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TRABALHANDO A ESTILÍSTICA COM GÊNERO TIRAS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

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Academic year: 2021

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TRABALHANDO A ESTILÍSTICA COM GÊNERO TIRAS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Elizangela da Luz Santana Otenio (G – UENP /câmpus Jac.) otenioelizangela@yahoo.com.br Ligiane Aparecida Bonacin (G – UENP /câmpus Jac.) ligi_bonacin@hotmail.com Luiz Antonio Xavier Dias (Orientador – UENP/câmpus Jac.)

Este artigo tem a finalidade de mostrar como o gênero HQ pode ser usado dentro do conteúdo da Estilística, para tanto, fazemos uma sugestão de como pode ser a sua aplicação em sala de aula, mostrando assim o poder de linguagem dos quadrinhos. Os objetivos em que se baseiam este trabalho são os de mostrar como as Histórias em quadrinhos podem ser transformadas em aulas interessantes dentro deste conteúdo específico da língua portuguesa.

A Estilística é o ramo da Linguística que estuda a expressividade da língua, bem como os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua. Por estilo, do grego StuloV, pelo latim stilu, ‘ponteiro’, entendia-se uma haste ou ponteiro de osso e metal que servia de instrumento à escrita dos povos antigos, normalmente na Grécia e Roma. Em sentido figurado, nos dia de hoje se define o estilo como a maneira ou o caráter especial de os artistas, de um modo geral, assinalarem seus trabalhos.

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pensamentos, através da palavra falada ou escrita,há inúmeras definições e explicações do fenômeno do estilo, Nilce Sant’Anna em seu livro Introdução a Estilística arrolou algumas definições de vários autores de diferentes nacionalidades, todos buscando definir a essência da Estilística que designa uma disciplina ligada a lingüística, e que passa a ter esta denominação no século XX ocupando o lugar da retórica, afirma Bechara (1999) que o estilo é a reunião de processos que fazem da língua representativa um meio de exteriorização psíquica e de apelo.

Em consonância com a opinião de Bechara (1999) temos a opinião de J. Mattoso Câmara Jr. (1977) ao definir Estilística como:

Disciplina linguística que estuda a expressão em seu sentido estrito de EXPRESSIVIDADE da linguagem, isto é, a sua capacidade de emocionar e sugestionar. Distingue-se, portanto, da gramática, que estuda as formas linguísticas na sua função de estabelecerem a compreensão na comunicação lingüística. A distinção entre a estilística e a gramática está assim em que a primeira considera a linguagem afetiva, ao passo que a segunda analisa a linguagem intelectiva. (CÂMARA JR, 1977, P. 110).

Para enfatizar sobre a diferença e não confundir estilística com a gramática, vamos condensar as palavras de Charles Bally, o que caracteriza o estilo não é a oposição entre o individual e o coletivo, porém o contraste entre o emocional e o intelectivo. “É nesse sentido, prossegue o Professor E. Bechara, que diferem Estilística (que estuda a língua afetiva) e Gramática (que trabalha no campo da língua intelectiva)”. A estilística é, assim, todo o aparato afetivo e emocional que caracteriza a expressividade do autor.

As figuras de linguagem

Reconhecer que a linguagem não tem uma existência em si, sendo essencialmente uma atividade humana, é reconhecer também nosso poder sobre a linguagem e a nossa capacidade e habilidade para manipulá-la em função de objetivos específicos: para manipulá-la em

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função de objetivos específicos: para comunicar-nos, sem dúvida; mas também para expressar emoções, para impressionar, para persuadir, para produzir, enfim, uma gama de variados efeitos de sentindo.

Quando manipulamos a linguagem em busca de uma maior expressividade, podemos fazê-lo em três níveis: no nível das palavras (em que se faz a escolha dos itens lexicais que compõem os enunciados), no nível da sintaxe (em que se estabelece a ordem das palavras nos enunciados) ou no nível do pensamento (em que se estabelecem as relações de sentido entre as formas da língua e seu objetivo de referência no mundo).Charles Bally chama a estilística simplesmente de “categorias expressivas”.

