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Análise sócio-ambiental da bacia do rio Tambay na cidade de Bayeux-PB/Brasil

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

DÉBORAH MELO ALVES

ANÁLISE SÓCIO-AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TAMBAY

NA CIDADE DE BAYEUX – PB/BRASIL

(2)

DÉBORAH MELO ALVES

ANÁLISE SÓCIO-AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TAMBAY

NA CIDADE DE BAYEUX – PB/BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Urbana.

Orientadora

: Profª. Drª. Claudia Coutinho Nóbrega

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A474a Alves, Déborah Melo

Análise sócio-ambiental da bacia do rio Tambay na cidade de Bayeux-PB/Brasil / Déborah Melo Alves. _ João Pessoa: PPGEUA, 2010.

106 f.

Orientadora: Dra. Claudia Coutinho Nóbrega

Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal da Paraíba – Centro de Tecnologia, 2010.

Bibliografia.

1.Saneamento 2. Educação Ambiental 3. Bacia Hidrográfica I. Título.

(4)

DÉBORAH MELO ALVES

ANÁLISE SÓCIO-AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TAMBAY

NA CIDADE DE BAYEUX – PB/BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Urbana.

Aprovada em _____/ _____/ _____

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Claudia Coutinho Nóbrega – Orientadora – CT/UFPB

Profª. Dra. – Membro – CT/UFPB

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A Deus, e aos meus queridos pais por tudo que fizeram por mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelos milagres que realizou em minha vida.

À minha família em especial aos meus pais, Edmilson e Adília que sempre me incentivaram e me motivaram a nunca desistir.

A Emerson pela paciência nos momentos difíceis.

À minha querida orientadora Claudia Coutinho Nóbrega que sempre me estimulou a seguir em frente e a fazer o melhor.

Aos meus amigos do “Projeto rio Tambay” que sempre estiveram ao meu lado na realização deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro.

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RESUMO

Sabendo que a água é um bem vital ao ser humano, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar os problemas socioambientais na bacia do Rio Tambay na cidade de Bayeux – Paraíba/Brasil. A iminente crise da água bem como a crise emergente por alimentos motivaram a pesquisa visto que na área de estudo existem cultivos agrícolas. Para desenvolvimento da pesquisa foram aplicados questionários com informações socioeconômicas com o intuito de determinar o perfil das comunidades inseridas na área de estudo, bem como coletas de água bruta para análises em laboratório. A área de estudo esta localizada na Mesorregião da Mata Paraibana, Microrregião de João Pessoa, município de Bayeux, exatamente na bacia hidrográfica do rio Tambay, abrangendo os bairros de Brasília, Tambay, Alto da Boa Vista, Jardim São Severino e Centro. Diversos usos da água foram observados no período de realização da pesquisa, irrigação, deposição de dejetos( líquidos e sólidos), lazer, entre outros. Não houve mudança perceptível no quadro socioambiental da bacia, o lixo e o esgoto permanecem como uma constante nas ruas dos bairros. Os parâmetros de qualidade de água analisados foram: cloreto, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), nitrito, nitrato, um grupo de metais considerados relevantes (alumínio), pH, cor, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos totais e óleos e graxas. A água do rio Tambay apresentou em alguns dos parâmetros analisados, valores fora do limite determinado pela resolução CONAMA 357/2005, onde os valores referentes aos parâmetros de óleos e graxas, alumínio, DBO, Nitritos e Oxigênio dissolvido, apresentaram valores fora do limite permitido pela legislação supracitada, para rio Classe 2.. O rio supracitado, encontra-se poluído, bem como extremamente assoreado em todo o seu curso, pois a mata ciliar praticamente inexiste e a drenagem urbana foi realizada em direção ao rio. Ficou claro que a associação de práticas de educação ambiental aliada ações voltadas para o saneamento, são a chave para a resolução dos problemas na área.

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ABSTRACT

Knowing that water is welfar tor humanity, this work was advanced with objective of analize the problems socienviromental in basin of Tambay River in de ;Bayeux city – Paraíba/Brazil. The crisis imminent of water well as the emergent crisis for aliments motivated of research that study in area there are agricultural cultivable. To development this research were applied questions with socioecomics in formation with communities profile determine in localized area Mesorregião of Wood Paraibana, Microregion of João Pessoa, in Bayeux, exactly in hydrographycic basin in Tambay River, containg Brazilian district, Tambay, Alto da Boa Vista, Jardim São Severino and Center, uses diverses of water were in period remarked realization of development, irrigation, deposition of garbage (liquid and solid) leisure, so than. There wasn’t perceptible change in frame socioenviromental of basin. The garbage and sewer has as constant in the streets of districts. The quality of parameters that water analyzed were: choloride, demand biochemistry of oxygen, chemis try demand oxygen, nitrated, nitracit in group of metals considerate relevant (aluminium), pH, color, turbid, oxygen diluted, totals solid oils and shushes. The water Tambay River presentation in some cases analyses, values off limits determinate by resolution CONAMA 357/2005. Where values indicates by parameters, of oils and shushes, and so aren’t permited by legislation to river 2nd degree. The river supracited, is polluted welfare deadly dirty in your course, that wood don’t exist more and urban drainage was realized in direction river. Is explicit that associate of practices education enverometals together actions in direction to river, and sanitation are a resolution to problems in area.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mostra a relação entre os principais componentes da crise ambiental. ... 19

Figura 2 - Disponibilidade de água na terra. ... 21

Figura 3 - Distribuição do volume de água captado por setor. ... 21

Figura 4 - Esquema do funcionamento do ciclo biogeoquímico da água... 25

Figura 5 - Processos de intercepção vegetal na bacia... 26

Figura 6 - Localização do município de Bayeux ... 45

Figura 7 - Demarcação da área de estudo (Bacia do Rio Tambay) ... 47

Figura 8 - Usos da água e do solo na bacia do Rio Tambay – agricultura. ... 48

Figura 9 - Usos da água e do solo na bacia do Rio Tambay.- dessedentação de animais. ... 49

Figura 10 - Rua Carolina Machado. Bairro Tambay. ... 49

Figura 11 - Rua Carolina Machado. Bairro Tambay. ... 50

Figura 12 - Inundação da várzea do rio Tambay no período de cheias do Rio Paraíba. ... 51

Figura 13 - Flora da bacia hidrográfica do rio Tambay... 52

Figura 14 - Fauna da bacia do rio Tambay (Sapo e Girinos, respectivamente). ... 52

Figura 15 - Croqui da Bacia Hidrográfica do Rio Tambay. ... 53

Figura 16 - Corpos d’água distintos devido ao rompimento do vertedouro do açude Santo Amaro. ... 54

Figura 17 - Foz do rio Tambay, deságue no rio Paroeiras, município de Santa Rita (características estuarinas da foz). ... 54

Figura 18 - Parâmetros da Standard Methods for Examination of Water and Wastewater .... 56

Figura 19 - Registro fotográfico do balneário ... 57

Figura 20 - Dessedentação de animais. ... 58

Figura 21 - Plantação de Alface ... 58

Figura 22 - Hortaliças cultivadas as margens da Bacia do rio Tambay. ... 59

Figura 23 - Hortaliças de fruto cultivadas as margens do rio Tambay. ... 59

Figura 24 - Hortaliças de raízes, tubérculos. ... 60

Figura 25 - Elevação do nível do rio Tambay na Comunidade ... 61

Figura 26 - Drenagem Pluvial usada como captação de esgotos... 62

Figura 27 - Escoamento de Esgoto de uma residência. ... 62

Figura 28 - Disposição de resíduos sólidos nas margens do rio Tambay. ... 63

(10)

Figura 30 - Esgoto lançado diretamente no corpo hídrico do rio Tambay. ... 64

Figura31 - Habitações atingidas pela elevação do nível do rio Tambay, aglomerado subnormal aas margens do rio Tambay e PB 004. ... 64

