Pregão Presencial nº 0018/2017 – Processo Administrativo Nº 001.112/2017 Objeto de licitação: “Prestação de serviços médicos”.
Ao Senhor Presidente da FUSAME
Senhor Coordenador, ASSOCIAÇÃO PLURAL
apresentou recurso hierárquico contra a decisão do Pregoeiro da FUSAME que houve por bem dar parcial provimento ao recurso administrativo apresentado por
HYGEA GESTÃO & SAÚDE LTDA., que, em síntese, reconheceu sua
capacidade técnica, em especial, quanto à especialidade ortopedia.
A irresignação foi apresentada ao protocolo tempestivamente, logo, deve ser conhecida e julgada. Em suas razões, pretende
(i) obter efeito suspensivo ao trâmite do expediente; (ii) que seja reconhecida a
decadência do direito ao recurso manifestado pela HYGEA; (iii) refere sobre violação aos princípios que informam o procedimento licitatório, tais como, isonomia, vinculação ao instrumento convocatório, segurança jurídica e legalidade.
Cientificados acerca do recurso apresentado por PLURAL, apenas HYGEA apresentou contrariedade, ponderando que (i) não caberia conceder novo prazo para recurso; (ii) inexistência de decadência ao direito de recorrer; (iii) que houve por parte de PLURAL supervalorização do princípio da vinculação ao instrumento convocatório e que deve haver ponderação.
Inicialmente, destaco que ASSOCIAÇÃO PLURAL ponderou sobre a falsidade de documentos, mas essa é uma questão que escapa à
competência da FUSAME, sendo certo que cabe aquele que referiu sobre a falsidade levar o caso ao conhecimento da Autoridade Competente para investigar, tanto o aspecto formal do documento, quanto seu conteúdo. O ordenamento jurídico parte do pressuposto de que há na conduta boa-fé e probidade, logo, àquele que refere sobre a imprestabilidade de documentos, seja pela falsidade material, seja ideológica, deve, necessariamente, instar a Autoridade Competente para que investigue a existência de autoria e materialidade delitiva. Com essas considerações e, sobretudo, pela inexistência de competência para aprofundar investigação sobre o fato, é o caso de não conhecer de tais alegações.
Sobre a pretensão de atribuir efeito suspensivo ao recurso hierárquico apresentado por PLURAL tenho não ser necessário tal efeito, eis que se optou por seguir um trâmite processual centrado na ritualística, aguardando o decurso dos prazos procedimentais para que o processo licitatório evolua para a próxima fase do certame, o que assegura a todos os licitantes, garantias relativas à ampla defesa e contraditório.
HYGEA insurgiu-se ao prazo de 03 (três) dias
oportunizado à PLURAL para, querendo, recorrer contra o parcial provimento de
HYGEA, mas tanto no âmbito dos processos judiciais, quanto administrativos,
onde se encontra o procedimento de licitação, é assegurada a garantia fundamental de primeira dimensão, inclusive, para que o particular possa se insurgir contra as decisões, em especial, administrativas, que lhe sejam prejudiciais, destacando o teor o inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal e que, mesmo que seja inexistente previsão legal sobre a apresentação de recurso contra recurso, a fim de que referida garantia seja prestigiada, era de rigor assegurar à PLURAL o mesmo prazo recursal concedido à HYGEA para
impugnar a decisão administrativa que lhe desfavoreceu; ainda, o item 7.1., garante a todos os licitantes a oportunidade de um recurso, o que permite concluir que o prazo assegurado pela FUSAME à PLURAL não ofende qualquer norma jurídica, tampouco cria direito. Nesse particular, a fim de que seja preservada a higidez do processo, é o caso de remeter o expediente ao julgamento direto pela Autoridade Superior, eis que impor ao Pregoeiro rever sua própria decisão, resultaria, inclusive, possível violação ao processo devido, sob o aspecto substancial, logo, o julgamento deve ser promovido diretamente pelo Presidente da FUSAME.
