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2.6 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

2.6.1 Saneamento

Saneamento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem estar físico, mental ou social.” Para Kobiyama (2008) saneamento é o conjunto de medidas que objetivam níveis crescentes de salubridade e suas condições resultantes. Além disso, especifica os quatro conjuntos de serviços públicos que o constituem: abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais. Contudo, não se deve deter-se apenas a essas atividades, se necessárias outras

ações devem ser desenvolvidas para que se tenha êxito na busca pela manutenção do bem- estar da população.

O conceito de saneamento empregado pela OMS, assim como Kobiyama (2008), pode ser considerado como adequado a realidade brasileira, visando o bem estar físico social e mental do homem, controlando os efeitos danosos à saúde humana que são causados pelo esgoto a céu aberto, lixo com destino inadequado e outros. No século XX, porém, um conceito mais abrangente de saneamento foi criado visando atender os princípios de desenvolvimento sustentável, este conceito difere-se do de saneamento básico apenas pelo seu caráter de síntese, aplicando as ações citadas acima também ao meio abiótico (ambiente), não só ao homem como se propõe o saneamento básico, que carrega consigo um caráter antropogênico. Na área de estudo, o tipo de saneamento predominante é o tratamento estático

de esgoto, que segundo Dacach (1991) o Tratamento Primário inclui o Tratamento Preliminar1 e remove por ação física uma parte a mais das partículas em suspensão no esgoto, o esgoto passa por uma caixa de areia onde escoa numa velocidade lenta, onde o resultado é a decantação do restante das partículas no fundo, partículas estas que constituem o lodo. As outras partículas cristalizam-se se transformando em matéria inorgânica, cristalizando-se e se transformando em gás e outras vão à superfície na forma líquida.

O sistema de esgotamento primário e individual (cada domicílio possui sua fossa séptica) ou o tratamento estático de esgoto constitui-se num sistema barato e eficaz para pequenas comunidades, “Este modelo de esgotamento sanitário é particularmente adequado para o atendimento de pequenas e médias comunidades.” (CRESPO, 1997, p. 103).

Tratado também como um problema cultural, o esgoto a céu aberto e o seu lançamento

in natura nos rios é um problema cultural que abrange saúde pública e educação ambiental.

Infelizmente o saneamento ainda não é considerado pelos gestores públicos como uma necessidade básica, ficando em segundo plano, e, com isso, trazendo danos terríveis a população.

A necessidade de saneamento, principalmente no que se refere ao esgotamento sanitário - diferentemente da água, luz, pavimentação - não se apresentava como uma demanda social. (LOBO, 2003, p. 29).

No Brasil percebe-se claramente a problemática do esgoto a céu aberto e da disposição inadequada do lixo algumas vezes como problema cultural, através das interações entre os problemas de poluição ambiental causados por eles, pois os problemas ambientais muitas vezes derivam práticas sociais inadequadas, ou problemas sociais que, por sua vez, derivam de problemas econômicos,

[...] em cidades como as brasileiras, uma interação entre problemas sociais e impactos ambientais de tal maneira que vários problemas ambientais, que irão causar tragédias sociais... têm origem em problemas sociais ou são pelo menos agravados por eles. (SOUZA, 2005, p.84).

A existência do saneamento pressupõe, a um adequado gerenciamento dos recursos hídricos, bem como a manutenção do bem-estar da fauna, flora e seres humanos no ambiente. Pois estas ações influenciam diretamente na qualidade e quantidade dos recursos hídricos. Segundo Kobiyama (2008), a função da engenharia de recursos hídricos é buscar as soluções

1 Tratamento Preliminar: Segundo Dacach (1991), é a retirada do material grosseiro por ação física bem como

pertinentes para manter a qualidade e a quantidade necessária à manutenção das necessidades de uso da água.

A raiz do problema da falta de saneamento básico como um risco ambiental e de saúde pública, vem do modelo urbanístico brasileiro que possui a cidade legal e a cidade “ilegal”, como relata Carlos (2005) em A CIDADE, ou aquela que é aparte dos limites das cidades, sem qualquer planejamento, despejando esgotos in natura nos cursos de água, poluindo o meio ambiente.

Para Braga (2005), “esgoto é o termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos da água, como o doméstico, comercial, industrial, agrícola, em estabelecimentos públicos ou outros” (BRAGA, 2005, p. 119). Pode-se afirmar que é todo resíduo líquido gerado por atividades antrópicas, seja para fins econômicos ou não, sendo resultado das diversas modalidades do uso e da origem das águas.

As mais importantes fontes de matéria orgânica para águas superficiais são os efluentes de origem doméstica e industrial. Os de origem domiciliar podem ser lançados na rede coletora pública ou águas de infiltração. O efluente industrial é aquele gerado por processos industriais, tendo características específicas de acordo com o tipo de atividade industrial desenvolvida. Quando lançados em rede coletora pública, deve manter padrões específicos determinados por norma/lei.

Os esgotos de origem doméstica, são considerados como os mais significativos na composição do esgoto sanitário, são oriundos principalmente das residências, construções públicas e privadas que contenham banheiros, lavanderias e cozinhas, este também tem composição definida de acordo com os usos e costumes da população, sendo basicamente compostos por águas servidas em geral (banho e lavagem), urina, fezes, restos de comida, sabões, detergentes etc.

Os dejetos provenientes do esgoto doméstico são compostos de matéria orgânica e, 99,9% de água, porém, água altamente contaminada, que não podem ser utilizados em substituição da água natural devido as suas impurezas. (DACASCH, 1991).

O esgoto é repelente pela qualidade e não pela quantidade de suas impurezas. Tanto assim que seu teor médio de substancias em suspensão, estado coloidal e dissolução é cerca de 50 vezes menor que o teor médio de sais existentes na água do mar. (DACACH, 1991, p. 11)

A Resolução CONAMA Nº 357 de 2005, diz que todo resíduo líquido originado de qualquer fonte poluidora antes de ser lançado em qualquer corpo hídrico, deve passar por

algum tipo de tratamento, tendo seu lançamento condicionado aos padrões regidos por esta norma.

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