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VARIAÇÃO LEXICAL EM SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ

Tatiane Alves Feitosa¹ Tatiara Alves Feitosa² Prof. Dr. Sidney Facundes³

Resumo

Este trabalho estudou a variação lexical encontrada na cidade de Santo Antônio do Tauá e na localidade São José do Cocal. A pesquisa tem como objetivo descobrir quais fatores (sexo, faixa etária, etnia etc) influenciam no uso do léxico ainda vivo na comunidade. Elaboramos um questionário com 35 perguntadas, e o mesmo foi aplicado na zona urbana e na zona rural. Foram entrevistados 24 moradores. Após a conclusão da pesquisa, tivemos um resultado, o qual mostra 6 expressões lexicais, apresentadas em tabelas e gráficos. Enfim, a pesquisa nos proporcionou conhecer com mais precisão a linguagem, a cultura e história desse povo.

Palavras-chave: Variação lexical; Santo Antônio do Tauá; São José do Cocal.

Abstract

This study studied the lexical variation found in the city of Santo Antônio do Tauá and the town of São José do Cocal. The research aims to find out which factors (gender, age, ethnicity, etc.) influence the use of the lexicon still alive in the community. We developed a questionaire with 35 questions and it was applied in the urban and rural area. Twenty -four residents were interviewed. After the conclusion of the research we had a result which shows six lexical expressions presented in tables and graphics. Finally, the research provided us with more accurate knowledge of the language, culture and history of these people.

Keywords: lexical variation; Santo Antônio do Tauá; São José do Cocal.

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho que desenvolvemos buscou analisar o uso da variação lexical na fala dos moradores da comunidade de São José do Cocal e da cidade de Santo Antônio do Tauá. Houve um cuidado em registrar os traços lexicais e além disso há uma necessidade de manter essa língua viva na sociedade. O objetivo seria identificar os fatores que contribuem para o uso das lexias presente na zona rural e zona urbana. A comunicação é uma das principais funções da língua, é a partir dela que podemos argumentar, conversar, entre outros. A língua faz parte da nossa cultura, se faz presente nas atividades do dia a dia.

A sociolinguística tem como objetivo sistematizar a variação viva na linguagem. O sistema da língua não é homogêneo, é heterogêneo e dinâmico. Em muitos casos, o homem usa termos em que ainda são desconhecidos para os pesquisadores, dessa forma há uma originalidade no uso dessas expressões usados numa determinada região, e o léxico está dentro da língua.

De acordo com Mario Brandão (1994)

O léxico é a parte da língua que primeiramente configura a realidade linguística e arquiva o saber duma comunidade[...] o léxico é o repositório do saber linguístico e é ainda a janela através da qual um povo vê o mundo. Um saber partilhado que apenas existe na consciência dos falantes duma comunidade (VILELA, 1994 p.6).

Dividimos o artigo da seguinte forma: na primeira parte, a introdução, onde são apresentadas informações sobre o tema, sobre a pesquisa, e a justificativa. Na segunda parte descrevemos história do município e da comunidade; na terceira parte tecemos sobre a metodologia do nosso trabalho, em seguida faz-se a uma breve revisão sobre a literatura da sociolinguística; na quarta parte apresentamos as tabelas, gráficos e análise dos dados; e, na última parte, tecemos as considerações finais.

2 HISTÓRICO DE SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ

No século XIX Santo Antônio do Tauá recebeu adeptos da cabanagem, que se refugiaram na região. Tempos mais tarde houve a chegada dos espanhóis e nordestinos, proporcionando novas culturas, costumes etc.

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A denominação do município está relacionada a dois fatores: SANTO ANTONIO, relacionado ao padroeiro dos nordestinos, SANTO ANTONIO DE PÁDUA, no período que estavam na cidade. TAUÁ, é uma palavra indígena, significa barro amarelo, é a denominação de um rio que banha grande parte da zona urbana.

A cidade é constituída por uma área territorial de 537, 625 km² e densidade demográfica de 49,61. De acordo com o último senso realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2010 são em média 26. 674 habitantes em Santo Antônio do Tauá. O município faz fronteira com Vigia de Nazaré, Colares, São Caetano ao norte, Santa Izabel ao sul, Castanhal ao leste e Santa Bárbara e Belém do Pará ao Oeste. Está situado a 55km da capital paraense. É necessário percorrer a Rodovia Federal BR 316 com saída de Belém até a cidade de Santa Izabel do Pará com destino a Santo Antônio do Tauá.

