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O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO E GERENCIA DE RISCO

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O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO E GERENCIA

DE RISCO

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Sumário

HISTÓRIA DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS NO BRASIL ... 3

LEGISLAÇÃO PARA ACIDENTE DO TRABALHO ... 5

PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO ... 6

DOENÇAS QUE ACOMETEM O SISTEMA RESPIRATÓRIO... 14

PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) ... 17

DOENÇAS DE PELE ... 20

DOENÇAS PSICOSSOCIAIS ... 23

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS ... 26

Riscos ... 28

Riscos - conceitos aplicados ... 30

Gestão de Riscos ... 32

Análise de riscos – etapas ... 35

Técnicas de avaliação de riscos... 36

Financiamento de riscos ... 45

Noções básicas e princípios de administração de seguros ... 45

Franquias ... 47

Seguros proporcionais e não proporcionais... 47

Vantagens e desvantagens na adoção de seguros ... 48

Retenção e transferência de riscos ... 48

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ... 54

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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HISTÓRIA DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS NO BRASIL

A primeira lei de acidentes do trabalho, o Decreto 3.724 de 1919, incluía na sua definição de acidentes do trabalho as "moléstias" contraídas exclusivamente pelo exercício profissional, não considerando as doenças decorrentes das condições de trabalho.

O Decreto 24.637, de 1934, ampliava a definição de acidente de trabalho, considerando toda lesão corporal, perturbação funcional ou doença produzida pelo acidente de trabalho ou em consequência dele. Por outro lado, a lei abria campo também para considerar as doenças profissionais atípicas, provenientes de determinadas condições em que o trabalho fosse realizado, cabendo provar a relação de causalidade entre o trabalho e a doença. Com isso os trabalhadores que contraíam tuberculose em função das precárias condições do seu trabalho conseguiam sentença favorável, como foi a proferida em 26/06/1941, em São Paulo, ao julgar a solicitação de um foguista e calandrista de uma indústria de condutores elétricos que afirmava ter contraído tuberculose em função das precárias condições do seu trabalho. O juiz de direito Tácito Morback fez a seguinte consideração: "a jurisprudência tem firmado o princípio de que a tuberculose, embora não esteja inscrita entre as doenças profissionais, em certas circunstâncias assim deve ser considerada".

Em 1932, o Departamento Nacional do Trabalho (DNT) criou uma seção voltada à organização, higiene e segurança do trabalho, que resultou na Inspetoria do Trabalho. Porém, somente após a promulgação do Regulamento do DNT, em mea- dos de 1934, começou o funcionamento normal da Inspetoria como órgão de fiscalização das leis trabalhistas.

Os três primeiros médicos do trabalho com a função de inspecionar as fábricas foram nomeados para fazer inquéritos sobre condições de trabalho e pesquisas sobre moléstias profissionais.12 Em 1935, os doutores Edison Cavalcante e Zey Bueno inspecionaram uma indústria de vidro e destacaram os principais perigos como eczemas, rinites e, especialmente, a silicose pulmonar e pleural, decorrentes do contato com diferentes tipos de silicatos e poeiras presentes no ambiente de trabalho.

Também ressaltaram o saturnismo entre os trabalhadores que atuavam com pintura

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do vidro realizada com pistolas e com uso de tintas ricas em sais de chumbo.

Em 1938, foi criado o Serviço de Higiene Industrial junto da Inspetoria do Trabalho, ampliando as ações no campo da higiene e da medicina do trabalho. Em 1942, houve uma reforma do Departamento Nacional do Trabalho, reforçando a importância do campo da higiene do trabalho. Criou-se a Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho (DHST), em substituição ao Serviço de Higiene Industrial.12

Com base na Recomendação no 112 da OIT, dada em 1959, na década de 1970 o governo brasileiro regulamenta a obrigatoriedade dos serviços de segurança e medicina do trabalho nas empresas, determinando porte e grau de risco.

Em 1972, o governo federal criou a Portaria no 3237, que tornava obrigatórios, além dos serviços médicos, os serviços de higiene e segurança em todas as empresas onde trabalham cem ou mais pessoas. O Brasil inicia a adequação aos objetivos da OIT procurando fornecer aos seus trabalhadores a devida proteção a que eles têm direito.

O engenheiro de segurança do trabalho surgiu em 1970 nas empresas, devido à exigência de lei governamental, objetivando reduzir o número de acidentes, pois nessa época o Brasil foi campeão mundial em acidentes de trabalho. Porém, esse profissional atuou mais como um fiscal dentro da empresa, e sua visão com relação aos acidentes de trabalho era apenas corretiva.

Em 8 de junho de 1978, é criada a Portaria no 3.214 que aprova as Normas Regulamentadoras (NR), relativas à segurança e medicina do trabalho, que obrigam as empresas ao seu cumprimento. Atualmente são 33 Normas Regulamentadoras.

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LEGISLAÇÃO PARA ACIDENTE DO TRABALHO

A Lei no 8.213, que rege desde 1991 o acidente do trabalho no Brasil, considera em seu artigo 19:

"Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."

Nesse artigo é descrito também que a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, assim como informar os trabalhadores sobre os riscos da operação e do produto que ele vai manipular. A empresa paga multa se deixar de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

No artigo 20 consideram-se ainda como acidentes do trabalho outras entidades mórbidas, tais como as doenças profissionais produzidas ou desencadeadas pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade, que devem constar na lista A do anexo II do Decreto 3048/99. As doenças do trabalho adquiridas ou desencadea- das em razão de condições especiais de trabalho que se relacionem diretamente devem constar na lista B do anexo II do Decreto 3048/99, modificada pelo Decreto no 6.957, de 2009. Neste mesmo decreto, foi incluída a Lista C, referente aos intervalos de CID-10 em que se reconhece Nexo Técnico Epidemiológico.

Equivalem também a acidente do trabalho as doenças relacionadas a condições especiais de trabalho não incluídas nas listas A e B. Exemplos: infecção do trato urinário em condições especiais de trabalho (ausência de pausas para necessidades fisiológicas).

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PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO LER/DORT

A ergonomia contribui muito para melhorar o cotidiano das pessoas, sobretudo em seus ambientes de trabalho. Algumas atividades requerem mais atenção, como as que o indivíduo permanece muito tempo em uma mesma posição ou realizando os mesmos movimentos. Essas atividades tendem a causar lesões por esforços repetitivos (LER), provocadas especificamente por movimentos repetitivos ou por posturas inadequadas, chamadas de posturas antiergonômicas.

No meio rural, por exemplo, os cortadores de cana são os trabalhadores mais atingidos pelas LER/ DORT. No perímetro urbano, bancários, digitadores, operadores de linha de montagem e de telemarketing estão entre os profissionais mais acometidos com essas doenças. Já os operários das minas e refinações de níquel podem ser acometidos pelo câncer de traqueia. Outras doenças ocupacionais afetam os pulmões ocasionando asma e asbestose, geradas pela inalação de fragmentos, névoas e gases nocivos (PORTAL REPÓRTER BRASIL, 2007).

Figura 1: Cortadores de cana e profissionais de corte e costura estão muito propensos a LER/DORT.

Fonte: iStock/ Photos.com/Thinkstock.

