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Responsabilidade Social na Construção Civil MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

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Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César

Responsabilidade Social na Construção Civil

MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César

Responsabilidade Social na Construção Civil

MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais / Antropologia, sob a orientação do Prof. Dr. Rinaldo Sérgio Vieira Arruda.

SÃO PAULO

(3)

Banca Examinadora

_________________________________

_________________________________

(4)

RESUMO

Na década de 90, às margens do Rio Pinheiros crescia uma parte nova da cidade de São Paulo. Formada por prédios comerciais construídos com aparatos tecnológicos altamente sofisticados, a região das Avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berini e Nova Faria Lima passou a simbolizar o nascimento de uma cidade globalizada pronta para atender à nova ordem econômica mundial.

Observando o cenário acima descrito, esta dissertação tem três objetivos principais: contextualizar a incorporação da noção de responsabilidade social pelas empresas; verificar, mais especificamente, como se dá a prática da responsabilidade social no setor da construção civil em São Paulo; e avaliar o grau de comprometimento do setor com o tema da sustentabilidade que hoje se faz fortemente presente no discurso das empresas e nos meios de comunicação com seus públicos.

(5)

ABSTRACT

In the decade of 90 to the marginal of River Pinheiros was born a new city, taken root of technological high commercial buildings in the region of the Av. Engenheiro Luiz Carlos Berini and Av. Faria Lima the icone a ready city globalized for attend to that new world economic order. In this context, that dissertation has for objectives: put into context the incorporation of the notions of social responsibility of the companies; verify as the social responsibility is practiced in the sector of the civil construction in São Paulo and evaluate the rank of practical compromise of the sector with the subject of the sustainability that today present is done in the talk of the companies and in the media with his public.

(6)

SUMÁRIO

RESUMO 04

ABSTRACT 05

SIGLÁRIO 08

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO 1

A CONSTRUÇÃO DE UMA METRÓPOLE MAIS SUSTENTÁVEL

1.1 As empresas e a sustentabilidade 14

1.2 São Paulo, a construção de uma nova metrópole 15

1.3 São Paulo e a sustentabilidade 17

1.4 Os movimentos internacionais para a sustentabilidade 22

CAPÍTULO 2

OS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL, E A SUA INCORPORAÇÃO NAS EMPRESAS

2.1 O que é sustentabilidade 27

2.2 O conceito de sustentabilidade e a ONU 32

2.3 O que é sustentabilidade para as empresas 37

2.4 O conceito de responsabilidade social proposto pelo Instituto Ethos 46 2.5 Indicadores de sustentabilidade e sua aplicabilidade nas

organizações 49

2.6 Pesquisas sobre aplicação de indicadores de sustentabilidade nas

(7)

CAPÍTULO 3

A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

3.1 A globalização e o surgimento das novas metrópoles 57

3.2 Construção sustentável: definições 65

3.3 Comportamento do mercado frente à sustentabilidade no setor 68

3.4 Articulação setorial para sustentabilidade 76

CONSIDERAÇÕES FINAIS 86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93

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SIGLÁRIO

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. AEM - Avaliação Ecossistêmica do Milênio.

AGENDA 21- instrumento de planejamento para a construção de

sociedades sustentáveis foi um dos principais resultados obtidos durante a Rio 92.

ANA - Agência Nacional das Águas. AQUA - Alta Qualidade Ambiental.

ASBEA - Associação Brasileira de Arquitetos.

CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

CENU - Centro Empresarial Nações Unidas.

CO2 - Dióxido de Carbono.

COP 15 - Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. DOF - Documento de origem florestal.

Estocolmo 72 - Primeira conferência realizada pela ONU sobre meio ambiente.

FDC - Fundação Dom Cabral. FGV - Fundação Getúlio Vargas.

FUMIN - Fundo Multilateral de Investimentos. GBC BRASIL - Green Building Council.

GIFE - Grupo de Institutos Fundações e Empresas. Green Building - Prédio Verde.

GRI - Global Reporting Initiative.

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

(9)

ISO 2600 - Norma Internacional de Responsabilidade Social. LEED - Leadership in Energy & Environmental Design. MMA - Ministério do Meio Ambiente.

NBR16001 - Norma Brasileira de Responsabilidade Social. ONG - Organização não governamental.

ONU - Organização das Nações Unidas.

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. PIB - Produto Interno Bruto.

PNRS - Política Nacional de resíduos sólidos.

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. PPCS - Plano Brasileiro de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis.

PROCAQUA - Programa para garantir qualidade e produtividade de sistemas de medição individualizada de água.

PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. Rio 92 - Segunda conferência mundial sobre meio ambiente organizada pela ONU - Organização das Nações Unidas.

MIT - Massachusetts Institute of Technology.

SA800 - Norma internacional de avaliação de responsabilidade social. SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. SBCI - Sustainable Buldings and Climate Initiative.

SECOVI - Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais.

SUSHI - Sustainable Social Housing Initiative. UNEP - United nations environment programme. VGV - Valor Geral de Vendas.

(10)

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem três objetivos principais: contextualizar a incorporação da noção de responsabilidade social pelas empresas; verificar como se dá a prática da responsabilidade social no setor da construção civil em São Paulo e avaliar o grau de comprometimento prático do setor com o tema da sustentabilidade que se faz fortemente presente no discurso das empresas e nos meios de comunicação com seus públicos.

Conforme os procedimentos metodológicos adotados, o primeiro passo foi realizar uma pesquisa bibliográfica para estudar os conceitos e noções científicas sobre os temas sustentabilidade e responsabilidade social, bem como conhecer as ferramentas utilizadas pelas empresas que apresentam ações práticas no sentido de aplicar os conceitos ao setor da construção civil no Brasil.

Nesse cenário podemos destacar que o movimento da responsabilidade social e sustentabilidade ganhou maior atenção do setor empresarial a partir da fundação do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, que vem se consolidando cada vez mais como referência em construir ferramentas, organizar indicadores e informações para as empresas que buscam inserir o conceito e a prática da responsabilidade social em seus negócios. Outros institutos e conselhos também foram pesquisados como o CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável -, fundado em 2008 com intuito de reunir a cadeia da construção civil no Brasil em busca da melhoria da qualidade de vida da população brasileira e da preservação de seu patrimônio natural.

(11)

entidades e organizações representativas que têm discutido o tema da sustentabilidade no Brasil e que hoje têm se destacado por adotarem práticas sustentáveis em seus negócios.

Perfil dos Entrevistados

· Luiz Henrique Ceotto - Graduado em Engenharia Civil pela

Universidade de Brasília. Mestrado em Engenharia de Estruturas

pela Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Diretor de

Design e Construction da Tishman Speyer Properties. Membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sinduscon-SP. Membro do Conselho Consultivo da revista Construção (Editora Pini). Professor convidado do curso de Mestrado Profissional em Engenharia de Edificações da Escola Politécnica da USP.

· Marcelo Vespoli Takaoka - Doutor em Engenharia Civil pela

Escola Politécnica - USP - e Pesquisador do Núcleo de Real Estate. Membro do conselho de administração da Bolsa de Valores Sociais e Ambientais. Presidente do Conselho Deliberativo do CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável do Greenpeace no Brasil e do conselho do Ethos. Diretor da Takaoka S.A e empresário do setor de negócios imobiliários.

