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PREVALÊNCIA DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO ANAL EM MULHERES VIVENDO COM HIV: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA*

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PREVALÊNCIA DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO ANAL EM MULHERES VIVENDO COM HIV: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

DA LITERATURA*

Prevalence of Anal Human Papillomavirus in Women Living with HIV:

An Integrating Review

MUGNOL, Tatiana1; HAMMES, Thais Patricia2; DOS SANTOS, Juliana Lemes3; DIEFENTHÄLER, Vanessa Laís4; SPERLING, Sara Gallert5; BOEIRA, Thaís da Rocha6; LUNGE, Vagner Ricardo6; ZANELLA, Janice de Fátima Pavan7; COSER, Janaina8 RESUMO

Mulheres Vivendo com HIV (MVHIV) são particularmente mais suscetíveis à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e ao desenvolvimento de lesões associadas a ele, incluindo lesões pré- neoplásicas e neoplásicas anais. O objetivo do estudo foi analisar estudos sobre a prevalência do HPV anal em MVHIV. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a busca dos estudos foi realizada nas bases de dados: PUBMED, SciELO e EBSCO, utilizando os descritores “anal HPV” e “women living with HIV". Foram selecionados 21 artigos, distribuídos em 14 periódicos, no idioma inglês, publicados entre 1996 e 2018, que incluíram amostras anais coletadas com swab de 4.548 MVHIV. A prevalência de HPV variou entre 16% e 87%, com predomínio do HPV 16 e HPV 18. O aumento crescente dos casos de câncer anal e a alta prevalência de HPV anal em MVHIV evidenciam a importância do estabelecimento da triagem do câncer anal como ferramenta preventiva, principalmente em populações de risco, como as MVHIV.

Palavras-chave: Câncer Anal. HPV. HIV. MVHIV.

Abstract: Women living with HIV (MVHIV) are particularly susceptible to human papillomavirus (HPV) infection and the development of HPV-associated lesions, including pre-neoplastic and anal neoplastic lesions. The objective of the study was to analyze studies on the prevalence of anal HPV in

*Este estudo foi desenvolvido pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Saúde (GIPS), com apoio do Programa de Apoio à Produção Científica e Tecnológica da Universidade de Cruz Alta - PAPCT/UNICRUZ.

1 Discente do curso de Biomedicina, bolsista (março a julho/2018) e voluntária PAPCT/UNICRUZ - Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. E-mail: tatimugnol@hotmail.com.

2 Discente do Curso de Biomedicina, bolsista PAPCT/UNICRUZ (agosto a dezembro/2018) - Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. E-mail: paty_cris18@hotmail.com.

3 Discente do Curso de Biomedicina, voluntária PAPCT/UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS.

E-mail: julianalemes91@gmail.com.

4 Biomédica, técnica científica do Laboratório da Citopatologia da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, Mestre em Atenção Integral à Saúde – Unicruz/Unijuí. E-mail: vdiefenthaler@unicruz.edu.br

5 Enfermeira, discente do Programa de Pós-Graduação e Atenção Integral à Saúde PPGAIS – Unicruz/Unijuí, colaboradora Mestranda PAPCT/UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. E-mail:

sarag.sperling@yahoo.com.br.

6 Laboratório de Diagnóstico Molecular, Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde – Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS, colaboradores externos PAPCT/UNICRUZ. E-mail:

thaisboeira@gmail.com; vagner.lunge@gmail.com.

7 Docente do curso de Biomedicina e do Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde – Unicruz/Unijuí, colaboradora PAPCT/UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. E-mail:

jzanella@unicruz.edu.br.

8 Docente do Centro de Ciências da Saúde e Agrárias e do Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde – Unicruz/Unijuí, orientadora PAPCT/UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. E-mail:

coser@unicruz.edu.br.

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MUGNOL | HAMMES | DOS SANTOS | DIEFENTHÄLER

| SPERLING | BOEIRA | LUNGE ZANELLA | COSER

Prevalência de papilomavírus humano anal em mulheres vivendo com HIV: uma revisão integrativa da literatura ISSN 2358-6036 – v. 6, 2018, p.46-56.

MVHIV. It is an integrative review of the literature, the search for the studies was carried out in the databases PUBMED, SciELO and EBSCO, using the descriptors "anal HPV" and "women living with HIV". The prevalence of HPV ranged from 16% to 87%, with a predominance of HPV16 and HPV.18 The increasing prevalence of cases of anal cancer and the high prevalence of anal HPV in MVHIV show the importance of establishing anal cancer screening as a preventive tool, especially in populations at risk, such as MVHIV.

Keywords: Anal Cancer. HPV. HIV. MVHIV.