As LER/DORT, por acepção, constituem um fenômeno relativo ao trabalho, assinalado pelo surgi- mento de muitos sintomas, concomitantes ou não, como dor, parestesia, fadiga, sensação de peso e de desconforto nos membros superiores,

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pescoço e/ou membros. Em muitos casos, são fatores que resultam em incapacidade laboral temporária ou permanente. Resultam do excesso de uso das composições anatômicas do sistema musculoesquelético e da falta de tempo para se recuperar (BRASIL, 2000).

Segundo Varella (2000), LER não é propriamente uma doença, mas uma síndrome constituída por um grupo de doenças – tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo, mialgias, que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores principalmente, e sobrecarrega o sistema musculoesquelético. Esse distúrbio provoca dor e inflamação e pode alterar a capacidade funcional da região comprometida.

Também chamada de DORT (distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho), LTC (lesão por trauma cumulativo), AMERT (afecções musculares relacionadas ao trabalho) ou síndrome dos movi- mentos repetitivos, LER é causada por mecanismos de agressão, que vão desde esforços repetidos continuadamente ou que exigem muita força na sua execução, até vibração, postura inadequada e estresse. Tal associação de terminologias fez com que a condição fosse entendida apenas como uma doença ocupacional, e que existem profissionais expostos a maior risco: pessoas que traba- lham com computadores, em linhas de montagem e de produção ou operam britadeiras, assim como digitadores, músicos, esportistas, pessoas que fazem trabalhos manuais, como tricô e crochê (VARELLA, 2000).

CURIOSIDADE:

No Brasil, a terminologia mais empregada pelos técnicos e operários é LER, inicialmente usada pelo médico Mendes Ribeiro, em 1986, no I Encontro Estadual de Saúde dos Profissionais de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul. A primeira doença descrita na literatura associada às atividades repetitivas foi a tenossinovite, caracterizada pela restrição ao livre movimento de um tendão, devido a uma inflamação deste ou de sua bainha (ASSUNÇÃO; ROCHA, 1994).

Não existe apenas uma causa que determine o aparecimento das LER/DORT.

Fatores condicionantes para o surgimento da síndrome incluem movimentos repetitivos, manutenção de posturas inadequadas por período prolongado, trabalho estático, frio ou condições climáticas, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão

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mecânica sobre partes do corpo, como os membros superiores, condições organizacionais e psicossociais (BRASIL, 2000).

Sob a ótica de Settimi e Silvestre (1995), em decorrência das expressivas mudanças estabelecidas no cotidiano de seus portadores, doenças relacionadas ao trabalho, como as LER/DORT, necessitam de medidas de intervenção além das terapias clínicas e cirúrgicas tradicionais. Partindo desse pressuposto, constata-se a necessidade de adotar novos critérios que permitam interferir na situação de trabalho, que vão além dos consertos de agravos ou compensação, buscando a prática de medi- das preventivas (veja a seção “Prevenção”).

A importância da boa postura

Com o intuito de prevenir as LER/DORT, devem ser evitados movimentos rotacionais do tronco, flexões para frente e para o lado, movimentos de extensão (como estender a coluna para trás), permanecer muito tempo inerte, sentado ou na posição estática, além do manuseio manual de transporte de cargas.

Uma das grandes preocupações ergonômicas no que se refere à postura corporal durante a atividade de trabalho está relacionada às implicações que a posição estática durante várias horas seguidas ao dia pode ocasionar. A má postura ou postura inadequada pode gerar diversos problemas que vão desde o aumento dos níveis de desconforto, até o surgimento de danos na coluna vertebral (as algias).

Iida (2005) define postura como a análise do posicionamento de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço, sendo que a boa postura contribui para efetuar as tarefas sem causar desconforto e estresse. O autor cita três situações típicas em que a má postura pode resultar em danos:

1. Tarefas estáticas que envolvem a postura para da por longos períodos.

2. Afazeres que demandam muita força.

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3. Trabalhos que requerem posturas desfavoráveis, como o tronco inclinado e torcido.

O autor também aponta algumas consequências das diferentes posturas e movimentos:

 Em pé: envolve pés e pernas, podendo ocasionar varizes.

 Sentado, sem encosto: afeta os músculos extensores do dorso.

 Assento muito alto: interfere na parte inferior das pernas, nos joelhos e nos pés.

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 Assento muito baixo: influi no dorso e pescoço.

 Braços esticados: prejudicam ombros e braços.

 Pegas inadequadas em ferramentas: podem lesar o antebraço.

 Punhos em posições não neutras: afetam os punhos.

 Rotações do corpo: podem danificar a coluna vertebral.

 Ângulo inadequado do assento e do encosto: interfere nos músculos dorsais.

 Superfícies de trabalho muito baixas ou muito altas: podem prejudicar a coluna vertebral e a cintura escapular.

Vejamos em detalhes as vantagens e desvantagens de algumas das posturas mais comuns nos postos de trabalho.

Posição sentada: Em comparação à postura ereta, a postura sentada oferece vantagens, pois há maior apoio do corpo em muitas superfícies, como piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa, resultando ainda em menos cansaço. No entanto, diversas ações manuais na posição sentada reque- rem acompanhamento visual, com o tronco e a cabeça inclinados para frente, o pescoço e as costas submetidos a longas tensões, podendo resultar no surgimento de dores. Ao girar o corpo com o assento fixo, por exemplo, o dorso acaba sendo exposto a tensões (DUL; WEERDMEESTER, 2012).

A postura sentada estabelece carga biomecânica expressiva sobre os discos intervertebrais, sobretudo na região lombar. Ao trabalhar sentado, movimenta-se pouco, acarretando carga estática sobre partes do corpo, as quais, se forem agregadas à inércia, podem resultar em fadiga (RIO; PIRES, 2001).

PARA REFLETIR:

Desde o surgimento dos ambientes de trabalho, ficar sentado durante um longo período de tempo tornou-se normal. A maioria dos escritórios tem estruturas com cadeiras e mesas, e o colaborador fica sentado cerca de 8 horas por dia.

Para muitos, trabalhar sentado é algo positivo devido à comodidade da prática, mas diversos estudos indicam que isso pode ser muito prejudicial à saúde. Em pesquisas realizadas por institutos da área de saúde, constatou-se que ficar sentado 8 horas por dia pode aumentar o risco de morte de doenças cardiovasculares em até 50%.

Para o neurocirurgião Mauricio Mandel, o corpo humano não está estruturado para ficar muito tempo parado em uma posição. A falta de movimento faz com que os músculos entrem em estado de fadiga e comecem a doer. E os músculos estão longe de serem os únicos prejudicados.

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Em entrevista para o New York Times, o pesquisador da Clínica Mayo, James Levine, ressaltou: “Passar muito tempo sentado é uma atividade letal. Ao simples ajuste do corpo na cadeira, vários processos negativos se iniciam no corpo, a perna perde as atividades elétricas e a queima de caloria diminui em 75%. Após algumas horas sentado, a eficiência da insulina diminui e o corpo fica mais suscetível ao risco de diabetes”.

Trecho adaptado de: Silva (2014).