Figura 01: Mapa da cidade de Santo Antônio do Tauá.

Fonte: Estêvão J. S. Barbosa, março 2016.

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2.1 COMUNIDADE DE SÃO JOSÉ DO COCAL

Para se chegar no Cocal do Tauá, é preciso trafegar pela PA 140 em direção a Vigia, ao chegar no km 23, adentra-se a esquerda. Percorrer uma estrada de chão com denominação de

“ramal do borralho”, é um caminho rodeado por árvores e igarapés, o chão é coberto por pedras e por uma área avermelha, conhecida por piçarra, observamos durante a viagem que há alguns trechos complicados, devido algumas curvas perigosas, assim como algumas pontes com estruturas comprometidas.

São José do Cocal, foi fundado por Antônio da Cruz, o primeiro morador da comunidade, que casou-se com a Sr. Maria Catarina da Cruz, com quem teve filhos e viveu por muito tempo na localidade, tem supostamente mais de 250 anos, dispõe de 36 hectares de terras e mais de 100 hectares de várzea, possui em médio 392 habitantes. Os moradores são muitos humildes e acolhedores, as residências são de alvenaria com energia elétrica, água encanada, televisões e algumas casas possuem antenas parabólicas, recebem o sinal das emissoras da capital paraense.

A comunidade não desfruta de modernidade, verificamos que a comunicação por meio da telefonia móvel é ruim, os celulares ficam sem sinal, dificultando fazer e receber ligações e ter acesso à internet. Dentre os meios de sobrevivência, destacamos a pesca de peixes e camarões.

Figura 02: Mapa Ampliado

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Fonte: Estêvão J. S. Barbosa, março 2016.

3 METODOLOGIA

Inicialmente fizemos um projeto desenvolvido na comunidade de São José do Cocal durante a graduação, o qual nos permitiu a realização do nosso TCC. Realizamos uma pesquisa de campo, de caráter investigatório. Observamos o ambiente familiar dos moradores e durante as entrevistas deixamo-nos tranquilos para que o léxico fosse manifestado na coleta de dados, tomamos como base a Teoria e Metodologia Sociolinguística de Tarallo:

À princípio o pesquisador da área de sociolinguística, precisa, isto é, interagir com os moradores, conhecer a comunidade, observar o falante dentro do seu espaço, deixando-o à vontade para que haja harmonia, sobretudo leveza na realização do trabalho. (Tarallo, 1990)

Tarallo evidencia que o entrevistador deverá ter boas habilidades na entrevista, sobretudo inibir o efeito negativo que o gravador provoca nas pessoas nas coletas de dados.

Realizamos uma conversa informal para obter informações pessoais de cada habitante, para desenvolvermos o questionário de semântica lexical. Foram entrevistados 24 pessoas do sexo feminino e masculino, sendo 12 moradores da zona rural com faixa etária de 15 a 45 anos de 62 a 73 anos e 12 moradores da zona urbana com faixa etária 23 a 50 anos de 63 a 79 anos, todas as entrevistas foram nas residências dos moradores, utilizamos dois aparelhos celulares das marcas Alcatel e Motorola, dois (02) cadernos e canetas. As gravações tiveram um total de 343. 31 minutos.

3.1 PARÂMETROS SOCIOCULTURAIS E QUESTIONÁRIO

Tabela 01: Distribuição da Idade dos Entrevistados por Sexo (Zona Rural).

Faixa etária

definida 12 a 50 anos >50 anos

Sexo Masculino Feminino Masculino Feminino

Idade dos entrevistados

15 23 62 65

18 40 65 67

40 45 73 68

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Tabela 02: Distribuição da Idade dos Entrevistados por Sexo (Zona Urbana).