1 INTRODUÇÃO

A incidência crescente do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma preocupação para a saúde pública mundial. Em 2017, as estimativas indicaram que haviam 36,9 milhões de Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV) no mundo, destas 17,8 milhões são mulheres (UNAIDS, 2018). Para o Brasil, estima-se que hajam cercam de 830.000 PVHIV (UNAIDS, 2017), entre as mulheres, as taxas de detecção vêm aumentando, principalmente, entre as mais jovens e entre as de maior faixa de idade (BRASIL, 2017).

O HIV afeta os linfócitos T CD4, deteriorando o sistema imune celular, a imunodepressão provocada deixa o indivíduo suscetível a diversas patologias infecciosas, crônicas e neoplásicas (RODRÍGUEZ-VELÁSQUEZ et al., 2016). Com a introdução da Terapia Antirretroviral (TARV) e aumento da sobrevida das PVHIV, houve um aumento das neoplasias não relacionadas à Aids, como o câncer anal, devido a maior suscetibilidade de infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) (STIER et al., 2015).

O HPV está diretamente associado ao desenvolvimento do câncer do colo do útero (ZUR HAUSEN, 2009), mas também está relacionado a outras neoplasias, incluindo o câncer anal, principalmente nos pacientes com imunossupressão crônica devido à maior possibilidade de estabelecimento de infecção persistente (MOSCICKI et al., 2015).

O câncer anal, assim como o câncer de colo do útero, inicia a partir de lesões precursoras na área de transição entre o epitélio escamoso e colunar, e o HPV é seu agente etiológico (CRONIN et al., 2016). Em Mulheres Vivendo com HIV (MVHIV) sua incidência é crescente, mesmo em uso da TARV (PALEFSKY, 2017).

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar estudos sobre a prevalência do HPV anal em MVHIV.

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2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, baseada em artigos científicos referentes à temática do estudo.

A busca dos estudos foi realizada no mês de agosto de 2018, nas seguintes bases de dados: US National Library of Medicine/National Institutes of Health (PUBMED), Scientific Electronic Library Onlinee (SciELO) e Elton B. Stephens Company (EBSCO) utilizando os descritores “anal HPV” e “women living with HIV". O cruzamento desses descritores foi realizado com o operador booleano “and”.

Foram incluídos os estudos publicados em português, inglês e espanhol; disponíveis gratuitamente e em texto completo nas bases de dados citadas acima; publicadas entre 1996 e 2018. Foram excluídos artigos duplicados nas bases de dados, revisões integrativas, revisões sistemáticas ou metanálises e relato de casos.

A análise dos artigos incluídos no estudo ocorreu de forma descritiva, a partir dos dados organizados em instrumento de Souza, Silva e Carvalho (2010), adaptado. Foram avaliadas as seguintes características: local de realização do estudo, tipo e tamanho da amostra, metodologia e resultados da pesquisa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um total de 224 artigos foram encontrados a partir do cruzamento dos descritores utilizados na busca dos estudos. Foram excluídos 121 que não atenderam aos critérios de inclusão elencados à revisão. Dos 103 artigos pré-selecionados, 82 foram excluídos. Assim, 21 artigos foram selecionados para compor a amostra (Figura).

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Figura - Fluxograma da seleção dos estudos encontrados, excluídos e incluídos na revisão integrativa da literatura

Fonte: Autores.

Os artigos selecionados estavam distribuídos em 14 periódicos, houve um aumento de publicações entre 2015 e 2018 (n=10; 47,6%) e todos foram publicados no idioma inglês. O Estados Unidos da América foi o país onde foram desenvolvidos mais trabalhos, com 11 (52,3%) estudos, seguido do Brasil, com 4 (19%) estudos. As pesquisas incluíram amostras anais coletadas com swab de 4.548 MVHIV (Quadro).

A presença do DNA do HPV em amostras anais de MVHIV foi identificada em todos os estudos. A prevalência de HPV variou entre 16% e 87%. Em relação aos tipos virais identificados, 14 (67%) dos estudos identificaram HPV de alto risco oncogênico no canal anal, com predomínio do HPV 16 (8 estudos; 76,1%) e HPV 18 (4 estudos; 19%), seguidos pelo HPV 35, HPV 51 e HPV 56 (com 2 estudos cada; 9,5%). Ainda, 2 estudos (9,5%) identificaram a presença de infecção mista, com até 3 tipos de HPV.