Trabalho em pé: possibilita maior mobilidade corporal, sendo que se pode usar braços e pernas para alcançar os controles dos equipamentos. Também é possível deslocar-se, facilitando a ação dinâmica de braços, pernas e tronco. Todavia, a posição estática em pé é muito exaustiva, uma vez que a manutenção da postura requer muito esforço estático da musculatura abrangida (IIDA, 2005).

Sugere-se essa posição quando há constantes deslocamentos do local de trabalho ou a ação requer que se use muita força, devendo ser intercalada com a postura sentada e andando, uma vez que permanecer o dia todo na posição em pé

gera fadiga nas costas e pernas. Se o tronco encontrar-se inclinado, surge o estresse adicional, gerando dores no pescoço e nas costas. Por sua vez, o trabalho executado com os braços para cima e sem apoio gera dores nos ombros (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

Posição deitada: não há concentração de tensão corporal e o sangue circula livremente pelo corpo, colaborando para a supressão dos resíduos do metabolismo e das toxinas dos músculos, que originam a fadiga. Em funções como a manutenção de automóveis, a posição horizontal pode ser extenuante caso não haja apoio para a cabeça (IIDA, 2005).

Mudanças de postura: uma alternativa viável para amenizar os problemas decorrentes das posturas prolongadas é diversificar tarefas (intercalando as atividades com posturas sentada/em pé), alternar as posições na forma sentada e utilizar um selim de apoio para o corpo na posição em pé (DUL; WEERDMEESTER, 2012).

Inclinação da cabeça para frente: em decorrência do momento provocado pela cabeça, cujo peso é consideravelmente elevado, ocorre fadiga momentânea dos músculos do pescoço e do ombro. Quando a inclinação da cabeça em relação à

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postura vertical for maior que 30 graus, surgem dores no pescoço (IIDA, 2005).

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Posturas das mãos e dos braços: as atividades que requerem a permanência dos braços e das mãos em posições inapropriadas geram dores nos punhos, cotovelos e ombros. O punho inclinado durante um período prolongado pode resultar em inflamação dos nervos, dores e sensação de formigamento nos dedos. Já a posição com os braços levantados sem apoio pode acarretar dores no pescoço e ombros. Tais posturas podem ser agravantes, colaborando para o surgimento das lesões por esforços repetitivos e DORTs (doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho). Para que isso não ocorra, uma das medidas a serem adotadas é evitar ações acima do nível dos ombros e trabalhar com as mãos para trás (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

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DOENÇAS QUE ACOMETEM O SISTEMA RESPIRATÓRIO Antracose

Trata-se de uma lesão pulmonar causada por diferentes agentes que são adquiridos nas áreas de carvoarias. A doença pode ser o ponto de partida para outros problemas ainda mais graves e afeta, principalmente, os trabalhadores que têm contato direto com a fumaça do carvão.

Geralmente os indivíduos diagnosticados com a antracose não apresentam sintomas nem complicações, mas em alguns casos a doença pode gerar uma fibrose pulmonar.

Figura 2: Trabalhadores de carvoarias tendem a ser acometidos pela antracose devido à inalação da fumaça do carvão.

Fonte: Lambranho e Lopes (2008).

3.1 Bissinose

Trata-se de estreitamento das vias respiratórias causado pela aspiração da poeira das fibras de algodão, linho ou cânhamo. Embora seja conhecida por afetar

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trabalhadores da indústria algodoeira, também afeta aqueles que trabalham com linho ou cânhamo.

Os operários que abrem fardos de algodão em rama ou que trabalham nas primeiras fases do processamento do algodão aparentemente são os mais afetados.

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A exposição prolongada à poeira do algodão aumenta a frequência dos ruídos respiratórios, mas não evolui para uma doença pulmonar incapacitante.

Siderose

Trata-se de uma doença pulmonar causada pela inalação de pós ou vapores que contêm as partículas de óxido de ferro ou ferro. É muito comum em soldadores, mas a poeira de ferro e fumaça também é encontrada nas indústrias de mineração, siderurgia, ferro ou aço de rolamento, polimento de metais e no trabalho com pigmentos ocre. Normalmente não causa sintomas e não resulta em muitos problemas para seus portadores.

Figura 3: Soldadores costumam ser acometidos pela siderose devido à inalação da poeira do ferro.

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PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR)

A surdez temporária é caracterizada pela dificuldade de audição, embora passageira, que notamos após exposição por algum tempo ao ruído intenso. A exposição prolongada, ou que ocorre de forma súbita e intensa, é capaz não apenas de causar a surdez temporária como também a surdez permanente, ou seja, a perda irreversível da capacidade auditiva, o que se conhece como perda auditiva induzida por ruído (PAIR). A PAIR ocorre em diversos ramos de atividade, principalmente construção civil, siderurgia, metalurgia, gráfica, etc.

Para evitar a PAIR, a Norma Regulamentadora no 15 (NR-15) da Portaria do Ministério do Trabalho estabelece limites de exposição a ruído contínuo. Veja o Quadro 1.

Quadro 1: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente segundo a Norma Regulamentadora no 15 (NR 15).

Nível de ruído (dB) Máxima exposição diária permitida

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

88 5 horas

89 4 horas e 30 minutos

90 4 horas

91 3 horas e 30 minutos

92 3 horas

93 2 horas e 30 minutos

94 2 horas

95 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 30 minutos

100 1 hora

102 45 minutos

104 35 minutos

105 30 minutos

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106 25 minutos

108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos

114 8 minutos

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Fonte: Adaptado de Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, (2007).

Previsto pela NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, o Programa de Conservação Auditiva (PCA) é hoje o maior aliado da saúde auditiva dos trabalhadores. Trata-se de um conjunto de medidas coordenadas que previnem a instalação ou evolução das perdas auditivas ocupacionais. É um processo contínuo e dinâmico de implantação de rotinas nas empresas. Onde existir o risco para a audição do trabalhador, há necessidade de implantação do PCA.

115 7 minutos

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DOENÇAS DE PELE Dermatose Ocupacional

A dermatose ocupacional é o nome dado a qualquer alteração da pele, de mucosas e anexos causada direta ou indiretamente por tudo aquilo que seja utilizado na atividade profissional ou exista no ambiente de trabalho.

As dermatoses ocupacionais podem ser causadas por inúmeros agentes, que podem ser químicos, físicos ou biológicos. Os mais comuns são: químicos – metais, ácidos e álcalis, hidrocarbonetos aromáticos, óleos lubrificantes e de corte, arsênico;

físicos – radiações, traumas, vibração, pressão, calor, frio; biológicos – vírus, bactérias, fungos, parasitas, plantas, animais (ALCHORNE; ALCHORNE; SILVA, 2010).

As lesões geralmente iniciam com irritações ou ressecamento da pele, evoluindo para rachaduras, sangramentos e eczema. O tratamento precoce diminui o tempo de evolução das lesões e pode evitar complicações. A identificação e o afastamento do agente causal são medidas muito importantes, mas também devem ser adotadas medidas de proteção individual, como higiene pessoal e uso de equipamento de segurança (luvas, p.ex.), e de proteção coletiva, como exames médicos periódicos e orientações ao trabalhador.

Figura 4: Dermatose ocupacional causada pelo contato direto com o cimento.