Figura 32 - Assoreamento do rio Tambay. ... 65

Figura 33 - Barramento inadequado instalado no rio Tambay. ... 65

Figura 34 - Distribuição dos Questionários por Bairro. ... 67

Figura 35 - Número de pessoas por família... 68

Figura 36 - Escolaridade do entrevistado. ... 68

Figura 37 - Escolaridade dos membros da família. ... 69

Figura 38 - Tempo de residência na comunidade. ... 69

Figura 39 - Renda Média Familiar. ... 70

Figura 40 - Doenças presentes da comunidade por domicílio. ... 71

Figura 41 - Possíveis causas segundo os moradores das doenças em seus domicilio. ... 71

Figura 42 - Domicílios atendidos por rede de esgoto. ... 72

Figura 43 - Destino do esgoto dos domicílios sem coleta de esgoto. ... 72

Figura 44 - População atendida por coleta de lixo. ... 73

Figura 45 - Destino do lixo da população não atendida por coleta de lixo. ... 73

Figura 46 - Disposição inadequada de resíduos de construção civil. ... 74

Figura 47 - Disposição inadequada de resíduos de polda as margens do rio Tambay. ... 74

Figura 48 - Atribuições dadas ao rio Tambay pela população residente circunvizinha. ... 75

Figura 49 - Você conhecimento do despejo de esgoto no Rio Tambay? ... 75

Figura 50 - Utilização da água em seu domicílio. ... 76

Figura 51 - Consumo de produtos cultivados com a água do rio. ... 77

Figura 52 - Tratamento do poder público em relação ao Rio Tambay. ... 77

Figura 53 - Tratamento da população em relação ao Rio Tambay... 78

Figura 54 - Opinião sobre se deve ou não se fazer uma limpeza no rio Tambay. ... 78

Figura 55 - Imagens da coleta de teste realizada dia 22 de abril de 2010. ... 80

Figura 56 - Evolução dos cloretos nos pontos de coleta. ... 81

Figura 57 - Evolução dos óleos e graxas nos pontos de coleta. ... 82

Figura 58 - Evolução dos sólidos totais nos pontos de coleta. ... 82

Figura 59 - Evolução da turbidez nos pontos de coleta. ... 83

Figura 60 - Evolução do alumínio nos pontos de coleta. ... 84

Figura 61 - Evolução do pH nos pontos de coleta. ... 85

(11)

Figura 63 - Evolução do nitrito nos pontos de coleta. ... 86

Figura 64 - Evolução da cor nos pontos de coleta. ... 87

Figura 65 - Evolução do oxigênio dissolvido nos pontos de coleta ... 88

Figura 66 - Evolução dos coliformes termotolerantes nos pontos de coleta. ... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos questionários por domicílios. ... 56

(13)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Importantes propriedades da água e suas respectivas funções no transporte de espécies entre os compartimentos litosfera, hidrosfera e atmosfera, durante o ciclo hidrológico. ... 35

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO TEMA ... 17

2.2 A QUESTÃO DA ÁGUA ... 20

2.3 CICLO HIDROLÓGICO ... 24

2.4 PADRÕES DE QUALIDADE DE ÁGUA ... 26

2.5 PROPRIEDADES E FUNÇÕES DA ÁGUA ... 34

2.6 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS ... 35

2.6.1 Saneamento ... 39

2.6.3 Meio ambiente ... 42

2.6.3 Saneamento e Saúde ... 42

3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 44

3.1 Aspectos sociais, econômicos e históricos do município de Bayeux-PB ... 44

3.2 Aspectos fisiográficos do município de Bayeux-PB ... 46

3.3 Localização geográfica e características da área de estudo ... 46

4 METODOLOGIA ... 55

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 57

5.1 USOS DA ÁGUA ... 57

5.2 ESGOTO DOMÉSTICO ... 60

5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS ... 62

5.4 OCUPAÇÃO DAS MARGENS ... 64

5.5 ATERRAMENTO PARA ÁREAS AGRÍCOLAS ... 65

5.6 PERFIL SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL BACIA DO RIO TAMBAY- BAYEUX/PB ... 66

5.7 QUALIDADE DE ÁGUA DO RIO TAMBAY - BAYEUX/BP ... 79

5.7.1 Resultados de qualidade de água ... 80

CONCLUSÃO ... 90

(15)

1 INTRODUÇÃO

A água é o líquido mais importante para a vida na Terra, regula a temperatura e o clima do planeta, está presente nos processos metabólicos e entra na composição das células dos seres vivos. O ser humano ainda utiliza a água nas mais diversas atividades domésticas, industriais e agrícolas. Assim, o homem após abandonar a vida nômade passou a se instalar as margens de fontes de água, pois as suas atividades dependiam deste recurso para serem desenvolvidas. Considerada como um recurso natural renovável por causa do ciclo hidrológico, a água é um bem necessário a vida humana e a dos organismos em geral, tendo uma importância fundamental para a manutenção da vida na terra. Segundo Braga et al. (2005), a água pode ser caracterizada pela sua quantidade e qualidade, sendo o recurso mais intensamente utilizado pelo homem para os diversos fins e os variados usos como foi exposto neste trabalho, variando da própria necessidade metabólica do homem até as atividades de exploração econômica deste recurso.

A água tem sido usada em larga escala e indiscriminadamente, sendo na atualidade alvo de discussão enquanto recurso natural, pois nas últimas décadas os debates em torno do meio ambiente tem sido uma constante. Discussões em torno do uso dos recursos naturais vêm tentando reconciliar o homem com o meio ambiente. Percebe-se então que, os problemas ambientais não se restringem apenas à ambientes silvestres, mas também rurais e urbanos.

Com o advento da industrialização os problemas ambientais nas áreas urbanas tornaram-se comuns no mundo, bem como no Brasil. Os ambientes urbanos tornaram-se mais insustentáveis, reverberando na intensa poluição da água, solo e ar, pois, como afirma Drew (1983), associado à urbanização está à má qualidade da água.

A cidade de Bayeux é a representação da ocupação ribeirinha, sendo esta uma cidade entre rios. Nela foi desenvolvida a pesquisa aludida, onde foram analisados os problemas sócio-ambientais presentes na bacia do Rio Tambay, que abrange os bairros: Tambay, Alto da Boa Vista, Brasília, parte do Centro e Jardim São Severino.

As causas da poluição das águas decorrem praticamente de três fatores: a urbanização, a industrialização e atividades agrícolas. O resultado do ajuntamento entre os itens supracitados é propagação da poluição, não só nos rios, riachos, lagos e praias, mas também nas fontes naturais subterrâneas.

(16)

domésticos (sanitários) são predominantemente originários, das habitações, sendo provenientes de instalações sanitárias, lavagem de utensílios domésticos, pias, banheiros, lavagem de roupas e outros usos domiciliares. Contêm elevada quantidade de matéria orgânica e microorganismos patogênicos. Tal fato acaba gerando uma série de prejuízos, tanto sociais quanto ambientais.

Os problemas dos bairros que fazem parte da bacia do rio Tambay foram observados sob uma ótica que considerou as questões culturais e sociais que os envolvem. Foram levantadas e investigadas questões como: água, saúde pública e degradação da paisagem, já que o saneamento é de suma importância para uma boa qualidade de vida.

O objetivo geral desta pesquisa foi analisar os problemas sócio-ambientais na bacia do Rio Tambay na cidade de Bayeux – Paraíba/Brasil e os objetivos específicos são:

a) Investigar questões relacionadas à água, saúde pública e degradação da paisagem da bacia do rio Tambay.

b) Identificar os problemas ocasionados pelo destino inadequado dos dejetos na bacia do Rio Tambay na cidade de Bayeux na Paraíba.

c) Avaliar a qualidade da água do rio Tambay.

d) Identificar as possíveis soluções para o problema do destino inadequado dos dejetos na bacia do Rio Tambay na cidade de Bayeux na Paraíba.

