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A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA MASTIGAÇÃO EM CRIANÇAS* The food influence in chewing in children ADRIANA MARQUES SILVA 1

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Academic year: 2021

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The food influence in chewing in children ADRIANA MARQUES SILVA 1

Especialização em Motricidade Oral pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC)

Rua T-62,1.191-74.223-180. Goiânia-GO Telefone (62) 281-5775 adrianamarques@brturbo.com

KÁTIA PATRÍCIA DA SILVA 1

Especialização em Motricidade Oral pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC)

RENATA CAROLINA DE PAULA SOARES OLIVEIRA 1

Especialização em Motricidade Oral pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC)

VICENTE JOSÉ ASSENCIO-FERREIRA 2

Doutor em Medicina (Neurologia) pela Universidade de São Paulo (USP) * INSTITUIÇÃO DE ORIGEM

CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica Rua Cayowaá, 664 CEP 05018-000 São Paulo –SP

Fone: 011 – 36751677 e-mail: cefac@cefac.br Site: www.cefac.br

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RESUMO

Objetivo: identificar em crianças, a relação existente entre a consistência dos alimentos ingeridos e o padrão mastigatório encontrado. Métodos: após avaliação odontológica com exclusão de crianças portadoras de cáries, doenças periodontais, contatos prematuros dentais e mordida cruzada, foram avaliadas 72 crianças de ambos os sexos, entre quatro e nove anos de idade, através de um questionário para os pais e de avaliação fonoaudiológica. Resultados: os dados fornecidos pelos pais mostraram que a maioria das crianças não possui preferência alimentar quanto à consistência. Foi encontrado na avaliação fonoaudiológica um percentual maior de mastigação bilateral com ritmo mastigatório normal e vedamento labial. As crianças em geral morderam pedaços de alimento de tamanho adequado. O único item avaliado que chamou a atenção foi quanto ao movimento mastigatório, pois encontramos 48 (66,67%) crianças com mastigação bilateral, que é a esperada, mas também encontramos 14 (19,44%) com mastigação unilateral e 10 (13,89%) ainda com amassamento. Conclusão: independente da consistência dos alimentos ingeridos habitualmente, o padrão mastigatório foi considerado normal.

DESCRITORES: Hábitos alimentares; Mastigação; Alimentos; Criança; Sistema estomatognático

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ABSTRACT

Purpose: to identify in children the relation between the food consistence and the masticatory pattern.Methods: after odontological evaluation it was excluded children with cavity, periodontal diseases, dental premature contacts and cross bite. After that, it was evaluated 72 children both gender, between 4 and 9 years old, through a

questionnaire given to the parents, and a speech-language pathologist evaluation. Results:the data supplied by the parents showed that the majority of the children don’t have food preferences in relation to the consistence. It was found in the

speech-language pathologist evaluation a bigger percentage of bilateral chewing with normal rhythm and close mouth. Children, in general, bite normal size of food. The only item that called our attention was the chewing movement, because we found 48 (66,67%) children with normal bilateral chewing, and 14 (19,44%) with unilateral chewing and 10 (13,89%) with smashing chewing movement. Conclusion: independent of the

ingested food the chewing pattern was considered normal.

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Introdução

A mastigação é a fase inicial do processo digestório começando na boca com a ingestão e degradação mecânica do alimento, degradação esta fundamental para que a deglutição ocorra satisfatoriamente. É uma das funções mais importantes e mais estudadas do sistema estomatognático (1-3) .

Ao longo dos anos, consistência alimentar vem sendo apontada por diversos autores como fator determinante no padrão mastigatório, interferências oclusais e assimetrias musculares (2-9).

O homem primitivo, assim como os esquimós que mastigam alimentos de consistência dura ou fibrosa, apresentam valores elevados de força mastigatória, executando uma função mastigatória mais eficiente (1,3).

A função mastigatória propicia a estabilidade da oclusão, o equilíbrio muscular e ósseo, sendo essencial na prevenção dos distúrbios miofuncionais, pois estimula a musculatura orofacial, contribuindo assim para harmonia facial (1-9).