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Câncer de Pele

Mais recorrente em indivíduos que trabalham a céu aberto, como em lavouras e na construção civil, devido à excessiva exposição ao sol. O câncer de pele é

bastante comum no Brasil, mas só pode ser considerado ocupacional se estiver relacionado à atividade profissional desenvolvida.

É responsabilidade do empregador proporcionar um ambiente de trabalho seguro, inclusive alertando seus funcionários sobre os riscos da exposição sem proteção solar e roupas adequadas.

Figura 5: O trabalho a céu aberto exige cuidados especiais com a pele, como o uso de cremes com proteção solar e chapéu.

Fonte: Ingram Publishing/Thinkstock.

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DOENÇAS PSICOSSOCIAIS

Problemas como depressão e estresse muitas vezes estão associados à carga horária excessiva, à pressão para concluir as tarefas, a conflitos interpessoais, típicos de ambientes muito competitivos, entre outros fatores relacionados às atividades e ao ambiente de trabalho. É necessário, então, que medidas preventivas sejam adotadas, de modo que a carga de trabalho e as exigências por melhores resultados não acabem comprometendo a saúde do trabalhador. Não apenas a empresa deve cultivar um ambiente comunicativo e tranquilo, na medida do possível, como o próprio funcionário deve cuidar de sua saúde, preservando bons hábitos alimentares, praticando atividades físicas e dormindo bem.

Diretamente relacionado às condições de trabalho, o estresse é um problema social e de saúde pública, cuja prevenção é uma das maiores metas quando se busca a promoção da saúde biopsicossocial. Ele interfere organicamente de muitas maneiras, e seus sintomas variam de um indivíduo para outro. Ele leva os envolvidos a registrar alterações comportamentais, em geral refletindo várias sensações que as pessoas vivenciam no dia a dia, com as cobranças por melhores resultados e a luta para vencer a multifuncionalidade no trabalho e em casa.

Segundo Iida (2005), as pessoas estressadas perdem a autoestima e a autoconfiança, o que leva ao desleixo com a higiene pessoal, à insônia, à

agressividade, e à bebida ou ao fumo em demasia. Além disso, ocorrem alterações neuroendocrinológicas que afetam as funções fisiológicas e dificultam as defesas naturais do organismo, tornando essas pessoas mais suscetíveis a patologias, como dores musculares, disfunções gastrointestinais e problemas cardiovasculares. A condição prolongada de estresse interfere no desenvolvimento laboral, restringindo a operosidade e a qualidade, ocasionando mais riscos de acidentes, absenteísmos e rotatividade dos trabalhadores. Ao afetar o sistema nervoso central, o estresse diminui a capacidade do organismo de responder a estímulos, reduzindo a vigilância e gerando disfunções emocionais, o que leva frequentemente à ansiedade e à

depressão (IIDA, 2005).

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Figura 6: A pressão no trabalho pode evoluir para o estresse, que, por sua vez, pode evoluir para quadros de ansiedade e depressão, como síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo.

Fonte: Creatas Images/Thinkstock.

De acordo com Villallobos (1999), o estresse ocupacional dá-se pela percepção, por parte do trabalhador, de sua inabilidade para concretizar os trabalhos propostos, gerando consternação, incômodo e sentimento de incapacidade para o enfrentamento dos problemas. Sob a ótica de Kroemer e Grandjean (2005), o estresse ocupacional é assim definido pela análise emocional que deriva da desconexão entre o nível de demanda e a capacidade do indivíduo em tratar do assunto.

Outro dado apontado pelos autores refere-se às pesquisas relacionadas aos estressores ocupacionais que levaram à adequação entre o ser humano e o meio ambiente. Assim, o bem-estar e a atuação dos trabalhadores podem ser motivados pelo nível de adaptação entre as propriedades das pessoas e o ambiente (KROEMER;

GRANDJEAN, 2005).

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CURIOSIDADE

Você já ouviu falar da Síndrome de Burnout? Trata-se de um distúrbio psíquico descrito em 1974 pelo médico alemão Herbert J. Freudenberger.

Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.

Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.

O sintoma típico da síndrome é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima. Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia. Atividade física regular e exercícios de relaxamento também ajudam a controlar os sintomas.

Adaptado de: VARELLA (2000).

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PREVENÇÃO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS

De um modo geral todas as doenças ocupacionais são possíveis de prevenir, iniciando pela higiene ocupacional que é a ciência e arte dedicada ao reconhecimento, avaliação e controle dos riscos físicos, químicos e biológicos originados nos locais de trabalho e passíveis de produzir danos à saúde dos trabalhadores.

O reconhecimento é a primeira etapa. Consiste em reconhecer os agentes ambientais que afetam a saúde dos trabalhadores, que implica no conhecimento profundo dos produtos envolvidos no processo, métodos de trabalho, fluxo do proces- so, layout das instalações, número de trabalha- dores expostos. Essa etapa compreende também o planejamento da abordagem do ambiente a ser estudado, seleção dos métodos de coletas, bem como dos equipamentos de avaliação.

A etapa de avaliação é qualitativa e/ou quantitativa dos agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos postos de trabalho a serem avaliados. A ava- liação qualitativa é uma forma de reconhecimento por métodos de observação como tipo de processo, equipamentos, operações, procedimentos de limpeza e o principal:

o mapa de risco do setor e da empresa. A avaliação quantitativa consiste no levantamento ambiental com registros dos dados medidos com equipamentos específicos. Os riscos quantificados são comparados a critérios predefinidos. Para essa avaliação são utilizados instrumentos que devem ser calibrados de preferência pelo INMETRO, ou empresas cadastradas por ele, e é preciso seguir técnicas de procedimentos definidas por órgãos competentes, como Fundacentro; por exemplo, a NHO 01 para avaliação da exposição ocupacional ao ruído.

Alguns exemplos de instrumentos utilizados para avaliação e o agente avaliado:

a) Dosímetro: para avaliar a dose de ruído do ambiente;

b) Luxímetro: para avaliar a iluminação do ambiente;

c) Bomba de amostragem: para avaliar poeiras;

d) Bomba para tubos colorimétricos: para avaliar substâncias químicas como ozônio, benzeno;

e) Monitor de calor - termômetro de globo (IBUTG): para avaliar calor.

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A Figura 7, representa a avaliação dos riscos em higiene ocupacional para prevenção das doenças ocupacionais.

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Figura 7: Avaliação dos riscos em higiene ocupacional.

Fonte: (LIMA, 2008).

A terceira etapa são as medidas de controle dos agentes ambientais reconhecidos e avaliados pelas etapas anteriores. Para todos os agentes ambientais existem medidas de controle que devem ser adotadas, priorizando-se sua eficiência, isto é, em primeiro lugar as que se referem à fonte, seguidas das que se referem ao percurso e finalmente as relativas aos trabalhadores. As medidas de controle se dividem em:

 Medidas relativas ao ambiente - EPC: são aquelas aplicadas à fonte ou na trajetória, tais como substituição do produto tóxico, melhoria no processo de trabalho, isolamento, ventilação.

 Medidas relativas ao homem - EPI: não sendo possível o controle ou enquanto as medidas estiverem sendo implantadas, deve- -se utilizar o EPI adequado aos riscos, assim como os exames médicos dos trabalhadores.

