Constantes de Movimento para um Potencial
Dependente da Velocidade
(Constantsofmotionforavelocity-dependentpotential)
A. S.de Castro
(1), E.L. Marchesetti (1), A. Feldt (2)
(1)UNESP-Campus deGuaratingueta, Departamentode Fsicae Qumica
CaixaPostal205,12500-000GuaratinguetaSP
(2)FachhochschuleKarlsruhe, Moltkestrasse 4,76133 Deutschland
Recebidoem3janeiro,2001. Aceitoem6demarco,2002.
Simetrias geometricas contnuas para um sistema fechado de partculas s~ao investigadas. Por
suposto, as interac~oes s~ao derivaveis de uma func~ao potencial dependente das velocidades das
partculas. Tantoosvnculossobreaformadafunc~aopotencialquantoosprincpiosdeconservac~ao
resultantes das simetrias espaco-temporais contnuas s~ao derivados. A lagrangiana de Darwin e
utilizada como ilustrac~ao para o caso do movimento lento de cargas eletricas na formulac~ao de
Maxwell-Lorentzdaeletrodin^amica classica. Omomento linear, o momento angular ea energia,
quantidadesdependentesdecalibre,s~aoobtidos.
(Geometriccontinuoussymmetriesforaclosedsystemofparticlesareinvestigated. Itissupposed
that theinteractions are derivable from avelocity-dependent potential. Both the constraintson
the form of the potential and the conservation principles resulting from the continuous
space-timesymmetriesarederived.DarwinsLagrangianisusedasanillustrationforthecaseofelectric
chargesinslowmotioninMaxwell-Lorentzsformulationofclassicalelectrodynamicsandthe
gauge-dependentlinearmomentum,angularmomentumandenergyareobtained.)
I Introduc~ao
Osprincpiosdesimetrias~aoferramentasvaliosaspara
o desenvolvimento de novas teorias fsicas. Poroutro
lado,paraseobteraevoluc~aotemporaldoestadodeum
sistematorna-senecessariointegrarasequac~oesde
mo-vimento. Emcertasocasi~oes,taltarefan~aopodeser
re-alizadacompletamente. Nessas situac~oes osprincpios
de simetria tornam-se uteis na investigac~ao da
estru-tura de tais teorias e na identicac~ao das constantes
demovimento,as quaisrepresentamumavaliosafonte
de informac~ao para a compreens~ao, ainda que
par-cial, da evoluc~ao temporal de um sistema fsico. Em
mec^anicaclassica,porexemplo,asequac~oesdiferenciais
demovimentos~aodesegundaordemnotempoe,
con-sequentemente,duasintegrac~oesparacadaequac~ao
di-ferencialt^emqueserexecutadasparaseobterasoluc~ao
completa do problema. Nesse processo duas
constan-tes arbitarias e independentes s~ao obtidas, duas delas
paracadaequac~aodiferencial. Setodasessas
constan-tesdemovimentopuderemserdeterminadas,se
obter-sea,ent~ao,asoluc~aocompletadoproblema. Aindaque
oprocessocompleton~aoocorra,cadaconstantede
mo-vimento encontradarepresentaumpassoem direc~aoa
soluc~ao completa e, consequentemente,a uma melhor
informac~aoarespeitodomovimento. Supondo-sequea
din^amica de partculasinteragindomutuamente possa
serdescritaporumafunc~aopotencialquedepende
ex-plicitamentedasposic~oesdaspartculasedotempo,os
princpiosde simetria imp~oemcertos vnculos sobre a
estrutura de tal func~ao potencial, e alem dissoos
im-portantesprincpiosdeconservac~aodomomentolinear,
momento angular e energiapodem serobtidosem
co-nex~aocomaspropriedadesdoespacoedotempo[1]-[4].