Fator também importante para a realização desta pesquisa se dá pelo fato de existirem cultivos agrícolas na área, pois como se sabe existe uma iminente crise na demanda de alimentos e a agricultura urbana realizada aos moldes da agroecologia, pode ser uma alternativa, daí a preocupação com a qualidade da água do rio e a forma como a prática agrícola atual vem sendo realizada. Hass (2005) afirma que a água é um bem renovável e contaminável, imprevisível e distribuída de forma desigual. Portanto, deve-se protegê-la, usá-la de forma sustentável e consciente, e é por isso que se precisa saber utilizá-usá-la, daí a preocupação com o Rio Tambay e seu uso, pois como reserva de água perene pode vir a ser um dia utilizado para consumo humano caso haja necessidade. Outro fator que motivou a escolha do tema foi o acompanhamento pessoal da realidade local dos bairros que compõe a bacia do rio Tambay.

(17)

do tema, a questão da água, o ciclo hidrológico, padrões de qualidade de água, as propriedades e funções da água, poluição das águas. O terceiro capitulo constitui-se na localização e caracterização da área de estudo. O quarto capítulo descreve a metodologia empregada nesta pesquisa. O quinto apresenta as análises e discussões dos resultados; por fim, no sexto capítulo estão contidas as conclusões e recomendações do presente estudo. Após este último capítulo, destacam-se as referências utilizadas nesta pesquisa, seguida de apêndices.

(18)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO TEMA

Desde a ocupação humana no mundo que a natureza vem sofrendo modificações, sendo estas mais intensas após a Revolução Industrial, pois o homem passou a agir mais intensamente sobre o meio ambiente e acelerar processos que a priori, aconteciam naturalmente e passaram a serem mais rápidos, sem dar tempo a natureza de continuar o seu ciclo dinâmico de construção e re-construção (a exemplo das glaciações). Segundo Velasco (2002), o meio ambiente é o resultado de processos históricos onde o homem interage com a natureza.

A Revolução Industrial foi um marco do desenvolvimento capitalista no mundo e sua ascensão no seu estado monopolista, agravando problemas e questões que antes eram mínimas, levando a situações preocupantes no que diz respeito ao meio ambiente como um todo, pois os resíduos gerados pelas atividades industriais eram bem mais agressivos a natureza que os de outrora gerados pelas atividades agrícolas. No Brasil, a modernização e a industrialização, trouxeram ainda mais concentração de renda, surgimento de sub-moradias, subempregos, decadência alimentar e o surgimento de um exército de reserva de trabalhadores sem qualificação. Os trabalhadores perderam o contato com a natureza, o capital monopolizou a própria natureza, fazendo com que o trabalhador perdesse os recursos necessários a sua sobrevivência, tendo como conseqüência problemas sociais que estão diretamente ligados a problemas ambientais, percebe-se então que: “[...] tanto na vida humana quanto o equilíbrio dos sistemas não-humanos que fazem parte do “meio ambiente” estão ameaçados pelo capitalismo[...]”. (VELASCO 2002, p. 38).

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uso do capital estatal para a construção da infra-estrutura necessária para receber estas indústrias.

Apesar de industrial, o país importava máquinas e tecnologia para seu desenvolvimento, pois não detinha tecnologia própria, passou a ter uma produção industrial dependente, que demoraria tempo para conseguir acompanhar desenvolvimento considerável de tecnologia de outros países, pois a mão-de-obra sairia da roça para operar uma máquina, o país sairia de um modelo agroexportador para o industrial sem pensar as conseqüências desta industrialização.

Os recursos naturais brasileiros passaram a ser explorados mais intensamente, nos setores primários e secundários da indústria principalmente. No pensamento de adquirir lucro, a natureza passa a ser vista como um bem inesgotável, sem fim e podia ser explorado a qualquer custo. “Neste quadro, a natureza brasileira é vista como pura riqueza a ser apropriada, e o espaço e os recursos naturais são tomados como inesgotáveis.” (MORAES 2005, p.139). Este quadro vem mostrar a necessidade da busca por respostas aos problemas decorrentes da relação sociedade/natureza.

As cidades cresceram, pois a população rural migrou para a cidade em busca de emprego, principalmente vinda do Nordeste, indo habitar em lugares que antes eram áreas verdes das cidades, desmatando florestas para a retirada de madeira para as construções, obstruindo rios e córregos, aumentando a quantidade de lixo. A população que antes habitava o campo passou a viver na cidade em sub-moradias, sobrevivendo em subempregos de forma precária e degradante, causando um crescimento rápido e desordenado das áreas urbanas, pois não houve tempo para preparar as cidades para receber esses migrantes.

Nas regiões metropolitanas e nas grandes cidades brasileiras, o processo de urbanização e expansão urbana foi condicionado pelo modelo urbano-industrial característico das sociedades capitalistas em expansão e resultou na formação de centros de alta concentração populacional e na ocupação do espaço de modo polarizado e desigual. (GÜNTHER; RAZZOLINI, 2008, p. 23).

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pois o pensamento era apenas de obter lucro, sem se importar a que custo seria isso, e que conseqüências esta exploração traria a natureza. “O desequilíbrio dos ecossistemas reflete um desequilíbrio anterior à mente [...] a crise ecológica é em todos os sentidos, uma crise da educação.” (W. ORR, 2005, p. 11).

A partir da revolução industrial, a velocidade de produção de rejeitos da sociedade, o avanço do mundo urbanizado e a força poluidora das atividades industriais superaram a capacidade regenerativa dos ecossistemas e a reciclagem dos recursos naturais renováveis, colocando em níveis de exaustão os demais recursos não-renováveis. (ALMEIDA 2008, p.19).

A Figura 1 mostra a relação entre os principais componentes da crise ambiental.

FIGURA 1 - Mostra a relação entre os principais componentes da crise ambiental Fonte: BRAGA, 2005.

Água, solo, ar, fauna e flora, tornaram-se os principais atores das discussões em todos os setores da comunidade mundial. A preocupação com o meio ambiente tornou-se uma constante, como também a preocupação com o ambiente urbano, percebeu-se que o bem estar do homem deveria está associado ao bem estar da natureza, fazendo emergir conceitos e teorias e projetos em torno do meio ambiente, na tentativa de amenizar a crise ambiental, criando convenções e acordos de proteção e conservação da biodiversidade e da vida humana.

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brasileiro. Em 1950, o poder estatal segundo o autor supracitado, toma a frente do planejamento e ordenamento territorial do país.

A década de 1980 foi umas das mais produtivas no que diz respeito ao meio ambiente, em 1981 cria-se o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e é promulgada, a Política Nacional do Meio Ambiente, que cria o Conselho Nacional e disciplina o Sistema Nacional de Meio Ambiente, integrando os poderes federais e estaduais (MORAES, 2005).

Considerada como a terceira fase da política ambiental no Brasil por Moraes (2005), a década de 1990 traz para o Brasil a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em 1992, no Rio de Janeiro, aconteceu a Rio 92 ou ECO-92 como ficou popularmente conhecida. Neste evento discutiu o meio ambiente sob a ótica do conceito de desenvolvimento sustentável nascido 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou sua primeira conferência ambiental, em Estocolmo, quando o relatório "Nosso Futuro Comum" foi lançado pelas Nações Unidas em 1987.

Em última fase (se é que se pode chamar de última fase), vive-se a descentralização, o planejamento participativo, ações conjuntas entre poder público e sociedade civil, a era das “Organizações Não Governamentais (ONGs)”, que se espalha pelo território brasileiro tentando transpor as barreiras de uma sociedade ainda conservadora e autoritária, que tradicionalmente mesmo que inconscientemente ainda adota valores e convicções políticas arcaicas, centralizadoras e exploradoras dos menos favorecidos.

