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EDITORA PENALUX. EDIÇÃO França & Gorj. REVISÃO Alzira Dias Peixoto. CAPA E DIAGRAMAÇÃO Ricardo A. O. Paixão

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Academic year: 2022

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Editora Penalux

Guaratinguetá, 2018

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EDITORA PENALUX

Rua Marechal Floriano, 39 – Centro Guaratinguetá, SP | CEP: 12500-260 penalux@editorapenalux.com.br

www.editorapenalux.com.br

EDIÇÃO França & Gorj

REVISÃO Alzira Dias Peixoto

CAPA E DIAGRAMAÇÃO Ricardo A. O. Paixão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C352h CASTILHO MORAES, William. 1983-

Heróis sem pátria / William Castilho Moraes. - Guaratinguetá, SP: Penalux, 2018.

318 p.: 21 cm.

ISBN 978-85-5833-450-1

1. História Brasileira 2. Vultos históricos nacionais I. Título

CDD.: 981

Índices para catálogo sistemático:

1. História Brasileira

Todos os direitos reservados.

A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.

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Capítulo I

Zumbi dos Palmares

Nascido provavelmente por volta de 1655.

Morte: 1695.

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Sabe aquela velha história que, provavelmente, você ouviu pessoas comentarem o número de escravos ser superior ao de seu amo?

Que negros eram chicoteados e sempre abaixavam a cabeça para seus senhores? Os escravos eram muitos e não se revoltavam? Os africanos tinham a consciência de que nasceram para serem escravos e viverem suas vidas somente para trabalhar e servir seus senhores e não se rebe- lavam porque tinham medo e assim por diante? Você já deve ter ouvido tais comentários, leitor. Caso você nunca tenha ouvido tais explanações sobre a época da escravidão, esse autor que vos escreve ouviu desde a infância. Essas narrativas infelizes, na verdade, é um grave equívoco da nossa história popular. Houve inúmeras revoltas no Brasil colonial, mas o problema é que os historiadores a favor da elite não documen- taram tais fatos. Os relatos são escassos e foram escritos por aqueles que dominaram os negros, ou seja, o homem branco (português). É certo que as revoltas foram massacradas pela coroa portuguesa e, após a independência do Brasil, o poder seguiu nas mãos do filho do rei de Portugal. Nosso país se tornou o Brasil Império durante grande parte do século XIX.

Felizmente, temos algumas rebeliões que contavam com os escravos e chegaram a ser documentadas. Dentre elas, a Revolta da Balaiada no Maranhão, entre 1838 a 1841, que será relatada melhor

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em outro capítulo deste livro. Outro movimento de destaque é a dos escravos muçulmanos, sendo que alguns eram considerados “livres”

e exerciam atividades como alfaiates e artesãos. Eles vieram da região da África muçulmana (região norte do continente) e sofriam precon- ceito por serem do Islã. Por serem de origem islâmica não aceitavam a imposição religiosa do catolicismo, o preconceito da sociedade e de seus senhores. O movimento ficou conhecido como revolta dos malês, ocorreu na Bahia em 1835. Malê era o nome dado ao negro escravo, que professasse o Islã e soubesse ler e escrever em árabe.

Seria uma tarefa embaraçosa para os negros islâmicos aceitarem a escravidão sem questionar, porque séculos antes do Iluminismo (movi- mento filosófico, político, econômico e científico do século XVIII que iniciou severas críticas ao sistema escravocrata) o profeta Muhammad fundador do Islã contestava a escravidão, na vigésima quarta Surata conhecida como: A Luz. O versículo 33 do Alcorão sagrado diz:

“Aqueles que não possuem recursos para casar-se, que se mantenham castos até que Deus os enriqueça com sua graça. Quanto àqueles dentre vossos escravos ou escravas que vos peçam a liberdade por escrito, concedei-lhas, desde que os considereis dignos dela, e gratificai-os com uma parte dos bens com que Deus vos agraciou. Não inciteis vossas escravas a prostituição, para proporcionar-vos o gozo transitório da vida terrena, sendo que elas querem viver certamente. Mas se alguém as compelir, Deus as perdoará por terem sido compelidas, porque é Indulgente, Misericordiosíssimo”.

(Alcorão Sagrado, 24:33).

Os muçulmanos aprendem a ler e escrever, pois todo islâmico precisa ler o Alcorão. Dificilmente são analfabetos. Seria improvável que os escravos malês se submetessem à escravidão sem contestar após lerem esse versículo. Não se sabe ao certo o que os revoltosos muçulmanos

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realmente queriam já citamos as principais causas, porém existem outras razões que ainda continuam sendo um mistério. O motim foi exclu- sivamente africano. Na internet, circulam referências que os rebeldes queriam a liberdade e escravizar os brancos e escravos não islâmicos, fato que se confirma no livro “o guia politicamente incorreto da história do Brasil”, de Leandro Narloch. Complicado saber, afinal quem escreveu sobre os malês foram aqueles que sufocaram a rebelião e, até hoje, ainda se discute sobre o que os revoltosos queriam. A revolta dos malês deixou o seu legado de insatisfação com a escravidão e a imposição do catolicismo aos negros islâmicos.