· Marcus Nakagawa - Assessor de sustentabilidade da Philips,

graduado em marketing e propaganda e pós-graduado em Gestão de Negócios. Mentor da futura Associação dos Profissionais de Sustentabilidade e Responsabilidade Social no Brasil.

· Paulo Itacarambi - Engenheiro civil, com mestrado em

(12)

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Atuou

como professor universitário na UFSCAR – Universidade Federal

de São Carlos. Consultor em planejamento e administração. Diretor de empresa da consultoria Oficina Consultores Ltda. Presidente do Conselho de Administração e diretor-presidente da empresa pública Anhembi Turismo e Eventos da Cidade São Paulo. Foi fundador e conselheiro da ONG Instituto Polis.

Essa dissertação está dividida em 03 capítulos, descritos a seguir:

O capítulo 1 apresenta a justificativa para a pesquisa, seus objetivos e a metodologia adotada para sua elaboração.

O capítulo 2 discorre sobre o tema da responsabilidade social no Brasil, o seu desenvolvimento; os métodos utilizados pelas empresas; o surgimento de indicadores e normas como a ISO 26000; além de apresentar o conceito de sustentabilidade corporativa como uma tendência para inovação nas empresas.

O capítulo 3 apresenta o contexto atual da construção civil em São Paulo, as interconexões com o tema da responsabilidade social, a partir

do boom imobiliário na década de 90 e a preocupação com as questões

climáticas como fatores que impulsionaram o setor à adesão aos

chamados green buldings (prédios verdes).

(13)

capítulo refere-se à articulação setorial formada por entidades, ONGs e empresas em prol da sustentabilidade.

(14)

CAPÍTULO 1

A

CONSTRUÇÃO

DE

UMA

METRÓPOLE

MAIS

SUSTENTÁVEL

1.1. As empresas e a sustentabilidade

Muito tem se falado de empresas sustentáveis ou de empresas que estão nos caminhos da sustentabilidade, mas, na verdade, o que está subjacente a esses discursos, que não raro se constatam tão esvaziados das práticas a que se propõem e tão distantes do nosso contexto social atual?

As empresas do século XXI estão à frente de um grande desafio: o de

produzir bens e serviços para atender a chamada “economia de baixo carbono”, ou seja, reduzir ao mínimo o uso de materiais e energia por

unidade de produto produzido, preservando os serviços ecossistêmicos básicos como o fornecimento de água e outros recursos naturais que a terra proporciona à sociedade, com condições de prover equidade e qualidade de vida, ambas necessárias à sobrevivência e manutenção da própria espécie.

Iniciativas do governo brasileiro, como a nova política nacional de resíduos sólidos sancionada no dia 2 de Agosto de 2010 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de obrigar o fim progressivo dos lixões em todos os municípios do país, transformando-os em aterros sanitários controlados para garantir a não contaminação do solo, e obrigar a reciclagem e a não proliferação de gases danosos ao meio, cria também,

(15)

por recolher, depois de usados pelo consumidor final: agrotóxicos e seus resíduos; embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes; produtos eletrônicos e seus componentes.

A lei estabelece prazos para que as empresas implantem a nova conduta e informem o consumidor sobre o recolhimento dos produtos usados. Entre outros termos, a lei também obriga as instituições a comprovarem a destinação ambientalmente correta desses resíduos. O não cumprimento da norma é considerado crime ambiental, que prevê pena de até cinco anos de reclusão além de multa.

No setor da construção civil podemos destacar o papel das empresas de incorporação imobiliária, pois elas são responsáveis por criar condições de infraestrutura, lazer, comércio, abrigo e conforto para a vida das pessoas nas metrópoles.

Dessa maneira, foram tomados como empréstimo os conceitos formulados no âmbito das ciências sociais, mais especificamente da sociologia e da antropologia para buscar desvendar como estão sendo desenvolvidos os diversos aspectos da responsabilidade social no Setor da Construção Civil em São Paulo, no corredor sudoeste, segundo o nosso recorte, já que foi nesse contexto que surgiu o primeiro

empreendimento certificado Green Building do país.

1.2. São Paulo, a construção de uma nova metrópole

(16)

Luiz Carlos Berrini. O Rio Pinheiros é margeado pela via expressa Marginal Pinheiros que juntamente com a Marginal do Tietê compõem o principal sistema viário da cidade de São Paulo.

A Cia. City, empresa do setor imobiliário nessa época, era responsável pela maior parte dos loteamentos da região da Paulista e da Marginal do Rio Pinheiros. Considerado um exemplo de articulação imobiliária e de inovação na proposta de serviços de infraestrutura, o modelo de gestão da empresa acabou atraindo investimentos estrangeiros e, consequentemente, esses loteamentos residenciais logo se tornaram os mais valorizados da cidade.

O processo de remodelação urbana envolve, atualmente, importantes parcerias público-privadas com o objetivo de requalificar certas áreas por meio de processos sociais e políticos de intervenção territorial, e de aumentar a qualidade de vida da população, bem como a criação de novas centralidades (BÓGUS e PESSOA, 2008).

Dessa maneira, na década de 90, às margens do Rio Pinheiros, crescia uma parte nova da cidade de São Paulo. Formada por prédios comerciais construídos com aparatos tecnológicos altamente sofisticados, a região das Avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berini e Nova Faria Lima passou a simbolizar o nascimento de uma cidade globalizada pronta para atender à nova ordem econômica mundial.

(17)

e da regulamentação e controle da ação do mercado imobiliário. (BÓGUS e PESSOA, 2008).

São Paulo hoje é uma das 27 unidades federativas do Brasil cujo Estado está localizado na região Sudeste e tem como limites os Estados de Minas Gerais (N e NE), Rio de Janeiro (NE), oceano Atlântico (L), Paraná (S) e Mato Grosso do Sul (O). Ocupa uma área de 248.808,8 quilômetros quadrados e atualmente possui 645 municípios, 41.252.160 habitantes, sendo que, deste total, 39.552.234 são contabilizados como população urbana.

A frota de veículos do tipo automóvel totalizou, em 2009, 12.536.176 veículos. Na capital, segundo os primeiros resultados do Censo 2010, a cidade tem um total 11.244.369 pessoas residentes, das quais 7.953.144 são eleitores ativos.

O PIB, Produto Interno Bruto dos Municípios, em 2008, chegou a R$ 32.493,96, e a cidade é reconhecida internacionalmente como motor da economia do país. Atualmente a capital paulistana representa 31% do PIB do Brasil. Estes resultados, em termos de desenvolvimento econômico e expansão populacional, surgem em função da melhoria em infraestrutura, mão de obra qualificada, fabricação de produtos de alta tecnologia, e por concentrar o maior parque industrial e apresentar maior produção econômica do Brasil.

1.3. São Paulo e a sustentabilidade

(18)

Para Ignacy Sachs (2009), toda cidade é um ecossistema, portanto, dispõe de um potencial de recursos desperdiçados, mal utilizados, latentes, mas que seria preciso valorizar e reverter em benefício das populações. Segundo o autor, a questão urbana não pode ser separada do ordenamento do território e com isso deveriam ser pensadas soluções para as cidades, por exemplo, com relação às questões ambientais, uma boa pergunta seria: como diminuir ou minimizar desperdícios de energia?

