• Nenhum resultado encontrado

CONSTRUÇÃO DA PERFORMANCE MUSICAL: UMA INVESTIGAÇÃO NECESSÁRIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CONSTRUÇÃO DA PERFORMANCE MUSICAL: UMA INVESTIGAÇÃO NECESSÁRIA"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

1

CONSTRUÇÃO DA PERFORMANCE MUSICAL:

UMA INVESTIGAÇÃO NECESSÁRIA

Diana Santiago

Universidade Federal da Bahia (Brasil)

disant@ufba.br

Resumo

Uma melhor compreensão do modo como são elaborados os planos de performance pelos músicos, obtida por meio da realização de investigações que visem compreender os processos da performance musical, ainda é necessária, pois são escassos os estudos desse tipo. Nosso interesse na área levou-nos, em 1995, a criar o Núcleo de Pesquisa em Performance Musical e Psicologia (NUPSIMUS) na Universidade Federal da Bahia (UFBA), cujos objetivos são: a) investigar os processos psicofísicos envolvidos no ato da execução musical e b) estudar as características da personalidade do músico e os fatores que o motivam em seu trabalho, de modo a compreender de que maneira essas características e esses fatores afetam seu desempenho. A partir dos resultados obtidos, esperamos gerar técnicas de ensaio que otimizem a utilização do instrumento musical, do corpo e do tempo pelo músico. Este artigo descreve as principais atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Núcleo desde sua criação, detalhando as características dos projetos realizados ou em andamento. Inclui uma revisão da literatura sobre construção da performance musical.

Introdução

Uma melhor compreensão do modo como são elaborados os planos de performance pelos músicos, obtida por meio da realização de investigações que visem compreender os processos da performance musical, ainda é necessária, pois são escassos os estudos desse tipo. Nosso interesse na área levou-nos, em 1995, a criar o Núcleo de Pesquisa em Performance Musical e Psicologia (NUPSIMUS) na Universidade Federal da Bahia (UFBA). São objetivos do Núcleo: a) investigar os processos mentais, emocionais e físicos envolvidos no ato da execução musical, de modo a esclarecer o ato da elaboração de performances por músicos e b) estudar as características da personalidade do músico e os fatores que o motivam em seu trabalho, de modo a compreender de que maneira essas características e esses fatores afetam seu desempenho. A partir dos resultados obtidos, esperamos gerar técnicas de ensaio que otimizem a utilização do instrumento musical, do corpo e do tempo pelo músico.

Acreditamos, com Ericson (1997), que um possível caminho para a pesquisa em performance musical seja o da utilização das metodologias de pesquisa em psicologia e em esporte. Deste modo, podem ser aprofundados estudos voltados aos aspectos físicos, emocionais e mentais presentes no ato da performance, aspectos esses que envolvem motivação, ansiedade, desempenho, comprometimento, motricidade e cognição.

(2)

performance pelo músico”, ora em andamento sob nossa direção, tem como objetivo analisar a construção da performance em peças selecionadas para violino e para piano, por meio de gravações e entrevistas. A ele está vinculado um subprojeto, “Aspectos da construção da performance pelo pianista”, que consistiu na aplicação do pré-teste do questionário de entrevista para o projeto em si. Esse subprojeto teve como sujeitos quatro alunos de piano dos cursos da UFBA, voluntários. O critério para aceitação dos mesmos consistiu em que não fossem alunos da graduação em piano. Três cursavam Licenciatura em Música e um cursava Regência. A peça musical selecionada para a aplicação desse pré-teste foi o “Choro” da 1ª Suíte Infantil (para piano) do compositor brasileiro César Guerra Peixe (1914-1993). As diversas etapas da realização do subprojeto podem ser consultadas nos anais do I Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais (Santiago & Brito, 2005). A entrevista procurou conhecer: o tempo de estudo do piano; a motivação para o estudo do instrumento; as percepções do sujeito sobre a peça; observações do sujeito antes de iniciar o estudo; procedimentos de aprendizagem realizados; imagens mentais utilizadas durante a aprendizagem/performance; sentimentos que o sujeito percebe em sua relação com a peça. O pouco número de sujeitos não nos permite generalizações, nem é o que pretendemos; contudo, pudemos perceber diferenças nas abordagens de prática de cada um.