Alguns indivíduos preferem alimentos umidificados e de consistência mais mole, pelo fato de não precisarem de trituração antes da deglutição. Deve-se estimular a criança pequena a mastigar alimentos duros com a finalidade de preparar a musculatura orofacial para os movimentos precisos e coordenados, necessários para a deglutição madura e para a fala (11).

O equilíbrio da função mastigatória é alcançado quando o alimento é alternado em ambos os lados da boca, intercalando assim, o período de trabalho e de repouso, com um número equivalente de ciclos mastigatórios. A presença de movimentos predominantemente unilaterais tem como conseqüência a assimetria funcional dos músculos e dos movimentos mandibulares (3,5,12).

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Crianças com cáries e perdas dentárias podem diminuir a ingestão e a mastigação de alimentos que exigem corte e trituração, influenciando na atividade da musculatura orofacial (5).

Em pesquisa realizada com fonoaudiólogos verificou-se que o tono é o aspecto mais prejudicado pela consistência alimentar pastosa, levando a acreditar que problemas de tono e consistência alimentar mais mole podem estar relacionados, sendo encontrados dados como boca aberta, língua entre as arcadas e ceceio anterior

(7).

Ratos brancos da linhagem wistar, foram selecionados e divididos em um grupo com ingestão de dieta sólida e o outro com ingestão de dieta pastosa por um período de quatorze meses; neste experimento não foi observado diferenças na quantidade de fibras do músculo masseter (músculo mastigatório), quando submetidos a dieta pastosa ou líquida (13).

Os padrões de alimentação sofrem modificações no decorrer do tempo, e uma série de fatores podem estar incidindo sobre estas transformações. Pesquisa feita com um grupo de crianças consideradas normais de acordo com critérios fonoaudiológicos, demonstrou que seus hábitos alimentares não diferem das crianças com preferências alimentares inadequadas do ponto de vista fonoaudiológico (7).

O propósito desta pesquisa foi verificar, em crianças, se a consistência do alimento ingerida, influencia no padrão mastigatório.

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MÉTODOS

A amostra deste estudo foi composta por 72 crianças, de ambos os sexos, com idade variando entre 4 e 9 anos, cursando jardim I e II e pré-alfabetização e primeira série em escolas particulares da cidade de Goiânia-Goiás, região Centro-Oeste do Brasil no período de setembro/2002 a fevereiro de 2003.

A princípio foi enviado um material informativo aos pais a respeito dos objetivos e procedimentos do estudo, acompanhado de um pedido de autorização para inclusão de seus filhos nesta pesquisa.

Foram excluídas da amostra, crianças que apresentaram contatos prematuros dentais, mordida cruzada, doenças periodontais e cáries, em avaliação odontotógica prévia.

Inicialmente, foi solicitado aos pais das crianças selecionadas que respondessem a um questionário especificamente elaborado, fornecendo dados sobre a alimentação e a mastigação destas crianças.

Em seguida, as crianças passaram por uma avaliação fonoaudiológica durante a qual foi solicitada a mastigação de pão francês. Este alimento foi escolhido por ser um alimento conhecido e de fácil aceitação. Durante a mastigação foi feita palpação do músculo masseter de ambos os lados para a verificação da contração. Após a deglutição do bolo alimentar verificamos a existência ou não de resíduos alimentares na cavidade oral.

Os resultados obtidos nas observações e aplicação de questionários permitiram analisar nas crianças pesquisadas, os seguintes pontos: preferência alimentar, sem

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preferência, preferência por consistência mole ou preferência por consistência dura; tamanho do alimento, adequado, pequeno ou grande; posicionamento dos lábios, boca aberta ou boca fechada; ritmo mastigatório, normal, rápido ou devagar e movimentos mastigatórios, bilaterais, unilaterais ou amassamento.

Ética: esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica com o nº 082/02, tendo sido considerada de baixo risco e com necessidade do consentimento livre e esclarecido.