Mesmo vivendo esta última fase em que as ações ambientais são feitas por todos e não mais estão centradas nas mãos do Estado, os ideais capitalistas e de consumo estão fortes e se disseminando por toda parte, fazendo com que os valores absorvidos nas discussões de 1972 e 1992, por exemplo, entrem em crise e sejam deturpados perdendo o seu real sentido, pois a sociedade atual é caracterizada pelo consumo sem limites.

2.2 A QUESTÃO DA ÁGUA

Considerada o recurso natural mais precioso para o homem, pois tem os seus usos como os mais nobres, a água tem sido motivo de discussões. Atualmente, a reserva de água por pessoa está por volta de 7,3 mil m3, enquanto que em 1950 era de 16,8 mil m3 e estima-se

(22)

A água não é distribuída de forma igualitária, inúmeros povos vivem vulneráveis a falta da mesma. A sua disponibilidade é irregular, pois cerca de 97% da água do planeta é salgada, sendo aproximadamente apenas 3% de água doce, estando essa disposta em maior quantidade em geleiras e reservas subterrâneas (aqüíferos).

A Figura 2 mostra a disponibilidade de água na terra.

FIGURA 2 - Disponibilidade de água na terra Fonte: SETTI, 2001

Dentre os usos da água o que mais utiliza este recurso é a agricultura por meio da agricultura irrigada, ficando as atividades industriais em segundo e os usos humanos (consumo) em terceiro. Com isto, vê-se que a água é um bem não só necessário ao desenvolvimento biológico do homem, mas ao desenvolvimento econômico. O planejamento e o racionamento do uso do recurso água são necessários ao desenvolvimento da humanidade.

A Figura 3 mostra a distribuição do volume de água captado por setor.

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Com o intuito de alcançar o ápice de seu desenvolvimento econômico, o ser humano passou a se dedicar mais as atividade industriais, o homem passou a interferir muito mais na natureza e ocupar as cidades (o processo de urbanização se acelera). As áreas de proteção como as margens de rios passam a ser ocupadas, córregos aterrados, lagoas e lagos perdem suas feições naturais e muitos rios são desviados de seus cursos naturais. As ações do homem motivadas pela ética capitalista do lucro irracional acabam por proporcionar verdadeiras tragédias ambientais. De outro lado, a inércia Estatal em preservar os recursos naturais, em especial a água, gera um verdadeiro genocídio ambiental, motivando não só a morte ecológica de corpos d’água, como também a morte social.

Todo esse processo configura na avaria da qualidade da água, que segundo Drew (1983), está associada à urbanização, pois a população da cidade, muitas vezes lançam os dejetos provenientes do esgoto doméstico em rios e córregos fazendo com que eles transbordem na época das chuvas ocasionando doenças a população; sem esquecer a poluição dos solos que, segundo Guerra (1998), podem causar muitas vezes, repercussões irreversíveis ao meio ambiente.

Diante destes fatos o planejamento do uso dos recursos hídricos se mostra importante. Este tem por objetivo básico a manutenção na qualidade deste recurso, obedecendo aos padrões específicos e determinados pelas normas vigentes do lugar. Devido ao desenvolvimento das atividades humanas e o acelerado processo de urbanização a qualidade da água foi modificada, se mostrando necessária a racionalização do seu uso e o seu planejamento. De acordo com Almeida (2008), as águas de boa qualidade:

a) Podem ser consumidas após tratamento simples (filtragem e cloração); b) Podem ser utilizadas para irrigação sem tratamento algum;

c) Assegurem a manutenção da biodiversidade e o crescimento saudável;

d) Não causem nenhum dano à saúde humana quando a vida aquática é utilizada como alimento;

e) Pode ser utilizada pela população para lazer, incluindo contato direto, sem causar nenhum dano a saúde humana.

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estabelece tanto padrões para os corpos hídricos quanto padrões para os efluentes lançados nestes.

No Brasil, a Política Nacional de Recursos Hídricos surgiu pela eminente preocupação com a conservação destes recursos e a sua importância para o desenvolvimento da sociedade e manutenção da vida. É marcada pela descentralização e o envolvimento social no desenvolvimento das questões referentes a este recurso.

Em Janeiro de 1997 foi sancionada a lei que instituiu efetivamente a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema de Gerenciamento Nacional de Recursos Hídricos. Esta lei se baseia em seis princípios que podem ser detalhados da seguinte forma (CARVALHO, 2008):

I- A água é estabelecida como um bem de todos, devendo ser gerenciado pelo Estado e a participação social por meio da participação dos comitês de bacias.

II- A água é vista como um recurso limitado e passível de esgotamento, tendo assim um valor econômico. Tal valoração respeita dois preceitos: o de que a água é um bem público e o de que o meio ambiente e os fatores ecológicos não tem preço, são indiscutíveis em relação ao seu valor.

III- O terceiro princípio é o mais justo e humanitário, pois estabelece que em situações de falta d’água ou escassez, a prioridade no uso da água é o consumo humano e a dessedentação de animais.

IV- Neste, os usos múltiplos da água são o foco das discussões, pois determina que na gestão dos recursos hídricos sejam sempre resguardados os seus usos múltiplos. O objetivo deste é a igualdade de usos garantindo a todos o direito ao acesso e aos usos dos recursos hídricos.

V- No quinto principio a bacia hidrográfica é definida como unidade territorial (porção do espaço delimitada geograficamente onde existem leis, regras relações de poder), com base nesta definição de bacia hidrográfica há a implementação da política nacional de recursos hídricos. Com base neste principio se delimita a área de abrangência dos recursos hídricos facilitando seu planejamento, avaliação e implementação, além de incentivar a descentralização das decisões e integrar as políticas desenvolvidas.

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estabelece que a gestão dos recursos hídricos deva ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Como em outras partes do mundo, no Brasil vem sendo desenvolvidas políticas relacionadas aos recursos hídricos com o intuito de conservar e controlar seus usos. Estas vêm sendo postas em exercício por meio de práticas que visam à descentralização da gestão e a tomada democrática de decisão.

Não colocando mais nas mãos de técnicos as decisões que muitas vezes devem ter a participação social. Nos últimos anos a noção de que o governo é a única autoridade competente para a tomada de decisões principalmente no caso da gestão dos recursos hídricos, tem cada vez mais sido colocada de lado, pois na atualidade a descentralização tem sido a palavra chave dos novos governos.

2.3 CICLO HIDROLÓGICO

A água se apresenta na Terra de forma líquida, sólida e gasosa, e circula por todo o planeta por meio do seu ciclo biogeoquímico chamado de ciclo hidrológico. Como já foi citada, a água é o principal constituinte do planeta e dos seres humanos, além de estarem presentes nos mais diversos processos metabólicos dos seres vivos, porém segundo Branco & Rocha (1987), apenas as águas presentes da litosfera superficial é que estão presentes no chamado ciclo hidrológico, ou, ciclo da água.

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FIGURA 4 - Esquema do funcionamento do ciclo biogeoquímico da água. Fonte: BRAGA, 2005.

As etapas deste ciclo podem ser descritas a partir de alguns processos que de acordo com Braga (2005) são detenção, escoamento superficial, evapotranspiração, evaporação, escoamento subterrâneo, infiltração e precipitação. Estes processos podem ser resumidos em três: infiltração, evapotranspiração e escoamento superficial.

Branco e Rocha (1987), explicam que a infiltração é responsável pela manutenção da vida terrestre, pois é por meio desta que os lençóis de água subterrâneos são reabastecidos, ficando disponíveis para a vegetação e demais atividades biológicas existentes do ecossistema terrestre. Outro importante papel da infiltração é colaborar para a etapa da evaporação, pois “[...]a água acumulada por efeito da infiltração, é restituída à atmosfera por meio de evapotranspiração.” (BRANCO; ROCHA, 1987, p. 40).

Neste processo de evapotranspiração a vegetação exerce papel importante tanto na infiltração quanto na própria liberação de vapor de água na atmosfera. Ainda segundo os mesmos autores, o escoamento superficial é responsável pela formação dos rios, córregos e lagos.