A metodologia do projeto será a mesma aplicada nesse subprojeto, com algumas modificações que foram consideradas necessárias no questionário construído especificamente para a entrevista. Um segundo subprojeto foi iniciado em agosto de 2005, um estudo de caso que incluirá a análise do diário de prática a ser escrito pelo sujeito.

Inicialmente, uma revisão da literatura pretendeu investigar critérios para uma compreensão abrangente da atuação do músico, particularmente do processo de construção da performance musical. Nessa revisão, os textos escolhidos para enfoque, enquanto delimitam o tema, buscaram categorizar pontos chaves para a compreensão desse processo.

Como ponto de partida, tomamos para definidor do que consideramos, aqui, performance musical, o seguinte texto de Sloboda (1990: 67) em seu livro The Musical Mind:

“No sentido mais amplo, performance cobre toda a extensão do comportamento musical mostrado. Uma canção de brincar improvisada de uma criancinha, o cantarolar de uma melodia popular, a participação em rituais corporativos tais como o cantar de hinos ou o cantar folclórico, e o dançar à música, são apenas alguns dos diversos modos de performance dignas do estudo psicológico. Num sentido mais estrito, porém, uma performance musical é aquela na qual o músico, ou um grupo de músicos, conscientemente apresenta música para uma platéia. Na nossa cultura ocidental, tal música é freqüentemente escrita por alguém que não está envolvido diretamente na performance. Os músicos tornam real uma composição preexistente.”1

1 “In its broadest sense, performance covers the whole range of overt musical behaviour. A little child’s improvised play-song, the humming of a popular melody, participation in corporate ritual such as hymn or folk singing, and dancing to music, are just some of the diverse modes of performance which merit psychological study. In a narrower sense, though, a musical performance is one in which a performer, or a group of performers, self-consciously enacts music for an audience. In our Western culture, such music is often written by someone not directly involved in the performance. The performers realize a pre-existent composition” (Sloboda, 1990: 67, author’s emphasis).

(3)

É em um texto mais antigo de Sloboda (1982: 479) que vamos encontrar importante questionamente: Como caracterizamos o que alguém sabe quando ele ou ela é capaz de executar uma peça musical? Como essa pessoa adquire tal conhecimento? Que uso o músico faz de feedback perceptivo ao controlar sua execução? Como a performance musical é afetada por fatores sociais e situacionais?2 Sloboda ainda nos alerta que uma adequada teoria da performance deve considerar tanto o âmbito das variações que um intérprete pode exibir em ocasiões sucessivas de execução da mesma peça musical quanto as limitações dessas variações que situações específicas impõem(Ibid., 494).

Clarke (2002: 69) apresenta uma conceituação bem clara de performance musical: é a construção e articulação de significado musical, na qual convergem todos atributos cerebrais, corporais, sociais e históricos do executante.

Habilidades físicas e mentais da performance musical

Dentre as habilidades físicas da performance musical encontram-se o movimento complexo (incluindo independência e coordenação motoras) e habilidades de determinar o tempo. Dentre as habilidades mentais, leitura de notação (já que tratamos da música de tradição ocidental), memorização e imaginação ou representação mental (Clarke, 2002: 60-63).

Altenmüller & Gruhn (2002: 69) nos informam que:

“a performance musical em nível profissional requer habilidades motoras altamente refinadas, que são obtidas ao longo de muitos anos de treinamento extensivo e que têm que ser armazenadas e mantidas através de prática regular adicional. Feedback auditivo é necessário para desenvolver e aperfeiçoar a performance. Fazer música, portanto, depende primeiramente de uma capacidade de integração auditiva-motora altamente desenvolvida, que pode ser comparada ao loop auditivo-oral na produção da fala. Além disso, feedback somatosensório3 constitue uma outra base da performance de alto nível. Aqui, o sentido

cinestésico é especialmente importante, pois permite controle e feedback da tensão dos músculos e tendões, bem como das posições das juntas, e também permite o monitoramento contínuo da posição do dedo, mão e lábio nas estruturas de coordenadas do corpo e do instrumento (por exemplo, o teclado, a palheta, etc.)”.4

2 “First, how do we best characterize what it is that someone knows when he or she is able to perform a piece of

music? Second, how does this person acquire that knowledge? Third, what use does the performer make of perceptual feedback in controlling his or her performance? Fourth, how is music performance affected by social and situational factors?”

