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IMPACTOS EM INVESTIMENTO E PRAZO PARA O DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS LANÇADORES NACIONAIS

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AUGUSTO LUIZ DE CASTRO OTERO

CYCLONE-4

IMPACTOS EM INVESTIMENTO E PRAZO PARA O DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS

LANÇADORES NACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Cel Eng R1 Carlos Alberto Gonçalves de Araújo.

Rio de Janeiro 2014

(2)

C2014 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Faria

Otero, Augusto Luiz de Castro.

Cyclone-4: Impactos em Investimento e Prazo para o Desenvolvimento e Industrialização de Veículos Lançadores Nacionais/ Augusto Luiz de Castro Otero - Rio de Janeiro: ESG, 2014.

85 f.

Orientador: Cel Eng R1 Carlos Alberto Gonçalves de Araújo

Trabalho de Conclusão de Curso – monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2011.

1. Cyclone-4. 2. VLS-1. 2. Transferência de tecnologia. 3. Tecnologia espacial. 4.

Acesso ao espaço. 5. Desenvolvimento. 6. Soberania. 7. Brasil. I.Título.

(3)

À comunidade espacial brasileira por sua persistência em manter a chama acesa frente à adversidade, e à minha querida família pelo incentivo e apoio em mais esta empreitada.

(4)

AGRADECIMENTOS

Aos estagiários da Turma “ESG 65 anos pensando o Brasil”, melhor turma do CAEPE, pelo convívio fraterno e harmonioso de todas as horas.

Aos especialistas, Major Brigadeiro do Ar RIBEIRO, vice-diretor técnico da Alcântara Cyclone Space; Brigadeiro Engenheiro VENÂNCIO – M.Sc., gerente de projetos da AVIBRÁS; Tenente Coronel Engenheiro NIWA – Ph.D., chefe da certificação espacial do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial; e Major Engenheiro TARANTI – Ph.D., adjunto da gerência do VLS-1, pela valiosa colaboração para esse trabalho.

Ao Corpo Docente da ESG pela dedicação em manter acesa a chama do pensamento estratégico de um Brasil melhor.

Ao meu orientador, Coronel Engenheiro CARLOS ALBERTO, pela orientação e discussão para a confecção desse trabalho.

(5)

“A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível.”

Lewis Carroll

(6)

RESUMO

Esta monografia aborda o segmento acesso ao espaço do programa nacional de atividades espaciais (PNAE) como instrumento de desenvolvimento econômico e tecnológico, e, portanto de soberania. A partir da análise da evolução do PNAE nos últimos vinte anos, dos investimentos previstos e do fluxo de caixa dos projetos do segmento acesso ao espaço, este trabalho tem como objetivo verificar a influência da adoção do lançador ucraniano Cyclone-4 pela família de lançadores do PNAE no investimento e no prazo para o desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais. A metodologia adotada comportou uma pesquisa bibliográfica e documental, visando buscar referenciais teóricos, além da experiência de especialistas de renome coletada por meio de pesquisa de campo. Também focaliza os caminhos percorridos pelo segmento acesso ao espaço do programa espacial brasileiro por meio das políticas e das estratégias de desenvolvimento das atividades espaciais dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, e de Defesa.

Aborda, ainda, a evolução do programa de lançadores nacionais Cruzeiro do Sul e do empreendimento Cyclone-4. Analisa e efetua considerações acerca da implementação das políticas e estratégias brasileiras para acesso ao espaço, os acordos entre o Brasil e a Ucrânia para o empreendimento Cyclone-4, e, finalmente os impactos no desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais. O campo de estudo delimitou-se aos impactos em investimento e prazo, embora no decorrer do trabalho outros impactos tenham sido considerados e novas questões suscitadas. A conclusão indica que o problema de baixo fluxo de caixa nos projetos nacionais de segmento acesso ao espaço do PNAE é histórico, mas o advento Cyclone-4 causou, indiretamente, redução do investimento e alargamento do prazo para o desenvolvimento e industrialização dos projetos nacionais de lançadores para acesso ao espaço. As novas questões sugerem explorar novos desdobramentos dos impactos advindos da adoção de soluções internacionais prontas para o segmento acesso ao espaço do PNAE, ou abordar as novas questões suscitadas nesta investigação para o bem da sociedade brasileira.

Palavras-chave: Cyclone-4. VLS-1. Transferência de tecnologia. Tecnologia espacial. Acesso ao espaço. Desenvolvimento. Soberania. Brasil.

(7)

ABSTRACT

This monograph addresses the space access segment of the national program of space activities (PNAE) as an instrument for economic and technological development, and therefore sovereignty. Based on the analysis of the evolution of PNAE in the last twenty years, planned investments and cash flow for projects on the space access segment, this study aims to verify the influence of the adoption of Ukrainian Cyclone-4 launcher by the PNAE family of launchers on investment and timing for development and industrialization of domestic launch vehicles. The adopted methodology involved a bibliographical and documentary research, aiming to seek theoretical frameworks and experience of renowned experts gathered through field research. It focuses on the paths followed by the space access segment of the Brazilian space program through policies and strategies for the development of space activities of the Ministries of Science, Technology and Innovation, and Defense. It also discusses the evolution of the national launchers program Cruzeiro do Sul and Cyclone-4 project. Analysis and considerations are made about the implementation of policies and strategies for the Brazilian space access, agreements between Brazil and Ukraine for the Cyclone-4 project and finally the impacts on the development and manufacture of domestic launch vehicles. The field study was delimited to the impacts on investment and time, although on this work other impacts were considered and new issues raised. The conclusion indicates that the problem of low cash flow on national projects for the space access segment of the PNAE is historical, but the advent of Cyclone-4 caused, indirectly, decrease on investment and deadline enlargement for the development and industrialization of national launcher projects for space access. New questions that were raised suggest either to explore new unfolding of the impacts issued from the adoption of international package solutions for the space access segment of PNAE, or to address the new issues raised with this research for the benefit of Brazilian society.

Keywords: Cyclone-4. VLS-1. Technology Transfer. Space Technology. Space Access. Development. Sovereignty. Brazil.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACS Alcântara Cyclone Space

AEB Agência Espacial Brasileira

BID Base Industrial de Defesa

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social

CLA Centro de Lançamento de Alcântara

CEA Complexo Espacial de Alcântara

CTEx Centro Tecnológico do Exército CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação

COBAE Comissão Brasileira de Atividades Espaciais GOCNAE Comissão Nacional de Atividades Espaciais

COMAER Comando da Aeronáutica

DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial ENCTI Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

END Estratégia Nacional de Defesa

EMFA Estado-Maior das Forças Armadas

ESG Escola Superior de Guerra

EUA Estados Unidos da América

FAB Força Aérea Brasileira

GOCNAE Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais

IAE Instituto de Aeronáutica e Espaço

IFI Instituto de Fomento e Coordenação Industrial INPE Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

INT Instituto Nacional de Tecnologia ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica LBDN Livro Branco da Defesa Nacional MECB Missão Espacial Completa Brasileira

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MD Ministério da Defesa

NASA National Aeronautics and Space Administration

ONG Organizações Não Governamentais

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PATCI Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional

PCS Programa Cruzeiro do Sul

PEB Programa Espacial Brasileiro

PEMAER Plano Estratégico Militar da Aeronáutica

PNDAE Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior

PMM Plataforma Multimissão

PNAE Programa Nacional de Desenvolvimento Espacial PNDAE Política de Desenvolvimento das Atividades Espaciais

PND Política Nacional de Defesa

SAE/PR Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

SARA Satélite de Reentrada Atmosférica

SINDAE Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais

SDT Subdepartamento Técnico

SLE Sítio de Lançamento Espacial

VLC-4 Veículo de Lançamento Cyclone-4 VLM Veículos Lançadores de Microssatélites VLS Veículo Lançador de Satélites

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 ATIVIDADE ESPACIAL NO BRASIL – VEÍCULOS LANÇADORES ... 14

2.1 HISTÓRICO ... 14

2.2 POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES ESPACIAIS (PNDAE) ... 16

2.3 POLÍTICA ESPACIAL ... 16

2.4 ESTRATÉGIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (ENCTI)... 17

2.5 PROGRAMA NACIONAL DE ATIVIDADES ESPACIAIS (PNAE) ... 18

2.5.1 Programa Nacional de Atividades Espaciais: 2005-2014 ... 18

2.5.2 Programa Nacional de Atividades Espaciais: 2012-2021 ... 21

2.6 LIVRO BRANCO DA DEFESA NACIONAL (LBDN) ... 24

2.7 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) ... 25

2.8 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END) ... 25

2.9 PLANO ESTRATÉGICO MILITAR DA AERONÁUTICA (PEMAER) ... 26

2.10 MISSÃO ESPACIAL COMPLETA BRASILEIRA ... 28

2.10.1 VLS-1 ... 28

2.10.2 CLA ... 29

2.11 PROGRAMA CRUZEIRO DO SUL (PCS) ... 30

2.11.1 Veículos do PCS ... 30

2.11.2 Investimento ... 32

2.12 EMPREENDIMENTO CYLONE-4 ... 32

2.12.1 Veículo de Lançamento Cyclone-4 (VLC-4) ... 33

2.12.2 Sítio de Lançamento Espacial (SLE) ... 33

2.12.3 Infraestrutura Geral ... 34

2.12.4 Investimento ... 34

2.13 PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO E QUILOMBOLA ... 35

3 ANÁLISES E CONSIDERAÇÕES ... 36

3.1 IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS ... 36

3.2 PROGRAMA NACIONAL DE ATIVIDADES ESPACIAIS ... 39

3.3 ACORDOS E TRATADOS ENTRE O BRASIL E A UCRÂNIA ... 41

3.4 LANÇADORES PARA ACESSO AO ESPAÇO ... 45

(11)

3.4.1 Projetos Nacionais ... 45

3.4.2 VLC-4 ... 50

3.5 OS EFEITOS DA ADOÇÃO DO VLC-4 NO PNAE ... 51

3.5.1 Investimento ... 51

3.5.2 Prazo ... 52

3.5.3 Outros ... 53

3.6 NOVAS QUESTÕES ... 55

4 CONCLUSÃO ... 57

REFERÊNCIAS ... 60

ANEXO 1 ... 62

ANEXO 2 ... 70

ANEXO 3 ... 75

ANEXO 4 ... 81

(12)

1 INTRODUÇÃO

Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) constituem, indubitavelmente, no mundo moderno, uma das expressões do poder nacional (LONGO, 1987). A Política de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), ambas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), assim como a Política Nacional de Defesa (PND) e a Estratégia Nacional de Defesa (END), ambas do Ministério da Defesa (MD), apontam o domínio da tecnologia espacial como prioritário para os setores portadores de futuro e essencial para o desenvolvimento e a autonomia nacionais e, portanto, estratégico.

Em 2003, o Brasil estabeleceu com a Ucrânia o Tratado sobre cooperação de longo prazo na utilização do Veículo de Lançamento Cyclone-4 (VLC-4), a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA1). Este tratado suscitou calorosas discussões na comunidade espacial brasileira. Assim, coube indagar: Quais os impactos em investimento e prazo no desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais, advindos da adoção do VLC-4 pela família de lançadores do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) 2012-2021?

Para responder a essa indagação, este trabalho buscou identificar em que medida a introdução do VLC-4 no segmento acesso ao espaço do PNAE 2012-2021 impactou o investimento e o prazo para o desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais, a partir do exame da documentação disponível e recente, assim como das respostas ao questionário encaminhado aos representantes das gerências de desenvolvimento e de certificação espacial e do Subdepartamento Técnico (SDT) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

Durante o trabalho buscou-se caracterizar as políticas públicas para o setor espacial, as estratégias nacionais correlatas, a evolução do PNAE, no segmento acesso ao espaço, nos últimos 10 anos (PNAE 2005-14 e PNAE 2012- 21), identificando diretrizes, ações estratégicas e orçamento, assim como as principais características da família de veículos lançadores, e os efeitos no

1 Cabe esclarecer que o CLA do Tratado Brasil-Ucrânia não é o CLA do COMAER, embora ambos estejam no município de Alcântara-MA.

(13)

investimento e no prazo para o desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais.

Buscou-se, também, analisar em que medida o PNAE, no segmento acesso ao espaço, manteve o alinhamento estratégico ao Objetivo 0397, Programa 2056, da Política Espacial do MCTI, assim como aos objetivos da PNDAE, ENCTI, PND e END.

As questões propostas foram fundamentais, pois: o DCTA, por meio do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), é responsável por desenvolver veículos lançadores e, por meio do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), obter a certificação de projeto dos mesmos, assim como gerir a transferência da tecnologia para a industrialização e produção dos veículos lançadores para a indústria espacial; a oportunidade da pesquisa possibilitou ampliar a visão acerca da problemática e documentá-la na forma de um trabalho público; e a PNDAE, sua história, seu papel e sua articulação com a PND na expressão ciência e tecnologia do poder nacional deve ser constantemente estudada.

A interpretação que serviu de pano de fundo para esclarecer a questão principal alude ao campo da política pública em CT&I, em especial ao PNAE e sua evolução, resultado da evolução da política espacial do MCTI e da ENCTI, assim como sua articulação com a PND e a END do MD, além da retroalimentação, como espaço de soberania nacional. Duas publicações brasileiras mereceram destaque, uma do Prof. Longo (1998) e outra do Ministro Amaral (2011). Ambos sublinham a relação entre ciência, tecnologia e soberania nacional e a dificuldade do Brasil na construção de um projeto nacional. Apontam a urgência de o Brasil implantar de forma séria a política pública para o Programa Espacial Brasileiro (PEB)2, dentro de um plano maior, de um projeto nacional, como instrumento de conquista e manutenção da soberania nacional. Neste debate incluiu-se a parceria do Brasil com outros atores globais para desenvolver as tecnologias críticas para o acesso ao espaço.

Amaral (2011) defende que as parcerias são fundamentais para o sucesso de um empreendimento espacial no Brasil, e que o empreendimento

2 Programa Espacial Brasileiro (PEB) é um termo genérico que compreende a pesquisa e o desenvolvimento das tecnologias de veículos lançadores, de produção de satélites e a criação dos serviços a eles relacionados em benefício do desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Definição disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_espacial_brasileiro>. Acesso: 14 ago.

2014.