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A Figura 5 mostra os processos de intercepção vegetal na bacia.

FIGURA 5 - Processos de intercepção vegetal na bacia Fonte: BRUIJNZEEL; TUCCI, 2001

2.4 PADRÕES DE QUALIDADE DE ÁGUA

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na macrodrenagem, ocupação das margens, obstrução dos leitos, aumento da erosão, que ocasionam o aumento da quantidade de sedimento depositado no leito dos rios e assim o assoreamento, sendo todas estas, causas da perca da qualidade da água dos corpos hídricos.

Na natureza a única água encontrada pura é a da atmosfera, que se encontra da forma de vapor de água, pois segundo Braga (2005), logo após a condensação os vários gases presentes da atmosfera e outros elementos são dissolvidos na água, exatamente por que ela é considerada um ótimo solvente, e, como conseqüência, são necessários indicadores físicos, químicos e biológicos para caracterizar a qualidade da mesma.

A legislação brasileira por força de resolução rege padrões de qualidade para os corpos hídricos (receptores) e os poluentes a serem lançados nestes (efluente).

As variáveis físicas são medidas em escalas próprias, as variáveis químicas são usualmente dadas em concentração (mg/l ou ppm) e as variáveis biológicas, pela indicação da densidade populacional do organismo de interesse. (BRAGA, 2005, p. 100)

Segundo a Resolução CONAMA Nº 357 de 2005, todo o rio que não estiver enquadrados numa Classe de qualidade e uso, deve ser considerado como sendo de classe 2, onde segundo a mesma, devem ter suas águas destinadas aos seguintes usos de acordo com o Art. 4º e III parágrafo da referida resolução:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e

e) à aqüicultura e à atividade de pesca.

Os recursos hídricos podem ser usados de muitas maneiras, atendendo várias necessidades ao mesmo tempo. Assim, nenhum uso pode interferir no outro, ou seja, nenhum uso da água (a montante) pode alterar a qualidade da mesma, de forma que venha prejudicar o uso da água para outra atividade (a jusante) ou mesmo o meio ambiente.

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[...] são constituídos por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, como por exemplo, concentrações de poluentes, em relação aos quais os resultados dos exames de uma amostra de água são comparadas, aquilatando-se a qualidade da água para um determinado fim. Os padrões são estabelecidos com base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima e o dano causado pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente. (VON SPERLING; NASCIMENTO 2009, p. 2)

O padrão de qualidade da água é estabelecido a partir dos valores máximos da concentração de um determinado poluente na água e como este pode vir a afetar a saúde humana ou a vida aquática (ambiente em geral), estes devem estar de acordo com os números da legislação vigente que disciplina o padrão de qualidade das águas.

Neste trabalho para determinar a qualidade da água foram realizadas comparações entre os dados obtidos em laboratório e os parâmetros máximos e mínimos da legislação vigente. Os parâmetros abordados neste trabalho foram: cloreto, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), nitrito, nitrato, um grupo de metais considerados relevantes (alumínio), pH, cor, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos totais e óleos e graxas.

a) Cloretos

De acordo com a NBR 13797/1997, cloretos são compostos que, em solução, se dissociam liberando o íon (Cl-). O cloreto é um dos principais ânions encontrados nos esgotos domésticos, uma vez que o cloreto de sódio está presente na urina. Seu teor em esgotos dependendo de suas características pode variar na faixa de 20 a 100mg/L. Os cloretos (Cl-) são advindos da dissolução de sais. Podem ser encontrados na forma de cloretos de sódio, cálcio e magnésio. Tem origem a partir da dissolução de minerais e da intrusão de águas salinas. Ocorrem em águas naturais em teores variados devido ao contato com depósitos minerais ou com a água do mar. Efluentes industriais diversos e águas de irrigação.

b) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO

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dissolvido.” (BRAGA, 2005, p.88). O aumento dos níveis de DBO caracteriza despejos predominantemente orgânicos. A DBO ocorre de forma natural nos corpos hídricos, devido à presença de matéria orgânica advinda do próprio ambiente como fezes de animais, folhas etc.

c) Demanda Química de Oxigênio - DQO

Corresponde à quantidade de oxigênio necessário para a oxidação da matéria orgânica por meio de um agente químico. “O parâmetro DQO tem sido empregado para avaliar a carga orgânica em águas superficiais e residuárias passíveis de serem consumidas em oxidações aeróbias.” (ROCHA, 2009, p. 85). Rocha (2009) relata que existe uma relação entre a DQO e a DBO, porém a determinação da DQO é mais rápida e simples, fazendo assim crescer sua importância.

d) Nitrogênio

Braga (2005), explica que o nitrogênio constitui-se em um elemento vital a vida dos seres vivos, pois desempenha um importante papel na constituição de moléculas de proteínas, ácidos nucléicos, vitaminas, enzimas e hormônios. O nitrogênio pode ser encontrado nos corpos de água em função do seu estado de oxidação sob as formas seguintes formas:

1. Nitrogênio orgânico na forma dissolvida – compostos orgânicos nitrogenados- e particulada, integrando a biomassa dos organismos no meio aquático.

2. Nitrogênio molecular (N2), sujeito a constantes perdas na atmosfera.

3. Amônio (NH4+), forma reduzida presente em condições anaeróbias.

4. Nitrito (NO2-), forma intermediária e instável da oxidação do amônio.

5. Nitrato (NO3-), forma oxidada presente em condições anaeróbias e indicador de

poluição remota por esgotos domésticos. (LIBÂNIO, 2005, p. 39)

Apenas um grupo seleto de seres consegue utilizar o nitrogênio presente na atmosfera, sendo grande parte deste nitrogênio obtido na forma de nutrientes para os produtores, esses nutrientes são os nitratos (NO3-). “Os nitratos (NO3-) são resultado da matéria orgânica

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nitritos, nitratos e amônia em excesso na água causam o processo chamado de eutrofização, que compromete a qualidade das águas.

O ciclo do nitrogênio equilibrado depende de inúmeros fatores (bióticos e abióticos) e as conseqüências do desequilíbrio deste ciclo ainda não são conhecidas pela comunidade cientifica, e ainda não existem estudos confiáveis que possam mensurar as conseqüências destes efeitos ao meio ambiente (ROCHA, 2009). Contudo, espera-se que daqui a alguns anos o ciclo do nitrogênio seja tão debatido quanto o do carbono é na atualidade.

e) Metais

Uma variedade de metais pode ser solúvel em água. Estes metais podem causar danos à saúde em função da quantidade ingerida. Segundo Braga (2005) é esta quantidade que vai informar a toxidade destes metais, seu potencial carcinogênico, mutagênico ou teratogênico

Diversos metais pesados são encontrados na forma dissolvida nas águas naturais, resultado do lançamento de efluentes industriais e da lixiviação de áreas de garimpo e mineração, com agravante de... não conferir sabor e odor á água de consumo. (LIBÂNEO, 2005, p. 41).

Dentre os metais mais comuns encontrados destacam-se o alumínio, o chumbo e o mercúrio. Segundo Libâneo (2005) o mercúrio causa danos ao sistema nervoso central, além de causar outros danos. Já o chumbo de acordo com o autor supracitado ocorre em águas devido á oxidação e corrosão de tubulações soldadas com ele. Tem sido verificado o seu potencial cancerígeno por meio de experiências com cobaias e a intoxicação por chumbo pode ser denominada como “saturnismo a intoxicação aguda por ingestão de chumbo e há uma suposição de alta incidência dessa enfermidade na população da Roma antiga, cujas canalizações eram constituídas por esse metal.” (LIBÂNEO, 2005, p. 41).

