I FORUM DE ECONOMIA
SOBRE A CRISE
Aspectos Comportamentais
na tomada de decisão
VERA RITA DE MELLO FERREIRA
I FORUM DE ECONOMIA
SOBRE A CRISE
VERA RITA DE MELLO FERREIRA
• Psicanalista, Consultora, Doutora
em Psicologia Social (PUC-SP) eMestre
em Psicologia Social e do Trabalho (USP)• Professora
(FIPECAFI
, COGEAE-PUC-SP, FIA)• Representante da
IAREP-International Association for
Research in Economic Psychology
no Brasil
• Autora dos livros
Psicologia Econômica – estudo do
comportamento econômico e da tomada de decisão
(Campus/Elsevier, Coleção Expo Money Pro, 2008),Decisões
Econômicas – você já parou para pensar?
(Saraiva, 2007),A Psicologia do Investidor
(Inside Books, no prelo) eO Componente Emocional
– funcionamento mental e ilusão
nas transformações econômicas no Brasil desde 1985
(Ed. Papel eI FORUM DE ECONOMIA
SOBRE A CRISE
O MUNDO E A ECONOMIA HOJE
-
susto, pânico, medo... – a maior crise econômica das
últimas décadas??
-
incerteza e risco
- predomina o desconhecido - quem tem bola de cristal??
- reviravoltas –
embora a bolha não tenha sido surpresa, não...
-
ENORMES desafios
- instabilidade, oscilações,
crashes
- contração do crédito e dos mercados - cadê a luz no fim do túnel??
-
novos atores no cenário mundial
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SOBRE A CRISE
O MUNDO,
A MENTE
E A ECONOMIA HOJE
- Fatores psicológicos pesaram sobre o cenário da crise? - Como enfrentar tantas turbulências?
- Você tem certeza de que está preparado para fazer as melhores
escolhas econômicas?
- Como reage às situações que envolvam incerteza e risco?
- Você sabe como sua mente opera quando precisa tomar decisões? - Deveria aprimorar seu processo decisório?
- É possível ter garantia de sucesso permanente nos negócios e
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WARREN BUFFET:
- Q.I. acima de 25 já tá bom para ter sucesso nos investimentos...
[OBS.: a faixa de Q.I. considerada normal vai de 90 a 110 – abaixo disso entra na zona de limítrofe, idiota, imbecil e cretino]
... porque o que importa mesmo é a capacidade de manejo dos próprios impulsos
PESQUISA – EUA [apud BELSKY & GILOVICH]
- acompanhamento ao longo de 30 anos [1963-1993] do mercado acionário = 7.802 dias de pregão
- investidor que tivesse começado com U$10.000,00 em 1963, teria, em 1993:
Æ U$223.000,00 – se tivesse deixado o dinheiro O TEMPO TODO INVESTIDO Æ U$80.000,00 – se tivesse tirado o dinheiro SOMENTE NOS 40 DIAS de
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Aspectos Comportamentais
na tomada de decisão
1.
Identificar como nossa cabeça funciona emocional e
psiquicamente
2.
Entender algumas ciladas comuns em que se pode cair –
erros sistemáticos
3.
Ajudar a detectar repetições de comportamentos
desfavoráveis a si mesmo
4.
Preparar-se para desenvolver estratégias úteis para evitar
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Como nem sempre conseguimos tomar as melhores
decisões – e apresentamos inconsistências em nossas
escolhas Æ
anomalias
– temos, para estudá-las:
-
PSICOLOGIA ECONÔMICA
-
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
-
FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
-
NEUROECONOMIA
- Campo em expansão, com ampla literatura
- 2 prêmios Nobel de Economia [Herbert Simon,1978; Daniel Kahneman, 2002]
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ALGUMAS PREMISSAS
• anomalias Æ em geral, nossas decisões não são objetivas, mas carregadas de valores, expectativas e desejos, sendo muitas delas
baseadas em CRENÇAS sobre a probabilidade a respeito de eventos incertos • não somos plenamente racionais Æ lógica formal vs. psico-lógica
• a realidade é o que percebemos dela •
somos frágeis, precários e limitados
...• componentes emocionais estão SEMPRE presentes Æ o desejo é
soberano – e é a ilusão que costuma tentar responder a ele, já que
nunca poderá ser inteiramente satisfeito...