Acompanhando este raciocínio iremos usar neste artigo um gênero textual também bastante expressivo as história em quadrinhos e tiras de histórias em quadrinhos, um gênero que vem sido muito explorado, como sendo uma alternativa agradável a ser aplicada em sala de aula. o estudo da HQ como recurso didático, e como o emprego da HQ consta na LDB {(Lei de Diretrizes e Bases) nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais-sugestões de mudança dos Conteúdos Programáticos das disciplinas de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, apresentada em 1997 pelo MEC)} com o argumento que, devido a associarem imagem com texto, as HQs auxiliariam a aprendizagem ajudando a motivar a leitura e criatividade do aluno, além de servirem como recurso visual de apoio ao ensino de virtualmente qualquer disciplina.

Segundo Serpa e Alencar, em pioneiro artigo sobre HQ em sala de aula na Revista NOVA ESCOLA ano XIII, n.111, abril de 1998, p.11, em uma pesquisa realizada sobre hábitos de leitura de alunos, 100% (Cem por cento, TODOS os alunos) afirmaram que o que mais gostavam de ler eram os quadrinhos, pesquisa que vem confirmar o que todo professor conhece na prática da sala de aula: a sedução e o prazer espontâneo da leitura da HQ pelos alunos. Tendo em vista as vantagens

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deste gênero textual sugerimos o ensino da estilística a partir de tiras e de história em quadrinhos.

A linguagem dos balões das HQ’s

Os balões, além de organizar as falas e nos dizer quem as recita na cena, podem também reforçar dramaticamente a narrativa pelo seu próprio desenho. Cada um tem a sua função. Os balões foram surgindo à medida que as HQ’s foram se aperfeiçoando.

Onomatopéia

Uma figura de linguagem muito usada nas HQ’s é as onomatopéias são palavras que imitam os sons das coisas. Exemplos,Bater de uma porta, telefone tocando, som de um apito, entre muitas outras.

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Ex.:Nhoc, nhoc! O som produzido pelo porco. Antítese

Consiste na utilização de expressões de sentido contrário para realçar as idéias. No primeiro quadrinho ocorre o emprego da das palavras gata e rata, que são expressões contrastantes.

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Outro exemplo de ideias que expressam contraste ou antítese.

Comparação ou símile

Trata-se da aproximação de elementos de universos diferentes, associados por meio de um conectivo (como, feito, tal qual, qual, assim como, tal etc.).Observe o exemplo:

No exemplo, um general compara a falta de uma guerra (algo para que os soldados são treinados e que lhes dá identidade) a uma jardim sem flores (o que defini um jardim são as flores...). Essa comparação equivaleria a dizer que, sem um guerra, o militar perde a razão de sua existência.

E podemos observar que a palavra “como” situada no terceiro quadrinho caracteriza a figura de linguagem.

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Metáfora

Quando se constrói uma metáfora, diz-se que houve uma transferência (a palavra grega metaphorá significa “transporte”) de um termo para um contexto de significação que não lhe é próprio. As metáforas baseiam-se em uma relação de similaridade (semelhança) que pressupõe um processo anterior de comparação. Pode-se dizer, portanto, que a comparação está na base da formação das metáforas. Veja:

Há três metáforas nesse texto. A primeira dela é João e Maria são o governo. Pressupõe-se, na formação dessa metáfora, a comparação prévia: “O governo é como João e Maria.” A partir dessa comparação, passa-se à identificação dos dois termos da comparação: “João e Maria = governo”. As duas metáforas seguintes atuam, na tirinha, para que o leitor compreenda o sentido da primeira. Assim, a verba para saúde e educação são as migalhas e os passarinhos [que bicam as migalhas] são aqueles políticos nos permitem compreender o que o autor da tirinha pretendeu dizer ao afirmar que João e Maria são os governos.

Todo o raciocínio comparativo se sustenta, nesse caso, na premissa de que as verbas oferecidas são insuficientes, e que a situação é ainda agravada pelo desvio de parte dessas verbas por políticos corruptos.

A construção e uso das metáforas é tão frequente na linguagem que há até quem afirme que através delas compreendemos o mundo.

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No primeiro quadrinho do exemplo abaixo ocorre uma metáfora onde diz: Você é um colírio para meus olhos.