As metodologias mais empregadas para detecção do DNA do HPV foram a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) convencional e PCR tipo-específica, respectivamente, em 10

Artigos encontrados (n=224)

Artigos selecionados conforme critérios de inclusão (n=103)

Artigos não incluídos conforme critérios de

exclusão (n=82)

Artigos incluídos na revisão (n=21)

PUBMED: n=199 SciELO: n=0 EBSCO: n=25

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(47,6%) e 5 (23,8%) estudos. A Captura Híbrida (CH) e CH-2 também foram utilizadas, nesta ordem, em 2 (9,5%) e 5 (23,5%) estudos. Em 7 (33,3%) estudos foi relatado o uso dos primers consenso (MY09/MY11 e GP5+/GP6+). A citologia anal também foi empregada em 14 (66,6%) estudos, sendo que 8 (38%) utilizaram a citologia anal convencional e, 6 (28,5%) a citologia anal em meio líquido (Quadro).

Quadro - Caracterização e achados dos estudos analisadas. Cruz Alta, RS (2018)

Autores, Ano Local do estudo

Tipo de amostra (Nº

amostral)

Metodologia Resultados

Melbye et al., 1996

Estados Unidos

81 MVHIV Citologia anal convencional, PCR com primers consenso

e HC

12,1% apresentaram citologia anal anormal; o HPV foi detectado em 100% dos casos de citologia anal

anormal Palefsky et

al., 2001

Estados Unidos

251 MVHIV PCR, HC-2 76% foram positivas para HPV, sendo o HPV 16 o mais prevalente

(15%) Durante et

al., 2003

Estados Unidos

100 MVHIV Citologia anal convencional, PCR com primers consenso

14% tiveram citologia anal anormal, 57% foram positivas para HPV

Kost et al., 2007

Alemanha 287 pacientes (104 MVHIV)

Citologia anal e detecção e genotipagem com kit

INNO-LiPA

Prevalência de HPV anal de 83% nas MVHIV, sendo 63% de alto risco

Gonçalves et al., 2008

Brasil 138 MVHIV PCR 63,7% foram positivas para HPV anal, sendo 43,1% HPV-AR e 33,3%

HPV-BR; 44,6% apresentaram infecção mista; HPV 53, 18 e 16

foram os mais frequentes Hessol et al.,

2009

Estados Unidos

470 MVHIV Citologia anal em meio líquido, PCR com primer consenso

80% das MVHIV estavam infectadas pelo HPV; 16% apresentaram

neoplasia intraepitelial anal Tandon et al.,

2010

Estados Unidos

100 MVHIV Citologia anal convencional, HC-2

16% das MVHIV foram positivas para HPV e 17% citologia anal

anormal Baranoski et

al., 2012

Estados Unidos

100 MVHIV Citologia anal em meio líquido, CH-2

37% das MVHIV foram positivas para HPV; 37% apresentou citologia

anal anormal Beachler et

al., 2013

Estados Unidos

404 PVHIV (153 MVHIV)

PCR, RLB Incidência de HPV anal em MVHIV foi de 184/1000 pessoas.

Hessol et al., 2013

Estados Unidos

460 MVHIV Citologia anal em meio líquido, PCR com primers consenso

42% das MVHIV estavam infectadas por HPV anal e cervical, sendo mais propensas a ter o mesmo genótipo de

HPV no ânus e na cérvice Mullins et

al., 2013

Estados Unidos

319 PVHIV (242 MVHIV)

Citologia anal em meio líquido, dot blot

MVHIV tiveram maior incidência de HPV anal (30/100 pessoas), HPV-AR

anal (12/pessoas) e verrugas

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anogenitais (6,7/pessoas) Nagata et al.,

2015

Japão 421 PVHIV (26 MVHIV)

PCR 19,2% das MVHIV positivas para HPV-AR; HPV 16/18 detectado em

11,5% delas; não apresentaram infecção mista Ramautarsing

et al., 2015

Tailândia 102 MVHIV Citologia anal, PCR 18,8% positivas para HPV; sendo 11,1% HPV-AR

Gandra et al., 2015

Estados Unidos

221 PVHIV (64 MVHIV)

Citologia anal em meio líquido, CH-2

27% das MVHIV apresentaram HPV-AR; e 34% citologia anal

anormal Cambou et

al., 2015

Brasil 863 MVHIV Citologia anal convencional, PCR

microarray

31% das MVHIV apresentaram citologia anal anormal; 51% positivas

para HPV-AR; os tipos de HPV-AR 16, 56 e 68 foram os mais prevalentes Heard et al.,

2016

França 311 MVHIV PCR com primers consenso, hibridização

reversa

47,6% foram positivas para HPV- AR; o HPV 16 foi o mais prevalente

(13,2%) Mbulawa et

al., 2017

África 199 MVHIV Citologia anal em meio líquido, ensaio Cepheid Xpert HPV e

CH-2

Prevalência de 40,8% HPV de alto risco; sendo, 8,7% HPV 16; 23%

HPV 18/45, 11,2% HPV 31/33/35/52/58, 16,3% HPV 51/59 e

16,3% HPV 39/68/56/66 Volpini et al.,

2017

Brasil 126 MVHIV PCR com primer consenso, RLB e

RFLP

60,3% apresentaram HPV de alto risco; com predomínio do HPV 16;