3 “Of or pertaining to the perception of sensory stimuli from the skin and internal organs: the somatosensory area

of the cerebral cortex” (Babylon, acessado em 02/11/2004).

4 “Music performance on a professional level requires extremely refined motor skills that are acquired over many

years of extensive training and that have to be stored and maintained through further regular practice. Auditory feedback is needed to improve and perfect performance. Music making, therefore, relies primarily on a highly developed auditory-motor integration capacity, which can be compared to the oral-aural loop in speech production. In addition, somatosensory feedback constitutes another basis of high-level performance. Here the kinesthetic sense, which allows for control and feedback of muscle and tendon tension as well as joint position positions and which enables continuous monitoring of finger, hand, and lip in the frames of body and instrument coordinates (for example the keyboard, the mouthpiece, etc.)…”.

(4)

Resultados de pesquisas diversas sugerem que o sistema nervoso central adapta-se às demandas da educação musical profissional durante o treinamento prolongado. Essas adaptações são compreendidas pelos cientistas como plasticidade cerebral. Quando o treinamento começa antes dos 7 anos aproximadamente, esta adaptação afeta a anatomia cerebral em termos do alargamento de certas estruturas envolvidas na habilidade respectiva. Quando o treinamento inicia-se mais tarde, a organização cerebral se modifica: ocorre nova instalação de redes neuronais e o envolvimento de células nervosas adjacentes para contribuírem com as tarefas requeridas. Essas mudanças resultam, por exemplo, em representações corticais alargadas de dedos ou sons específicos dentro das estruturas cerebrais existentes (Altenmüller & Gruhn, 2002: 72).

“Praticar um instrumento significa reunir, armazenar e constantemente aperfeiçoar programas sensório-motores complexos através da execução prolongada e repetida de padrões motores sob controle monitorado pelo sistema auditivo” (Ibid., 76).5 O pioneiro no estudo dos aspectos físicos da performance foi Carl Seashore, que desenvolveu métodos para registrar as características detalhadas da determinação do tempo e da dinâmica em performances musicais. Henry Schaffer e Caroline Palmer desenvolveram essas áreas de vários modos. Schaffer focou em três questões principais – controle do movimento, mecanismos para determinação do tempo e coordenação e independência entre as mãos na performance solo de piano (Clarke, 2002: 60).

Representações mentais na performance musical

6

As atividades mais comuns do cotidiano baseiam-se em representações mentais que criamos, e um exemplo simples deste fato é a possibilidade que temos de entrar e nos movimentar num quarto escuro já conhecido. Os objetos não são vistos, mas sabemos onde se encontram, pois deles possuímos uma visão interior, uma imagem mental. Mesmo os cegos podem se locomover sozinhos por ambientes onde já estiveram, pois suas imagens mentais se formam a partir de sensações e percepções outras que não as da visão (Santiago, 2002: 85). Para tocar uma peça, o músico necessita construir uma representação mental de como ela irá soar, com suas alturas, ritmos e expressão. Esse processo é denominado por Rideout de uso de pré-determinantes mentais (Ibid., 96). De fato, “quando quer que alguém toque uma peça musical, ele ou ela está transformando uma representação ou plano da música em ação.(...) poderíamos considerar o plano de performance como uma lista de itens na qual a altura, duração e intensidade de cada nota está especificada em relação a outras notas” (Sloboda, 1982: 480). Ericsson afirma que, durante o aprendizado específico da performance musical, o músico tem que adquirir diferentes tipos dessas representações. Ele destaca a representação da ação – aquela utilizada para gerar as seqüências de ações motoras necessárias para realizar a performance musical – da representação do objeto – a expectativa detalhada da performance desejada – e da representação do som – que nasce da escuta da performance e fornece o padrão

5 “Practicing an instrument means assembling, storing, and constantly improving complex sensory-motor

programs through prolonged and repeated execution of motor patterns under control monitored of the auditory system”.

6 Trechos deste tópico são, algumas vezes, extraídos de minha tese de doutorado e, quando meus, não estão entre

(5)

que determina o grau de sucesso obtido em relação à performance ideal (Ericsson, 1997: 39-40).