Riscos

O risco é uma medida de perda econômica e ou de danos à vida humana, resultante da combinação entre as frequências de ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências).

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Para reforçar o conceito Cicco e Fantazzini (1994), conceituam Risco como: “uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material, em processo ou redução da capacidade de produção”.

Conceito prático

O ambiente de trabalho, por sua natureza da atividade desenvolvida e pelas características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes biológicos, físicos, químicos ou biológicos. Os problemas com ergonomia dos colaboradores ou riscos de acidentes laborais são fato-res que podem comprometer a integridade do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa.

Segurança do trabalho é um estado de convivência pacífica e produtiva dos componentes do trabalho (recursos materiais, recursos humanos e meio ambiente). As funções de segurança são aquelas intrínsecas as atividades de qualquer sistema (gerência), subsistema (divisão de setores) ou célula (profissionais), e que devem compor o universo do desempenho de cada um desses segmentos “(Reuter, 1989).

O risco está ligado diretamente ao fato e a possibilidade da ocorrência de um evento não desejado, sendo função da frequência da ocorrência das hipóteses acidentais e das suas consequências.

Diante do que vimos, os riscos são a razão principal do SGSST, e por este motivo é de extrema importância que a organização adote os meios para ter controle operacional, visando a redução destes riscos.

Avaliação de riscos

Sob responsabilidade da organização e através do SGSST, devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos que identifiquem e avaliem os “riscos” para respostas rápidas e adequadas ao controle e eliminação destes.

A avaliação de riscos, em um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho, deve ser vista como a base de uma gestão ativa e de entendimento preventivo.

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Os riscos devem ser tratados com peso diferente, de acordo com seu grau de perigo.

Deve-se estabelecer uma metodologia que considere o ambiente, a sua origem e o momento de tratar do risco conforme: Identificação e prioridade. E a seguir aplicar os controles adequados.

Para você, futuro Técnico em Segurança do Trabalho, já ir familiarizando-se com alguns termos, a seguir verá os conceitos sobre “riscos”.

Para se obter os resultados pretendidos deve ser elaborado um processo organizado da seguinte forma:

a) Avaliar a situação atual;

b) Tomar decisões adequadas;

c) Planejar as medidas corretivas;

d) Ação corretiva;

e) Padronização (objetivo fim);

f) Melhoria Contínua.

Devemos considerar alguns pontos importantes na avaliação de riscos:

• Estabelecimento do procedimento a ser utilizado para cada situação;

• Divulgação das ações aos trabalhadores;

• Deve ser efetuada por pessoal treinado e capacitado.

Riscos - conceitos aplicados

• Incidente: Trata-se de um acontecimento não desejado ou não programado, que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da atividade.

Não apresenta perda de qualquer natureza.

• Gestão dos Incidentes

a) Identificar - Estar atento aos desvios dos padrões aceitáveis;

b) Relatar - Colocar no relatório de Incidentes todos os fatos;

c) Analisar - Fazer estatísticas dos principais desvios de padrões;

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d) Planejar - Levantamento de causas para montar um plano de ação;

e) Controlar - Tomar as ações para eliminar ou minimizar o risco com relação aos principais desvios encontrados.

Acidente: evento não desejado, que apresenta como resultado uma lesão ou enfermidade a um trabalhador ou um dano ao patrimônio. (máquinas, equipamentos, instalações, etc.)

O Acidente do Trabalho é aquele que pode ocorrer a serviço da organização pelo exercício das atividades na função, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho, ou até mesmo a morte.

Esta condição também envolve a causa que, não sendo a única, tenha contribuído para o acidente. Sua ocorrência pode se dar no local de trabalho, externamente a serviço da empresa, nos intervalos ou a caminho (trajeto).

Vamos ver a seguir as definições sobre acidentes de trabalho:

– Acidente pessoal: É caracterizado pela existência de um acidentado e sua consequência é a lesão do trabalhador envolvido;

– Acidente de trajeto: É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela;

– Acidente impessoal: Independe de existir acidentado de ocorrência eventual que resultou ou poderia ter resultado de lesão pessoal;

– Acidentado: É o trabalhador vítima de acidente;

– Lesão imediata: É a lesão que se verifica imediatamente após a ocorrência do acidente;

– Lesão mediata: É a lesão que não é verificada imediatamente após a exposição à fonte da lesão. Caso seja caracterizado o nexo causal, isto é, a relação da doença com o trabalho, ficará caracterizada como doença ocupacional. Neste caso, quando é admitida a preexistência de uma “ocorrência ou exposição contínua ou intermitente”, de natureza acidental, é registrada como acidente de trabalho, nas estatísticas de acidentes;

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– Incapacidade permanente total: É a perda total de capacidade de trabalho, em caráter permanente, exclusive a morte. E esta incapacidade corresponde à lesão que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado de permanentemente exercer suas atividades.

A seguir podemos ver também alguns conceitos importantes relacionados aos riscos:

• Perda: É qualquer tipo de dano às pessoas, aos processos produtivos e às instalações;

• Não conformidade: Qualquer condição ou ação que não atenda às normas operacionais, regulamentos e requisitos definidos pelo SGSST, que possa causar direta ou indiretamente uma situação de perda de qualquer natureza;

• Desvio sistêmico: São os eventos que ocorrem com frequência, pode ser um evento isolado bem como um conjunto de processos dentro do sistema que venham a causar desvios.

Gestão de Riscos

Como você está aprendendo sobre gestão, o controle e a redução dos “riscos”, também é elemento do sistema da SST.

Existem critérios específicos relacionados aos “riscos”. Vamos ver!!

No quadro a seguir, você pode perceber que a gestão de riscos também utiliza as ferramentas já estudadas: Planejar, executar, e validar os processos.

Gestão preventiva

Um dos pontos mais importantes para um Técnico em Segurança do Trabalho, é a capacidade de analisar as situações com o objetivo de prevenção de acidentes e isto exige alguns cuidados.

Vamos conhecê-los?

Cada etapa de trabalho deve ser estudada de forma separada. Este estudo e análise fornecerão informações preciosas.

Pergunte a você mesmo: Que acidente poderia acontecer em cada processo?

Você poderá encontrar as respostas:

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I. Observando o trabalho;

II. Conversando com o operador;

III. Analisando acidentes ocorridos.

Quando você analisa cada processo, deverá observar os agentes que podem causar os acidentes:

• Posicionamento:

Operações em equipamentos cuja atividade permita a introdução de dedos ou mãos.

• Choque elétrico:

Fios expostos, principalmente se o trabalho está relacionado com eletricidade.

• Produtos químicos:

Contato, permanente ou não, com qualquer desses produtos.

• Fogo:

Operações com produtos inflamáveis (derramamentos), soldas e cortes em locais impróprios, riscos de vazamentos ou derramamentos de produtos.

• Área de Trabalho:

Pisos escorregadios, passagens irregulares ou obstruídas, com saliência ou buracos. Ordenação, arranjo físico e limpeza inadequada.