Segundo o IBGE, apenas 17% dos 900 municípios brasileiros possuem coleta seletiva; pouco mais de 40% possuem aterro sanitário e somente 11% dos lares brasileiros costumam separar lixo doméstico.

Como a maior parte das metrópoles mundiais, São Paulo hoje também tem enfrentado grandes problemas relacionados ao seu crescimento e desenvolvimento e consequentemente tem piorado a qualidade de vida das pessoas que vivem nas grandes cidades. Em pesquisa realizada pelo Movimento Nossa São Paulo, em 2010, a população de São Paulo se diz insatisfeita com o bem-estar na cidade: numa escala de 1 a 10, os paulistanos avaliam sua qualidade de vida com uma média de 4,8. Aspectos como segurança, medo de alagamentos, trânsito, assaltos e roubos estão entre os principais fatores que contribuíram para que a população se declarasse insatisfeita com a qualidade de vida na cidade.

(19)

Segundo Professor Ricardo Abramovay, em entrevista ao Jornal IHU1

on line, o padrão de consumo no Brasil é um dos elementos indutores da

forma de vida insustentável, como na cidade de São Paulo:

Quem mora em São Paulo percebe que a aspiração e o verdadeiro culto à propriedade de um automóvel individual, sua transformação não numa utilidade, mas num valor é apenas um exemplo de que aumento da renda não conduz necessariamente a aumento do bem-estar. Isso não significa que a renda dos mais pobres deva parar de crescer, é claro. Significa que os padrões de consumo atuais estão concentrados em produtos alimentares de má qualidade, num padrão de mobilidade urbana insustentável e em formas de moradia apoiadas em imenso desperdício, devem ser discutidos e modificados. O Plano Brasileiro de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis – PPCS, atualmente em consulta pública, é um avanço importante nesta direção.

Nesse sentido, pode-se perceber que o processo de ordenação territorial e a nova centralidade constituída em São Paulo na região sudoeste da cidade, influenciada pelo crescimento econômico, pelo consumismo e o fenômeno de individualização tem piorado a qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade, ao contrário do que havia sido previsto, ou pelo menos desejado, com a requalificação urbana na região.

O fenômeno da individualização refere-se ao fato de que as pessoas estão cada vez mais presas ao consumo e à competição global.

Bauman (2008), um teórico da pós-modernidade, apontou a

intensificação do consumo como uma das consequências do fenômeno

de individualização que o homem pós-moderno vivencia:

(...) a instabilidade dos desejos e a insaciabilidade das necessidades, assim como a resultante tendência ao consumo instantâneo e à remoção, também instantânea, de seus objetos, harmonizam-se bem com a nova liquidez do ambiente em que as atividades existenciais foram inscritas e

1 Conferir:

(20)

tendem a ser conduzidas no futuro previsível. Um ambiente líquido-moderno é inóspito ao planejamento, investimento e armazenamento de longo prazo. (BAUMAN, 2008: 45).

O autor sugere que este ambiente “líquido-moderno” favorece o fenômeno de “individualização” como consequência da fragmentação e enfraquecimento dos vínculos humanos. A norma hoje em dia é: para ser é preciso ter.

A sociedade, dessa forma, vai se organizando para trabalhar e consumir

serviços do tipo “faça você mesmo” de maneira individual, e se organiza

em seu novo habitat em torno dos shoppings centers, das ruas

especializadas em comércio e serviços acessíveis para as chamadas elites que, nas metrópoles, geralmente têm localização privilegiada a serviços e à infraestrutura que as chamadas classes mais populares, ou as que ficam nas periferias, não têm. Daí a relevância de contextualizar o setor da construção civil, uma vez que este setor é o responsável pelos projetos e construção deste aparato necessário para a organização da

sociedade em seu habitat.

Os indivíduos, cada vez mais, buscam fazer parte de uma rede de relações que lhes proporcione a satisfação das suas necessidades, o que provoca um distanciamento e um isolamento em função da realização pessoal, e de seu crescimento individual. Assim, Bauman

apresenta o “consumismo” como um tipo de arranjo social resultante da

reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros, que impulsiona e coordena a estratificação social, definindo grupos e

políticas de vida individuais.

(21)

residenciais fechadas2. “Poderíamos supor que esse seria um padrão residencial das classes altas em países com grandes desigualdades sociais.” (Pasternak, Suzana 2009: 83).

Bauman (2008) comenta o estudo de Caldeira sobre São Paulo: “A nova

estética da segurança decide a forma de cada tipo de construção, impondo

uma lógica fundada na vigilância e na distância” (BAUMAN, 2008:38). Presume-se que as comunidades fechadas sejam mundos separados.

“As mensagens publicitárias acenam com a promessa de viver plenamente como uma alternativa à qualidade de vida que a cidade e seu deteriorado espaço público possam oferecer”. (CALDEIRA, 2009: 39).

O setor da construção civil também vai se organizando para o desenvolvimento de metrópoles que proporcionem aos seus habitantes, principalmente os das chamadas elites sociais, acesso à infraestrutura privilegiada, reafirmando o fenômeno de individualização social.

As metrópoles acabam sendo construídas para o isolamento e novas formas de sociabilidade se estabelecem a partir das necessidades e desejos individuais. Nesse novo cenário aparecem os chamados

“condomínios fechados” que propõem aos seus moradores, por meio das mensagens publicitárias, uma nova forma de viver com segurança, conforto e tranquilidade.

É a partir do surgimento das novas cidades que a economia favorece a maior parte dos nodos das empresas em rede e globalizadas localizadas nas chamadas AMPs - Áreas Metropolitanas Principais -, o que provocou mudanças estruturais e um novo tipo de cidade.

2 Loteamentos fechados são parcelamentos comuns, de lotes, com cercas ou muros

(22)

De acordo com Mattos (2004), “Houve uma mudança no enfoque na gestão urbana: Por um lado maior polarização e segregação social e, por outro lado, forte expansão dilatação metropolitana com tendências a suburbanização,

pluriurbanização e policentrismo”. (MATTOS, 2004: 160).

No setor da construção civil, em especial, a especulação imobiliária é um dos agentes indutores da concepção espacial das cidades nas quais os indivíduos vão se organizando de forma segregada estabelecendo novas formas de sociabilidade, de acordo com a infraestrutura e acessos propostos pelo esquema da globalização.

1.4. Os movimentos internacionais para a sustentabilidade

Alguns conceitos são fundamentais para a construção do nosso objeto de pesquisa. Entre eles, o de sustentabilidade ocupa primeiro plano. Segundo o Relatório de Brundtland (1987), sustentabilidade é o mesmo

que "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das

gerações futuras de suprir as suas". (BRUNDTLAND, 1987).

Este conceito demorou algum tempo para chegar a essa formulação e passou a ser mais fortemente difundido pela ONU em 1987. Ignacy Sachs, economista que trabalhou na organização da primeira conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, a Estocolmo-72, realizada na Suécia, e na Cúpula da Terra, a inesquecível Rio-92, foi quem ajudou no início dos anos 70 a definir o conceito de

“ecodesenvolvimento” que, mais tarde, passou a ser chamado de

“desenvolvimento sustentável”, um termo adaptado pela Agenda 21,

(23)

Segundo o autor “um desenvolvimento é a universalização efetiva do conjunto dos direitos humanos, por direitos humanos, não só os direitos cívicos, mas direitos econômicos, culturais, sociais e todo conjunto de direitos coletivos." (SACHS, 2006)3.