A instrução inicial de um músico leva-o a estabelecer uma base de conhecimentos dos padrões e regras para a geração de “programações motoras”. Embora os níveis inferiores dessas representações estejam tão automatizados, no caso dos expertos, aparentam estar sob o controle consciente de níveis superiores de representação. Assim, embora o modo de executar uma passagem rápida para a mão esquerda possa estar totalmente automatizado, o músico pode alterar-lhe intensidade e tempo, além de coordená-la com as passagens anteriores e seguintes. Um músico altamente treinado pode modificar dedilhados, arcadas ou fraseados no momento da performance, o que pode ser o resultado da existência de representações mentais diversas para execução, acumuladas durante o longo período de prática (Lehmann, 1997: 157).7

No cenário pianístico, Glenn Gould valorizava sobretudo a imagem mental para uma boa performance. Era comum que ele não praticasse por quarenta e oito horas, antes de uma sessão de gravação. Em entrevista, ele respondeu o seguinte:

“Entrevistador: Você não sente que os dedos simplesmente se recusam a cooperar, a princípio, e que leva uns dias até re-estabelecer a coordenação?

Gould: Pelo contrário, quando eu volto, provavelmente toco melhor que em qualquer outra época, puramente, num sentido físico, porque a imagem, a imagem mental, que governa o que alguém faz, está, naquele ponto, normalmente, no seu ponto mais forte, e é mais precisa, pois não estava sendo exposta ao teclado e não estava sendo desviada da pureza de sua concepção, do relacionamento ideal do ser com o teclado” (Dubal, 1984: 183).8

Andreas Lehmann (1997: 157).destaca a importância que as representações mentais têm na realização musical de qualidade superior. Ele propõe que essas representações são específicas às necessidades da tarefa com que os músicos se defrontam e afirma que são adquiridas por meio do envolvimento em atividades práticas específicas. O tipo de representação mental mais adequado sob uma condição de performance pode não ser útil em outra. Diz ser questionável se representações diferentes subjazem a diferentes demandas de tarefa ou se a mesma representação é apenas acessada de maneira diferente. Por exemplo, reconhecer acordes como padrões pode ser útil em performances ensaiadas tanto quanto naquelas não ensaiadas (leitura à primeira vista). Entretanto, as demandas da memória de trabalho em relação à velocidade com a qual os acordes são encontrados e executados podem variar; do mesmo modo, reconhecer um acorde como um padrão pode não ser útil numa situação de leitura à primeira vista na qual um

7 Em Sloboda (1990: 67; 93-4), encontramos um detalhamento dos três tipos de estágios da performance

instrumental: leitura à primeira vista, prática e “expert performance”, bem como uma definição de performance de alto nível.

8 “Interviewer: Don’t [you] find that the fingers simply refuse to cooperate at first, that it takes a certain number

of days just to reestablish coordination? Gould: On the contrary, when I do go back I probably play better than at any other time, purely in a physical sense, because the image, the mental image, which governs what one does is normally at that point at its strongest and is more precise because of the fact that it has not been exposed to the keyboard, and it has not, therefore, been distracted from the purity of its conception, of one’s ideal relationship to the keyboard” (Dubal, 1984, 183, in Davidson & Scripp 1992, 408).

(6)

acorde complexo pode ter que ser simplificado (Santiago, 2002: 96-98; Lehmann, 1997: 153-154.

Para Lehmann (1997: 159), entender as representações mentais e as atividades práticas associadas à sua aquisição poderia levar à melhoria do treinamento de futuros músicos. No Brasil, Rafael (1998) realizou uma investigação sobre a utilização de imagens mentais no ensino do piano, na cidade de João Pessoa (PB), e concluiu que houve, na amostra estudada, uma predominância de imagens auditivas, seguidas das imagens cinestésicas e, por fim, das imagens visuais. Após a análise das entrevistas com Professores Juízes e dos professores de piano que participaram da pesquisa, constatou que o tema foi de interesse para todas as pessoas envolvidas na investigação e que os resultados podem ser estendidos a professores de outros instrumentos (Santiago, 2002: 99).