A import^ancia da considerac~ao de um potencial
dependente das velocidades das partculase evidente
do familiar exemplo eletromagnetico. A suposic~ao de
que as partculas interagem mutuamente via um
po-tencial dependente da velocidade geralmente implica
que a terceira lei de Newton falha, e o momento
li-near eomomentoangular n~aos~aomais constantesde
movimento, pelo menos em suasformasordinarias. O
mesmo pode-se armar a respeito da energia do
sis-tema. Esseproblemaclamanaturalmenteporuma
ge-neralizac~ao. Alem disso, uma novasimetria n~ao
rela-cionada comoespaco-temposurge nesse cenario. Em
umtrabalho anterioreste problemafoi abordadopara
o caso de invari^ancia sob translac~ao espacial [5]. O
propositodopresente trabalhoeapresentaruma
gene-ralizac~aodeste topico,usandocomo ilustrac~ao um
sis-tema departculasemmovimentolentointeragindode
acordocomaeletrodin^amica deMaxwell-Lorentz.
II Simetria espaco-temporal
VamosconsiderarumsistemadeNpartculasnoespaco
tridimensional admitindo, ab initio, que as forcas s~ao
derivaveis de uma func~ao potencial U(r
i ;v i ;t) pela prescric~ao F i = @U @r i + d dt @U @v i ; i=1;:::;N (1) onde r i e v i
s~ao a posic~ao e a velocidade da i-esima
partculano tempot. Uma notac~aocompacta
equiva-lente aessaencontrada naRef. [1] eintroduzida para
lidar coma pletorade r queaparecem por todo este
trabalho. @U @ri e @U @vi
s~aosimplesmenteabreviac~oespara
@U @x i ; @U @y i ; @U @z i e @U @v x i ; @U @v y i ; @U @v z i ,respectivamente.
Para um potencial dependente da velocidade que
e,nomaximo,uma func~ao quadraticanasvelocidades
daspartculas,comoesseusadoparadescrevero
movi-mento de partculaseletricamente carregadas, pode-se
escrever U=U 2 +U 1 +U 0 (2) onde U 2 = N X i=1 N X j6= i ( a ij v i v j +b ij v i c ij v j ) (3) U 1 = N X i=1 d i v i (4) U 0 =c 0 (5) Os coecientes a ij , b ij , c ij , d i e c 0
s~ao func~oes das
posic~oes edotempoea
ij ,b
ij ec
ij
s~ao simetricosnos
ndicesiandj.
Asequac~oesdeNewtonparaosistemaqueestamos
considerandos~ao F i = dp i dt (6) ondep i =m i v i
eomomentolineardai-esimapartcula
em
i
esuamassa.
Alternativamente,osistema podeserdescrito pela
lagrangianaL(r
i ;v
i
;t),quesatisfazas equac~oesde
La-grange d dt @L @v @L @r =0 (7)
comL dado por suaforma padr~ao L =T U. Aqui
T = P N i=1 1 2 m i v 2 i
e a energia cinetica do sistema.
Denindo-se o momento linear generalizado, ou
mo-mentolinearcan^onico,por
P i = @L @v i ; (8)
asequac~oesdeLagrangepodem serreescritascomo
dP i dt = @L @r i : (9)
Vamos,agora, consideraraseguinte transformac~ao
innitesimal r i !r i +Ær i ; v i !v i +Æv i ; t!t+Æt (10)
Estatransformac~aoinduzumavariac~aonalagrangiana
dada,emprimeiraordememÆr
i ,Æv i eÆt,por ÆL= N X i=1 @L @r i Ær i + @L @v i Æv i + @L @t Æt (11)
Usandoasequac~oesdeLagrange,obtemos
ÆL= d dt N X i=1 P i Ær i + @L @t Æt (12)
EscrevendoaderivadatemporalparcialdeLemtermos
desuaderivadatemporaltotal,temos
ÆL= d dt N X i=1 P i Ær i d dt N X i=1 P i v i L ! Æt (13)
Agora postulamos que a transformac~ao dada por
(10)euma transformac~aodesimetriadosistema,i.e.,
que as equac~oes de Lagrange s~ao invariantes sob tal
transformac~ao. Alem disto, tambem postulamos que
L(r
i ;v
i
;t)etambeminvariante(ÆL=0),demodoque
d dt N X i=1 P i Ær i d dt N X i=1 P i v i L ! Æt=0 (14)
Eqs. (11)e(14)s~aoasexpress~oesdesejadaspara
pres-crever osvnculos sobre aforma da lagrangianae
ob-terasconstantes de movimento relacionadasas
trans-formac~oes de simetria contnuas. Para ilustrar este
ponto,consideraremosassimetriasdetranslac~ao
espa-cial,rotac~aoespacialetranslac~aotemporal.