Estatística: Utilizou-se método descritivo e média ponderada

RESULTADOS

Os dados referentes à preferência alimentar, que foram obtidos através dos questionários respondidos pelos pais, indicam que 72,22% das crianças (52 em 72) não apresentaram preferência quanto à consistência do alimento. Das que apresentaram preferência, 15,28% (11 em 72) tiveram preferência por alimentos moles e 12,50% (9 em 72) por alimentos duros (tabela1).

Com relação ao tamanho do alimento, posicionamento dos lábios, ritmo e movimentos mastigatórios, obtivemos os seguintes resultados:

Do total de crianças avaliadas 63,89% (46 em 72), morderam um pedaço de pão considerado de tamanho adequado, 12,50% (9 em 72) morderam pedaços de tamanho pequeno e 23,61% (17 em 72) pedaços de tamanho grande.

Quanto ao posicionamento dos lábios observamos que 75% (54 em 72) realizaram a mastigação com a boca fechada, enquanto que 25% (18 em 72) com a boca aberta.

(8)

Foi possível observar também que 59,72% (43 em 72) das crianças apresentaram ritmo normal de mastigação; 23,61% (17 em 72) ritmo lento e 16,67% (12 em 72) ritmo rápido.

Com relação aos movimentos mastigatórios, pudemos observar que 66,67% (48 em 72) apresentaram movimento bilateral, 19,44% (14 em 72) unilateral e em 13,89% (10 em 72) movimentos de amassamento.

Os resultados referentes ao tamanho do alimento, posicionamento dos lábios, ritmo e movimentos mastigatórios, encontram-se na tabela 2.

DISCUSSÃO

A intenção desta pesquisa foi a de identificar o movimento mastigatório em uma população considerada normal confrontando com a consistência do alimento ingerido. As crianças foram escolhidas nessa faixa etária por estarem no primeiro surto de crescimento craniofacial (14).

O resultado obtido na análise do questionário aplicado aos pais sobre as preferências alimentares de seus filhos, observado na tabela 1 demonstrou que, 72,22% das crianças avaliadas não apresentou preferência quanto à consistência do alimento. Na avaliação fonoaudiológica específica da mastigação, observamos que a maioria realizou a mastigação dentro dos padrões considerados adequados a esta função. Quanto ao movimento mastigatório especificamente, encontramos 48 (66,67%) de crianças com mastigação bilateral, que é a esperada, mas também encontramos 14 (19,44%) com mastigação unilateral e 10 (13,89%) ainda com

(9)

amassamento. A preferência alimentar isoladamente não é responsável pelas alterações miofuncionais, uma vez que a maturação do sistema mastigatório é um processo em que ocorrem mudanças que acontecem em um longo período (14).

Na época de completar a primeira dentição da criança, as relações mastigatórias se aproximam daquilo que seria o ideal, uma vez que o osso, o dente e o músculo ainda mostram características de adaptabilidade do desenvolvimento(12) .

Em pesquisa realizada em ratos, observou-se que a consistência da dieta isoladamente não afeta de maneira relevante o crescimento, tanto do processo craniofacial, como dos arcos dentários (15).

Foi observado na avaliação da função mastigatória o tamanho do alimento e o vedamento labial. O vedamento labial esteve presente em 75% das crianças, e observamos que estes 25% que mantiveram a boca aberta durante a mastigação, foram as crianças que colocaram pedaços grandes de alimento na boca para serem mastigados. Quanto maior o volume do alimento, maior será o abaixamento mandibular e o esforço para manter os lábios selados (5).

Uma mastigação equilibrada deve produzir estímulos alternados nas diversas estruturas que compõem o sistema estomatognático (3).

O padrão bilateral alternado distribui a força mastigatória, alternando períodos de trabalho e repouso musculares e articulares levando a harmonia e equilíbrio muscular e funcional (3).

Apesar das crianças portadoras de doenças periondontais, cáries, contatos prematuros e mordida cruzada, terem sido excluídas da pesquisa, uma vez que estas condições podem levar ao movimento mastigatório unilateral, constatamos que um número significativo de movimentos mastigatórios inadequados (amassamento e

(10)

movimento unilateral), ocorreu. Isto nos leva a crer que a criança em seu processo de maturação do sistema mastigatório, que ocorre em um longo período de tempo, sofre constantes alterações na cavidade oral, o que pode levar a adaptações no decorrer deste processo de desenvolvimento (3,16).