Sachs propõe que o desenvolvimento sustentável deva ser socialmente includente, ou seja, busque acabar com a exclusão social e distribuir riquezas de forma equânime, além de conservar e garantir que os recursos naturais estejam disponíveis para esta e para as futuras gerações. Para Sachs os objetivos do desenvolvimento são sempre sociais, há uma condicionalidade ambiental que é preciso considerar para que as soluções pensadas sejam economicamente viáveis. Foi a partir dessa discussão durante a Conferência de Estocolmo em 1972 que a ONU decidiu criar o PNUMA - Programa Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente - colocando a temática ambiental na ordem do dia para discussão da comunidade internacional.

No contexto mundial, o setor da construção civil também tem se movimentado na direção das construções sustentáveis com objetivo de minimizar os impactos causados por suas atividades no meio ambiente e na sociedade, pois, acredita-se que este setor seja um dos grandes responsáveis pelas mudanças no clima já que gera resíduos diversos e emite toneladas dos gases causadores do efeito estufa, além de consumir uma enorme quantidade de recursos naturais disponíveis na terra.

Construção Sustentável é qualquer empreendimento - edificação - que consiga atender de forma equilibrada os seguintes princípios: adequação ambiental, viabilidade econômica, justiça social e aceitação cultural.

O Setor da Construção Civil no Brasil hoje é responsável por gerar aproximadamente 7,3% de empregos formais segundo os dados do

(24)

IBGE, e é dos setores mais impactantes para a nossa base econômica. Por outro lado é o responsável por 40% das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo o que propõe que a sustentabilidade seja um fator estratégico e de sobrevivência para o setor.

A ONU através do SBCI - Sustainable Buldings and Climate Initiative, uma iniciativa coordenada pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) propõe impulsionar a indústria da construção civil e governos no desenvolvimento e implantação de políticas, estratégias e práticas mais limpas para fazer o uso eficiente dos recursos naturais. Segundo o SBCI, o ambiente construído é globalmente responsável por cerca de 40% das emissões globais de CO2, desta forma ressalta-se a importância de incluir, nos trabalhos realizados no âmbito dos mecanismos internacionais que visam enfrentar as alterações climáticas, a discussão de ações que a cadeia produtiva da construção civil deve tomar no sentido de minimizar as emissões de CO2 e de adaptar o ambiente construído aos efeitos das mudanças no clima.

Foi na região da Av. Faria Lima e da Av. Engenheiro Luiz Carlos Berrini, em São Paulo, em que apareceram os primeiros empreendimentos verdes do país. Estes empreendimentos receberam certificação LEED -

Leadership in Energy and Environmental Design, que significa “liderança

ambiental e energética em projetos”. A certificação LEED é uma

metodologia que faz a avaliação de empreendimentos em relação à sustentabilidade através da incorporação de materiais mais sustentáveis, do uso mais racional de recursos naturais como água e energia. Esse sistema de certificação foi o primeiro a chegar ao Brasil e hoje se

encontra em 5º lugar no ranking mundial da construção sustentável,

atrás dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China.

Em 2009, o Brasil era o 6º colocado nesse ranking. Hoje são mais de 23

(25)

Segundo dados disponíveis no site do GBC Brasil - Green Building

Council Brasil, esse Conselho foi criado em março de 2007 como uma

organização não governamental para auxiliar no desenvolvimento da indústria da construção sustentável no País, utilizando as forças de

mercado para conduzir a adoção de práticas de Green Building em um

processo integrado de concepção, construção e operação de edificações

e espaços construídos. O GBC Brasil é um dos 21 membros do World

Green Building Council, uma entidade supranacional que regula e

incentiva a criação de Conselhos Nacionais como forma de promover mundialmente tecnologias, iniciativas e operações sustentáveis na construção civil.

A maior conscientização das corporações brasileiras em torno de temas socioambientais está em consonância com o que acontece no exterior.

Além do movimento por construções sustentáveis, outro conceito também aparece na pauta das discussões internacionais sobre cidades o

termo “Cidades Sustentáveis”. Em 27 de maio de 1994, foi realizada em Aalborg, Dinamarca, a Conferência Européia sobre Cidades

Sustentáveis, ocasião em que foi apresentada a “Carta das Cidades

Européias para a Sustentabilidade”, um dos movimentos mais

significativos no campo e que também inspirou o movimento Brasileiro por cidades mais justas e sustentáveis.

(26)

relação aos Planos de Ação Local para a sustentabilidade da Agenda 21 até 1996.

(27)

CAPÍTULO 2

OS

CONCEITOS

DE

SUSTENTABILIDADE

E

RESPONSABILIDADE SOCIAL, E A SUA INCORPORAÇÃO

NAS EMPRESAS

2.1. O que é sustentabilidade

O tema sustentabilidade sugere uma quebra de paradigmas, uma reinvenção, ou seja, um processo de inovação em diversos campos e setores.

Giddens (2010) definiu o termo “desenvolvimento sustentável” em dois

componentes separados: sustentabilidade e desenvolvimento.

Para o autor, sustentabilidade é uma idéia útil apesar de escorregadia uma vez que diz respeito a um futuro indefinido, já que não sabemos quais mudanças tecnológicas ocorrerão, fica difícil conseguirmos nos apoiar nas avaliações sobre os limites de recursos naturais disponíveis na terra, pois, questões como essas costumam ficar sob um ponto de interrogação. Além disso, é possível dar substância a este termo de várias maneiras.

Por exemplo, o Fórum Econômico Mundial elaborou o Índice de Sustentabilidade Ambiental que foi aplicado em 100 países. A sustentabilidade ambiental é definida em termos de cinco elementos:

1. O estado de sistemas ecológico como ar, o solo e a água. 2. As pressões a que esses sistemas estão sujeitos, inclusive seus níveis de poluição.

(28)

4. A capacidade social e institucional de a sociedade lidar com riscos ambientais.

5. A capacidade de criar uma supervisão de bens públicos globais, especialmente a atmosfera. (GIDDENS, 2010: 90).

Já o termo “desenvolvimento”, para Giddens, vem sendo considerado

simplesmente sob o ponto de vista do crescimento econômico medido pelo PIB - Produto Interno Bruto - ou em referência a processos econômicos que tiram as pessoas da pobreza, e é neste sentido que constatamos os países em desenvolvimento com os desenvolvidos pois os em desenvolvimento o crescimento nunca cessam e haverá trajetórias separadas de desenvolvimento no mundo , pelo menos até que os

países mais pobres atinjam um certo padrão de riqueza (GIDDENS, 2010:

91).

Giddens mostra também que a questão das mudanças climáticas4 é

política e que será necessário um acordo entre os governos para superar as problemáticas relativas ao tema. Além disso, o autor acredita na inovação tecnológica e na busca de tecnologias sustentáveis para mitigar as causas do aquecimento global e transformar nossa economia em uma economia de baixo carbono.