E cabvel lembrar que a simetria espaco-temporal
consideradaaqui e simplesmente um casoespecial.
E
umcasoparticulardeumcasomaisgeralabracadopelo
teorema de Noether, que arma que a toda simetria
movimento[6]. Umatranformac~aocontnuanitapode
serobtidapormeiodeumasucess~aodetransformac~oes
innitesimais.
II.1 Translac~ao espacial
A homogeneidade do espaco signica que
to-dos os pontos do espaco s~ao indistinguveis.
Con-sequentemente,aspropriedadesdeumsistemafechado
n~aosemodicamquandoeleerigidamentetransladado
noespaco. Emoutraspalavras,umatranslac~aoespacial
rgidaeumatransformac~aodesimetria.
Vamos considerar atranslac~ao espacial rgida
in-nitesimal Ær i =Ær; Æv i =0; Æt=0 (15)
ondeÆreumdeslocamento innitesimalindependente
dotempocomum atodos osvetoresposic~aor
i . A
in-vari^anciaespaco-translacionalrequerquealagrangiana,
sendo independente da escolha da origem dos vetores
posic~ao,satisfaca
L(r i +Ær;v i ;t)=L(r i ;v i ;t) (16) ouequivalentemente N X i=1 @L @r i Ær=0 (17)
Inserindo (15) na express~ao geral (14), e levando em
considerac~aoqueÆrearbitrario,obtemos
d dt N X i=1 P i =0 (18)
Isto,junto com(8),signicaque
P=p N X i=1 @U @v i =const: (19) ondep= P N i=1 p i
eomomentolinearordinariodo
sis-tema eP= P N i=1 P i
eomomento lineargeneralizado
dosistema.
O princpio de simetria sob translac~oes espaciais
imp~oeumcertovnculosobreaformadalagrangianado
sistema dadopor(16)ou (17),ecomo consequ^encia o
momentolineargeneralizadoeumaconstantedo
movi-mento. Alemdisso,substituindo(8)em(18),obtemos
N X i=1 F i = d dt N X i=1 @U @v i (20)
que mostra uma violac~ao da igualdade entre ac~ao
e reac~ao (terceira lei de Newton na forma fraca:
P N i=1 F i =0)nocasogeral.
II.2 Rotac~ao espacial
Aideia daisotropiadoespacopressup~oequetodas
asdirec~oesdoespacos~aoequivalentes. Estefato
acar-retaqueaspropriedadesdeumsistemafechados~ao
in-variantessobumarotac~aorgida. Umarotac~aorgidae,
ent~ao,umatransformac~aodesimetriaparaumsistema
fechado.
Vamosconsideraruma rotac~aoinnitesimal
Ær i =Ænr i ; Æv i =Ænv i ; Æt=0 (21)
ondeÆeum^anguloderotac~aoindependentedotempo
e innitesimal, ene umvetorunitario cujadirec~aoe
igual a essa do eixo de rotac~ao. Neste caso, o
postu-ladode invari^ancia requer aseguinte condic~aosobre a
lagrangiana L(r i +Ænr i ;v i +Ænv i ;t)=L(r i ;v i ;t) (22) ouequivalentemente N X i=1 @L @r i Ær i + @L @v i Æv i =0 (23)
AEq. (21)juntocom(14),levando-seemconsiderac~ao
queÆearbitrario,fornece
d dt N X i=1 P i (nr i )=0 (24)
Permutando ostermos deste produto, econsiderando
quenetambemarbitrario,obtemos
d dt N X i=1 r i P i =0 (25)
Usando-se(8),issoreduz-sea
L=l N X i=1 r i @U @v i =const (26) onde l= P N i=1 r i p i
eomomento angularordinario
do sistema e L = P N i=1 r i P i e omomento angular generalizadodosistema.