Estágios da performance instrumental

São três os estágios da performance instrumental: leitura à primeira vista, prática e perfomance de alto nível (“expert performance”) (Sloboda, 1990: 67). A leitura à primeira vista envolve, do ponto de vista psicológico, percepção (decodificação de padrões de notas), cinestesia (execução de programações motoras), memória (reconhecimento de padrões) e habilidades para resolver problemas (improvisação e adivinhação). Essas habilidades aparentam ser altamente treináveis e as diferenças encontradas nos graus da leitura à primeira vista podem ser explicadas através das diferenças na quantidade de experiências a ela relacionadas e na amplitude da base de conhecimento (repertório) do músico (Lehmann & McArthur, 2002: 135).

A prática musical consiste numa variedade de atividades diferentes, porém interrelacionadas (Reid, 2002: 102). É realizada com o objetivo de ganhar proficiência técnica, aprender novo repertório, desenvolver a interpretação musical, memorizar música e preparar performances (Barry & Hallam, 2002: 151). Ericsson & Lehmann (1996: 277)9 definem performance de alto nível, no sentido geral, como sendo uma performance consistentemente superior num conjunto especificado de tarefas representativas de um domínio; no que se refere à performance de alto nível em música, esses autores afirmam que ela é tipicamente revelada na performance solo de uma peça que o músico estudou de forma extensiva anteriormente (Ibid.: 287).10 Diz-nos

Sloboda (1990: 94) que “a performance de alto nível de determinada peça musical é o resultado da interação do conhecimento específico de apenas aquela peça com conhecimento geral adquirido ao longo de uma vasta gama de experiências musicais”.11

Caracteriza o músico de alto nível, sua habilidade superior para reproduzir as variações de tempo e intensidade em performances consecutivas da mesma peça. Essa capacidade de

9

“consistently superior performance on a specified set of representatives tasks for a domain”.

10 “is typically displayed in the solo performance of a piece that the musician has extensively studied beforehand.” 11 “The expert performance of a given piece of music is the result of the interaction of specific knowledge of this

(7)

reprodução decai se lhes for pedido para que violem as regras de interpretação artística aplicáveis às peças musicais. Os músicos de alto nível de performance ainda podem manter, de forma melhor que músicos menos hábeis, tempo independente em ambas as mãos quando tocam ou batem o ritmo (Ericsson & Lehmann, 1996: 287). “Contrariamente à crença que a performance de alto nível é altamente automatizada, a maioria dos tipos de performance de alto nível é mediada por pensamentos que envolvem planejamento, raciocínio e antecipação” (Ibid.: 291).12

De modo geral, os princípios subjacentes à performance de alto nível são:

1 – Conhecimento de grupamentos ou padrões em larga escala dentro da música que controlam a performance (muitas vezes esse controle é hierárquico); a performance que não é de alto nível, tipicamente, é controlada pela superfície da música (foreground).

2 – O controle hierárquico é apoiado por procedimentos altamente flexíveis para a resolução de problemas locais; esse controle opera rapidamente e, freqüentemente, sem necessidade de monitoramento consciente.

3 – O músico de alto nível tem meios para monitorar adequadamente sua performance e realizar ações corretivas antes de desviar-se brutamente do seu plano de performance (Sloboda, 1990: 101).

Como o instrumentista aprende a tocar?

Hallam (1997a: 95) relata-nos uma pesquisa que desenvolveu com o objetivo de elucidar a natureza da prática de músicos noviços e expertos. É deste relato que extraímos os dados seguintes, que se referem apenas à aprendizagem realizada pelos músicos experientes. A técnica utilizada foi entrevista semi-estruturada, com a participação de 22 sujeitos experientes (e 55 noviços).

“Ao aprenderem música nova, todos exceto um dos músicos, inicialmente, adquiriram uma visão geral dela, ou tocando-a por inteiro ou por meio de um exame cuidadoso da partitura. 77% dos músicos consistentemente adotaram essa estratégia holística, enquanto 18% o fizeram intermitentemente, dependendo da natureza da tarefa. Obter uma visão geral da obra serviu a propósitos técnicos e musicais. Permitiu a identificação de dificuldades, uma estimativa do andamento, com implicações musicais e técnicas, e uma consideração da estrutura da obra e do material tematicamente importante”.13

12 “Contrary to the belief that expert performance is highly automatized, most types of expert performance are

mediated by reportable thoughts involving planning, reasoning, and anticipation.”