Conforme a norma NBR ISO 31000, a Gestão de Riscos compreende um conjunto de atividades coordenadas, com a finalidade de direcionar e controlar uma organização em relação aos “riscos”. Normalmente a Gestão de Riscos engloba as seguintes atividades:

• Análise de Riscos – uso sistemático das informações disponíveis para que a origem de ameaças seja identificada e para que os riscos sejam estimados;

• Avaliação de Riscos – processo de comparação entre o risco previsto com os níveis de tolerância estabelecidos para determinado risco;

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• Tomada de decisão - processo que trata da seleção e prioridade sobre os riscos para se implementar medidas corretivas.

A Gestão de Riscos implica em assegurar a aplicação de processos através da análise do ambiente real e identificação de possíveis perigos, a avaliação dos riscos detectados e a adoção de medidas preventivas e de controle destes.

O principal objetivo da gestão é o de promover a proteção e integridade dos colaboradores, meio ambiente e espaço físico (ambiente).

Um dos aspectos mais importantes que deve ser observado pela gestão é o de instaurar processos que visam um monitoramento contínuo dos riscos relacionados à saúde e segurança do trabalhador. Esta medida deve ser executada desde a elaboração de novos projetos, até a ponta final deste.

Para uma Gestão ordenada sugerimos as etapas a serem seguidas no processo de Gestão de Riscos:

a) Analisar e avaliar o ambiente sobre sua segurança e processos;

b) Métodos pré-definidos de revisão dos riscos;

c) Monitoramento e controle de modificações corretivas;

d) Definir padrão de qualidade para os sistemas críticos;

e) Treinar, capacitar e informar os recursos humanos;

f) Processos flexíveis;

g) Avaliação e controle dos sistemas e processos.

Para que um programa de Gestão de Riscos seja efetivado com eficácia, é necessário seguir alguns pontos básicos de referência, citados a seguir:

a) Perigos: as situações de perigo relacionadas à todas as atividades, instalações físicas, equipamentos, processos e produtos devem ser apontadas, e os possíveis riscos que apresentem devem ser AVALIADOS. Com a finalidade de condicionar as providências e ações para a eliminação e ou minimização destes riscos;

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b) Avaliação: aos critérios de avaliação dos riscos devem ser observadas sua relevância e priorização nas tratativas das medidas de correção e ou prevenção. Estas devem conter critérios de validação para a obtenção de um padrão a ser seguido.

c) Medidas: a adoção de medidas que visem eliminar ou minimizar os elementos que possibilitam a materialização de riscos, devem ser adotadas com critérios de prioridade, de acordo com a importância da situação de perigo;

d) Processos – Planejamento e implantação de processos seguros que tenham como objetivo a busca de soluções e resultados adequados a cada situação de risco identificada. Os processos devem ser sucintos e claros para a correta assimilação e envolvimento de todos, adotando as seguintes condições:

I. Substituição por produtos, equipamentos e materiais menos perigosos;

II. Ações de redução do potencial de risco, ou mesmo a eliminação de processos que apresentem alto grau de risco;

III. Processos simplificados, tornando as instalações mais seguras e menos sujeitas a falhas (equipamentos / pessoas);

Análise de riscos – etapas

Antes de vermos as etapas da Análise de Risco, é importante saber que é em sua essência: “Conjunto de técnicas e ferramentas com a finalidade de identificar, estimar, avaliar, monitorar e administrar os eventos que colocam em risco a saúde e segurança do trabalhador”.

Etapas da Análise de Riscos

Etapa 1 – Caracterização do empreendimento;

Etapa 2 - Identificação dos riscos;

Etapa 3 - Projeção/ Estimativas dos riscos (frequência e consequências); Etapa 4 - Avaliação das Estimativas realizadas;

Etapa 5 – Administração dos riscos (ação a ser aplicada) ;

Etapa 6 – Monitoramento dos Riscos (padronização e melhoria contínua) Acidentes e doenças profissionais

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Os acidentes de trabalho e doenças profissionais representam um custo humano e social inaceitável.

Também representam ônus diretos e significativos às organizações, que são impactadas diretamente pela ausência de trabalhadores qualificados nos postos de trabalho e perdas nos processos produtivos, impactando também o governo, pela questão da seguridade social.

Pelo fato das más condições de saúde e de segurança no trabalho o potencial dos trabalhadores é reduzido, e por consequência enfraquecem a competitividade da organização.

Qualquer acidente gera prejuízo significativo, considerando que os custos diretos e indiretos resultantes são absorvidos em sua maioria pela empresa e consequentemente atinge todas as partes relacionadas.

A incidência destes custos deve ser bem conhecida e medida pelas organizações, de modo que essas percebam os desperdícios e altos custos para cada acidente ocorrido.

Técnicas de avaliação de riscos

Análise de causa raiz – RCA

A análise de causa raiz, também conhecida como RCA (Root Cause Analysis), é um método que permite a identificação e correção dos principais fatores que ocasionaram o problema. Esse método visa descobrir os defeitos originais (causa raiz) que geraram o problema, ao invés de buscar soluções imediatas para a resolução de um defeito (SILVEIRA; GOMES, 2011).

RCA é uma ferramenta projetada para auxiliar a identificar não apenas “o que” e

“como” um evento ocorreu, mas também “por que” ele ocorreu. Somente quando é

identificado o motivo original de um defeito ter ocorrido, será viável gerar ações para que não volte a ocorrer.

A utilização da ferramenta RCA não evita a busca de soluções imediatas sempre que ocorrer algum defeito de produção, avaliando somente os sintomas. Sugere, no

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entanto, que o defeito seja tratado, mas não seja fechado até que seja analisado e identificado à causa original que o fez ocorrer.

A análise de causa raiz usa uma terminologia específica, apresentando os seguintes termos para:

• Ocorrência – um evento ou condição que não esteja dentro da funcionalidade do sistema normal ou comportamento esperado.

• Evento – uma ocorrência em tempo real. Fato que pode impactar seriamente no funcionamento do sistema.

• Estado – qualquer estado do sistema, que pode apresentar implicações negativas para alguma funcionalidade do sistema normal.

• Por que (também chamado de fator causal) – uma condição ou um evento que resulta ou participa na ocorrência de um efeito. Pode ser classificada como:

– Causa direta – uma causa que resultou na ocorrência.

– Causa contribuinte – a causa que contribuiu para a ocorrência, mas não a fez diretamente.

– Causa raiz – a causa que, se corrigida, impedirá o retorno desta e de ocorrências similares.

• Cadeia de fatores causais (sequência de eventos e fatores causais) – uma sequência de causa e efeito em que uma ação específica cria uma condição que contribui ou resulta em um evento. Isso cria novas condições que, por sua vez, resultam em outros eventos.

Para a aplicação do RCA, sugere-se a utilização de uma combinação de técnicas, permitindo uma maior exatidão na identificação da causa raiz, conforme descrito a seguir:

Diagrama de causa e efeito, também conhecido como diagrama de Ishikawa (espinha de peixe) – permite identificar, explorar e apresentar graficamente todas as possíveis causas relacionadas a um único problema. Esta técnica é utilizada em equipe e permite classificar os defeitos em seis tipos diferentes de categorias: método, matéria- prima, mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente.

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O número e os tipos de categorias não são preestabelecidos, permitindo a adequação conforme a necessidade. Através dessa técnica, é possível identificar as causas potenciais de determinado defeito ou oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a qualidade dos produtos. Além disso, permite também estruturar qualquer sistema que necessite de resposta de forma gráfica e sintética com melhor visualização.