(14)

Cyclone-4 é a ponte para levar o país ao reservado clube de países com acesso ao espaço. Por outro lado, Longo (1998) argumenta que parcerias cujo objetivo é a transferência de tecnologia não atendem aos interesses do país, muito menos a simples operação de uma planta, no caso em questão o sítio de lançamento. Há que se envidar esforços para desenvolvimento conjunto das tecnologias críticas de acesso ao espaço.

Ressalta-se que este trabalho não aprofundou estudos com vista a propor novos parâmetros para a política espacial do MCTI e de defesa do MD, e das ENCTI e END, limitando-se a responder à questão principal. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental de cunho qualitativo sobre as questões apresentadas, à luz da posição de alguns autores selecionados, assim como dos documentos e especialistas consultados.

O Trabalho está estruturado em quatro seções. A introdução descreve o problema e sua problemática, as principais finalidades da pesquisa, sua justificativa e as opções teórico-metodológicas empregadas. Em seguir, a atividade espacial no Brasil – veículos lançadores, apresenta as características da PNDAE e da política espacial do MCTI, assim como da ENCTI, a caracterização do PNAE e sua evolução, particularmente dos veículos lançadores – segmento acesso ao espaço, aborda documentos como o Livro Branco da Defesa Nacional (LBDN), PND, END e Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER), lembra a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) e mostra o Programa Cruzeiro do Sul (PCS) revisado, o empreendimento Cyclone-4 e a influencia das questões quilombola no PEB. Na sequencia, a analise e considerações debate as políticas voltadas para o acesso ao espaço, o PNAE no segmento acesso ao espaço, seu alinhamento aos objetivos das políticas e estratégias espaciais do MCTI e do MD, os acordos e tratados entre o Brasil e a Ucrânia que culminaram no empreendimento Cyclone-4, os projetos dos lançadores nacionais e ucraniano, e finalmente, os efeitos da adoção do VLC-4 na família de lançadores do PNAE, especialmente no investimento e no prazo para o desenvolvimento e industrialização dos lançadores nacionais. A conclusão reúne os principais argumentos e conclusões, e possíveis recomendações, discorridos no trabalho, enfatizando a necessidade, ou não, de adequações na execução do PNAE a fim de viabilizar o desenvolvimento e industrialização de veículos lançadores nacionais em termos de investimento e de prazo, sob pena de manter o Brasil afastado do domínio pleno da tecnologia de acesso ao espaço.

(15)

2 ATIVIDADE ESPACIAL NO BRASIL – VEÍCULOS LANÇADORES

2.1 HISTÓRICO

No Brasil, a atividade espacial iniciou-se em 3 de agosto de 1961, com a criação do Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), sediado em São José dos Campos, e com os convênios com a National Aeronautics and Space Administration (NASA) dos Estados Unidos da América. A motivação para esta iniciativa foi idêntica a da área aeronáutica no início do século XX: a importância do poder aéreo para a defesa nacional.

Entre as décadas de 1970 e 1990, o desenvolvimento espacial articulou- se com o desenvolvimento industrial, considerando a relevância desse último para a defesa nacional. As atividades espaciais tinham, então, uma nova arquitetura. O DCTA/IAE ficou responsável pelo desenvolvimento dos foguetes de sondagem e dos lançadores, assim como pela infraestrutura do CLA, no Maranhão.

Desenvolveram-se, em cooperação com a NASA, os foguetes da família SONDA3. Foram projetados e construídos os modelos SONDA I, II, III e IV, todos com tecnologia de propulsão com base em propelente sólido. As especificações do SONDA IV foram tais a permitir o domínio das tecnologias imprescindíveis para o futuro desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

A Agência Espacial Brasileira (AEB), criada em 1994, manteve as atribuições do DCTA/IAE e assumiu a formulação do PNAE, a coordenação dos programas do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), e a responsabilidade pelos acordos internacionais.

Outros modelos de foguetes de sondagem foram projetados e construídos entre os anos 1993 e 2004. Com base nos motores que estavam sendo desenvolvidos para compor os estágios do VLS, foram desenvolvidos os foguetes da família VS: o VS-30, o VS-40, e o VSB-304, primeiro foguete nacional com certificação de tipo pelo DCTA/IFI. A figura 1 apresenta a família brasileira de foguetes de sondagem.

3 Maiores informações sobre a família SONDA estão disponíveis em: <http://www.iae.cta.br /site/page/view/pt.historico.html#/9>. Acesso: 14 ago. 2014.

4 Maiores informações sobre o foguete VSB-30 estão disponíveis em: <http://www.iae.cta.br/site/page /view/pt.vsb30.html>. Acesso: 14 ago. 2014.

(16)

Figura 1 – Foguetes de Sondagem Fonte: IAE, 2013

No final da década de 90, a orientação da política ao mercado, principalmente pelas limitações do Estado em garantir as condições para o desenvolvimento autônomo, exigiu uma nova reorganização do setor espacial no Brasil. Ainda, a necessidade da construção de vantagens competitivas para atender à nova orientação, promoveu um redirecionamento da política pública de CT&I.

(LUZ, 2010).

A partir de 2002, o foco na competitividade a partir da inovação de base tecnológica passou a ser priorizada pela ação da política pública. (LUZ, 2010). A conjugação da orientação ao mercado e do foco na competitividade levou o país a voltar-se para o desenvolvimento das aplicações e dos serviços mercadológicos, que culminou, em 2003, com a criação da empresa bi-nacional Alcântara Cyclone Space (ACS) e, em 2004, provocou uma nova revisão do PNAE.

Ainda nos primeiros anos do século XXI, a reorganização das atividades militares resultou, em 2004, na concepção estratégica de ciência, tecnologia e inovação e nas diretrizes para o desenvolvimento das aplicações de interesse da defesa nacional, na revisão da PND, em 2005, e da END, em 2008. Ambos os documentos foram aprovados pelo Congresso Nacional, juntamente com o LBDN, em 2013. Neles, o setor espacial mantinha-se como estratégico para a defesa nacional.

As motivações para a organização das atividades que constituíram as bases para o setor aeroespacial no Brasil são complexas, como sugere a literatura,

(17)

mas desde os primórdios da corrida espacial brasileira, sabia-se da sua importância para o desenvolvimento, para a defesa e para a soberania nacionais. Ocorre que este é um mercado no qual o acesso só é garantido àqueles que empreendem esforços próprios, independentes ou em parcerias estratégicas para desenvolver e empregar o conhecimento científico e tecnológico no longo prazo (grifo nosso). O esforço para capacitação tecnológica e industrial teve, e ainda tem, como estratégia os contratos de licenciamento e os acordos de cooperação, a partir dos quais foram e ainda são perseguidas as condições de autonomia (LUZ, 2010).

2.2 POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES ESPACIAIS (PNDAE)

A PNDAE, aprovada pelo Decreto n.º 1.3325, de 8 de dezembro de 1994, estabeleceu os objetivos e as diretrizes para os programas e projetos nacionais relativos à área espacial.