Michel Serres (2003: 83) aposta na inventividade: é preciso exercitar a criatividade e se não se consegue, não se vai reinventar a universalidade do homem. A sustentabilidade nos sugere uma nova forma de pensar e agir, assim como acredita Serres: o processo da Hominescência,

4 Mudança(s) climática(s)

acordo firmado no âmbito de Acordos Ambientais

Multilaterais, sob o patrocínio do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Conhecido como Protocolo de Quioto, em 1997, com o propósito de reduzir as emissões de CO2, entre os anos 2008-2012, correspondente a 5-7% abaixo dos

(29)

segundo o qual se pode construir uma nova humanidade capaz de religar cultura, ciência e filosofia, se inicia por meio da ruptura com o modelo cartesiano, ocidental e tradicional que colocava cada um no seu lugar dentro das empresas.

Serres (2003) mostra como o pensamento ocidental acabou transformando o mundo. Hoje, a sociedade não vive da mesma maneira, houve uma ruptura com as tradições e a forma como os homens viviam antes da Revolução Industrial. A família também mudou, deixando de ser produtora para ser consumidora de bens e serviços.

O ocidente acabou por transformar o mundo. A Terra, no sentido do planeta fotografado em sua globalidade pelos cosmonautas, tomou o lugar da terra, como a gleba cotidianamente trabalhada. Essa figura separou no final do último século de todo o tempo passado desde o neolítico, já transformou nossos relacionamentos com a fauna e a flora, com a duração das estações, o tempo que passou, com o tempo que faz, com as intempéries, com espaços e lugares, com o habitat e nossos deslocamentos.

Essa fissura também transformou os relacionamentos sociais; coletivamente não vivemos mais da mesma maneira, desde o desaparecimento do cordão nutri mental comum ao campo, às propriedades, à vegetação e aos animais, à ocupação dos territórios, à sua defesa e à guerra; nem sequer morremos mais da mesma maneira, pois, por falta de espaço nas cidades, preferimos incinerar nossos mortos a enterrá-los sob o suor de nosso trabalho”, Serres, (SERRES, 2003: 83).

Talvez, essa ruptura com o modelo ocidental cartesiano que costuma separar cultura, indivíduo e sociedade seja o grande paradigma da ciência contemporânea que busca sair do velho paradigma do homem como centro do universo para o homem que está integrado ao todo.

(30)

Morin (2007) aponta a ética5 como um processo de religação entre indivíduo, espécie e sociedade, sendo necessários o autoconhecimento e a reflexão para se obtê-la.

Alguns dos questionamentos propostos por Morin estão relacionados a essa dificuldade que o homem tem de ativar a religação, pois o pensamento atual não é sistêmico, mas compartimentado, fragmentado, mantendo-se, dessa forma, incapacitado de ver o todo e, sendo assim, incapaz de religar-se ao todo. Essas limitações levam às irresponsabilidades e à falta de solidariedade que caracteriza os humanos como seres mais individualistas do que altruístas.

Todo conhecimento (e consciência) que não pode conceber a individualidade e a subjetividade, nem incluir o observador na sua observação, não tem forças para pensar todos os problemas, sobretudo, os problemas Éticos. Pode ser eficaz para a dominação dos objetos materiais, o controle das energias e a manipulação dos seres vivos. Mas se tornou míope para captar as realidades humanas, convertendo-se numa ameaça para o futuro humano. (MORIN, 2007: 62).

Sob este pano de fundo, pode-se perceber que Morin e Serres, teóricos do pensamento sistêmico, já apontam a necessidade que o tem homem de se religar, se reconectar com a sociedade, como meio natural, e consigo mesmo, para compreender que essas atitudes individualistas não o levarão às atitudes éticas capazes de pensar sistemicamente o quanto tais atitudes poderão impactar os mecanismos de solidariedade de uma dada sociedade.

5Ética: avaliação das ações humanas com o propósito de entender o certo e o errado;

(31)

O paradigma sistêmico, portanto, aponta para um rompimento do pensamento tradicional, pois mostra que existem outras possibilidades, outras formas de expressão de sentimentos que não sejam simplesmente através do consumo de bens e serviços. Talvez essa possibilidade ocorra porque antes de consumir o indivíduo que pensa de forma sistêmica consiga enxergar que a ação de consumo terá outros impactos na sociedade como, por exemplo, a geração de lixo.

O difícil não é pensar indivíduo, espécie e sociedade, mas sim as atitudes éticas que as reflexões de Morin e de Serres propõem: pensar o passado vivendo o presente e olhar para o futuro tendo em conta que nossas ações provocam impactos sobre a vida do outro e, logo, da sociedade.

Sachs e Giddens, por sua vez, apontam que os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento devem ser levados às empresas como uma proposta de inovação em busca de uma economia com emissões de baixo carbono, desde que os aspectos sociais sejam includentes e intrínsecos aos acordos internacionais de cooperação para cortes nas emissões de gases causadores do efeito estufa. Os autores apostam no desenvolvimento de novas tecnologias mais sustentáveis capazes de atender às necessidades emergentes de desenvolvimento com ênfase na sustentabilidade.

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2.2. O conceito de sustentabilidade e a ONU - Organização das Nações Unidas

Os dados apresentados por Brundtland influenciaram a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Nesse momento, o conceito de sustentabilidade ganhou relevância no Brasil e no mundo e, a partir daí, a ONU começou a difundir as metas do milênio, ou Agenda 21.

A Agenda 21 é um documento que retrata um plano de ação global assinado entre 178 países e tem como objetivo difundir o desenvolvimento primando por temas como: a erradicação da pobreza, fome e analfabetismo, igualdade de gênero e sustentabilidade ambiental, temas entendidos como componentes chaves do conceito de desenvolvimento humano sustentável, e que podem conduzir à melhoria das condições de vida de todos os seres humanos no planeta.

Esse alerta geral sobre a questão ambiental iniciada a partir de 1987 colocou em cheque a forma de se fazer negócios no mundo. A temática da sustentabilidade passou a influenciar políticas e governos para um futuro mais próspero.

O relatório Our Common Future (Nosso Futuro Comum), publicado em

1987, alertou o mundo em relação ao crescimento demográfico, ao esgotamento de recursos naturais e às altas concentrações de gases causadores do efeito estufa que aumentavam a temperatura da terra influenciando no clima do planeta.

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Em 2000, Kofi Annan, secretário geral da Organização das Nações Unidas, apresentou o maior relatório do estado do uso da natureza pelos seres humanos à Assembleia geral e, a partir daí, foi elaborada a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) com enfoque nas questões ambientais, clima, biodiversidade, desertificação e áreas úmidas, com objetivo de apresentar informações para as empresas, os governos e a sociedade civil permitindo a tomada de decisões em função de um futuro mais sustentável.

Figura 1. – Serviços que a natureza presta ao homem

Fonte: Avaliação Ecossistêmica do Milênio. Ecossistemas e bem-estar humano: Vivendo além dos nossos meios. Apud ALMEIDA, 2007: 14.

Os efeitos das mudanças climáticas no mundo têm provocado catástrofes ambientais. Pela primeira vez no Brasil foi constatada a

presença de um Furacão, denominado “Catarina”, em março de 2004.

No ano seguinte, passou o Katrina, o furacão que devastou New Orleans

pouco depois da divulgação de uma pesquisa realizada pelo

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aquecimento global está tornando os furacões mais poderosos e destrutivos.

