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Homilia de Mons. Jorge González na Catedral de Buenos Aires Buenos Aires, Argentina, Mons. Jorge González
18/11/2021
Tal como em outros Dias da Aliança, reunimo-nos como Família de Schoenstatt à volta do altar, à volta da Mãe com o desejo profundo de renovar a nossa Aliança de Amor.
Mas neste mês, fazemo-lo na alegre celebração do 136º aniversário do nascimento do Pai Fundador: no dia 16 de Novembro nasceu na pequena cidade de Gymnich
(Alemanha). Por este motivo repetimos este costume que têm, como Família diocesana de Buenos Aires, de ir em peregrinação dos diferentes centros (Zona
Belgrano/Santuário de Echeverría, Zona Centro/Confidentia; Escola Zona Mater/MTA) a esta Igreja Catedral e celebrar a Eucaristia com o Bispo. Por causa das coisas da vida, um belo sinal da providência divina, encontro-me a presidir a esta celebração com grande alegria e gratidão nesta Igreja de Buenos Aires que me acolhe...
Venho como peregrino, do Santuário da Libertação, da comunidade de La Plata, onde sou Bispo Auxiliar,
"Convido-vos a poderem ler, a poderem descobrir em dois ou três sinais algum
caminho que a Providência nos abre...um caminho que a Mãe nos exorta a percorrer", assim começou a sua Homilia Monsenhor Jorge. Estes sinais são: O processo sinodal, os cinco anos da Amoris Laetitia, e a pessoa e missão do Pe. Kentenich após os
acontecimentos do ano passado.
1. uma Igreja sinodal
Vós, como igreja em peregrinação em Buenos Aires, estais a viver um tempo de graça e bênção: desejais caminhar juntos no Espírito, sinodalmente, para renovardes a vossa missão evangelizadora. Uma Igreja sinodal discerne, caminha junta e sai para
evangelizar em comunhão. Cf Documento de Trabalho, I Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Buenos Aires, N°29).
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Como Família de Schoenstatt tendes uma magnífica oportunidade de "caminhar juntos", de viver a comunhão, de vos alimentardes pela riqueza de tantos dons e carismas espalhados pelo Espírito Santo nesta Igreja em particular. Têm a
oportunidade de pôr em comum, "os vossos pães e peixes"; têm o dever interior de serem fiéis ao carisma e com a consciência dos instrumentos, contribuir
generosamente a partir do que receberam.Para além da participação das instâncias sinodais já experimentadas, é uma questão de entrar numespírito sinodal, articulando as nossas acções com generosidade, evitando os personalismos, sem vaidade, sem competições inúteis... numa chave eclesial que anima a vida das nossas comunidades e todo o nosso trabalho pastoral.
Terão notado que há temas que passaram pela reflexão sinodal sobre os quais certamente sentirão, como eu sinto, uma sintonia especial.
Apenas para recordar um, gostaria de referir o
"vínculo como categoria pastoral e
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teológica para a missão".
No mundo pedagógico de Schoenstatt, é um tema central. Mas é também um tema chave no pontificado do Papa Francisco: a opção pela missão que caracteriza uma Igreja em saída, só pode ser compreendido de um ponto de vista "relacional", a partir do mundo dos vínculos. A insistência de Francisco numa pastoral que fortalece os vínculos entre as pessoas é constante.
"O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que
enfraquece o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas". e que desnaturaliza os vínculos familiares. A acção pastoral deve mostrar ainda melhor que a relação com o nosso Pai requer e encoraja uma comunhão que cura, promove e
fortalece os vínculos interpessoais" (EG 67).
E muito mais poderia ser colhido a partir das contribuições de Amoris Laetitia, Fratelli tutti, e dos muitos gestos e escolhas que nos dá diariamente com a sua vida. Com tanta sabedoria e clareza, também o Card. Poli, pastor desta Igreja, nos aponta como o exercício sinodal começa com uma viagem interior:
"A Igreja coloca nas nossas mãos o Sínodo Diocesano, um recurso ordinário que nos dois mil anos de história da Igreja deu numerosos frutos pastorais, espirituais e culturais, assim como métodos originais de evangelização.
Ao assumir uma convocação para a sua realização, é meu desejo que todos nós,
rebanho e pastores, no mesmo espírito, renovar a nossa vocação apostólica, para que a missão se torne uma paixão entusiástica e a nossa Arquidiocese assuma a forma
sinodal de ser, a fim de levar Cristo a todos os habitantes da nossa amada cidade.
(Carta Pastoral do Primeiro Sínodo de Buenos Aires, n°36).
Que a Mãe vos entusiasme, como Família de Schoenstatt de Buenos Aires, para vos envolver cada vez mais neste caminho sinodal.