O objetivo geral da PNDAE é promover a capacidade do país para, segundo conveniência e critérios próprios, utilizar os recursos e as técnicas espaciais na solução de problemas nacionais e em benefício da sociedade brasileira. Das diretrizes da PNDAE merecem destaque: concentração de esforços em programas mobilizadores; cooperação internacional; incentivo à participação industrial; capacitação em tecnologias estratégicas; pragmatismo na concepção de novos sistemas espaciais; valorização das atividades científicas; ênfase nas aplicações espaciais; coerência entre programas autônomos; tecnologias de uso duplo; formação e aprimoramento de recursos humanos; integração das universidades e das empresas brasileiras nas atividades espaciais; desenvolvimento de sistemas espaciais; desenvolvimento e difusão das aplicações espaciais; e efetiva utilização das informações técnico-científicas de interesse espacial.

2.3 POLÍTICA ESPACIAL

A política espacial brasileira, programa governamental 2056, possui os objetivos: 0397 - Desenvolver veículos lançadores nacionais e respectiva

5 A integra do Decreto n.º 1.332/1994 e da PNDAE está disponível em: <http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/decreto/1990-1994/D1332.htm>. Acesso: 14 ago. 2014.

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infraestrutura de lançamentos no país, com incremento da participação da indústria nacional, garantindo a autonomia nacional para o acesso ao espaço; 0398 - Promover a inserção do país no mercado mundial de lançamentos comerciais de satélites, por meio da empresa binacional Alcântara Cyclone Space; 0399 - Desenvolver e consolidar competências e capital humano para a sustentabilidade do programa; e 0555 - Desenvolver e ampliar o conhecimento das tecnologias críticas para garantir o uso autônomo das aplicações espaciais.

Na caracterização do objetivo 0397 consta que o alcance da autonomia no acesso ao espaço exige que o país detenha a capacidade de construir veículos lançadores de satélites, ou seja, foguetes com capacidade para colocar satélites em órbita da Terra. Sem um veículo lançador de satélites próprio, capaz de colocar em órbita os satélites desenvolvidos e construídos no Brasil, o país depende de outros países para fazer tais lançamentos. Eventualmente, esses lançamentos podem até mesmo ser negados.

2.4 ESTRATÉGIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (ENCTI)

A ENCTI 2012-20156 elegeu alguns programas prioritários, que envolvem as cadeias mais importantes para impulsionar a economia brasileira, entre eles o espacial, e definiu estratégias de consecução, metas e estimativas de financiamento.

Para o setor espacial destaca o desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS) e Microssatélites (VLM), a parceria com a Ucrânia para lançamento do Cyclone-4 a partir do território nacional, e o CLA como infraestrutura essencial para o sucesso do desenvolvimento espacial. O objeto é atender as demandas nacionais por satélites de telecomunicações, de observação da Terra, de meteorologia e para missões cientificas e tecnológicas, com domínio de tecnologias criticas e aumento da indústria nacional no PEB.

Entre as principais estratégias destacam-se a implantação e a conclusão da infraestrutura geral e específica necessária para operação do CLA e do Sítio para o VLC-4; realização de dois voos de teste tecnológico do VLS, anteriormente ao seu voo de qualificação; fortalecimento da parceria tecnológica internacional nas áreas de propulsão líquida, e guiagem e navegação inercial.

6 A integra da ENCTI está disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0218/218981.pdf>.

Acesso: 14 ago. 2014.

(19)

As principais metas de lançamento do programa espacial até 2020 são apresentadas na tabela 1.

Veículo Ano

VLS: três lançamentos 2012, 2013 e 2014

VLS-alfa: dois lançamentos de qualificação e dois operacionais 2016, 2017, 2018 e 2020 VLS-beta: dois lançamentos de qualificação e um operacional 2018, 2019 e 2020

VLM: lançamentos anuais 2014 em diante

Cyclone-4: lançamento de qualificação e lançamentos comerciais 2013 em diante Tabela 1 - Principais Metas de Lançamento do Programa Espacial até 2020

Fonte: ENCTI 2012-2015

Os recursos previstos para o período de 2012 a 2015 totalizam R$ 74,6 bilhões, sendo R$ 29,2 bilhões do MCTI, R$ 21,6 bilhões de outros ministérios, R$ 13,6 bilhões de empresas estatais federais (BNDES, Petrobras e Eletrobrás) e R$ 10,2 bilhões de recursos estaduais operacionalizados pelas fundações estaduais de amparo à pesquisa.

2.5 PROGRAMA NACIONAL DE ATIVIDADES ESPACIAIS (PNAE)

O PNAE é o principal instrumento de planejamento e programação da PNDAE. Desde 1994 foram aprovadas quatro edições do Programa. A primeira de 1996 a 2005, a segunda de 1998 a 2007, a terceira de 2005 a 2014, e a quarta e atual, de 2012 a 2021.

2.5.1 Programa Nacional de Atividades Espaciais: 2005-2014

A terceira revisão do PNAE7, que cobriu o período de 2005 a 2014, orientou-se por algumas diretrizes. Entre elas cabe destacar: estratégico para o desenvolvimento soberano do Brasil; domínio da tecnologia espacial, que, em seu ciclo completo, abrange centros de lançamento, veículos lançadores, satélites e cargas úteis; não aportarão no país tecnologias estratégicas por deferência de

7 A integra do PNAE 2005-2014 pode ser encontrada em: <http://www.inpe.br/twiki/pub /Main/IntroducaoTecnologiaSatelites/PNAE_2005-2014.pdf>. Acesso: 14 ago. 2014.

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terceiros, portanto há que se desenvolvê-las com recursos próprios, em grande e integrado esforço.

O PNAE 2005-2014 propunha uma implementação estratégica que tomasse por base princípios como: autonomia na área de pequenos satélites e respectivos veículos lançadores; padrões de segurança e qualidade compatíveis com as normas internacionais; sustentabilidade do modelo de financiamento das atividades espaciais mediante a comercialização de bens e serviços espaciais;

integração da indústria e da academia ao conjunto das instituições envolvidas com a implementação do Programa; fortalecimento das instituições, direta ou indiretamente envolvidas com a implementação do PNAE 2005-2014.

O Programa identificava também, as grandes prioridades para o decênio, entre as quais se destacam: continuação do desenvolvimento do VLS e seus sucessores, com incremento da participação industrial, e da infraestrutura de lançamento, incluindo o CLA; investimentos em pesquisa e desenvolvimento voltados para o domínio de tecnologias críticas, com a participação dos setores acadêmico e industrial; e utilização de instrumentos de cooperação internacional que envolvam transferência de tecnologia e coincidam com os interesses nacionais.

O PNAE 2005-2014 considerava que a construção de veículos lançadores não apenas garantia e preservava a necessária autonomia para o acesso ao espaço, mas possibilitava, também, a exploração comercial de serviços de lançamento. Os esforços empregados pelo Programa no desenvolvimento de foguetes de sondagem e de veículos lançadores e no domínio das tecnologias associadas visavam assegurar a capacidade de acesso ao espaço.

No capítulo dedicado ao acesso ao espaço, o Programa destacava que o desenvolvimento de veículos lançadores, orbitais e suborbitais é de importância estratégica, pois garante a necessária autonomia do país para o acesso ao espaço.

O PNAE 2005-2014 estabelecia, ainda, que a aquisição de tecnologia de propulsores com o uso de combustível líquido, iria permitir o desenvolvimento de lançadores de médio e grande porte, visando a órbita geoestacionária.