O que todos os gases estufa têm em comum é que eles permitem a entrada de luz solar na atmosfera, mas absorvem parte da radiação infravermelha que deveria sair do planeta. Com isso, o planeta aquece. O CO2, em geral, é considerado

o principal culpado, pois responde por 80% do total das emissões de gases estufa. Quando queimamos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), seja em casa, nos carros, fábricas ou usinas elétricas, quando cortamos ou queimamos florestas, ou ainda quando produzimos cimento, liberamos CO2, na atmosfera. (GORE, 2006: 28).

É importante salientar que existem outros gases causadores do efeito estufa como o metano e o óxido de nitrogênio, que já existiam na terra antes da presença do homem, mas que aumentaram muito em função das atividades humanas.

Em 2006, foi lançado no Brasil o filme “Uma Verdade Inconveniente”, de

Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e atualmente diretor da Current TV, uma rede de televisão independente dedicada à não-ficção e voltada para jovens. Durante a sua trajetória política Al Gore, hoje considerado um ambientalista, se dedicou às causas ambientais e usou sua influência nos governos em que atuou para ajudar a reverter negociações que priorizavam questões como o aquecimento global e as mudanças climáticas. Al Gore conseguiu, através deste filme, colocar essas questões em discussão no mundo, fazendo uma conexão com as realidades do desgelo do Polo Ártico, a desertificação da Patagônia, os alagamento e destruição por enchentes, entre outros.

(35)

falta de água e crise na produção de alimentos. Portanto, será necessário parar com a devastação das florestas e limpar a energia a ser consumida no planeta, pois estes dois fatores têm aumentado significativamente as emissões de carbono e causado cada vez mais

catástrofes ambientais irreversíveis (Sumário com as conclusões está no

Anexo B6).

Em 2009, a tão esperada COP 15, ou a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima causou frustração aos ambientalistas, aos governos e à sociedade, pois foi encerrada sem um acordo multilateral entre as nações, sem metas estipuladas para a redução dos gases do efeito estufa.

Em 2010, o governo federal e o então Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, declararam que os valores dos investimentos direcionados para os países em desenvolvimento são insuficientes para que o Brasil, por exemplo, atinja sua meta voluntária de reduzir em até 39% suas emissões até 2020.

Os principais pontos do Acordo de Copenhague7 são:

· O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta

ao acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano.

· Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius,

porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta.

6 O Relatório Stern está disponível na internet:

http://www.hm-treasury.gov.uk/sternreview_index.htm (Acessado em 16/04/10).

(36)

· Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010

e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões.

· O texto do acordo também estabelece que os países deverão

providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão

combatendo o aquecimento global, por meio de "consultas internacionais e

análises feitas sob padrões claramente definidos".

· O texto diz: "Os países desenvolvidos deverão promover de maneira

adequada (...) recursos financeiros, tecnologia e capacitação para que se

implemente a adaptação dos países em desenvolvimento".

· Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do

Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil.

· O acordo "reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas

pelo desmatamento e degradação das florestas" e concorda em promover

"incentivos positivos" para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido.

· Mercado de Carbono: "Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as

oportunidades de usar os mercados para melhorar a relação custo-rendimento

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2.3. O que é sustentabilidade para as empresas

Fernando de Almeida (2007), presidente do CEBDS - Conselho

Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável8 considera que o maior

poder para operar as mudanças necessárias, na busca pela sustentabilidade, está com as empresas. Segundo o autor, nas empresas se concentra a maior fatia do poder no mundo contemporâneo e, portanto, também a maior responsabilidade pelos rumos que a sociedade tomará, ou seja, a ruptura urgente deve ser provocada no âmbito empresarial, e para que isso aconteça será necessário romper com os velhos paradigmas se quisermos construir um futuro sustentável.

Elkington (1998) desenvolveu o conceito de Tríplice Resultado, que privilegia os aspectos econômicos, sociais e ambientais como fatores que dão retorno positivo às empresas que se preocupam com a questão da sustentabilidade, conforme ilustrado de maneira simplificada e apresentado a seguir:

Figura 2 - Tríplice Resultado (SAVITZ, 2007: 5)

Econômicos Ambientais Sociais

Vendas, Lucro, ROI Qualidade do ar Práticas trabalhistas Impostos pagos Qualidade da água Impactos sobre a

comunidade Fluxos monetários Uso de energia Direitos humanos Criação de empregos Geração de resíduos Responsabilidade pelos

8 Desenvolvimento Sustentável - A aquisição quantitativa e qualitativa de bens e

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produtos

TOTAL TOTAL TOTAL

O Tríplice resultado pode ser comparado a um balanço que apresenta resultados nas três dimensões propostas como importantes pelo parâmetro da sustentabilidade. Os dados quantitativos que podem ou não gerar valor para os acionistas. Mais importante que o lucro é pode ser a experiência de uma forma de gestão que avalia impactos de acordo com uma visão sistêmica e leva em consideração a interdependência entre as partes interessadas e envolvidas, também denominadas de

stakeholders.

Os stakeholders alvo das empresas geralmente são classificados em

três categorias segundo Savitz:

· Externos, sem ligação direta com a empresa: membros da

comunidade, órgãos do governo, mídia, etc.;

· Internos: empregados, gestores, acionistas, etc.;

· Externos com ligação direta com a empresa: clientes e

fornecedores. (SAVITZ, 2007: 65)

Outra classificação possível se faz conforme o grau de influência no negócio. De acordo com Werbach,

A palavra sustentabilidade passou a ser amplamente usada no contexto ambiental a partir de 1987, depois de aparecer num relatório das Nações Unidas preparado pela primeira ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland”. Ela definiu desenvolvimento sustentável como “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias necessidades. (WERBACH, 2010: 8).

Nesse sentido, para Savitz,

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ao contrário, reestruturando-o e enriquecendo-o. (SAVITZ, 2007: 8).

Os movimentos ambientalistas e a ampla difusão das questões ambientais nos meios de comunicação de massa e, sobretudo na internet, influenciaram as empresas a prestar mais atenção na sua reputação perante o mercado.

Segundo Almeida,

A sociedade da informação já tem ferramentas disponíveis para mudar atos simples, como por exemplo, fazer compras on-line, evitando o gasto de energia com deslocamentos. Empresas deverão cada vez mais usar opção de teleconferência, evitando o consumo de energia em viagens. (ALMEIDA, 2007: 40).

Uma pesquisa realizada no Brasil, em 2010, pelo Ministério do Meio Ambiente, pela rede Walmart e pela Synovate Brasil, com o tema Sustentabilidade e Hábitos de Compra, revelou que a sociedade está disposta a evitar a contaminação do meio ambiente com cuidados como o descarte de produtos que contenham materiais perigosos, tais como pilhas, baterias e solventes. 45% das pessoas informaram ter cuidados em relação à destinação correta do lixo de matérias tóxicas, enquanto apenas 13% das pessoas buscaram reduzir o uso de automóveis.

O hábito de consertar coisas para prolongar a vida útil dos objetos também tem muitos adeptos, entretanto, apenas 17% das pessoas param de comprar algum produto por acreditar que faz mal ao meio ambiente. Mas 22% das pessoas afirmaram ter diminuído o consumo de carne por questões de saúde e 27% declaram já ter dado preferência por algum tipo de produto orgânico em suas compras.