Faixa etária

definida 12 a 50 anos >50 anos

Sexo Masculino Feminino Masculino Feminino Idade dos

entrevistados

23 38 63 71

24 45 72 74

49 50 74 79

QUESTIONÁRIO DE SEMÂNTICA LEXICAL (QSL)

1. Qual o instrumento utilizado para caçar, que fica armada na floreta, cerca de 40 cm de altura do chão, existe uma linha amarrada no gatilho do objeto e esticada no ponto de atirar na pressa, após a passagem da caça? (ESPINGARDA, BUFETE).

2. Como você diz quando existe uma grande quantidade de pessoas em um determinado lugar? (MUITO, MINA).

3. Como você diz quando vai fazer uma viagem bem distante para um lugar?

(MUITISSIMO, MICIDADE).

4. Como você diz quando não consegue pescar nada, nem mesmo as folhas que caem no rio? (NEM FULHA).

5. Como você chama a pessoa que não consegue fazer nada, quando a esposa/mulher está gravida? (PANEMA, SARU).

6. Como você chama o homem que fica viúvo ou quando ele é abandonado pela esposa?

(MUNDÉ).

3.1.2 SIGNIFICADO DAS EXPRESSÕES LEXICAIS

Conseguimos extrair seis (06) lexias são elas; Bufete, mina, micidade, nem fulha, mundé e saru. São expressões lexicais usadas pelos moradores da comunidade e da cidade.

A lexia “bufete” é uma arma de fabricação caseira, utilizada para caçar. O caçador coloca o bufete 40 cm de altura em relação ao chão, em seguida uma linha é amarrada no gatinho e posteriormente esticada até o outro lado e prendida, e quando o animal encosta na linha, o gatilho dispara atirando na caça.

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Exemplos: “...ele tem o bufete que chamam, é uma espingardazinha assim, ele põe nos caminhos “ (E.M.B)

A lexia “mina” significa “grande quantidade”, usada principalmente pelos moradores da zona rural, há pouco usa desta expressão na cidade de Santo Antônio do Tauá.

Exemplos: “...esses dias peguei mina de pexe, mas foi mina pexe mermo...égua tinha mina de gente no campo, e fica mermo, ainda mais quando tem campeonato. ” (J.M.F.)

O vocábulo “micidade” significa “muitíssimo”. Esta expressão foi usada somente por um morador da comunidade de São José do Cocal.

Exemplo: “...olhe o lugar mais longe que já viajei pra banda de Ulianópolis, era micidade de longe esse lugar e muito difícil também pra se chegar pra lá, parecia que não ia chegar nunca...” (M.C.C.)

A lexia “nem fulha” significa “não trouxe nada”

Exemplo: “A Dilma ela vem trazer uma casa pra cá, mais quando Dulce, nem fulha, porque a Dilma não conhece o Tauá avali São José do Cocal. ”(E.A.C.)

O vocábulo saru significa “sujeito sem sorte, triste que perde suas qualidades”

Exemplo: “Quando o cara tá panema o cara tá saru, pode tomar banho na malagueta que vai sair a panema dele. ” (C.A.M.F)

O vocábulo “mundé” significa “sujeito abandonado”

Exemplo: “..ele tá é mundé...porque a mulher dele foi embora e deixou ele sozinho.”(Z.M.B)

4 REFERENCIAL TEÓRICO

Seguindo a linha de pensamento das autoras Izete Lehmkuhl Coelho, Edair Maria Gorski, Christiane Maria N. de Souza e Guilherme Henrique May no livro “Para Conhecer Sociolinguistica”, William Labov, desenvolveu estudos pioneiros sobre a sociolinguística, sobretudo a variedade do inglês falado na ilha de Martha’s Vineyard, no estado de Massachusetts, Estados Unidos. Labov expandiu novos conhecimentos sobre a língua, diversificando e impactando a sociedade linguística, principalmente os gerativistas. A pesquisa

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de campo inspirou a sociolinguística em novos métodos, formas para fazer registros de diferentes falares, dessa forma a variação linguística tornou-se de fato o objeto de estudo.

Labov propõe uma sociolinguística com o intuito de entender as mudanças que acontecem no sistema linguístico, a evolução e a parte estrutural da língua dentro de um contexto social, dessa forma descobrir vertentes confiáveis sobre a variedade inerente ao sistema.