As principais diretrizes para o desenvolvimento de lançadores, executado de forma autônoma ou em parcerias internacionais, eram: projetar, desenvolver e construir veículos lançadores capazes de atender às missões previstas no PNAE 2005-2014; tornar o Brasil independente quanto à capacidade de lançar os satélites de órbita baixa, previstos no Programa, e qualificado para competir neste segmento

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do mercado internacional; dotar o País de uma família de foguetes de sondagem que possa ser competitiva no mercado internacional; capacitar a indústria nacional para projetar e fabricar sistemas de transporte espacial; buscar a redução dos custos das operações de lançamento e dos sistemas envolvidos; capacitar o País na área de propulsão líquida; capacitar o País na produção de grandes propulsores a propelentes sólidos.

A família de lançadores prevista no PNAE 2005-2014 contemplava os lançadores de pequeno porte, VLS-1 e VLS-1B - uma versão aperfeiçoada do VLS- 1, com utilização de combustível líquido em seu terceiro estágio; e lançadores de médio e grande porte, denominado VLS-2, ainda em fase de estudos, cujo projeto deveria satisfazer alguns requisitos essenciais, que incluem: flexibilidade para realizar diferentes missões; baixos custos de desenvolvimento, produção e operação; curto período de desenvolvimento; alta confiabilidade; segurança para lançamentos em todo o espectro de inclinações; utilização preferencial de propelentes não-tóxicos; possibilidade de evolução para um veículo de maior porte.

Figura 2 – VLS-1 e VLS 1B Fonte: PNAE 2005-2014

O veículo de grande porte, VLS-3, encontrava-se igualmente em fase de estudos, com previsão de utilização de combustível líquido em todos os estágios, de modo a atingir uma capacidade de injeção em órbita geoestacionária, de cargas úteis acima de 2.200 kg.

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O calendário de lançamento dos veículos nacionais, previsto no PNAE 2005-2014 é o apresentado na tabela 2.

Ano Veículo

2007 2008 2009 2010 2011 2011-2012 2013 2014

VLS-1 VLS-1 B VLS-1 VLS-1 B VLS-2 VLS-1 VLS-1 VLS-2

Tabela 2 - Calendário de lançamento dos veículos nacionais Fonte: PNAE 2005-2014

Os valores orçamentários previstos no Programa para o acesso ao espaço no período decenal 2005-2014, totalizando 1.253,6 milhões de Reais, são apresentados na tabela 3.

Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Valor 42,5 68,0 168,2 150,6 152,4 157,4 148,2 123,8 118,8 123,8 Tabela 3 – Programação dos Investimentos – Acesso ao Espaço (Valores em milhões de R$) Fonte: PNAE 2005-2014

2.5.2 Programa Nacional de Atividades Espaciais: 2012-2021

A quarta revisão do PNAE8, que cobre o período de 2012 a 2021, orienta- se por algumas diretrizes estratégicas, entre as quais se destaca: desenvolver intenso programa de tecnologias críticas; ampliar as parcerias com outros países;

estimular o financiamento de programas calcados em parcerias públicas e/ou privadas; promover maior integração do sistema de governança das atividades espaciais no país; fomentar a formação e capacitação de especialistas necessários ao setor espacial brasileiro; e promover a conscientização da opinião pública sobre a relevância do estudo, do uso e do desenvolvimento do setor espacial brasileiro.

8 A integra do PNAE 2012-2021 pode ser encontrada em: <http://www.aeb.gov.br/wp- content/uploads/2013/01/PNAE-Portugues.pdf>. Acesso: 14 ago. 2014.

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Entre as ações prioritárias do PNAE 2012-2021 destacam-se: atender às necessidades e demandas do país para a área espacial, dentro do prazo e custo acertados; fomentar a formação, captação e fixação de especialistas qualificados na quantidade necessária para dinamizar as atividades espaciais; dominar as tecnologias críticas e de acesso restrito, com participação da indústria, das universidades e institutos de pesquisa nacionais; alcançar a capacidade de lançar satélites a partir do nosso território; usar o poder de compra do Estado, mobilizando a indústria; transferir à indústria as tecnologias de produtos espaciais desenvolvidos pelos institutos de pesquisa; elevar a política espacial à condição de política de estado; e aperfeiçoar a governança integrada do Programa Espacial Brasileiro.

O Programa destaca a importância de desenvolver projetos estruturantes e mobilizadores para superar as barreiras que nos impedem de ter acesso ao conhecimento e à comercialização de importantes tecnologias espaciais, particularmente a de veículos lançadores e satélites. Alguns projetos estruturantes e mobilizadores são: satélites de recursos terrestres, de observação da terra, geoestacionário de defesa e comunicações estratégicas e de meteorologia; foguetes suborbitais e plataformas de reentrada; veículos lançadores baseados no programa cruzeiro do sul; infraestrutura de lançamento para acesso ao espaço (Complexo Espacial de Alcântara - CEA) e serviços de lançamento comerciais, de responsabilidade da Alcântara Cyclone Space.

O PNAE 2012-2021 destaca a importância de parcerias com outros países, pois elas facilitam e incrementam os investimentos, dividem custos e riscos, aumentam a quantidade de projetos, impulsionam a abertura de novos mercados, dinamizam a indústria e lhe dá sustentabilidade, ampliam a segurança e a confiabilidade dos produtos e serviços e resolvem problemas regionais e globais.

Entre os acordos atuais apresenta: com a Ucrânia, para lançamentos comerciais do VLC-4 a partir do CLA; com a Alemanha, os projetos do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA) e do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM); com a Rússia, França, Estados Unidos, Argentina (Projetos Sabia-Mar e Plataforma Multi-Missão – PMM), Índia, África do Sul, Japão, Itália e outros.

O Programa destaca que, atualmente, cooperação espacial é promover o desenvolvimento conjunto – científico, tecnológico e industrial – com parceiros confiáveis, baseado no interesse mútuo, no esforço comum e no compartilhamento de benefícios.

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O PNAE 2012-2021 será executado em duas fases. Na primeira (consolidação) serão concluídos projetos já iniciados no passado e iniciados outros, de modo a ampliar e consolidar um conjunto de ações destinadas a elevar a capacitação industrial, o domínio tecnológico, o desenvolvimento de competências e a regulação das atividades espaciais.

Na segunda fase (expansão) deve-se lançar e desenvolver novos projetos, de maior complexidade tecnológica e de alto valor estratégico, impondo ao programa desafios inéditos.

Para concretizar todas as propostas previstas PNAE 2012-2021, faz-se necessário dispor de recursos da ordem de R$ 9,1 bilhões, sendo 47 % destinados aos projetos de missões satelitais, 17% para projetos de acesso ao espaço, 26%

para a infraestrutura espacial e 10% para outros projetos especiais e complementares.

Para o acesso ao espaço os valores anuais são os apresentados na tabela 4.

Acesso ao Espaço 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Fase Suborbitais 19,2 19,2 30,2 9,2 20,2 9,2 20,2 9,2 20,2 9,2

Consolidação VLS-1 62,5 45,7 35,4 11,5 0 0 0 0 0 0

VLM-1 10 25 25 20 20 15 0 0 0 0

Fase VLS-ALFA 2,0 19 33 98 130 120 40 0 0 0

Expansão VLS-BETA 0,5 3,5 56 68 82 150 120 130 90 0 Tabela 4 – Orçamento para Acesso ao Espaço (Valores em milhões de R$)

Fonte: PNAE 2012-2021

Para os projetos em parceria, em especial com a Ucrânia, o investimento total seria de 459,8 milhões de reais, distribuídos de acordo com o apresentado na tabela 5.