(40)

consumidores. Segundo Bauman (2008), os consumidores são, ao mesmo tempo, os promotores das mercadorias e as mercadorias que promovem, porque todos habitam o mesmo espaço social conhecido como mercado.

Sob este aspecto, podemos perceber que as empresas também têm um papel de influência para a transformação dos hábitos de consumo, pois interagem conforme as expectativas e desejos da sociedade que hoje atribui ao consumo de bens e serviços um lugar relacionado à felicidade. Por outro aspecto, no sistema capitalista, para que as empresas se mantenham no mercado, é necessária a inovação e economia de recursos naturais, que estão cada vez mais altos em função da capacidade de carga de reposição que a terra tem condições de suportar. Dessa forma, as empresas acabam se comprometendo com a melhoria da qualidade de seus produtos e serviços.

O acesso e velocidade de informações proporcionaram aos consumidores atenção especial às empresas que devastam o meio ambiente natural, que trabalham com mão de obra escrava ou infantil, que utilizam produtos tóxicos prejudiciais à saúde e que não o declaram em suas embalagens, além de outras questões relacionadas à responsabilidade social.

Nesse contexto, a economia vem sofrendo impactos e tem sido percebida uma mudança significativa em relação ao grau de interesse dos consumidores pelas questões ambientais das empresas.

O Pão de Açúcar, por exemplo, em 2008, começou o seu trabalho de engajamento com o tema da sustentabilidade desde a edificação, ou seja, a partir da construção de um de seus empreendimentos, um

(41)

mostrar para a sociedade que além dos investimentos realizados em técnicas e sistemas construtivos mais sustentáveis que visam redução de água, energia, e emissões de gases causadores do efeito estufa, o Grupo tem a intenção de ampliar e desenvolver uma cultura da

sustentabilidade junto aos seus stakeholders.

Por meio de ações de marketing e comunicação, no ponto de venda e nos meios de comunicação, o Grupo elaborou seus comunicados e prospectos visuais de forma clara demonstrando aos seus clientes e consumidores os benefícios que essa nova operação pode gerar. No estacionamento da loja, por exemplo, existem vagas preferenciais para clientes que possuem carros movidos a álcool, e são difundidos pelos ambientalistas como uma alternativa mais sustentável em relação aos veículos convencionais. Na entrada da loja, o sistema de coleta seletiva está disponível para toda a comunidade, além disso, os resultados são divulgados semanalmente e os retornos obtidos são revertidos em projetos sociais para a própria comunidade. Há também, dentro da loja,

uma “gôndola verde” para expor os produtos diferenciados que carregam atributos sustentáveis para que os clientes possam compreender que estão consumindo produtos com tais e quais critérios e cuidados.

(42)

destacar em sua profissão sem pecar pelo excesso, mas com cautela e muita responsabilidade.

Pode-se dizer que a sustentabilidade acontece quando uma empresa realiza um diagnóstico preciso de suas práticas de gestão sob os aspectos sociais, ambientais e econômicos do ponto de vista de seus

múltiplos stakeholders. Ou seja: quando são avaliadas tanto as

oportunidades quantos os riscos inerentes aos seus processos em relação ao seu público de interesse. Essa abordagem alinhada às melhores práticas de governança para sustentabilidade cria valor para o acionista e possibilita uma maior continuidade do negócio em longo prazo.

Hoje, uma empresa que não pensar em sustentabilidade deixará de ser competitiva, principalmente porque os consumidores já estão conscientes, e exigentes, quanto à importância de escolher produtos de empresas, fabricantes ou servidoras, que primem pelas melhores práticas junto aos funcionários e comunidades; que preservem o meio ambiente e que adotem não só medidas compensatórias para minimizar os seus impactos ambientais e sociais, mas que realmente demonstrem, através de seus relatórios de sustentabilidade, ter colocado em prática os compromissos assumidos em relação aos riscos que seu negócio representa.

Marcus Nakagwa declarou durante a entrevista que sustentabilidade, daqui a 5 ou 10 anos, vai se extinguir nas empresas:

“Diversas leis que são sempre alteradas no Brasil e quem trabalha com

(43)

intermediários, os bancos, as agências de comunicação, e a parte da sociedade da saúde, cultura e lazer é onde de fato o ser humano tende a evoluir. A sociedade vai deixar de ser só coisas e vai passar a trocar conhecimentos, cultura, religiosidade, espiritualidade. Acho que é um novo Iluminismo. A área da produção, das coisas, a natureza vai mostrar que elas não são perenes. A era é a do conhecimento. Outras áreas que vão ajudar mais na questão das necessidades básicas do ser humano.

Resgate de grandes valores: ética, moral”.

Conforme apresentado na introdução deste capítulo, o esquema de religação entre indivíduo, espécie e sociedade propostos por Morin e Michel Serres, o pensamento sistêmico poderá gerar impactos nas modalidades de solidariedade de uma dada sociedade, dessa maneira é necessário religar-se ao meio natural e compreender que a separação entre homem e natureza poderá impedir qualquer ação de mudança para a cultura da sustentabilidade.

A eco-organização, segundo Morin (2007:34), é inseparável da constituição, da manutenção, do desenvolvimento da diversidade biológica e a vida, para organizar-se, tem necessidade vital de vida e a esta necessidade corresponde à dimensão ecológica que constitui a terceira dimensão organizacional da vida que só era conhecida sob duas dimensões, espécie (reprodução) e individuo (organismo) e, por impressionante que seja, o meio parecia ser o envelope exterior.

(44)

Um dos aspectos apontados por ele está relacionado à disseminação de conhecimento, ou seja, à formação de redes de conhecimento que contribuam com mudanças de paradigmas e proporcionem inovações.

Meu pai sempre que tinha uma idéia nova ele saia contando pra todo mundo. Ai o pessoal falava assim: - Takaoka porque que você, quando tem uma idéia você não fica quieto vai lá e faz? - Não fica contando pra todo mundo aí. Daí ele vira para as pessoas, e eu vi ele falando isso mais de uma vez, - Eu ensino a 10, 10 me ensinam e eu passo a perna nos 10. Então o que é isso? Isso explica porque está lento o processo de mudança e porque pode ser rápido no futuro. As pessoas são muito egoístas na maioria dos casos elas gostam de guardar o conhecimento para elas porque acham que o conhecimento é poder, isso era verdade no passado no século XVIII ou XIX. Quer dizer conhecimento é poder e hoje também é, se você souber o que vai acontecer amanhã com a bolsa de valores vocês tem poder você pode ganhar uma montanha de dinheiro, mas agora esse conhecimento ele vai mudar porque como nós estamos atingindo todos os nossos limites e as questões para serem analisadas ficaram muito mais complexas, porque são muitas variáveis e todas interdependentes o que é mais importante hoje é fazer rede de conhecimento e meu pai já tinha visto lá trás porque se você não faz uma rede e trata a informação de forma egoística você não passa a informação adiante também não recebe informação dos outros e daí você não vira um canal por onde a informação passa e tem várias instituições hoje que guardam as informações a sete chaves e o progresso não vem, tudo fica devagar. O negócio está ficando tão complexo e tão dinâmico que se você estiver tomando este tipo de atitude você morre, tanto é que você pode perceber que no caso do Conselho Brasileiro de Construção Sustentavel (CBCS) várias instituições muito tradicionais e empresas muito tradicionais estão nos procurando para fazer alguma coisa junto conosco, ou seja, na realidade, a nossa rede de conhecimento é uma luz pra eles e estamos sinalizando que está acontecendo alguma coisa diferente e aquilo que pode ser uma ameaça também pode ser uma oportunidade. Então vem primeiro os que veem uma oportunidade. (Entrevista com Marcelo Vespoli Takaoka, pesquisa de campo).