Vemos, por conseguinte, que a invari^ancia sob
rotac~oes espaciais demanda que a lagrangiana tenha
a forma ditada por (22) ou (23), o que da
surgi-mentoaconservac~aodomomentoangular. Alemdisso,
substituindo-se (8) em (25) e usando-se o fato que
v i p i =0,resultaque N X r i F i = d dt N X r i @U @v i (27)
ComoregrageralEq. (27)mostraumafalhanaterceira
leideNewtonnaformaforte P N i=1 r i F i =0 .
II.3 Translac~ao temporal
Aspropriedadesdeumsistema fechadon~aose
mo-dicamsobumatranslac~aotemporal. Estasimetria
se-guedahomogeneidadedotempo,quearmaquetodos
osinstantes s~aoequivalentes.
Ainvari^anciasobtranslac~aotemporal,i.e.
Ær i =0; Æv i =0; Æt6=0 (28) signicaque L(r i ;v i ;t+Æt)=L(r i ;v i ;t) (29)
isso acontece se a lagrangiana n~ao tiver qualquer
de-pend^encia temporal explcita, i.e., se o tempo
apare-cer somente implicitamente na variac~ao temporal das
posic~oesevelocidadesdaspartculasdosistema:
@L
@t
=0 (30)
Usando Eqs. (28) e(14), e considerando que Æt e
ar-bitrario,encontramos
d dt N X i=1 P i v i L ! =0 (31)
Istoimplica,usando-se(8),que
E=T+U N X i=1 @U @v i v i =const (32)
eaenergiageneralizadadosistema.
Parapotenciaisquadraticosnasvelocidadestemos
N X i=1 @U @v i v i =U +U 2 U 0 (33)
demodoqueaenergiageneralizadapodeserescritana
forma E=T +U 0 U 2 (34) ondeU 2 eU 0
s~aodadospor(3)e(5),respectivamente.
Observe que isto e a geneneralizac~ao de E = T +U
0
parapotenciaisordinarios,equeotermolinearnas
ve-locidadesn~aocontribuiparaaenergiageneralizada.
III Uma simetria interna
Agora,suponhaque
U !U+ _
(35)
onde=(r
i
;t)eumafunc~aoarbitrariadasposic~oes
edotempo. Issoacarretaquealagrangiana
transforma-L!L _
; (36)
eoprincpiodeHamilton (Æ R
t
2
t1
Ldt=0) asseguraque
asequac~oesdemovimentos~aoinafetadas, i.e.,a
trans-formac~ao (35) e uma transformac~ao de simetria. A
mesmaconclus~aopode tambem serobtida por
substi-tuic~ao diretade(36)nasequac~oesdeLagrange. Neste
pontopode-seobservarqueademandadequea
lagran-gianasejainvarianteemuitorestritiva.