Segundo a Teoria Sociolinguística Quantitativa ou Laboviana, essa mudança linguística pode ser entendida da seguinte forma:

Como objeto de estudo a variação e mudança da língua no contexto social da comunidade de fala. A língua é vista pelos sociolinguistas como dotada de

“heterogeneidade sistemática”, fator importante na identificação de grupos e na demarcação de diferenças sociais na comunidade. O domínio de estruturas heterogêneas é parte da competência linguística dos indivíduos. Nesse sentido, a ausência de heterogeneidade estruturada na língua seria tida como disfuncional (cf.

WEINREICH; LABOV; HERZOG [1968] 2006, p. .101 apud COAN; FREITAG, 2010, p. 3)

Quando fala-se sobre heterogeneidade, está se tratando de variação, sobretudo a variação que será esclarecida sistematicamente. A sociolinguística laboviana, não é uma teoria sobre a fala, é o estudo do proposito de analisar, a utilização da fala, pesquisando o que revela a estrutura linguística.

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5 TABELAS COM OS DADOS ESTRATIFICADOS

Apresentamos os resultados estratificados a partir dos fatores sexo e faixa etária. A primeira tabela mostra os 12 entrevistados da zona rural e a segunda os 12 entrevistados da zona urbana, totalizando 24 pessoas, todos estão com suas respectivas faixas etária, sexo feminino e sexo masculino, inclusive enumeramos as 6 (seis) variações lexicais, e marcamos quem faz o uso das lexias.

A palavra “bufete” foi registrada na fala de duas entrevistadas. E.M.B. 67 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, estudou até a 3º série/ano do ensino fundamental; Z.M.B. 68 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, não possui escolaridade e as duas moram há quase 70 anos na zona rural.

Segundo Labov (1982), as mulheres nas sociedades ocidentais em geral são mais conservadoras do que os homens, mas em sociedades asiáticas, por exemplo - em que elas, em geral, não têm um papel de destaque – as mulheres reagem menos fortemente às normas da cultura dominante.

A palavra “mina” foi registrada na fala de três entrevistados. J.M.F., 18 anos, sexo masculino, 1ºfaixa etária, está no 7º ano, mora há 18 anos na comunidade; K.B.S., 23 anos, sexo feminino, 1º faixa etária, está no 8º ano, mora há 23 anos na localidade; E.A.C., 40 anos, sexo feminino, 1º faixa etária, possui ensino médio completo e mora na comunidade há 40 anos.

A palavra “micidade” foi citada por M.C.C., 73 anos, sexo masculino, 2º faixa etária, que não possui escolaridade e mora há 73 anos na comunidade. A palavra “nem fulha” foi utilizado na fala de E.A.C., 40 anos, sexo feminino, 1º faixa etária, possui ensino médio completo e mora na comunidade há 40 anos; E.M.B., 67 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, estudou até a 3º ano do ensino fundamental; e por Z.M.B., 68 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, não possui escolaridade e as duas moram há quase 70 anos na zona rural.

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Tabela 03: Dados Estratificados dos Entrevistados (Zona Rural)

O Gráfico I mostra que o vocábulo “bufete” foi usado somente pelo sexo feminino, dessa forma o dados sugerem que o sexo seja um fator que favoreça a utilização deste termo. A lexia

“mina” é usada por ambos os sexos. O termo “micidade” foi registrada na fala de uma pessoa do sexo masculino, mas temos apenas um exemplo. A expressão “nem fulha” foi usada somente por mulheres, com isso sugere que pessoas do sexo feminino com frequência. Os vocábulos

“mundé” e “saru”, foram usados por ambos sexos, os dados sugerem que pessoas do sexo feminino e do sexo utilizam com maior frequência.

MASC 1º F. E 1º F. E MASC 1º F. E FEM 1º F. E FEM MASC1º F. E 1º F. E FEM MASC2º F. E 2º F. E MASC 2º F. E FEM 2º F. E FEM 2º F. E FEM 2º F. E MASC R. J. M. B J. M. F K. B. S E. A. C J. B. R. S A. B. M L. S. B C. A. M. F O. S. P E. M. B Z. M. B M. C. C TOTAL

1

Armadilha de caça que faz uso de espingarda artesanal (BUFETE)

X X 2

2 Grande quantidade de pessoas um lugar (MINA).

X X X 3

3

Fazer uma viajem bem distante para um lugar

(MICIDADE)

X 1

4

Não conseguiu pescar nada, nem mesmo as folhas que caem no rio (NEM FULHA)

X X X 3

5

Pessoa que não consegue fazer nada, quando a mulher está grávida (SARU)

X X X 3

6

Pessoa que fica viúvo; o homem é abandonado pela esposa (MUNDÈ)

X X X 3

0 1 1 2 0 0 0 2 0 4 4 1

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Gráfico 1: Sexo (Zona Rural)

Fonte: Tatiane Feitosa, outubro 2017.