Projetos em parceria 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Consolidação ACS 130 164,9 164,9 0 0 0 0 0 0 0

Tabela 5 – Investimento na binacional Alcântara Cyclone Space (Valores em milhões de R$) Fonte: PNAE 2012-2021

Os projetos de veículos lançadores e suas respectivas datas estimadas de lançamento são apresentados na figura 3.

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Figura 3 – Programação Projetos de Acesso ao Espaço Fonte: PNAE 2012-2021

Voos do VLS-1 : 2013 - teste tecnológico XVT-01 VSISNAV 2014 - teste tecnológico XVT-02

2015 - VLS-1 V04 - satelitização

2.6 LIVRO BRANCO DA DEFESA NACIONAL (LBDN) 9

O LBDN faz uma análise do contexto estratégico do século XXI para fornecer perspectivas de médio e longo prazo, além de destinar-se a subsidiar a elaboração do orçamento e do planejamento plurianual.

Consta no Livro Branco que para a consecução dos objetivos estratégicos de defesa, o Estado brasileiro definiu, em uma perspectiva de longo prazo, as metas a serem atingidas. Destaca-se a de número seis constante do Plano Brasil 202210 - capacitar os quadros do sistema de defesa nacional e dotá-los de autonomia tecnológica.

Com relação ao setor espacial, o LBDN afirma que os projetos espaciais visam ao desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecendo o poder aeroespacial brasileiro, a pesquisa científica, a inovação, as operações nacionais de lançamentos e os serviços tecnológicos em sistemas aeroespaciais.

Um dos principais objetivos do Programa Espacial Brasileiro, de caráter estratégico, segundo o Livro Branco, é alcançar autonomia no desenvolvimento das

9 A íntegra do LBND está disponível em <http://www.defesa.gov.br/projetosweb/livrobranco /lbdndigital/>. Acesso: 14 ago. 2014.

10 O Plano Brasil 2022 está disponível em:<www.sae.gov.br>. Acesso: 14 ago. 2014.

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atividades espaciais. Entre os objetivos do PEB destaca-se o desenvolvimento de novas tecnologias espaciais. Entre os principais projetos de lançadores de satélites no âmbito do PEB, ressaltam-se: o VLS-1 e o VLM-1, projetos espaciais brasileiros em desenvolvimento pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço.

2.7 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (PND) 11

A PND é o documento condicionante de mais alto nível do planejamento das ações coordenadas pelo Ministério da Defesa destinadas à defesa nacional.

Voltada essencialmente para ameaças externas, a Política estabelece os objetivos e as diretrizes para o preparo e o emprego da capacitação nacional, com o envolvimento dos setores militar e civil, em todas as esferas de poder, em prol da defesa nacional. Pressupõe que a defesa do País é inseparável do seu desenvolvimento, fornecendo-lhe o indispensável escudo, e possui o propósito de conscientizar a sociedade brasileira da importância da defesa nacional e de que esta é um dever de todos os brasileiros.

Na análise do ambiente internacional, a PND identifica possível intensificação de disputas pelo domínio aeroespacial, entre outras, e que tal questão pode levar a ingerências em assuntos internos ou a disputas por espaços não sujeitos à soberania dos Estados, configurando quadros de conflito. Portanto, o desenvolvimento e a autonomia nacionais no setor espacial é um dos objetivos setoriais prioritários e devem ser alcançados e fortalecidos.

Consequentemente, a PND declara ser estratégico o setor espacial e, portanto, essencial o domínio autônomo de tecnologias sensíveis de acesso ao espaço.

2.8 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END)12

A END estabelece formas de alcançar os objetivos preconizados pela PND, por meio de ações estratégicas de médio e de longo prazo, a fim de propiciar a

11 A íntegra da PND está disponível em <http://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/pnd.pdf>.

Acesso: 14 ago. 2014.

12 A íntegra da END está disponível em:<http://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/end.pdf>.

Acesso: 14 ago. 2014.

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execução da mesma. Trata da reorganização e reorientação das Forças Armadas, da organização da Base Industrial de Defesa (BID) e da política de composição dos efetivos das Forças Armadas.

O objetivo da Estratégia é atender às necessidades de equipamento das Forças Armadas, privilegiando o domínio nacional de tecnologias avançadas e maior independência tecnológica. A relação entre a END e a estratégia nacional de desenvolvimento é total, sendo ambas inseparáveis, pois esta motiva aquela, e aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra.

Consta na END que projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais orientações, se guie por alguns princípios entre os quais se destaca o da independência nacional alcançada pela capacitação tecnológica autônoma no estratégico setor espacial.

A Estratégia possui como diretriz fortalecer três setores de importância estratégica: o espacial, o cibernético e o nuclear. Elege, portanto, o setor espacial como estratégico e estabelece como prioridade, projetar e fabricar veículos lançadores de satélites e desenvolver tecnologias de guiamento, sobretudo sistemas inerciais e tecnologias de propulsão líquida.

2.9 PLANO ESTRATÉGICO MILITAR DA AERONÁUTICA (PEMAER) 13

Como consequência da PND e da END, o Comando da Aeronáutica (COMAER) formulou o PEMAER 2010-2031, que aglutina metas estruturantes, agrega valor combatente e difunde poder e capacidade de fazer a uma conjuntura projetada para 2031, perpassando um período de vinte anos de afirmação e de exercício de vontade.

No campo espacial, o projeto de veículos lançadores de satélites conta com um centro de lançamento cada vez mais modernizado, fundamental para alavancar o Brasil em seu processo de independência tecnológica, científica e econômica. Conhecimento é a moeda do futuro, e a Ciência, Tecnologia e Inovação praticadas no COMAER geram, continuamente, fatos portadores de futuro.

13 A íntegra do PEMAER está disponível em:<http://issuu.com/portalfab/docs/pemaer/1?e=3672131/

2647163>. Acesso: 14 ago. 2014.

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Dos quatro objetivos que orientam a missão da Força Aérea Brasileira (FAB) e fixam o lugar de seu trabalho dentro da END destaca-se o de exercer a vigilância do espaço aéreo, sobre o território nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos meios espaciais, terrestres e marítimos.

Dos objetivos estratégicos destacam-se o de número 6 - Ampliar a capacitação científico-tecnológica da Aeronáutica, e o de número 8 - Habilitar o País no desenvolvimento e construção de engenhos aeroespaciais. Para este objetivos foram definidas as seguintes Medidas Estratégicas: Objetivo 6 - elevar a capacidade do COMAER em desenvolver tecnologias bélicas e aeroespaciais; promover a capacitação profissional de acordo as necessidades da área de ciência e tecnologia;

fomentar o desenvolvimento de estudos, de tecnologias e de pesquisas científicas relacionadas com a área aeroespacial; aumentar a capacitação dos centros de lançamentos e campos de provas; aumentar a capacidade de desenvolvimento de sistemas de apoio ao combate; buscar autossuficiência em armamentos inteligentes;

buscar autossuficiência em sistemas de comunicações por satélite; desenvolver a medição de assinaturas radar, infravermelha, acústica e visual das aeronaves da FAB; e desenvolver o projeto de sistemas de autodefesa para aeronaves da FAB.