13 “When learning new music all but one of the musicians initially acquired an overview of it, either playing it

through or by careful examination of the score. Seventy seven percent of the musicians consistently adopted this holist strategy, while 18% did so intermittently depending on the nature of the task. Getting an overview of the work served technical and musical purposes. It enabled the identification of difficulties, an assessment of tempo, which had musical and technical implications, and a consideration of the structure of the work and the thematically important material”.

(8)

Os músicos tinham um repertório de estratégias que utilizavam, conforme necessário, para dominar as dificuldades técnicas. Até certo ponto, elas dependiam da natureza do instrumento. Entretanto, todos os músicos enfatizaram a importância, seja da análise cognitiva, seja do toque meticulosamente lento nos estágios iniciais da aprendizagem de uma nova obra. Após esse estágio inicial, uma de duas estratégias principais era adotada: repetitiva (serial) ou analítica. Dez (45%) músicos preferiram o uso de estratégias repetitivas para aumentar gradualmente para a velocidade, usando freqüentemente um metrônomo para ajudá-los neste processo. Seis (27%) adotaram uma estratégia mais analítica, mudando ritmos, variando ligaduras, inventando exercícios relevantes etc. Os músicos que adotaram esta abordagem freqüentemente rejeitavam ativamente métodos repetitivos. Seis (27%) usualmente adotaram uma abordagem mista. Três dos instrumentistas de sopro e o percussionista tenderam a não trabalhar em peças específicas, mas, ao invés disso, certificaram-se que suas técnicas eram de um padrão suficientemente alto para lidar com dificuldades à proporção em que surgiam. Isso pode refletir a natureza do repertório destes instrumentos, relativamente limitado. De um modo geral, entretanto, pareceu que havia um número de modos individuais de abordar a prática que não era relacionado a instrumentos específicos.

Em relação à interpretação, os achados indicaram três abordagens claras:

Dois (9%) músicos, descritos como holistas analíticos, adotaram estratégias holísticas e abordaram a tarefa utilizando a análise cognitiva consciente. Basearam suas interpretações no conhecimento adquirido da escuta de um amplo espectro de música, estavam preocupados em descobrir o significado subjacente da música, e fizeram conexões entre idéias musicais distintas. Eles tinham representações musicais pré-planejadas, estabelecidas antes de embarcarem na prática, as quais eles desejavam atingir. Para eles, o processo de interpretação era "de cima para baixo".

Sete (32%) músicos, descritos como serialistas intuitivos, adotaram estratégias seriais e atingiram a interpretação por meio de processos intuitivos. Ele rejeitaram ativamente a análise cognitiva como um meio de desenvolver a interpretação e resistiram a escutar gravações das obras a serem aprendidas, desejando evitar influências externas. Para eles, a interpretação "evolvia" através de processos intuitivos, inconscientes. Era essencialmente "de baixo para cima".

Dez (45%) músicos, descritos como aprendizes versáteis, adotaram ambas as estratégias alternativamente, embora também tendessem a exibir preferências para estratégias holistas ou serialistas.

No que se refere à memorização da música, existiu variação considerável nos modos pelos quais os músicos procederam. Isto dependeu das percepções do indivíduo de seus pontos fortes e fracos e das necessidades da tarefa. De um modo amplo, duas abordagens principais foram adotadas: uma se baseava em processos automatizados auditivos, cinestésicos ou visuais; a outra, na análise cognitiva da estrutura da obra. Se a memorização não estava completa depois que a obra tinha sido aprendida, uma estratégia de repetição tendeu a ser adotada, com seções curtas sendo repetidas e então ligadas num todo. A metade dos músicos relatou analisar a música para estabelecer sua estrutura, incluindo a observação das mudanças de tom, da estrutura harmônica, da duração das pausas, pontos de saída difíceis etc. A natureza da tarefa a ser completada (memorização de um concerto em oposição a uma peça curta simples, por

(9)

exemplo) também afetou a estratégia adotada, do mesmo modo que o nível de ansiedade experimentado. As vantagens de tocar de memória foram descritas em termos de liberdade do estorvo da página escrita e da maior facilidade da comunicação com a platéia (Hallam 1997a: 95-97).