As elevadas concentrações de alumínio na água, segundo Pascalicchio (2002), têm sido correlacionadas a doenças neurológicas como a presença de dislexia em crianças. Pascalicchio (2002) também afirma que as altas concentrações de alumínio no cérebro têm sido encontradas em pacientes com mal de Parkinson e Alzheimer.

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capacidade de se depositar no fundo dos corpos hídricos, além de que algumas vezes os aparelhos não detectam diminutas concentrações desses metais.

f) pH

O pH, o potencial hidrogeniônico, pode ser definido como a medida da concentração de íons de hidrogênio (H+) na água. O pH representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas do ambiente aquático. Segundo Libâneo (2005) este é o parâmetro de maior freqüência do monitoramento de corpos hídricos. Braga (2005) explica que o seu valor varia de 0 a 14. “O pH é a medida da acidez ou alcalinidade relativa de uma determinada solução. Seu valor para a água pura a 25ºC é igual a 7 e varia entre 0 e 7, em meios ácidos , e entre 7 e 14, em meios alcalinos.”(BRAGA, 2005, p.77).

O pH influi na solubilidade de diversas substâncias , na distribuição das formas de vários compostos químicos, definindo até o seu grau de toxidade, pois diversas reações químicas que ocorrem no meio ambiente são afetadas pelo pH. Sistemas biológicos são amplamente afetados pelo pH, “usualmente o meio deve ter pH entre 6,5 e 8,5 para que os organismos não sofram grandes danos.” (BRAGA, 2005, p.77).

O homem por meio do despejo de várias substâncias em meio aquático tem afetado o valor do pH. Naturalmente o gás carbônico quando dissolvido na água forma o ácido carbônico, reduzindo o pH. “Água saturada de gás carbônico terá pH igual a 5,6.” (BRAGA 2005, p. 77)

g) Cor

Segundo Braga (2005) pode-se dizer que a cor é a luz refletida. A luz é refletida em pequenas partículas denominadas, de acordo com Libâneo (2005), colóides. Estas partículas são principalmente de origem orgânica, podendo ser também resultante da presença de compostos de ferro e manganês, ou, do lançamento de efluentes industriais. A cor pode ser classificada de duas maneiras, a cor real, que segundo Braga (2005) é aquela que está associada a substâncias que podem afetar a penetração da luz na água, e a cor aparente, que está relacionada aos reflexos da paisagem ao redor do corpo hídrico na água, bem como a coloração do fundo do corpo hídrico.

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potencialmente cancerígenos como resultado da cloração de águas coloridas com a finalidade de abastecimento.

h)Turbidez

Característica física dos corpos hídricos pode ser definida como sendo a concentração de partículas suspensas na água afetando sua transparência, impedindo ou dificultando a penetração da luz. “A turbidez, propriedade de desviar raios luminosos, é decorrente da presença de materiais em suspensão na água, finamente divididos ou em estado coloidal, e de organismos microscópicos.” (BRAGA, 2005, p.100). Minerais, algas etc. podem causar a turbidez.

No Brasil, a turbidez dos corpos d’água é particularmente elevada em regiões com solos erodíveis, onde as precipitações podem carrear partículas de argila, silte, areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos no solo. Grande parte das águas dos rios brasileiros é naturalmente turva em decorrência das características geológicas das bacias de drenagem, de altos índices pluviométricos e do uso de práticas agrícolas inadequadas. (LIBÂNEO, 2005, p.23)

Atualmente a turbidez, assim como o pH é um dos parâmetros mais usuais no monitoramento dos corpos hídricos.

i) Oxigênio Dissolvido

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j) Sólidos Totais

Os sólidos podem ser classificados como dissolvidos e/ou suspensão. São subdivididos em sedimentáveis e não sedimentáveis. Quanto à classificação química pode ser dividido em voláteis e não voláteis. O ambiente naturalmente contribui para a presença de sólidos na água, através de processos erosivos, carreamento de sedimentos etc., lançamentos de esgotos domésticos e efluentes industriais também tem grande contribuição na quantidade de sólidos na água.

A presença dos sólidos tem influência na cor e na turbidez dos corpos hídricos. Os sólidos em suspensão aumentam a turbidez da água, isto é, diminuem sua transparência.

O aumento da turbidez reduz as taxas de fotossíntese e prejudica a procura de alimento para algumas espécies, levando a desequilíbrios na cadeia alimentar. Sedimentos podem carregar pesticidas e outros tóxicos, e sua deposição no fundo de rios e lagos prejudica as espécies bentônicas e a reprodução de peixes. (BRAGA, 2005, p. 85).

Os sólidos em excesso alteram a cor e o sabor da água, podendo causar danos as tubulações de distribuição, excesso de sólidos na água configuram-se num problema grave as estações de tratamento de água, quando presentes em águas utilizadas para fins agrícolas (irrigação), podem ocasionar problemas de salinização do solo.

k)Óleos e Graxas

São compostos orgânicos de origem animal, vegetal, mineral ou de fabricação humana (sintética). Podem ser biodegradáveis ou não, quando não são chamados de recalcitrantes ou refratários. Segundo Braga (2005) o impacto produzido por compostos orgânicos desse tipo está associado a sua toxidade, e não ao consumo de oxigênio utilizado para sua decomposição.

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l) Coliformes Totais e Termotolerantes

Segundo Libâneo (2005), o grupo coliforme de bactérias tem sua origem no trato intestinal de animais de sangue quente, servindo, pois como indicador de contaminação por fezes. Segundo o autor supracitado as bactérias do grupo coliforme apresentam características variadas que explicam o constante uso desse indicador microbiológico de qualidade de água. Uma das características desse grupo de bactérias refere-se à quantidade eliminada por individuo diariamente (de 1/3 a 1/5 do peso das fezes). Vale salientar que segundo Tommasi (1976), diariamente cada pessoa elimina em média 200g de fezes.

A presença de coliformes totais está relacionada à ocorrência de agentes patógenos, congrega um grupo amplo de bactérias anaeróbias e aeróbias capazes de fermentar a lactose de 24 a 48 horas à temperatura de 35 a 37ºC. Em água bruta é possível encontrar protozoários e outros patógenos em sua presença (LIBÂNEO, 2005).

A presença de coliformes termotolerantes esta relacionada à ocorrência de coliformes do trato gastrointestinal. Segundo Libâneo (2005) este grupo engloba bactérias do grupo Escherichia e, em menor quantidade Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter. De acordo com o mesmo autor estes gêneros encontram-se entre 3% e 4% nas fezes humanas e 3% a 8% nas fezes de animais.

2.5 PROPRIEDADES E FUNÇÕES DA ÁGUA

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Propriedades Funções

Ótimo solvente Transporte de nutrientes possibilitando processos biológicos no meio aquoso. Constante dielétrica maior que os outros

líquidos

Alta solubilidade de espécies iônicas e ionização em solução.

Alta tensão superficial Controle de fatores fisiológicos e de fenômenos de superfície me gotas.

Transparência em comprimentos de onda nas regiões do visível e em parte do ultravioleta

É incolor e permite incidência de luz necessária para a ocorrência de processos fotossintéticos abaixo da superfície dos corpos d'água.

Densidade máxima com liquido a 4°C Flutuação do gelo e circulação vertical de nutrientes na coluna d'água.

Alto calor de evaporação Controla a transferência de espécies.

Alto calor latente de fusão Estabilização de temperatura no ponto de congelamento.

Alta capacidade calorífica Estabilização da temperatura de organismos vivos.

QUADRO 1 - Importantes propriedades da água e suas respectivas funções no transporte de espécies entre os compartimentos litosfera, hidrosfera e atmosfera, durante o ciclo hidrológico

Fonte: ROCHA, 2009, p. 52

As propriedades da água lhe conferem características que a distinguem dos outros líquidos. Com tantas propriedades e tantos usos e funções, a água pode ser considerada a próxima commodity, assim como ocorreu com o petróleo no passado (ROCHA, 2009).