Agora e oportuno perguntar como essa
trans-formac~ao afeta as constantes de movimento
generali-zadas obtidas nas sec~oes precedentes. Sob a
trans-formac~ao(35)obtemos P!P N X i=1 @ _ @v i (37) L!L N X i=1 r i @ _ @v i (38) E!E+ _ N X i=1 @ _ @v i v i (39)
Aderivadatemporaltotaldee
_ = N X i=1 @ @r i v i + @ @t (40) portanto @ _ @v i = @ @r i (41)
epodemosescrever(37)-(39)como
P!P N X i=1 @ @r i (42) L!L N X i=1 r i @ @r i (43) E !E+ @ @t (44)
Devidoao fato deque L eL _
descrevem amesma
fsica { a grandeza n~ao e uma grandeza fsica
ob-servavel e pode assim ser escolhida arbitrariamente {
exceto por que _
deve ter a mesma estrutura
ma-tematica que L para serem preservadas as simetrias
do sistema descritas por ambas lagrangianas. Se isso
ocorre, as constantes de movimento generalizadas
ge-ralmente depender~aodaescolhadee, portanto,n~ao
ser~ao quantidades fsicas mensuraveis. Apesar disso,
n~aohaumtotalenfraquecimentodaimport^anciadetais
constantesde movimento, tendoemvista que, mesmo
que elas n~ao sejam quantidades fsicas mensuraveis,
movi-IV A lagrangiana de Darwin
Na formulac~ao de Maxwell-Lorentz da eletrodin^amica
classica,asN partculascarregadasde umsistema
fe-chadoest~aosujeitasaforcasdeLorentz
F i =q i E+q i v i B (45) onde q i
e a carga eletrica da i-esima partcula. Os
camposeletricoemagneticonasposic~oesdaspartculas
notempot,E(r
i
;t)eB(r
i
;t),respectivamente,podem
serexpressosemtermosdospotenciaisescalarevetor,
(r i ;t) eA(r i ;t),respectivamente,por E= @ @r i @A @t (46) B=r i A (47)
Ocampoeletromagneticoe aforcade Lorentz s~ao
in-variantessobachamadatransformac~aodecalibre
! @ @t (48) A!A+r i (49)
ondeeumafunc~aoarbitrariadependentedasposic~oes
daspartculasedotempo.
Para cargas em movimento lento Darwin derivou
umalagrangianacontendosomenteascoordenadaseas
velocidadesretendotermossomenteateaordemv
i 2 =c 2 [7]-[9].
E oportunomencionarque,alemdatradicional
aplicac~aodetallagrangianaemfsicaat^omica[10]-[14],
ha tambem aplicac~oes em fsica de plasmas [15]-[22],
modelos de supercondutividade [19]-[20] e astrofsica
[19].
OmododeseobteralagrangianadeDarwine
con-siderado, com brevidade, como segue. A lagrangiana
geralparaumsistemaconsistindodeN partculas
car-regadaseasimplesextens~aodalagrangianaparauma
partculacarregadaemumcampoeletromagnetico
ex-terno: c L(r i ;v i ;t)= N X i=1 1 2 m i v 2 i 1 2 N X i=1 q i [( r i ;t) v i A(r i ;t)] (50) d
ondeospotenciaisescalarevetornaposic~aodai-esima
partculas~aodevidosasoutrasN 1partculasdo
sis-tema. Quandodaeliminac~aodospotenciaisda
lagran-giana acima, temos que considerar que existir~ao, em
geral,correc~oesrelativsticasparaambos eA,como
podeserdeduzidodospotenciaisdeLienard-Wiechert.
Contudo,opotencialcoulombiano
= N X j6= i q j 4 0 r ij (51)
seradadocorretamenteparatodasasordensemv
i =cse
o calibre de Coulomb (rA=0) forutilizado. Aqui
r
ij
signica a posic~ao relativa r
ij = r i r j e 0 e a
permissividadedovacuo. NocalibredeCoulombo
po-tencialvetorial,acuradoatev
i =c,e A= N X j6= i q j 8 0 c 2 r ij v j + v j r ij r 2 ij r ij ! (52)
Substituindo (51)e (52)em (48),obtemos a
lagrangi-anadeDarwin c L= N X i=1 1 2 m i v 2 i 1 2 N X i=1 N X j6= i q i q j 4 0 r ij " 1 1 2c 2 v i v j + v i r ij v j r ij r 2 ij !# (53)
epodemosidenticarafunc~aopotencialcomo
U = 1 2 N X i=1 N X j6= i q i q j 4 0 r ij " 1 1 2c 2 v i v j + v i r ij v j r ij r 2 ij !# (54)
Neste ponto nos investigamos a estrutura
ma-tematica da lagrangiana de Darwin para vericar se
ela satisfaz os requerimentos impostos pelas simetrias
espaco-temporais contnuas. De relance, pode-se
no-tar que a lagrangiana de Darwin e invariante sob
translac~oestemporaissimplesmenteporqueelan~aotem
qualquerdepend^enciatemporalexplcita. Eladepende
dos vetores posic~ao das partculas por r
ij
e, assim,
ela e inafetada por translac~oes espaciais rgidas. A
vericac~ao da invari^ancia rotacional n~ao e t~ao
imedi-ata. Nas seguintes transformac~oes, somente os
ter-mos de primeira ordem em Æ ser~ao mantidos. Sob
arotac~aoespacial(21)aposic~aorelativatransforma-se
como r ij ! r ij +Ænr ij
; portanto, usando ofato
quer ij (nr ij )=0,obtemos r ij !r ij (55) enquantov i r ij !v i r ij +Æ[v i (nr ij )+r ij (nv i )] .