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Metonímia

A metonímia ocorre quando se opta por utilizar uma palavra em lugar de outra, para designar algum objeto no mundo (em sentido amplo) que mantém uma relação de proximidade (contiguidade) com o objetivo designado pela palavra substituída.

A metonímia pode ocorrer quando usamos: a- o autor pela obra

Ex.: Nas horas vagas, lê Machado. (a obra de Machado) b- o continente pelo conteúdo

Ex.: Conseguiria comer toda a marmita.

Comeria a comida (conteúdo) e não a marmita (continente) c- a causa pelo efeito e vice-versa

Ex.: A falta de trabalho é a causa da desnutrição naquela comunidade. A fome gerada pela falta de trabalho que causa a desnutrição.

d- o lugar pelo produto feito no lugar

Ex.: O Porto é o mais vendido naquela loja. O nome da região onde o vinho é fabricado e- a parte pelo todo

Ex.: Deparei-me com dois lindos pezinhos chegando. Não eram apenas os pés, mas a pessoa como um todo. f- a matéria pelo objeto

Ex.: A porcelana chinesa é belíssima. Porcelana é a matéria dos objetos g- a marca pelo produto

Ex.: - Gostaria de um pacote de bombril, por favor. Bom Bril é a marca, o produto é esponja de lã de aço.

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h- concreto pelo abstrato e vice-versa

Ex.: Carlos é uma pessoa de bom coração

Coração (concreto) está no lugar de sentimentos (abstrato)

No segundo quadrinho podemos observar na fala da boneca que existe uma Metonímia, pois troca-se o continente pelo conteúdo: Ex.: “tenho muito mais cérebro que você!”mais capacidade de raciocínio (conteúdo) e não mais cérebro (continente) .

No primeiro quadrinho existe a troca do conteúdo pelo continente, pois temos medo de viajar dentro avião (conteúdo) e não medo de avião (continente). E vemos também no terceiro quadrinho a presença de outra figura de linguagem a Hiperbóle.

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É a figura de pensamento que consiste em usar uma palavra ou enunciado com um sentido que se distancia do literal (denotativo), adquirindo, no contexto, conotação de crítica, depreciação ou sátira. Consiste em expressar o contrário do que se pensa. È o que vemos no quadrinho no terceiro quadrinho da tira baixo, onde o personagem diz que “receava encontra-lo de mau humor!”

Assíndeto

Ausência da conjunção aditiva entre palavras da frase ou orações de um período. Essas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.

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Este artigo foi produzido com a finalidade de expor uma ideia prática e acessível de se ensinar estilística, e que pode ser aplicada em sala de aula dispondo de poucos recursos financeiros.

Ao aplicar as Histórias em Quadrinhos no ensino de figuras de linguagem podemos ter uma aula descontraída de bom rendimento sem fugir do conteúdo programático, e assim, pretendemos formar leitores competentes, que é o objetivo fundamental do ensino de língua portuguesa.

É importante, enfim, ressaltarmos que as ideias presentes nesse trabalho não se tratam de verdades absolutas ou sugestões impraticáveis. São apenas um instrumento de estímulo e auxílio nessa difícil e admirável tarefa do professor de formar leitores e, por isso, estão sujeitas a constantes e necessários aperfeiçoamentos.

Referências

ABAURRE. Maria Luiza et alii. Português língua e literatura. São Paulo: Editora Moderna Ltda. 2006.

BECHARA. Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 1999.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros

Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. (Português). Brasília: MEC/SEF.

CÂMARA JR. Joaquim Matôso. Dicionário de linguística e gramática. Rio de Janeiro: Vozes, 1977.

CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES. Thereza Cohar.

Português:linguagens, 5ª a 8ª série. 4 ed. São Paulo : Atual, 2006.

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. Disponível em:

<www.cartunista.com.br/prehistória.html> Acesso em: 20 – 08 -2009. SACCONI. Luiz Antonio. Novíssima gramática ilustrada Sacconi. São Paulo: Nova Geração, 2008.

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SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ - SEED.

Departamento de Ensino Fundamental. Coletânea de textos.Curitiba, 2.005; páginas 65-66.

TURMA DA MÔNICA. Disponível

em:<http://www.monica.com.br/comics/seriadas.htm> Acesso em: 15 – 08 – 2009.

Referências

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