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ética, o respeito, a formalidade, a minimização de recursos, sobretudo os naturais que já são escassos em nosso planeta.

Percebe-se que neste processo de formação de uma nova cultura para a sustentabilidade, o aspecto da educação, seja ela formal ou não, tem sido considerado estratégico para a consolidação de um novo pensamento da sociedade.

Os meios de comunicação de massa têm importante papel nesse processo de educação para a sustentabilidade, mas será necessário, antes, transcender paradigmas como o formulado por Descartes, o modelo cartesiano que separa o sujeito e o objeto, alma e corpo, espírito

e matéria. Como afirma Morin, “um paradigma pode ao mesmo tempo

elucidar e cegar, revelar e ocultar. É no seu seio que se esconde o problema chave do jogo da verdade e do erro”. (MORIN, 2000: 21).

O filme Avatar, de James Cameron, trouxe para as telas do cinema de maneira muito significativa dois dos temas que são fundamentais para o desenvolvimento da sustentabilidade: a conectividade, ou seja, a relação de interdependência entre as pessoas e o mundo natural; e a questão do cuidado com o meio ambiente para que ocorra a preservação ambiental.

A formação de redes de conhecimento também deverá ser capaz de fazer com que as informações fluam, construindo-se, assim, um canal por onde a informação nos leve a atitudes mais éticas e à religação com o universo.

(46)

consumidores aconteça espontaneamente, de maneira que as empresas

possam sobreviver no mercado não apenas com ganhos de market

share, mas com qualidades econômicas ambientais e sociais requeridas

e aprovadas pela modernidade.

2.4. O conceito de responsabilidade social proposto pelo Instituto Ethos

No Brasil, a partir da fundação do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, as empresas começaram a se mobilizar e sensibilizar para compreender seus negócios sob a ótica deste novo conceito.

Paulo Augusto Itacarambi, vice-presidente-executivo do Ethos, na entrevista realizada, relatou que a liderança na criação do Ethos foi do

empresário Oded Grajew, presidente do instituto: “ele puxou este

movimento” quando, em 1997, Oded entrou contato com algumas organizações de responsabilidade social tanto na Europa como nos Estados Unidos e conheceu iniciativas semelhantes.

Em 1997 foi realizado um encontro em Miami, nos Estados Unidos, organizado pelo Business Solutions Responsablity e por Eric Lins, um dos membros do conselho do Instituto Ethos. Deu-se, nesse momento, uma aproximação com outros empresários, inclusive muitos do Brasil, como Helio Mattar, hoje do Instituto Akatu para o consumo consciente. Desse encontro saíram todos entusiasmados para criar uma organização desse tipo.

(47)

Responsabilidade Social não era até então trabalhado, eram trabalhadas as questões dos projetos sociais e o investimento das empresas na sociedade. O GIFE - Grupo de Institutos Fundações e Empresas - ajudou a trabalhar o conceito de investimento social privado. Antes da sua fundação, as empresas e institutos estariam mais voltados para um trabalho filantrópico das empresas preocupados em ajudar projetos e trabalhos comunitários, mas de forma mais errática e pontual. Assim, o GIFE, possui grande liderança neste trabalho com os institutos empresariais e com as empresas para desenvolver uma política de investimento social. (Entrevista com Helio Mattar, pesquisa de campo).

Segundo Itacarambi, o Ethos foi criado para trabalhar com a empresa e não com os projetos sociais, isso trazia uma mudança de cultura na

gestão do negócio, ou seja: “você pode desenvolver o seu negócio com lucro, mas de uma forma responsável, mas, é preciso ter um diálogo com os stakeholders, entender quais são os impactos que a empresa tem e administrar estes impactos, pois se você não conhece os impactos não consegue

administrá-los” (Paulo Itacarambi). Até esse momento, o conceito de responsabilidade social que estava no Brasil não era o supracitado, e o Ethos tornou-se o protagonista neste capítulo da nossa história.

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Para o Instituto, responsabilidade social empresarial pode ser definida como:

Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.9

O setor da construção civil também começou a se mobilizar e o “Projeto

Tear: Tecendo Redes Sustentáveis”, promovido pelo Instituto Ethos e

pelo Fundo Multilateral de Investimento (Fumin) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tem como principais objetivos aumentar a competitividade e a sustentabilidade das pequenas e médias empresas (PMEs) e ampliar suas oportunidades de mercado, contribuindo assim para o desenvolvimento do País.

Busca-se realizar esses objetivos pela adoção de medidas de responsabilidade social empresarial (RSE) em PMEs que atuam na cadeia de valor de empresas estratégicas em sete setores da economia: açúcar e álcool; construção civil; energia elétrica; mineração; petróleo e gás; siderurgia; e varejo. (Entrevista com Paulo Itacarambi, pesquisa de campo).

Algumas empresas do setor da construção civil no segmento de

incorporação como Y. Takaoka10 e a Gafisa são empresas âncora.

9 Disponível em

http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx acessado em 20/02/11.

10 “A Y. TAKAOKA EMPREENDIMENTOS S.A. foi idealizada pelo engenheiro Yojiro

(49)

O Projeto Tear já foi objeto de pesquisas anteriores e foi percebido como relevante para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores da construção civil, principalmente porque é possível que ele incentive as empresas de pequeno e médio porte a se tornarem mais competitivas em relação aos aspectos de responsabilidade social incorporados à sua estratégia de negócios.

2.5. Indicadores de sustentabilidade e sua aplicabilidade nas organizações

Os indicadores de sustentabilidade foram desenvolvidos para ajudar as empresas a incorporar e melhorar seus processos de gestão tendo em vista os desafios da sustentabilidade.

“O termo indicador é originário do latim indicare, que significa descobrir,

apontar, anunciar, estimar” (HAMMOND et.al,1995: 42). Os indicadores podem comunicar ou informar sobre o progresso em direção a uma determinada meta e representar o modelo da realidade, e não a realidade como colocada pelo autor. Os seus objetivos estão em agregar informações e quantificá-las de forma que seja possível avaliar os estágios em que as empresas se encontram em determinados temas.

Através dos indicadores de sustentabilidade, as organizações conseguem realizar um diagnóstico de sua gestão sobre os aspectos que envolvem o tema. Dentre os indicadores mais utilizados no Brasil podemos destacar os propostos pelo Instituto Ethos, A Norma SA 8000, Metas do Milênio, GRI e a ISO 26000.

partir da cisão da construtora Albuquerque, Takaoka, em 1995”. Acessado em

Imagem

Figura 1. – Serviços que a natureza presta ao homem
Figura 2 - Tríplice Resultado ( SAVITZ, 2007: 5)
Tabela Comparativa de Gastos e Consumo de Recursos nos Edifícios  10% do PIB mundial
Figura 3 – Condições de vida 17
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Referências

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