Infecções mistas foram comuns, com até 3 tipos de HPV diferentes Goeieman et

al., 2017

África 200 MVHIV Citologia anal, anuscopia, CH

43% apresentaram HPV de alto risco, 17,5% apresentaram HSIL Cespedes et

al., 2018

Estados Unidos

315 MVHIV PCR, com primers consenso

Detecção do HPV anal mais prevalente em comparação com cervical. HPV16, 35, 18 e 51 os mais

prevalentes no canal anal Tosato

Boldrini et al., 2018

Brasil 223 PVHIV (143 MVHIV)

Citologia anal, PCR com primers consenso

67,1% das MVHIV positivas para HPV anal, HPV de alto risco em

67,4% das MVHIV

Legenda: CH, Captura Híbrida; CH-2, Captura Híbrida-2; HPV, Papilomavírus Humano; HPV-AR, Papilomavírus Humano de Alto Risco Oncogênico; HPV-BR, Papilomavírus Humano de Baixo Risco Oncogênico; MVHIV, Mulheres Vivendo com HIV; PCR, Reação em Cadeia de Polimerase; PVHIV, Pessoas Vivendo com HIV; RBL, blot de linha reversa; RFLP, polimorfismo de comprimento de fragmento de restrição.

O câncer anal corresponde a aproximadamente 3% de todos os cânceres colorretais, com incidência média de 1/100.000 casos e estimativa anual de 27.000 novos casos. Sua incidência vem aumentando no Brasil, principalmente em PVHIV e em mulheres com histórico de lesão cervical ou vulvar (PALEFSKY, 2017). A infecção pelo HPV é um fator determinante para o desenvolvimento de lesões e neoplasias anogenitais (CAMBOU et al., 2015).

Os resultados da busca realizada nesta revisão integrativa de literatura indicaram que a prevalência de HPV, em MVHIV, pode chegar a 83%. Em casos de citologia anal anormal em

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MVHIV, a presença de HPV pode ser encontrada em até 100% dos casos, como relatam os estudos de Melbye et al. (1996) e Baranoski et al. (2012).

O HPV 16 (76,1%) e o HPV 18 (19%) foram predominantes, estes são HPV de alto risco oncogênico (HPV-AR), os quais possuem maior probabilidade de progressão maligna (TOSATO BOLDRINI et al., 2018). A presença de infecção mista, com diferentes tipos de HPV, encontrada em 9,5% dos estudos, também podem ter um papel importante na progressão das lesões (REUSSER et al., 2015).

A pesquisa do DNA do vírus do HPV pode ser feita por meio de diversas metodologias, as quais permitem a detecção do vírus, identificação do tipo viral específico e a presença de mais de um tipo (ETCHEBEHERE et al, 2016). A detecção do DNA do HPV por meio da PCR convencional (47,6%) e PCR tipo-específica (23,8%) foram as mais utilizadas no estudo, e o uso dos primers consenso (MY09/MY11 e GP5+/GP6+) também foi relatado (33,3%).

A PCR é uma técnica sensível para identificação do DNA viral, pois permite amplificação de quantidades pequenas do DNA em milhões de vezes. A PCR tipo-específico amplifica apenas um tipo viral, já a PCR com primers consenso permite detectar vários tipos de HPV, por isso é mais utilizada para diagnóstico. O par de primers consenso MY09/MY11 é bastante utilizado para detecção molecular do HPV, pois é complementar a região L1, altamente conservada no genoma viral. A PCR é muito utilizada para amplificação e posterior genotipagem e classificação do tipo viral de HPV através da associação com outras metodologias (GRAVITT et al., 2008).

Os estudos incluídos nesta revisão integrativa foram realizados em 7 países diferentes, a maior prevalência de HPV anal nas MVHIV (83%) foi encontrada na Alemanha. No Brasil a prevalência variou entre 51% e 67,2%, nos Estados Unidos da América variou entre 16%, menor taxa encontrada, e 80%, a África teve entre 40,8% e 43%, Tailândia, Japão e França apresentaram, respectivamente, 18,8%, 19,2% e 47,6%.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A incidência crescente dos casos de câncer anal em MVHIV e a alta prevalência de HPV anal nesta população evidenciam a importância do rastreamento e o estabelecimento de um programa de triagem, principalmente em populações de risco, como as MVHIV, seria uma ferramenta preventiva fundamental.

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Referências

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