2.6 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

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As causas da poluição e contaminação dos recursos hídricos são inúmeras, sendo as principais o aumento populacional, a urbanização, práticas agrícolas inadequadas e sem dúvida a industrialização, que está intrínseca ao crescimento urbano e as modificações do campo.

a) Poluição e Contaminação

Segundo Rocha (2009), entende-se por poluição da água “a alteração de alguma qualidade ambiental a qual a comunidade exposta é incapaz de neutralizar os efeitos negativos, sendo algum tipo de risco identificado.” (ROCHA, 2009, p.52). Já para Libâneo (2005, p. 71) “seria toda alteração produzida no meio aquático.” Braga (2005) entende por poluição da água, a alteração das características da mesma, por qualquer ação ou interferência, seja ela antrópica ou natural.

Definido o conceito de poluição, pode-se assim diferenciar poluição de contaminação, pois por vezes estas expressões são usadas como sinônimos, e, no entanto não são. Por contaminação, segundo Braga (2005), entende-se a transmissão de organismos e/ou substâncias, nocivas a saúde do homem por meio da água. Para Rocha (2009, p. 52), “a contaminação ocorre quando alguma substância estranha ao meio está presente.” A ocorrência da contaminação está intimamente ligada a alguma ação antrópica, que resultou de algum tipo de poluição. Para Libâneo (2005), quando as alterações ao meio colocam em risco a saúde humana ou da biota, a poluição passa a se denominar contaminação.

b)Tipos e fontes de emissões de poluentes

As fontes de poluição podem variar bastante, podendo ocorrer em pontos bem definidos, bem como ocorrer em pontos indefinidos, acontecendo sem um padrão, sem uma constancia no mesmo lugar. De acordo com Braga (2005), seus efeitos também são diversos variando de acordo com a origem do poluente, o caminho que esse poluente faz e o uso que se faz da água deste corpo. As fontes de poluição podem ser classificadas da seguinte maneira:

Fontes pontuais: Estas podem ser descritas como sendo a derivada de derramamentos

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industriais etc. “As cargas pontuais são facilmente identificadas e, portanto, seu controle é mais eficiente e mais rápido.” (BRAGA, 2005, p.82).

Fontes não-pontuais: Efluentes advindos de práticas agrícolas inadequadas, deposição

atmosféricas, trabalhos de construção, enxurradas em solos, drenagem urbana etc. “As cargas não pontuais também podem ser chamadas de difusas, assim chamadas por não terem um ponto de lançamento especifico e por ocorrerem ao longo da margem dos rios.” (BRAGA, 2005, p. 82). As cargas poluidoras de fontes não-pontuais podem variar espacial e temporalmente de forma significativa.

Fontes lineares: enxurradas em autoestradas.

Rocha (2009) relata que as emissões podem ser contínuas e descontínuas. As emissões contínuas caracterizam-se por serem praticamente constantes por um longo período de tempo, podendo ser o despejo de efluentes de estações de tratamento, indústrias, etc. Já as descontínuas, apresentam uma significativa variação temporal, de volume e de concentração. Manaham (1994 apud MENDONÇA, 2009), explica que a quantidade exata de fontes poluidoras das quais os poluentes podem atingir os sistemas hídricos é muito grande, mas, por simplicidade e conveniência, elas podem ser classificadas em duas categorias, ou seja, urbanização e industrialização e, agricultura e florestas.

c) Principais tipos de poluentes

De acordo com Braga (2005), os poluentes aquáticos são classificados pela sua natureza e impactos causados pelo seu lançamento no corpo hídrico. Os principais poluentes aquáticos são: de origem orgânica (biodegradáveis e recalcitrantes), metais, nutrientes, organismos patogênicos, sólidos em suspensão, calor e radioatividade.

Poluição de origem orgânica: Rocha (2009) relata que mesmo que em pequenas

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(2005), a presença de matéria orgânica biodegradável na água pode causar a destruição dos seres aeróbios, em virtude do consumo de oxigênio dissolvido pelos organismos decompositores. Os poluentes recalcitrantes ou refratários são compostos que não podem servir de alimento aos seres vivos e/ou tem uma decomposição muito lenta, ou seja, não são decompostos biologicamente. Rocha (2009) explica que quando se trata de poluição da água, o que interessa são as substancias tensoativas, ou, detergentes sintéticos. Segundo Braga (2005) estas substâncias são muito mais perigosas aos peixes que para os homens, esta causa transtornos com a geração de espuma, bem como com a criação de uma película na superfície da água impedindo a troca de gases com o meio. Além dos detergentes também se tem como exemplo destes compostos recalcitrantes ou refratários, os defensivos agrícolas e o petróleo.

Metais: Os produtos químicos desempenham uma importante função nos setores

econômicos do mundo atual. Entretanto, a sua utilização está associada a liberação contínua destes compostos na natureza, sendo os metais compostos de bioacumulação, sendo de difícil detecção na maioria das vezes. Um exemplo de transtorno gerado pela presença de metais é o caso da Baía de Minamata no Japão, que causou uma doença chamada mal de Minamata causada pela presença de compostos de mercúrio, causando problemas a população (deformações genéticas), mortes de pessoas e peixes.

Nutrientes: os nutrientes chegam a água através da erosão dos solos, pois quando ocorre a

chuva esta leva o material do solo para os corpos hídricos, levando também sais de fósforo e nitrogênio principalmente. Estes compostos podem levar ao crescimento excessivo de alguns organismos aquáticos, prejudicando alguns usos dos recursos hídricos.

Organismos patogênicos: A história relata inúmeros casos de epidemias causadas pelas

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saúde do homem. Segundo Braga (2005) as classes de organismos nocivos ao homem mais comuns e as patologias causadas por eles são: as bactérias, que são responsáveis pela transmissão de doenças como a cólera, a febre tifóide, leptospirose etc.; os vírus, que transmitem doenças como a hepatite e a poliomielite; os protozoários, que transmitem doenças como amebíase e giardíase; os helmintos, que são responsáveis por doenças como a esquistossomose e a ascaridíase.

Calor: a temperatura da água é responsável por fatores, químicos, físicos e biológicos.

Influi na densidade, na capacidade de solução dos gases, no desenvolvimento da fauna microbiológica (fitoplâncton) e afeta o metabolismo dos demais seres aquáticos. Braga (2005) relata que efluentes com temperaturas elevadas são gerados comumente por usinas termelétricas.

2.6.1 Saneamento

Saneamento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem estar físico, mental ou social.” Para Kobiyama (2008) saneamento é o conjunto de medidas que objetivam níveis crescentes de salubridade e suas condições resultantes. Além disso, especifica os quatro conjuntos de serviços públicos que o constituem: abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais. Contudo, não se deve deter-se apenas a essas atividades, se necessárias outras

ações devem ser desenvolvidas para que se tenha êxito na busca pela manutenção do bem-estar da população.

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de esgoto, que segundo Dacach (1991) o Tratamento Primário inclui o Tratamento Preliminar1 e remove por ação física uma parte a mais das partículas em suspensão no esgoto, o esgoto passa por uma caixa de areia onde escoa numa velocidade lenta, onde o resultado é a decantação do restante das partículas no fundo, partículas estas que constituem o lodo. As outras partículas cristalizam-se se transformando em matéria inorgânica, cristalizando-se e se transformando em gás e outras vão à superfície na forma líquida.

O sistema de esgotamento primário e individual (cada domicílio possui sua fossa séptica) ou o tratamento estático de esgoto constitui-se num sistema barato e eficaz para pequenas comunidades, “Este modelo de esgotamento sanitário é particularmente adequado para o atendimento de pequenas e médias comunidades.” (CRESPO, 1997, p. 103).

Tratado também como um problema cultural, o esgoto a céu aberto e o seu lançamento in natura nos rios é um problema cultural que abrange saúde pública e educação ambiental. Infelizmente o saneamento ainda não é considerado pelos gestores públicos como uma necessidade básica, ficando em segundo plano, e, com isso, trazendo danos terríveis a população.