Devemostambemconsiderarotermov
i v j enestecaso temosv i v j !v i v j +Æ[v i (nv j )+v j (nv i )].
Ambas as transformac~oes, permutando os termos no
produtotriplo,conduzema
v i r ij !v i r ij (56) v i v j !v i v j (57)
Finalmente (55),(56)e(57), permite-nos concluirque
a lagrangiana de Darwin tambem e invariante sob
rotac~oes.
Para se encontrar asconstantes de movimento
re-lacionadasasinvari^anciasespaco-temporaiscontnuas,
nosconsideramosocalculo de @U
@v
i
. Com aidentidade
vetorialparar (ab)podemosescrever
@U @v i = N X j6= i q i q j 8 0 c 2 r ij v j + v j r ij r 2 ij r ij ! (58)
Ent~ao,(52)podeserutilizadaparafornecer
@U @v i = q i A(r i ) (59)
Omomento linear,omomento angular eaenergia
generalizadospodem agoraserescritoscomo
P=p+ N X i=1 q i A(r i ) (60) L=l+ N X i=1 q i r i A(r i ) (61) E=T+ 1 2 N X q i [(r i )+v i A(r i )] (62)
Portanto, pode-seidenticar omomento linear, o
mo-mento angular e a energia de origem eletromagnetica
como P em = N X i=1 q i A(r i ) (63) L em = N X i=1 q i r i A(r i ) (64) E em = 1 2 N X i=1 q i [(r i )+v i A(r i )] (65)
Sob uma transformac~ao de calibre, a lagrangiana
de Darwin e afunc~ao potencial transformam-secomo
L ! L _ e U ! U + _ , respectivamente, onde = 1 2 P N i=1 q i
. Portanto,estasultimasquantidades
eletromagneticas s~ao dependentes de calibre e, assim,
s~aotambemasquantidadesconservadasgeneralizadas.
V Conclus~ao
Mostramos que um potencial dependente da
veloci-dade pode serfacilmente abordado no formalismo
la-grangiano. Baseados na invari^ancia espaco-temporal
contnua, nos obtivemos n~ao somente os vnculos
so-bre a forma da lagrangiana, mas tambem os
impor-tantes princpios de conservac~ao do momento linear,
momento angular e energia. Essasconstantes de
mo-vimento generalizadas n~ao s~ao geralmente
quantida-desmensuraveismasisson~aorepresentanenhuma
des-vantagem nabusca para uma melhor compreens~ao da
evoluc~aotemporaldeumsistema fsico.
A teoria eletromagnetica classica de
Maxwell-Lorentzfoiconsideradanestetrabalhocomoilustrac~ao,
emostramosqueomomentolinear,omomentoangular
eaenergias~aoquantidadesdependentes decalibre.
Poderamos tambem ter abordado as simetrias
geometricasdiscretas,taiscomoaparidadeearevers~ao
temporal,paraobterrestric~oesadicionaissobreaforma
dalagrangiana. Preferimosdeixarestetopicocomoum
exerccio para os leitores, incluindo, e claro, a
veri-cac~aodainvari^anciadalagrangianadeDarwin.
Agradecimentos
Um dos autores (ASC) e grato a FAPESP e ao
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