• quanto mais cada um souber sobre sua mente, melhor
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O QUE SÃO DECISÕES ECONÔMICAS?
bens finitos:
Dinheiro; Tempo; Atenção; Saúde; Recursos naturais
Mas
...- saber que os bens são
finitos
incomoda bastante... - muitas vezes, gera conflitos!- as decisões são tomadas no presente, mas terão desdobramentos no
futuro Æ INCERTEZA e RISCO
- há – sempre – distorções importantes na percepção, lembrança e
avaliação dos dados Æ que induzem a comprometimento e erros
sistemáticos nas escolhas
- o dinheiro nunca é só dinheiro – dimensões simbólicas, grande
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como a nossa cabeça
funciona quando precisa
tomar decisões?
[ou, o que é bem chato,
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COMO A NOSSA CABEÇA FUNCIONA?
- somos impulsionados – constantemente – a buscar alívio para a tensão interna, sensação de falta
- psiquicamente, isso se traduz como tentativas de satisfazer nossos
desejos – e, para isso, vale até cair em promessas ilusórias...
- temos ENORME aversão a perdas, frustrações, falta de gratificação imediata, exclusão, cenários nebulosos, desconhecimento
- a emoção é mais poderosa do que a razão [as emoções são a matriz dos
pensamentos – surgem primeiro, influenciam o tipo de pensamento que ocorrerá e até
determinam se ocorrerá pensamento ou não...]
- nosso funcionamento mental costuma apresentar operações primitivas – e difíceis de entender...
- tomamos decisões equivocadas com mais freqüência do que gostaríamos – e... SÓ PENSAMOS QUANDO NÃO HÁ OUTRO JEITO!!
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Para deixar ainda mais claro:
“
A razão é escrava da emoção e existe para
racionalizar a experiência emocional
”
(Bion, 1970)... portanto, não deveria surpreender que decisões
econômicas (ou de outra natureza) freqüentemente
apresentem
anomalias
, isto é, não possam ser
explicadas de acordo com a teoria econômica da
racionalidade
[tomamos sempre as melhores decisões, otimizamos os seus resultados, nossas escolhas são consistentes, aprendemos com a experiência...]I FORUM DE ECONOMIA
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COMO ISSO SE REFLETE NA TOMADA DE DECISÃO?
DECIDIR
= perceber + avaliar + escolher
mas...
a realidade é o que percebemos dela – e há
limitações cognitivas
[como o conhecimento é adquirido, como as informações são processadas]e
emocionais
[etapa mais primitiva dos processos psíquicos, que embasa a cognição]Æ as limitações transformam e
distorcem
quando
percebemos
,
lembramos
e
avaliamos
dados
– assim, apesar das melhores intenções, é fácil se equivocar,
pois todas estas distorções...
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e antes de tudo... ainda há uma
DECISÃO CRÍTICA
a ser tomada:
é possível tolerar
a percepção?
1. NÃO: evita [no curto prazo]
sentimentos associados à
frustração
Æ
apreensão mais estreita de dados, menor número
de alternativas e mais propensas a equívocos
ou
2. SIM: procedimentos para modificar a situação insatisfatória
levando a realidade em conta
Æ
mesmo se implicar esforço e
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ENTÃO, COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
- quando
não
há condição para se manter em contato
com a
realidade
:
a cabeça funciona no piloto automáticoÆ imediatismo Æ urgência para livrar-se do desprazer supera respeito à realidade
Æ critério único Æ rapidez e imprecisão
Æ vulnerabilidade às ilusões e aos equívocos
Æ cisões e parcialidade nas percepções – ou fica só com o lado bom, ou só com o lado ruim [idealização x demonização]
Æ descarga, repetição e reincidência Æ não aprende com a experiência
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ENTÃO, COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
- quando
há
mais condição para se manter em contato
com a
realidade
:
esforço para pensar e apropriar-se das escolhasÆ maior precisão e cuidado na percepção, atenção e memória, mantendo os dados acessíveis à consciência
Æ critérios da realidade
Æ avaliação mais rigorosa e completa da realidade Æ TOLERÂNCIA À FRUSTRAÇÃO
Æ capacidade de pensar, responsabilizar-se e agir para reparar e transformar Æ ação mais racional
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O QUE
PREDOMINA
NA ESMAGADORA
MAIORIA DAS PESSOAS?
infelizmente, a escolha por modos aparentemente
mais fáceis de encontrar satisfação orienta a maioria
das operações psíquicas e decisões
Æ
mesmo com pedágio à frente
...