Em preliminar, PLURAL, apontou a decadência do direito de HYGEA apresentar suas razões recursais, eis que ao manifestar interesse recursal no momento oportuno, deixou de fundamentar seu recurso. O item 7.2. do Edital, que menciona o momento em que o recurso deve ser apresentado, mas nada refere sobre a motivação desse recurso, limitando-se a dizer que as razões recursais devem ser protocolizadas no prazo de 03 (três) dias. O formalismo exacerbado, exagerado, pode implicar supressão de garantias, tal como foi assegurado à PLURAL uma oportunidade de recurso contra aquilo que – em tese – lhe prejudicou, logo, a garantia assegurada pelo Princípio da Legalidade deve ser, sempre que possível, ponderada em função de ampla defesa e contraditório, assim, a Administração Pública deverá, da mesma forma, ouvir os licitantes acerca de questões que, ao seu juízo, lhe prejudiquem, ainda que a forma não seja aquela rigidamente prevista em Lei. Em que pese os precedentes reproduzidos, todos fortes na legalidade estrita e rígida, assim o aspecto relevante a ser considerado sobre o Princípio da Legalidade é de inibir injunções da Administração contra o particular, não previstas em Lei, mas sendo a postura da Administração de assegurar ao administrado a defesa de direitos, deverá haver mitigação.
No mérito, a irresignação de PLURAL refere sobre favorecimentos, ilegalidades, desobediência aos termos do ato convocatório, isso porque a seu juízo, ao aceitar as explicações relativas à capacidade técnica decorrente tanto da diligência, quanto das razões recursais parcialmente acolhidas, seu direito foi preterido. Basicamente, PLURAL refere que houve indevida inserção de documento, após a fase de habilitação. A lição de
MARÇAL JUSTEN FILHO, é no sentido de que “Isso não equivale, no entanto, a proibir a juntada de qualquer documento. Se o particular apresentou um documento e se reputa existir dúvida quanto ao seu conteúdo, é possível que a diligência se traduza numa convocação ao particular para explicar e, se for o caso, comprovar documentalmente o conteúdo da documentação anterior”; com efeito, após a vinda das explicações
pelo órgão emissor do atestado, restou confirmado que se trata de 105 plantões por mês, cada um desses plantões, com duração de 12 (doze) horas, logo, 105 plantões mensais multiplicado pela quantidade de horas de cada um, equivale a capacidade técnica de HYGEA em disponibilizar mão-de-obra na especialidade de ortopedia num total mensal de 1.260 horas/mês, isso com lastro no Contrato Administrativo já apresentado no expediente, por ocasião da fase de habilitação, logo, é possível afirmar que não se trata de inserção de qualquer documento novo, mas sim de esclarecimento sobre o teor de um documento já existente nos Autos e que assegurou à Administração Pública que HYGEA possui capacidade técnica para disponibilizar mão-de-obra médica especializada em ortopedia, na quantidade de 1.260 horas/mês em plantões de 12 horas, satisfazendo a condição do Edital acerca da capacitação técnica.
Portanto, é o caso de rejeitar o recurso hierárquico apresentado por ASSOCIAÇÃO PLURAL, mantendo-se hígida a decisão acerca da habilitação de HYGEA GESTÃO & SAÚDE LTDA., com a
respectiva adjudicação e homologação do objeto do Pregão Presencial nº 0018/2007.
Era o que cumprir expor e esclarecer. Americana/SP, 27 de setembro de 2017.
Rafael Gonzaga de Azevedo
Coordenador de Licitações
Ciente e de acordo, Gustavo Frezzarin
Coordenador Jurídico
Ciente das considerações, e no exercício da competência de Presidente da FUSAME, conheço parcialmente do recurso hierárquico interposto por ASSOCIAÇÃO PLURAL e, no mérito, NEGO-LHE provimento.
Sérgio Luis Mancini