• Cinco porquês – baseia-se em cinco perguntas às quais, é colocado em questão o porquê daquele problema, questionando-se a causa imediatamente anterior.

O número de perguntas é variável, visto que a causa raiz do problema pode ser identificada através de mais de cinco perguntas ou menos de cinco perguntas.

• Reunião de análise causal – o brainstorming é utilizado para buscar as causas dos problemas em reuniões, que após elencadas são discutidas entre a equipe, e posteriormente, os participantes propõem ações corretivas para evitar esses problemas no futuro.

Análise de causa e consequências

A Análise das Causas e Consequências (ACC) ou causa e efeito de falhas se utiliza do procedimento para construção de um diagrama de consequências que inicia por um evento inicial, posteriormente cada evento desenvolvido é questionado:

• Em que condições o evento induz a outros eventos?

• Quais as alternativas ou condições que levam a diferentes eventos?

• Que outros componentes o evento afeta?

• Ele afeta mais do que um componente?

• Quais os outros eventos que este evento causa?

Esta técnica possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa das consequências dos eventos catastróficos de ampla repercussão, e a verificação da vulnerabilidade do meio ambiente, da comunidade e de terceiros em geral. Nesse procedimento, escolhe- se um evento crítico, partindo-se para um lado, com as consequências e para outro, determinando as causas. A estruturação é feita através de símbolos. O diagrama ACC mais conhecido é o de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe devido à semelhança de sua representação gráfica.

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O diagrama apresenta como pontos fortes:

• É uma boa ferramenta de levantamento de direcionadores.

• É uma boa ferramenta de comunicação.

• Estabelece a relação entre o efeito e suas causas.

• Possibilita um detalhamento das causas.

Mas, também apresenta os seguintes pontos fracos:

• Não apresenta os eventuais relacionamentos entre as diferentes causas.

• Não focaliza necessariamente as causas que devem efetivamente ser atacadas.

O diagrama de Ishikawa apresenta relevância como ferramenta de gerenciamento da qualidade, pois pode evoluir para um diagrama de relações que já apresenta uma estrutura mais complexa, não hierárquica.

O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para representar a relação entre

“efeito” e todas as possibilidades de “causa” que podem contribuir para tal resultado. O efeito ou problema é colocado no lado direito do gráfico, e os grandes contribuidores ou

“causas” são listados à esquerda. Para cada efeito, existem inúmeros conjuntos de causas. Para elaborar um diagrama de causa e efeito (Ishikawa) deve-se seguir os seguintes passos:

a) Definir o problema a ser estudado e o que se deseja obter (o que deve acontecer ou o que deve ser evitado).

b) Procurar conhecer e entender o processo – observar, documentar, falar com pessoas envolvidas, ler.

c) Reunir um grupo para discutir o problema, apresentar os fatos conhecidos, incentivar as pessoas a dar suas opiniões, fazer um brainstorming.

d) Organizar as informações obtidas, estabelecer as causas principais, secundárias, terciárias, etc. (hierarquia das causas), eliminar informações irrelevantes, montar o diagrama, conferir, discutir com os envolvidos.

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e) Assinalar os fatores mais importantes para obtenção do objetivo visado (fatores chave, fatores de desempenho, fatores críticos).

Para organizar o diagrama de causa e efeito, pode-se usar as seguintes classificações de causas: os Ms (Mão de obra, Método, Material, Máquina, Meio ambiente, Medição, Management (gestão); ou 4Ps (Políticas, Procedimentos, Pessoal, Planta). Estas são apenas sugestões. A Figura 6.2 apresenta um diagrama esquematizado que esclarece a forma de estabelecer e desenvolver os diagramas.

a) Identificar o efeito (caso) em relação ao qual se decidiu pesquisar as causas em termos claros e precisos. O efeito pode ser, por exemplo, o item de custo mais elevado.

b) Estabelecer os objetivos e o tempo limite para as atividades de brainstorming (discussão conjunta dos intervenientes na análise de caso).

c) Desenhar, em local por todos visível, o esqueleto do diagrama, referindo as fontes principais das causas a pesquisar.

d) Escrever as sub causas no topo das setas em branco e em tantas quantas forem às causas sugeridas pelos diversos membros do grupo que estuda o caso.

e) Entre todas as causas sugeridas, selecionar uma para ser estudada em profundidade. Efetuar sucessivamente o mesmo tratamento a cada causa, eliminando aquelas que se revelarem não responsáveis pelo efeito em estudo.

f) Para a causa, ou causas, detectadas como responsáveis, serão depois estudados os “remédios” que conduzam à correção do “efeito”.

O método dos cinco “porquês” – 5W

O método envolve a pergunta “Por que...?” 5 vezes. O objetivo é ir além dos vários sintomas do problema para identificar a causa real e subjacente(s). Isso pode soar incrivelmente simples, mas o pensamento é necessário para identificar as perguntas certas ao perguntar, disciplina e persistência para aplicar o método (CLÁUDIO, 2012).

Exemplo

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Sintoma – os manuais para um curso de treinamento foram entregues errados no mesmo dia do treinamento. Isso significava que os participantes do curso não tinham materiais do curso até quase à hora do almoço, porque a empresa tinha que fazer um trabalho urgente de cópia e, em seguida, entregar os manuais do curso. Os participantes foram muito infelizes com isso.

a) Por que os materiais foram entregues errados?

Andrea geralmente faz isso (copiar e enviar materiais para os locais de curso), mas ela estava de férias. A pessoa responsável naquele momento se confundiu e mandou livros didáticos “avançados” para o curso “básico”. (sintoma).

b) Por que ele confundiu os cursos?

Ele só está fazendo isso por uma semana. Ele não teve tempo para chegar a se aprimorar neste trabalho ainda, e não há muito o que aprender. (sintoma).

c) Se ele não conhece o trabalho ainda, por que ele está fazendo o trabalho?

Porque não há ninguém para fazê-lo. Mas é claro que ele passou algum tempo com Andrea antes dela sair de férias. Pensou-se que ele estaria treinado, mas ele costuma demorar um pouco para se familiarizar com os vários cursos e materiais, e esses dois cursos particulares têm nomes muito parecidos. (ainda um sintoma).

d) Mas já aconteceu antes.

Nós já sabemos que leva um tempo para aprender sobre os vários cursos e materiais, então por que não temos as coisas no lugar para ajudar a aprendizagem?

Por exemplo, temos uma lista de embalagem e instrução para uso na preparação e expedição os materiais do curso? Será que alguém pode fazer uma verificação cruzada antes que os materiais sejam enviados? Não temos qualquer maneira formal de treinamento de nossos funcionários sobre os cursos e materiais diversos?

Sentimos que devemos fazer alguma coisa assim, mas ainda não fizemos.

e) Por quê?

Porque estamos demasiadamente ocupados e não temos uma prioridade.

Nesse ponto, nós descobrimos, pelo menos, 3 causas:

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Falta de treinamento. Não há qualquer sistema eficaz de formação interna, para se certificar de que uma função crítica (entregar os materiais do curso) pode ser coberta durante a ausência de pessoal.