- porque é muuuuuuuuito difícil agüentar
frustrações no horizonte de curto prazo!!!
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DANDO NOME A ALGUNS BOIS
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Escolha ou troca intertemporal
- busco alívio para minha ansiedade e/ou gratificação já
com preço mais alto
ou
- agüento permanecer em desconforto agora, adiar a
satisfação e, mais à frente, consigo retorno maior?
Viés de ação
– tem que fazer qualquer coisa – só para não
dizer que estou parado/a, senão dá angústia...
[cuidado comdaytrading
!] Obs.: SEM EFETUAR OUTRAS ANÁLISES – SEGUINDOI FORUM DE ECONOMIA
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Otimismo e pessimismo exagerados
- tudo vai dar pé
–é céu de brigadeiro direto!! – por isso, para
quê me preocupar com – ou me preparar para – possíveis
problemas?
- mas quando a maré vira – e ela vira, vira-e-mexe – daí se
transforma em pessimismo exagerado
Ancoragem
- em maio, meu rendimento na Bolsa era 3 vezes o que eu
tinha aplicado Æ não aceito mais nenhum investimento
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Aversão à perda – e não a risco
- aversão à perda
[e dor, desprazer, frustração...]– sempre
- aversão a risco – às vezes
- depende do
framing
[enquadramento]
ATENÇÃO! – quanto mais inconformado com as próprias perdas, maior a tendência a se expor a riscos que, em outras situações, não correria!
Falácia dos custos incorridos
- você investiu muito dinheiro num negócio que não deu certo
- por não aceitar esse desfecho, segue investindo – e perdendo mais ainda... – sem conseguir rever suas estratégias
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Ilusão de validade
- acho mais provável que aconteça... aquilo que desejo e em
que acredito!
Efeito posse
- é meu, vale muito mais!
Emoções negativas e efeito posse
- tristeza
Æ pago mais para comprar, baixo o preço para vender- ‘asco’ [
disgust
]
Æ baixo o preço para vender e não quero comprar nadaI FORUM DE ECONOMIA
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Comportamento de manada
- Conforto da companhia + imitação
– dureza da solidão...- Fantasia
– os outros estão se dando bem, e eu estou aqui de fora... – preciso embarcar também, para não perder esse bonde – não posso ser otário!!- Cisão da percepção
– na hora de embarcar, só vê o lado bom, não dá bola para riscos e outros fatores; se estourar a ‘bolha’, daí inverte...- Regras de decisão em cascata
– com distorções [‘telefone sem fio’] e degradação no tempo- Insensibilidade ao tamanho da amostra
– a dica de uma única pessoa pode ser suficiente [freqüentemente, para fazer grandesI FORUM DE ECONOMIA
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COMO FICA A CABEÇA NA HORA DE DECIDIR?
Endividamento
- escolha intertemporal
– quero comprar já!!- confiança excessiva
– depois dou um jeito para pagar...- contas mentais
– quito tudo com a sobra de caixa – já fiz o cálculo! –em cima do salário bruto
...- comparação com grupos de referência inapropriados
– se meu vizinho tem, também preciso ter!- intolerância à frustração
– não sou capaz de esperar nem mais um minuto para ter isso!!!I FORUM DE ECONOMIA
SOBRE A CRISE
Como tomar decisões
mais favoráveis?
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SOBRE A CRISE
Como tomar decisões mais favoráveis?
- clareza de objetivos e do horizonte temporal- não resolver no impulso e respeitar os próprios limites
- cada situação é única – não existe regra geral para todas – é preciso
pensar a cada vez
- trocar idéias sobre suas percepções e avaliações – e não só sobre as opções finais – com atenção aos vieses
- baixar a bola das expectativas – até a realidade...
- E ACIMA DE TUDO: aumentar seu limite de tolerância à frustração e conhecer sua própria situação [mesmo que não seja como você gostaria que
fosse...] Æ observar no longo prazo e reconhecer vieses e erros com isenção para aprender com a experiência – que precisa ser PENSADA!! – e assim, ganhar maior auto-confiança – e força verdadeira para enfrentar desafios
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VERA RITA DE MELLO FERREIRA
- PARA SABER MAIS SOBRE ASPECTOS COMPORTAMENTAIS