No Gráfico 2 apresentamos o fator faixa etária, e os dados mostram que o termo

“bufete”, foi usado pela pessoas da 2 faixa etária, o que nos permite sugerir que pessoas do grupo etário acima de 50 anos utilizam com maior frequência este termo. A lexia “mina” foi usada pela pessoas de 12 a 50 anos, dessa forma os dados sugerem que a primeira faixa etária faz uso deste vocábulo. “micidade” foi usada somente por uma pessoa da 2 faixa etária, os dados sugerem que só as pessoas acima de 50 anos usam este termo, porém é necessário outros estudos. O termo “nem fulha” foi registrada na fala da 1 e 2 faixa etária, mas o grupo acima de 50 anos utiliza com maior frequência. Os vocábulos “saru” e “mundé” foram usados pela 1 e 2 faixa etária, o que permite sugerir os dois grupos etários utilizam a expressão.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Bufete Mina Micidade Nem fulha Saru Mundè

ZONA RURAL - Sexo

MASC. FEM.

(12)

Gráfico 2: Faixa Etária (Zona Rural).

Fonte: Tatiane Feitosa, outubro 2017.

Na tabela 4, a palavra “bufete” foi registrada na fala de quatro colaboradores: M.N.N.S., 45 anos, sexo feminino, 1º faixa etária, ensino médio completo e que mora há 27 anos na cidade;

O.S.S.S. 79 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, que estudou até a 3º série do ensino fundamental, e mora há mais de 40 anos na cidade; G.R.L. 49 anos, sexo masculino, 1º faixa etária, que estudou até a 4 série do ensino fundamental e mora na cidade há 49 anos; e D.S.S.

63 anos, sexo masculino, 2º faixa etária, que possui ensino médio completo e mora há 47 anos na cidade. A palavra “nem fulha” foi registrada na fala de M.N.N.S. 45 anos, sexo feminino, 1º faixa etária, ensino médio completo e que mora há 27 anos na cidade.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Bufete Mina Micidade Nem fulha Saru Mundè

ZONA RURAL - Faixa Etária

2 F.E. 1 F.E.

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A palavra “saru” foi citada por três colaboradores: M.B.C. 71 anos, sexo feminino, 2º faixa etária, que estudou até 4ª série do ensino fundamental, mora há 35 anos na cidade; D.S.S.

63 anos, sexo masculino, 2º faixa etária, que possui ensino médio completo e mora há 47 anos na cidade; F.F.M., 74 anos, sexo masculino, 2º faixa etária, ensino fundamental incompleto, e que mora há 74 anos na cidade. Percebe-se que os falantes mais velhos utilizam a expressão

“saru”, mesmo residindo a bastante tempo no município, ou seja, de certa forma, não modificaram o vocabulário.

Tabela 04: Dados Estratificados dos Entrevistados (Zona Urbana).

1º F. E MASC MASC1º F. E 1º F. E FEM 1º F. E FEM 1º F. E MASC 1º F. E FEM 2º F. E MASC 2º F. E FEM 2º F. E MAS 2º F. E MAS 2º F. E FEM 2º F. E FEM J. N. S M. N J. S. M. N. N. F M. N. N. S G. R. L C. L. F. S D. S. S M. B. C O. D. M F. F. M M. E. M. R O. S. S. S TOTAL

1

Armadilha de caça que faz uso de espingarda artesanal (BUFETE)

X X X X 4

2 Grande quantidade de pessoas um lugar (MINA).

0

3

Fazer uma viajem bem distante para um lugar

(MICIDADE)

0

4

Não conseguiu pescar nada, nem mesmo as folhas que caem no rio (NEM FULHA)

X 1

5

Pessoa que não consegue fazer nada, quando a mulher está grávida (SARU)

X X X 3

6

Pessoa que fica viúvo; o homem é abandonado pela esposa (MUNDÈ)

0

TOTAL

0 0 0 2 1 0 2 1 0 1 0 1

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No Grafico 3 apresentamos a variável sexo, e os dados revelam que o termo “bufete”

foi registrado na fala de ambos os sexos, dessa forma os resultados sugerem que mulheres e homens utilizam está expressão.