Sem sombra de dúvidas, o movimento mais famoso de resis- tência à escravidão aconteceu no Brasil colônia, na antiga capitania de Pernambuco (atualmente Alagoas) e ficou conhecido como o Quilombo dos Palmares. Os Quilombos eram uma espécie de comunidades, que mais tarde se tornaria uma fortaleza, onde os negros foragidos dos seus senhores criavam esse povoado vivendo conforme a cultura afri- cana. Palmares, sem dúvida, foi importante e se tornou um símbolo de resistência dos africanos contra a escravidão, além de abrigar milhares de negros foragidos e índios descontentes com os colonizadores. O Quilombo, em seu auge, chegou a atingir aproximadamente 20 mil habi- tantes. Foi resistente às invasões holandesas e portuguesas e durou, como dizem algumas fontes, cem anos. Em Palmares, surgiu o que podemos considerar um dos primeiros heróis do Brasil, Ganga Zumba. Nascido no reino do Congo, por volta de 1630, Ganga Zumba é o primeiro líder que se tem notícia do Quilombo de Palmares. Ele vivia conforme a vida de um reinado africano dentro do quilombo. Tinha súditos, guardas, oficiais e era respeitado como um monarca. Ganga Zumba chegou a travar batalhas contra a coroa portuguesa e quase chegou a assinar um tratado de paz com os portugueses, porém foi praticamente impedido de qualquer acordo pelos outros membros do quilombo que

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não aceitavam o tratado e eram liderados por ninguém menos que seu sobrinho Zumbi. Segundo consta, o sujeito havia sido capturado na região de palmares quando criança e, reza a lenda (há controvérsias), que foi criado e educado pelo padre Antônio Melo e fora batizado com o nome de Francisco.

Ao crescer Francisco, aprende latim e português, mas não consegue esquecer suas raízes africanas e, por volta dos 15 anos, foge para Palmares onde adota o nome de Zumbi que possui vários signi- ficados, dentre eles “grande guerreiro” e “alma de pessoa falecida”. Por ser sobrinho de Ganga Zumba, guerreiro e possuir táticas militares eficientes, Zumbi começa a atrair prestígio dos moradores do quilombo.

A Metrópole já havia mandado exterminar Palmares. Vamos raciocinar leitor! Afinal, qual Rei iria querer um amontoado de negros escravos que não pagavam impostos, não produziam e nem trabalhavam a favor da Coroa Portuguesa que colonizava o Brasil?

No Ano de 1678, o governador da província de Pernambuco, junto com autoridades portuguesas, enviaram representantes ao quilombo para negociarem um tratado de paz. Ganga Zumba envia seus representantes à cidade do Recife para tentar fechar um acordo de paz com os colonizadores. O acordo era devolver foragidos (aqueles que não haviam nascido no quilombo) de volta aos seus senhores e, em troca, a Metrópole garantiria a liberdade dos naturais de Palmares.

O acordo também daria terras para que os negros pudessem cultivar.

Provavelmente, seria o resultado do sistema de sesmarias e Palmares teria que se submeter às autoridades Portuguesas. A partir desse tratado, Zumbi passa a colocar o seu nome na história, quem sabe esse seja seu feito primordial.

Zumbi rejeita a proposta e bate de frente com a autoridade de Ganga Zumba. Uma espécie de guerra civil é instalada dentro do quilombo. Zumbi passa a ser então o novo líder de Palmares e Ganga

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Zumba passa a ser considerado traidor pelo novo líder. Seus segui- dores acabam morrendo envenenados e seus comparsas militares foram mortos. Zumbi continua com a proposta de resistência contra os colo- nizadores portugueses e, nos anos seguintes, liderou várias guerras contra os lusitanos garantindo a existência do Quilombo e salvando a vida de seus habitantes. É nessa época que Zumbi passa a adquirir a fama de temido e de “espírito que vaga pela mata”. Várias expedições da coroa, para destruir Palmares, haviam falhado devido ao território e as estratégias militares dos negros. Os bandeirantes, além de desbravarem o Brasil em busca de ouro e diamantes, também tinham os seus outros ofícios. Nossas ruas receberam nomes destes que eram nada mais do que servidores da Coroa. Uma nova expedição foi planejada para tentar liquidar de vez Palmares, a Metrópole escolhe o célebre bandeirante Domingos Jorge Velho. Existem divergências entre os historiadores, alguns pesquisadores contestam a versão de que Jorge Velho liderou a derrota de Palmares. O bandeirante chegou a ser considerado herói nacional por ter a honra de ter aniquilado a comunidade dos escravos rebeldes, em 1695. Domingos Jorge Velho, acostumado a caçar índios, destruiu o Quilombo dos Palmares, mas não conseguiu matar Zumbi que ferido conseguiu fugir para a mata junto com alguns companheiros.

Como conhecia muito bem o local, Zumbi passou a caçar os bandei- rantes um por um, feito que ajudou a aumentar o seu mito de espírito imortal, assim reza a lenda. Depois de certo tempo, cansado e ferido, acabou sendo capturado. Algumas fontes indicam que foi traído por seus companheiros, sendo preso e morto em 20 de novembro de 1695.

A cabeça de Zumbi foi enviada à cidade de Recife para ser exposta em praça pública e servir de exemplo sobre o que aconteceria se algum escravo não cumprisse a lei. A exposição também serviu para acabar de vez com o mito de que Zumbi era um espírito imortal. O dia da consci- ência negra no Brasil é comemorado em referência à morte de Zumbi.

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poeta.castilho@gmail.com /William Castilho

@poeta.william

Referências

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