CONCLUSÃO

A maior parte das crianças pesquisadas apresenta mastigação normal e não observamos relação entre a consistência alimentar e as poucas alterações mastigatórias encontradas neste grupo.

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Referências

1. Douglas CR. Fisiologia do ato mastigatório. In: Patofisiologia oral: fisiologia normal e patológica aplicada a odontologia e fonoaudiologia. São Paulo: Pancast; 1988. p. 245-72.

2. Tanigute CC. Desenvolvimento das funções estomatognáticas. In: Marchesan IQ. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. p.1-6.

3. Bianchini EMG. Mastigação e ATM: avaliação e terapia. In: Marchesan IQ. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara–Koogan; 1998. p.37-49.

4. Junqueira P. Amamentação, hábitos orais e mastigação: orientações, cuidados e dicas. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. 26p.

5. Felício CN. Sistema estomatognático e funções. In: Fonoaudiologia aplicada a casos odontológicos motricidade oral e audiologia. São Paulo: Pancast; 1999. p.23-35.

6. Junqueira P. Avaliação miofuncional. In: Marchesan IQ. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. p.13-8.

7. Marchesan I. Uma visão compreensiva das práticas fonoaudiológicas: a

influência da alimentação no crescimento e desenvolvimento crânio-facial e nas alterações miofuncionais. São Paulo: Pancast; 1998. 238p.

8. Soncini F, Dornelles S, Meurer E, Teixeira SB. Perfil de crianças de 4 anos em relação ao padrão alimentar, hábitos orais nocivos e função mastigatória. In: Marchesan IQ, Zorzi Jl. Tópicos em fonoaudiologia 2002/2003. Rio de Janeiro: Revinter; 2003. p.209-19.

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9. Gonzáles NZT, Lopes LD. Fonoaudiologia e ortopedia maxilar na reabilitação orofacial. São Paulo: Santos; 2000. 121p.

10. Carvalho GD. S.VerS Respirador bucal: uma visão funcional e clínica da amamentação. São Paulo: Lovise; 2003, 286p.

11. Altmann EBC, Ramos ALNF, Khoury RBF. Avaliação fonoaudiológica. In: Altmann EBC. Fissuras labiopalatinas. Carapicuíba: Pró-fono; 1997. p.325-66. 12. Amaral DB. Mastigação unilateral x oclusão normal: um estudo sobre sua

ocorrência em crianças de 4 a 5 anos. Ver CEFAC 2000; 2(2):23-30.

13. Tanigute CC, Sabóia-Morais SMT, Chaves CBS, Sousa CP. Comportamento morfológico do músculo masseter de ratos wistar submetidos à dieta pastosa. Fonoaudiol Bras 2002;2(2):27-30.

14. Oyen OJ. A função mastigatória e o crescimento e desenvolvimento facial. In: Enlow DH. Crescimento facial. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993. p.281-90. 15. Maltagliati AMA. Contribuição ao estudo da influência da consistência da

alimentação no crescimento craniofacial [monografia]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Odontologia; 1994.

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Tabela 1 – Preferência de consistência alimentar de acordo com questionário respondido pelos pais

Preferência alimentar N % Com preferência Mole 11 15,28 Dura 9 12,50 Sem preferência 52 72,22 Total 72 100

Tabela 2 – Padrão mastigatório

Padrão mastigatório N % Tamanho do alimento Adequado 46 63,89 Pequeno 09 12,50 Grande 17 23,61 Total 72 100

Posicionamento dos lábios

Abertos 18 25 Fechados 54 75 Total 72 100 Ritmo mastigatório Normal 43 59,62 Rápido 12 16,67 Lento 17 23,61 Total 72 100 Movimentos mastigatórios Bilateral 48 66,67 Unilateral 14 19,44 Amassamento 10 13,89 Total 72 100

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Referências

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