A falta de documentação. Não foi dada prioridade para anotar informações importantes (por exemplo, quais os materiais que devem ir para o curso).

Controles de processo são insuficientes. Não há exigência de uma verificação cruzada, para que as coisas sejam feitas de forma consistente.

Essas são práticas de gestão – deficiências no atual sistema de gestão. Elas podem ser alteradas, e deveriam ser. Se não, o problema vai acontecer novamente.

A resposta ao primeiro “porquê” deve apontar o caminho para o próximo. Muitas vezes não pode sempre correr em linha reta em poucos minutos, perguntando e respondendo todas as perguntas imediatamente (a menos que talvez você seja muito experiente no método). Por exemplo, às vezes é preciso reunir e analisar mais informações, a fim de responder a uma questão particular. E pode precisar parar e pensar se está fazendo a pergunta correta. Com o tempo chegar ao 4º ou 5º “Por que...?”

e desde que tenha feito as perguntas certas, deve estar perto da raiz ou causas. Em seguida, deve identificar as práticas de gestão, em vez de apenas os sintomas. Existem, muitas vezes, mais de uma causa (CLÁUDIO, 2012).

Diagrama de Árvore – DA

O diagrama de árvore serve como desdobramento de um problema para buscar sua causa raiz organizando a relação de causa e efeito entre os fenômenos tornando possível visualizar com clareza a propagação do problema a partir de cada ocorrência das diferentes causas, até o efeito que se deseja eliminar.

Série de Riscos – SR

A Série de Risco (SR) representa uma cadeia ou uma sequência de eventos que levam a um acidente ou evento catastrófico que mapeia os riscos que conduzem ao evento perigoso ou indesejável. Esses riscos são divididos em três categorias – risco inicial, risco principal e riscos contribuintes cujas definições são apresentadas a seguir.

• Risco inicial – aquele que desencadeia todo o processo.

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• Riscos contribuintes – é o risco que, direta ou indiretamente, dá sequência à série, após o risco inicial.

• Risco principal – considerado como o evento diretamente causador dos eventos catastróficos.

• Evento catastrófico – são eventos com consequências indesejáveis em termos de danos á pessoas, equipamentos ou ambiente.

No gráfico da série de riscos, estão presentes, ainda, os inibidores, que são todas as medidas capazes de evitar a ocorrência ou a propagação dos efeitos dos riscos. Ao modelar a série de risco, a mesma pode apresentar o inter-relacionamento dos riscos de forma simples ou através de ligações “e” ou “ou” que permitem calcular a probabilidade de ocorrência do evento.

Exemplo de análise a priori

Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, de aço carbono comum (não revestido). A umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do aço, que debilitado poderá romper-se e fragmentar-se sob o efeito da pressão. Os fragmentos poderão atingir e lesionar o pessoal e danificar equipamentos vizinhos. Qual dos riscos – a umidade, a corrosão, a debilitação do material ou a pressão causou a falha?

Nessa série de eventos, a umidade desencadeou o processo de degradação, que finalmente resultou na ruptura do tanque. A ruptura do tanque, causadora de lesão e outros danos, pode ser considerada como o risco principal ou fundamental da série.

A umidade que iniciou a série pode ser chamada de risco inicial, a corrosão, a perda de resistência e a pressão interna são chamados de riscos contribuintes. O risco principal é, muitas vezes, denominado catástrofe, evento catastrófico, evento critico, risco crítico ou falha singular.

Pode-se deduzir, então, que o risco principal é aquele que pode, direta e imediatamente, causar:

• Lesão.

• Morte.

• Perda de capacidades funcionais (serviços e utilidades).

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• Danos a equipamentos, veículos, estruturas.

• Perda de matérias-primas e/ou produtos acabados.

• Outras perdas materiais.

Recomenda-se uma observação cuidadosa da série mostrada a seguir que se refere ao exemplo citado, verificando-se o inter-relacionamento entre os riscos e as respectivas inibições propostas.

Exemplo de análise a posteriori

João estava furando uma tubulação. Para executar o serviço ele se equilibrava em cima de algumas caixas em forma de escada. Utilizava uma furadeira elétrica portátil.

Ele já havia feito vários furos e a broca estava com o fio gasto; por esta razão João estava forçando a penetração da mesma.

Momentaneamente, a sua atenção foi desviada por algumas faíscas que saiam do cabo de extensão elétrica, em que havia um rompimento que deixava a descoberto os fios condutores.

Ao desviar a atenção ele torceu o corpo, forçando a broca no furo. Com a pressão ela quebrou e, nesse mesmo instante, ele voltou o rosto para ver o que acontecia, sendo atingido por um estilhaço de broca em um dos olhos. Com um grito, largou a furadeira, pôs as mãos no rosto, perdeu o equilíbrio e caiu.

Um acontecimento semelhante, ocorrido há cerca de um ano atrás, nesta mesma empresa, gerou como medida a determinação do uso de óculos de segurança na execução desse tipo de tarefa.

Os óculos que João devia ter usado estavam sujos e quebrados, pendurados em um prego. Segundo o que o supervisor dissera, não ocorrera nenhum acidente nos últimos meses e o pessoal não gostava de usar óculos; por essa razão, ele não se preocupava em recomendar o uso dos mesmos nessas operações, porque tinha coisas mais importantes a fazer.

Após investigação e análise da ocorrência, foram levantados dados sufi cientes para confeccionar a seguinte série de riscos:

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45 Financiamento de riscos

Noções básicas e princípios de administração de seguros

Conceito, princípios e características

Seguro consiste em uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma remuneração (prêmio), uma pessoa (segurado) promete para si ou para outrem (beneficiário) no caso da efetivação de um evento determinado (sinistro), uma prestação (indenização) por parte de uma terceira pessoa (segurador) que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo. As leis da estatística e princípio do mutualismo são as técnicas básicas utilizadas na operação do seguro (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003).

Acontecimentos como a morte de uma pessoa, deixando desamparados aqueles que dependem de sua atividade, ou a destruição de bens que reduzem o patrimônio são acontecimentos que procurasse reparar por intermédio de uma instituição. Nesse contexto, o seguro foi criado e aperfeiçoado para restabelecer o equilíbrio perturbado.

O segurado é a pessoa física ou jurídica perante a qual o segurador assume a responsabilidade de determinado risco.

O prêmio, também elemento essencial do contrato de seguro, é o pagamento realizado pelo segurado ao segurador, ou seja, é o preço do seguro para o segurado.

Os parâmetros para cálculo do prêmio são o prazo do seguro, a importância segurada e a exposição ao risco. O prazo padrão do seguro é de 12 meses, podendo, conforme as circunstâncias, ser calculados prêmios em prazos inferiores ou superiores. A seguir, serão apresentados alguns importantes conceitos.

a) Resseguradora – é a pessoa jurídica, seguradora e/ou resseguradora que aceita, em resseguro, a totalidade ou parte das responsabilidades repassadas pela seguradora direta, ou por outros resseguradores, recebendo esta última operação o nome de retrocessão.

b) Seguradoras – empresas que operam na aceitação dos riscos de seguro, respondendo, junto ao segurado, pelas obrigações assumidas. Não podem explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria. Só podem operar em seguros para os

Referências

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