Objetivo 8 - Qualificar veículos lançadores; promover campanhas de lançamentos; e otimizar a infraestrutura necessária para a prestação de serviços de lançamento.

Os Recursos previstos no PPA 2008-2011 para o COMAER são apresentados na tabela 6.

CÓD Programas

finalísticos e Programas de apoio às políticas

públicas e áreas especiais

PLOA 2008 Elaboração 2009

PPA 2010 PPA Rolante 2011

Total dos anos 2008/2011

0627 Tecnologia de Uso Aeroespacial

41.388.220 42.823.977 44.324.102 649.218.540 777.754.839 0464 Programa Nacional

de Atividades Espaciais – PNAE

3.710.000 3.838.700 3.973.170 5.222.058 16.743.928

Tabela 6 - PPA 2008-2011 para o COMAER – Valores em R$

Fonte: PEMAER

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2.10 MISSÃO ESPACIAL COMPLETA BRASILEIRA

Os estudos para um Programa Espacial Brasileiro integrado de grande porte foram iniciados em 1978, pela Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE), vinculada, então, ao Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Como resultado do estudo, em 1980, o governo federal aprovou a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB).

Os objetivos da MECB eram ambiciosos. Foram estabelecidas metas para as áreas de veículos lançadores – o VLS, satélites, qualificação da indústria nacional e também um novo centro de lançamento – o CLA.

2.10.1 VLS-114

A meta estabelecida pela MECB para a área de veículos lançadores foi o desenvolvimento e a construção de um veículo capaz de orbitar satélites de 100 a 350 kg em órbitas circulares, variando de 200 a 1000 km. Desse modo, o país teria autonomia não somente na produção de seus próprios satélites, mas também na capacidade de lançá-los. O VLS, composto por quatro estágios de propulsão sólida, enquadrado na classe dos lançadores de pequeno porte, estava, e ainda está, sendo concebido para cumprir voo completo, capaz de entregar, a partir de Alcântara, em órbita circular equatorial com baixa excentricidade (750 km), um satélite de 200 kg.

Em novembro de 1997, na operação Brasil, o primeiro protótipo do VLS foi lançado a partir do CLA, transportando o SCD-2A, um satélite de coleta de dados.

Contudo, durante os primeiros segundos de voo, devido a uma falha na ignição em um dos propulsores do 1º estágio, houve a necessidade de acionar em solo o comando de autodestruição.

Em dezembro de 1999, na operação Almenara, o segundo protótipo do VLS foi lançado a partir do CLA, levando a bordo um satélite científico desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o SACI 2. Novamente, uma

14 Maiores informações sobre o VLS estão disponíveis em: <http://www.iae.cta.br/site/page/view/pt.

vls1.html>. Acesso: 14 ago. 2014.

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falha, também no sistema pirotécnico no 2º estágio, ocasionou a explosão deste, havendo a necessidade de autodestruição por telecomando.

Em 2003, durante a operação São Luís, houve acendimento intempestivo de um dos motores do protótipo V03, resultando em acidente catastrófico. Após esse acidente o projeto VLS sofreu uma revisão completa (VLS-1). Dessa revisão foi gerada uma série de recomendações que implicaram modificações técnicas do projeto e, em alguns casos, o reprojeto de alguns de seus sistemas.

2.10.1.1 Investimento

O investimento recebido para o projeto do VLS-1 nos últimos dez anos é apresentado na tabela 7.

ANO RECEBIDOS ANO RECEBIDOS

2005 N.D. 2010 31,4

2006 N.D. 2011 16,2

2007 26,1 2012 15,6

2008 24,7 2013 15,6

2009 31,7 2014 15,6(*)

Tabela 7 – Recursos financeiros para o VLS-1 (Valores em milhões de R$) Fonte: Agencia Espacial Brasileira15 e DCTA/IAE, 2014

* Previsão.

2.10.2 CLA

A meta estabelecida pela MECB para a área de centro de lançamento foi o planejamento e construção de um campo de lançamento de foguetes em área remota, de forma a tornar-se o local brasileiro para lançamento de satélites.

Em 1983, foi inaugurado o Centro de Lançamento de Alcântara, que teve sua primeira operação em 1989. Atualmente, com a evolução da MECB para o PNAE, o CLA16 vem se consolidando como um centro de lançamento cuja localização privilegiada o coloca, potencialmente, como um dos mais vantajosos do

15 Informações obtidas nos relatórios de gestão disponíveis em: <http://www.aeb.gov.br /category/processos-de-contas/relatorio-de-gestao/>. Acesso: 14 ago. 2014.

16 Maiores informações sobre o CLA estão disponíveis em:<http://cla.aer.mil.br>. Acesso: 14 ago.

2014.

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mundo. Ao longo de seu processo de implantação, busca-se qualificá-lo tanto para veículos suborbitais como para lançadores de satélites, sempre tendo como referência os objetivos de confiabilidade e segurança exigidos pelo setor espacial.

2.11 PROGRAMA CRUZEIRO DO SUL (PCS)

Em 24 de outubro de 2005, foi proposto o ambicioso PCS, que seria conduzido pelo DCTA e AEB em parceria com os russos, iniciado com a revisão técnica do projeto VLS. Seriam desenvolvidos de cinco novos foguetes lançadores até 2022, a um custo estimado de US$ 700 milhões à época.

O PCS representa a autonomia do Brasil em tecnologia de lançadores e a possibilidade de colocar as indústrias brasileiras em condições de concorrer no mercado internacional de lançadores, gerando receita e empregos de alto nível.

O nome Cruzeiro do Sul foi uma referência à constelação de cinco estrelas. Cada uma delas daria o nome a cada novo foguete lançador: ALFA, BETA, GAMA, DELTA, e EPSILON.

Após revisão, o Programa Cruzeiro do Sul é, atualmente, ainda uma família de cinco lançadores, porém até a versão BETA. São eles o VLM, o VLS- ALFA1 e 2, e o VLS-BETA1 e 2. Diversos países participam de parcerias nos projetos do atual PCS.

2.11.1 Veículos do PCS

O Veículo Lançador de Minissatélites será um foguete destinado ao lançamento de cargas úteis especiais ou microssatélites (até 150 kg) em órbitas equatoriais e polares ou de reentrada, com três estágios a propelente sólido na sua configuração básica. Outras configurações empregarão um quarto estágio em propelente sólido ou propelente líquido, e uma versão triestágio com motor de apogeu em propelente líquido. Neste projeto há uma parceria de desenvolvimento tecnológico com a Alemanha e a Suécia.

O VLS-ALFA1 será constituído pela parte baixa do VLS-1 como primeiro e segundo estágios e por um propulsor a propelente líquido de 7,5 t de empuxo (Motor L75) como terceiro estágio. Neste projeto há uma parceria de desenvolvimento

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tecnológico com a Rússia. O VLS-ALFA1 permitirá a colocação de satélites de massas superiores a 400 kg em órbitas equatoriais de 400 km, ou 250 kg em órbita equatorial de 750 km.

