Disponível em: www.ifsc/edu/br. Acessado em 24 de abril de 2009.

LONGHI, R. A. Livro das Árvores: árvores e arvoretas do Sul.. Porto Alegre: L&PM, 1995. 176 p.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Volume 1. 4. ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2002.

SANTOS, N. R. Z. dos; TEIXEIRA, Italo Fillippi. Arborização de vias públicas: ambiente versus vegetação.

Santa Cruz do Sul/RS: Instituto Souza Cruz, 2001. 135p.

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SILVA, J.A.A. da; PAULA NETO, F. de. Princípios de dendrometria. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, Curso de Engenharia Florestal, 1979. 185p.

ZILLER, S. INSTITUTO HORUS. Biodiversidade/ Notícias. Disponível em: http://www.institutohorus.org.

br/download/midia/Ciencia_e_Cultura_setembro_03.PDF. Acessado em 29 de setembro de 2009.

6 Agradecimentos

Os autores expressam seus sinceros agradecimentos:

à Comissão de Planejamento Paisagístico do Campus Florianópolis, especialmente ao Técnico em Meio Ambiente, Cândido Rodrigo Gomes da Silva, pela atenção e interesse;

à Coordenação e alunos do Curso Técnico de Agrimensura, pela disponibilização de levantamentos topográficos.

Referências

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