2. Cinco anos de Amoris Laetitia
Se voltarmos ao tempo do nascimento do Padre Kentenich que estamos a celebrar, deparamo-nos com uma mentalidade que marcava costumes e hábitos... Como é fácil cair na tentação de julgar entre bons e maus, puros e impuros, como Jesus já nos avisou no Seu tempo. Pensemos concretamente na mãe do pequeno José, quantos desafios e humilhações ela deve ter tido de suportar como mãe solteira".
O magistério do Papa Francisco abriu-nos um caminho maravilhoso e muito luminoso com Amoris Laetitia, que, cinco anos após a sua promulgação, devemos ainda abraçar e assumir na nossa vida eclesial.
Como Família do Pai, estamos aqui para encher as nossas famílias, a grande família diocesana, com "espírito de família", as nossas famílias, a grande família diocesana e a nossa pátria!
O que é que isto significa? Significa que outros encontram "ninho" em
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nós, como o nosso pai fundador gostava de dizer. Pensemos na coisa mais próxima e mais concreta que temos como família, cada um de nós, e que são os nossos filhos.
Não basta satisfazer as necessidades materiais, mas de afecto, de tempo, do esforço de brincar e de estar com eles.
A quarentena prolongada tem colocado muitas famílias em crise, não se trata
simplesmente de as entreter com coisas... mas de partilhar, passando tempo juntos.
Que os nossos casais vivam a
fidelidade no seu máximo grau de expressão. Que possamos lutar por um diálogo edificante e diário. Que possamos ser pais ternos e coerentes, mães fortes e dignas.
Dar o presente da pertença com gestos de ternura e misericórdia é um desafio dos tempos para a nossa Família de Schoenstatt.
Como nos dizia o nosso amado Pe. Joaquín Alliende, em rica poesia: "Antecipar o sonho da festa à ampla mesa do Reino, aquele sonho que nasce da promessa da Mãe de Deus para os pobres e os famintos"... uma clara referência ao proclamado
Magnificat, que devemos não só cantar, mas também encarnar nas nossas vidas!
3. José Kentenich
Esta tarde, Dia da Aliança, queremos de uma forma especial dar graças a Deus por um homem, um sacerdote e um profeta do nosso tempo: o Padre José Kentenich que exerceu o seu ministério ininterruptamente durante 58 anos. A sua grande tarefa - e paixão - toda a sua vida foi o Homem Novo na Nova Comunidade, para lançar as bases de uma nova ordem social em todo o mundo.
Um educador carismático, o seu sistema não foi elaborado em abstracto ou a partir de uma secretária. Pelo contrário, foi-se fazendo no contacto diário com homens e
mulheres, com a vida , no meio de dificuldades e lutas contínuas. Nós conhecemos muitos detalhes da sua vida, o que nos permite afirmar que Kentenich é um homem de fronteiras, o crepúsculo de uma era que está a chegar ao fim e o amanhecer do futuro.
Foi este mesmo Padre Kentenich que há 70 anos abençoou o Santuário de Novo Schoenstatt, o Santuário Nacional e o colocou nas mãos da Família argentina, que se identifica a si própria com a missão nacional: COM MARIA FAMÍLIA DO PAI.
Um Padre Kentenich mais uma vez questionado, não em vida mas na morte. Uma tempestade que abalou os nossos corações e que, num olhar providencial, abre questões e levanta desafios. Gostaria de partilhar convosco algumas das reflexões e discussões conversados no seio da comunidade a que pertenço:
a. Temos de conhecer a fundo a história do nosso pai a fim de lhe emprestar a nossa voz e poder advogar por ele, como o fizeram tantos que já não estão entre nós, indo ao mesmo clamor de Kentenich para ser ouvido. Ninguém na Família deve ser isento desta responsabilidade.
b. Como a FAMÍLIA DO PAI, uma forte e renovada corrente patrocêntrica deve ser renovada entre nós, que clarifique de forma vital o lugar que o Pe. Kentenich ocupa nos nossos corações... um renovado Pentecostes do Pai.
c. Dispor os nossos corações para "canonizar a verdade", como o nosso pai a
expressou, mas uma verdade completa, transparente, que reencontre a nobreza do seu coração no auge dos desafios, a pequenez dos instrumentos, a
magnitude das dificuldades.
Vamos colocar tudo isto nas mãos de Maria, a Virgem de Buen Ayre.
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Ela que rapidamente saiu ao encontro da sua prima Isabel - como o Evangelho
proclamou - também nos encoraja a pormo-nos a caminho. "O ícone da Visitação e do Magnificat, cheio da presença da Palavra e do Espírito, centrado na alegria e bênção de Jesus, e na fé e no cântico de Maria, iluminou a marcha sinodal que se está a
percorrer. Este ícone mariano simboliza o encontro entre pessoas, gerações e culturas, que nos ajuda a comunicar e a receber a visita de Deus em cada um dos nossos
corações e na nossa amada Buenos Aires".
Por isso... "Caminhemos juntos com Maria, para renovar a missão".
+ Jorge E. González
Bispo auxiliar de La Plata – Argentina
Original: espanhol (21/11/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
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