O VLS-ALFA2 utilizará um propulsor a propelente sólido de cerca de 50 t de propelente (motor P50) como primeiro estágio e um propulsor a propelente líquido de 7,5 t de empuxo (Motor L75) como segundo estágio. Neste projeto há uma parceria de desenvolvimento tecnológico com a Itália e a Rússia.

O VLS-BETA1 utilizará um propulsor a propelente sólido de cerca de 50 t de propelente (motor P50) como primeiro estágio, um propulsor a propelente sólido de cerca de 23 t de propelente (motor Z23) como segundo estágio e um propulsor a propelente líquido de 7,5 t de empuxo (Motor L75) como terceiro estágio. Neste projeto há uma parceria de desenvolvimento tecnológico com a Itália e a Rússia.

O VLS-BETA2 utilizará um propulsor a propelente sólido de cerca de 50 t de propelente (motor P50) como primeiro estágio, um propulsor a propelente líquido de 30 t de empuxo (motor L300) como segundo, e um propulsor a propelente líquido de 7,5 t (motor L75) como terceiro estágio. Neste projeto há uma parceria de desenvolvimento tecnológico com a Itália e a Rússia. O VLS-BETA2 terá capacidade para atender às missões de transporte de 800 kg para órbitas equatoriais de até 800 km de altitude, ou satélites de até 550 kg para órbitas heliosincronas.

Figura 4 – Programa Cruzeiro do Sul Fonte: DCTA, 2013

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2.11.2 Investimento

O investimento recebido para o PCS (VLM e VLS-ALFA) é apresentado na tabela 8.

ANO Projeto RECEBIDO Projeto RECEBIDO

2012

VLM-1

10,3

VLS-ALFA

50

2013 9,3 50

2014 10(*) (*)

Tabela 8 – Recursos financeiros para o VLM-1 (Valores em milhões de R$) e para o VLS- ALFA (Valores em milhares de R$)

Fonte: DCTA/IAE, 2014 (*) Previsão

Para o VLS-BETA não foram alocados recursos até 2014.

2.12 EMPREENDIMENTO CYLONE-4

A conjugação da orientação ao mercado e do foco na competitividade levou o país a voltar-se para o desenvolvimento das soluções e das aplicações direcionadas para os serviços mercadológicos. Desta forma, o Brasil buscou parcerias com países detentores de tecnologia espacial, a fim de explorar o mercado espacial.

Em 21 de outubro de 2003, o Brasil estabeleceu com a Ucrânia o Tratado sobre cooperação de longo prazo na utilização do VLC-4 no CLA17, aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo 776/2004 e promulgado pelo Decreto 5436/2005.

Este Tratado criou a Alcântara Cyclone Space (ACS), uma joint venture binacional brasileiro-ucraniana, entidade internacional de natureza econômica e técnica, com sede em Brasília, responsável pela operação e pelos lançamentos do VLC-4 do CLA.

17 A íntegra do Tratado está disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Decreto/D5436.htm>. Acesso: 14 ago. 2014.

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2.12.1 Veículo de Lançamento Cyclone-4 (VLC-4)18

O VLC-4 será a versão mais recente da família de lançadores Cyclone, projetado pela Yuzhnoye e fabricado pela Yuzhmash, ambas empresas ucranianas.

Constituirá um sistema de transporte especial baseado em subsistemas, para proporcionar voo e desempenho operacionais capazes de: melhorar a injeção de carga útil; garantir precisão de injeção; assegurar segurança do pessoal devido aos procedimentos automatizados de pré-lançamento e lançamento; proporcionar período mais curto para a verificação e lançamento do foguete (de 8 a 12 horas); e exigir equipe mínima para o lançamento. O VLC-4 será capaz de colocar 5.300 kg em órbita terrestre baixa, ou até 1.800 kg em uma órbita geoestacionária.

2.12.2 Sítio de Lançamento Espacial (SLE)19

O SLE oferecerá o ciclo completo de operações relacionadas ao Veículo de Lançamento Cyclone-4, satélite e carga útil quando da preparação para o lançamento do foguete, sendo composto pelas seguintes edificações: complexo de lançamento; complexo técnico; complexo técnico do satélite e bloco da coifa;

sistemas e instalações para finalidade gerais; sistema de telecomunicações do sistema de lançamento; instalações para medição, coleta e processamento de dados; equipamentos para o transporte de propelente e do foguete; pacote de software para exibição de operações pré-lançamento e em voo; maquete do foguete sem propelente. A área do Sítio de Lançamento também abrigará a área de armazenagem temporária de propelente e o posto de comando.

Todas as grandes edificações do SLE serão interligadas por uma rede de ferrovias posto que o complexo técnico do VLC-4 e o complexo de lançamento estarão adicionalmente conectados pela ferrovia usada para o transporte do foguete, totalmente montado e testado, no equipamento de transporte e elevação a partir do prédio de montagem e testes do veículo de lançamento para o complexo de lançamento.

18 Maiores informações estão disponíveis em: <http://www.alcantaracyclonespace.com/pt/sobre/

veiculo-de-lancamento>. Acesso: 14 ago. 2014.

19 Maiores informações estão disponíveis em: <http://www.alcantaracyclonespace.com/pt/sobre/sitio- de-lancamento>. Acesso: 14 ago. 2014.

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2.12.3 Infraestrutura Geral20

O CLA para o VLC-4 estará situado nos arredores da cidade de Alcântara, próximo ao município de São Luís, capital do estado do Maranhão, no nordeste brasileiro. A área ocupada pelo centro de lançamento será de cerca de 620 km2.

O Centro incluirá as seguintes áreas principais: área do sítio de lançamento do VLC-4 composta (além das edificações do sítio de lançamento) pela área de armazenagem temporária de propelente e posto de comando; área do centro de controle de missões; aeroporto; área residencial. Ademais, está prevista a construção de um porto marítimo para atender o centro de lançamento.

A área para controle das missões abrigará: centro de controle de missões;

estação de meteorologia; estação de rastreamento via radar do foguete;

equipamentos de telemetria; equipamentos de abastecimento elétrico e outros.

O Centro de Controle de Missões (MCC) assegurará suporte de campo, preparação e execução de lançamentos para atender as necessidades do SLE Cyclone-4 no que se refere à segurança de voo, funcionamento dos equipamentos de telemetria, acomodação de convidados especiais, proporcionando a visualização da preparação, pré-lançamento, bem como o voo do Cyclone-4 e etc.

2.12.4 Investimento

Conforme anunciado na mídia (Valor Econômico)21, o governo brasileiro aprovou o aumento de capital na empresa binacional ACS, no valor de aproximadamente US$ 420 milhões. Com a decisão, o capital da ACS passará de US$ 498 milhões para US$ 920 milhões. Os custos desse aumento serão divididos em partes iguais entre os dois países, informou à época, o ministro do MCTI, Marco Antônio Raupp. A tabela 9 apresenta a evolução das descentralizações governamentais já aprovadas para compor o capital da empresa ACS desde a sua criação.

20 Maiores informações estão disponíveis em: <http://www.alcantaracyclonespace.com/pt/sobre /infraestrutura-geral>. Acesso: 14 ago. 2014.

21 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3156356/brasil-e-ucrania-ampliam-capital-da- binacional-acs>. Acesso: 14 ago. 2014.

Referências

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