A necessidade de saneamento, principalmente no que se refere ao esgotamento sanitário - diferentemente da água, luz, pavimentação - não se apresentava como uma demanda social. (LOBO, 2003, p. 29).

No Brasil percebe-se claramente a problemática do esgoto a céu aberto e da disposição inadequada do lixo algumas vezes como problema cultural, através das interações entre os problemas de poluição ambiental causados por eles, pois os problemas ambientais muitas vezes derivam práticas sociais inadequadas, ou problemas sociais que, por sua vez, derivam de problemas econômicos,

[...] em cidades como as brasileiras, uma interação entre problemas sociais e impactos ambientais de tal maneira que vários problemas ambientais, que irão causar tragédias sociais... têm origem em problemas sociais ou são pelo menos agravados por eles. (SOUZA, 2005, p.84).

A existência do saneamento pressupõe, a um adequado gerenciamento dos recursos hídricos, bem como a manutenção do bem-estar da fauna, flora e seres humanos no ambiente. Pois estas ações influenciam diretamente na qualidade e quantidade dos recursos hídricos. Segundo Kobiyama (2008), a função da engenharia de recursos hídricos é buscar as soluções

1 Tratamento Preliminar: Segundo Dacach (1991), é a retirada do material grosseiro por ação física bem como

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pertinentes para manter a qualidade e a quantidade necessária à manutenção das necessidades de uso da água.

A raiz do problema da falta de saneamento básico como um risco ambiental e de saúde pública, vem do modelo urbanístico brasileiro que possui a cidade legal e a cidade “ilegal”, como relata Carlos (2005) em A CIDADE, ou aquela que é aparte dos limites das cidades, sem qualquer planejamento, despejando esgotos in natura nos cursos de água, poluindo o meio ambiente.

Para Braga (2005), “esgoto é o termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos da água, como o doméstico, comercial, industrial, agrícola, em estabelecimentos públicos ou outros” (BRAGA, 2005, p. 119). Pode-se afirmar que é todo resíduo líquido gerado por atividades antrópicas, seja para fins econômicos ou não, sendo resultadodas diversas modalidades do uso e da origem das águas.

As mais importantes fontes de matéria orgânica para águas superficiais são os efluentes de origem doméstica e industrial. Os de origem domiciliar podem ser lançados na rede coletora pública ou águas de infiltração. O efluente industrial é aquele gerado por processos industriais, tendo características específicas de acordo com o tipo de atividade industrial desenvolvida. Quando lançados em rede coletora pública, deve manter padrões específicos determinados por norma/lei.

Os esgotos de origem doméstica, são considerados como os mais significativos na composição do esgoto sanitário, são oriundos principalmente das residências, construções públicas e privadas que contenham banheiros, lavanderias e cozinhas, este também tem composição definida de acordo com os usos e costumes da população, sendo basicamente compostos por águas servidas em geral (banho e lavagem), urina, fezes, restos de comida, sabões, detergentes etc.

Os dejetos provenientes do esgoto doméstico são compostos de matéria orgânica e, 99,9% de água, porém, água altamente contaminada, que não podem ser utilizados em substituição da água natural devido as suas impurezas. (DACASCH, 1991).

O esgoto é repelente pela qualidade e não pela quantidade de suas impurezas. Tanto assim que seu teor médio de substancias em suspensão, estado coloidal e dissolução é cerca de 50 vezes menor que o teor médio de sais existentes na água do mar. (DACACH, 1991, p. 11)

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algum tipo de tratamento, tendo seu lançamento condicionado aos padrões regidos por esta norma.

2.6.3 Meio ambiente

Outro conceito importante para uma melhor compreensão do exposto no trabalho é a de meio ambiente. A discussão a cerca desta expressão vem se tornando uma constante na academia, pois desde a primeira conferência das nações unidas para o Meio Ambiente em 1972 em Estocolmo, tem se pensado na dicotomia que esta expressão representa, separando o homem do meio ambiente, tratando a natureza como se o homem estivesse separado dela, como se homem e natureza fosse componentes distintos do meio, constituindo assim a expressão meio ambiente. Para Branco (1987) meio ambiente ou ambiente ecológico pode ser definido como conjunto de elementos e fatores imprescindíveis a vida, como fatores externos e internos, responsáveis pelo bem-estar dos seres vivos e o seu desenvolvimento.

Segundo a Lei 6.938/81 no seu Art. 3º inciso I, meio ambiente pode ser definido como, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Para Velasco (2002, p. 38), meio ambiente pode ser definido como,

[...] o conjunto dos processos abióticos e bióticos existentes na Terra passÍveis de influência da ação humana. ‘Meio ambiente’ é o espaço-tempo histórico ocupado

pelos entes no qual transcorre a vida dos seres humanos.

Não há como separar homem e natureza, pois o homem é parte do ambiente natural. Ele constrói e modifica o ambiente natural, interfere na fauna e flora e, conseqüentemente, na sua própria vida. Ele modifica a natureza com o intuito de atender as suas necessidades básicas, ele influencia na natureza e é influenciado por ela, ou seja, está integrado a ela.

2.6.4 Saneamento e Saúde

A relação entre saúde e saneamento está altamente interligada, pois o destino final dos esgotos é fator primordial na saúde da população. O destino que se dá aos resíduos gerados por qualquer população reflete a sua saúde, pois se tratados devidamente mostram um ambiente saudável, e se não tratados mostram um ambiente insalubre.

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gerados certos inconvenientes, como por exemplo, desprendimento de maus odores, o sabor estranho na água potável, mortandade de peixes e outros. A saúde pública pode ser ameaçada pela contaminação das águas de abastecimento, dos balneários e dos gêneros alimentícios. O cólera, a febre tifóide, a disenteria e a hepatite infecciosa podem ser disseminados por veiculação hídrica. A finalidade do tratamento dos despejos é manter os corpos de água livres de inconveniente desse gênero. (IMHOFF; IMHOFF, 1998, p. 1).

Obviamente o saneamento influencia na qualidade de vida de uma população, pois a destinação inadequada de efluentes e resíduos sólidos tem como conseqüência a proliferação de vetores responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças como diarréias, febre tifóide, leptospirose, amebíases, entre outras. Algumas das doenças de veiculação hídrica, causadas pela falta de saneamento, podem ser verificadas no Quadro 2.

Doença Agente causador Forma de contágio

Amebíase ou disenteria

amebiana Protozoário

Entamoeba histolytica Ingestão de água ou alimentos contaminados por cistos Ascaridíase ou

lombriga Nematóide Ascaris lumbricóides Ingestão de agua ou alimentos contaminados por ovos

Ancilostomose Ovo de Necator americanus e do Ancylostoma duodenale

A larva penetra na pele (pés descalços) ou ovos pelas mãos

sujas em contato com a boca Cólera Bactéria Vibrio cholerae Ingestão de água contaminada Disenteria bacilar Bactéria Shigellasp Ingestão de água, leite e

alimentos contaminados Esquistossomose Asquelminto Schistossoma mansoni Ingestão de água contaminada,

através da pele Febre amarela Vírus Flavivirussp Picada do mosquito Aedes

aegypti

Febre paratifóide Bactérias Salmonella paratyphi, S. schottmuelleri e S. hirshjedi

Ingestão de água e alimentos contaminados, e moscas também podem transmitir Febre tifóide Bactéria Salmonella typhi Ingestão de água e alimentos contaminados

Hepatite A Vírus da Hepatite A

Ingestão de alimentos contaminados, contato

fecal-oral

Doença Agente causador Forma de contágio

Malária Protozoário Plasmodium SSP Picada da fêmea do mosquito Anopheles SP

Peste bubônica Bactéria Yersinia pestis Picada de pulgas Poliomielite Vírus Enterovirus Contato fecal-oral, falta de higiene

Referências

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