Gráfico 3: Sexo (Zona Urbana)

Fonte: Tatiane Feitosa, outubro 2017.

No Gráfico 4, observa-se que que o termo “bufete” foi usado pela 1 e 2 faixas etária, o dados indicam que pessoas dos dois grupos etários utilizam esta variação. A expressão “nem fulha” foi usada somente pela 1 faixa etária, então sugere-se que pessoas de 12 a 50 anos usam esta lexia. A expressão “saru” foi usada somente por pessoas da 2 faixa etária, o que nos permite sugerir que o grupo acima de 50 anos usam com maior frequência o vocabulário.

0 1 1 2 2 3

Bufete Mina Micidade Nem fulha Saru Mundè

ZONA URBANA - Sexo

MASC. FEM.

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Gráfico 4: Faixa Etária (Zona Urbana)

Fonte: Tatiane Feitosa, outubro 2017.

ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com as informações adquiridas, o uso das lexias pode estar relacionado ao contexto histórico da cidade de Santo Antônio do Tauá, desde o século XIX, em que houve o movimento dos cabanos, a imigração de espanhóis e nordestinos, de fato trouxe novos costumes e crenças para o município e as comunidades, todavia não há tecnologia na comunidade, as pessoas possuem pouca escolaridade, podendo contribuir para preservação do vocabulário lexical.

0 1 1 2 2 3 3 4

Bufete Mina Micidade Nem fulha Saru Mundè

ZONA URBANA - Faixa Etária

2 F.E. 1 F.E.

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MÉTODO QUANTITATIVO

Nesta pesquisa, fizemos o uso deste método quantitativo, o qual é uma modalidade que requer o uso de porcentagens, tem como proposito quantificar o problema por meio de estatísticas. O questionário, é um meio eficaz, para apurar hipóteses que serão adquiridas durante a pesquisa. Elaboramos um questionário especificamente para as expressões estudadas, e não é possível aplica-lo em outras regiões, conseguimos coletar dados tanta na cidade quanto na comunidade. Utilizamos dois parâmetros: sexo e faixa etária. Os resultados foram analisados ao final do trabalho.

SEXO E FAIXA ETÁRIA

Analisamos os dados a partir de dois fatore sexo e faixa etária, dessa forma foi possível obter os resultados. Verificamos as relações do uso dos vocábulos com o sexo feminino e o sexo masculino e segundo os dados há uma quantidade igual para o uso de algumas lexicais de ambos sexos. Observamos também a relação da faixa etária com a utilização das expressões.

Considerando uma perspectiva que a 2 faixas etária utiliza com maiores frequências as varrições.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Examinamos neste trabalho as expressões lexias, são elas; “micidade, mina, nem fulha, bufete, saru e mundé” usadas pelos habitantes da cidade de Santo Antônio do Tauá e pelos moradores da comunidade de São José do cocal.

A partir do momento que os conhecimentos teóricos e práticos vão evoluindo, vão surgindo novas lexias e conceitos. O léxico está presente na fala das pessoas, representa a identidade de cada ser humano, e é empregado para destacar as diferentes expressões que fazem parte da língua. É um meio dinâmico, o qual possibilita a ampliação do vocabulário.

Novos estudos poderão explicar sobre a variação lexical presente na fala dos moradores da comunidade do cocal, há uma hipótese que pode ser investigada, pois pode haver influência dos ancestrais indígenas no léxico usado por estes moradores, essa língua pode ter sido repassada de geração para geração.

Houve a preocupação sobre preservar o conhecimento adquirido nesta pesquisa, pois é muito importante para a literatura sociolinguística e também para futuro estudiosos.

Compreende-se que ainda é necessário uma análise mais aprofundada dos dados para outras investigações.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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