Hallam (1997b: 213) nos informa resumidamente, em outro texto, que trabalhos realizados entre 1955 e 1995 por Wicinski, Miklaszewski, Chaffien & Imreh e a própria Hallam sugerem que:

1 – a maioria dos músicos tende a adquirir uma visão geral da música que irão aprender nos primeiros estágios da prática de uma nova obra. O modo como esta visão é adquirida depende de sua habilidade para desenvolver uma representação interna da música a partir unicamente do exame da partitura.;

2 – a estrutura da música determina como ela é dividida em seções para a prática;

3 – quanto mais complexa a música, menores os trechos (chunks) com os quais se trabalhará; 4 – à proporção em que a prática progride, as unidades tornam-se maiores;

5 – à proporção em que a prática de uma obra se aproxima do fim, o comprimento das passagens tende a tornar-se mais semelhante;

6 – parece desenvolver-se uma estrutura hierárquica na qual planos de performance são gradualmente integrados num todo coerente. Esse plano é guiado por considerações musicais e não por técnicas;

7 – há diversidade individual considerável nos modos como os músicos praticam. Entretanto, o resultado da aprendizagem, o plano de performance integrado, parece ser semelhante para todos. As rotas para atingi-lo parecem se diferenciar a depender das estratégias conscientes e automatizadas preferidas que são adotadas.

Pesquisa em performance musical e psicologia da música no Brasil

Desde que Dunsby, em 1995, afirmou que:

“menciono o termo ‘disciplina’ dos estudos em performance musical como se ela existisse, mas, pode-se bem dizer que esse termo, atualmente, significa meramente ‘matéria’ ou ‘tópico’. ‘Disciplina’, em si, implica num corpo de conhecimentos herdado e numa ordem em tudo o que seja levado adiante em seu nome, mesmo se subversivamente.14,

14 “I trot out the term ‘discipline’ of musical performance studies as if it clearly existed, but it is as well to state

that this term at present stands merely for ‘subject’ or ‘topic’. ‘Discipline’ carries the implication of a received body of knowledge and an orderliness in whatever is conducted in its name, however subversively”.

(10)

a área teve seu corpo teórico bastante aprofundado pelos esforços da comunidade internacional. Os livros de Rink (1995; 2002) e Parncutt & McPherson (2002) comprovam isto muito bem.

No Brasil, a pesquisa em performance também cresceu nas últimas décadas (Borém, 2005), assim como o interesse pela psicologia da música, o que pôde ser percebido no I Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais (I SINCAM) realizado em Curitiba em março de 2005. Pesquisas que combinem ambas as áreas, contudo, são ainda escassas. Borém, ao discorrer sobre as tendências da pesquisa em performance musical no Brasil, distribui as dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas em cursos de pós-graduação brasileiros na área da performance musical entre 1981-2001 em dois grandes grupos: aquelas que tratam da performance musical “pura” e aquelas de caráter interdisciplinar. Estas últimas, ele as classifica em sete categorias, que não incluem a psicologia da música: performance musical e análise; performance musical e musicologia; performance musical e educação musical; performance musical e composição; performance musical e música popular brasileira (etnomusicologia); performance musical e medicina/educação física; performance musical e sociologia/filosofia. Apenas quando trata dos trabalhos apresentados no I Seminário Nacional de Pesquisa em Performance Musical (I SNPPM) realizado em Belo Horizonte em 2000, indica o percentual de 4,3% dos trabalhos como pertencentes à categoria performance e medicina/psicologia. Menciona, ainda, a presença de artigo na categoria da psicologia transpessoal dentre os publicados na Revista PerMusi, da qual é editor. Quanto ao que pode ser percebido nos Anais do I SINCAM nos informam, dos doze trabalhos apresentados na sessão voltada à performance, “ A mente e a produção das artes musicais”, seis o foram por brasileiros e, destes, apenas dois são relatos de investigações.

Nesse contexto, a produção do Núcleo de Pesquisa em Performance Musical e Psicologia (NUPSIMUS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA)15 revela um interesse continuado na psicologia da música ao longo de seus anos de existência. Dentre os projetos de pesquisa que contaram com a participação de bolsistas de iniciação científica do programa de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (PIBIC/CNPq), já em 199316 tratávamos de buscar compreender os mecanismos da prática

musical. Para tanto, desenvolvemos o projeto “A importância da enfatização dos aspectos cognitivos no ato da interpretação musical”17, utilizando, como instrumentos de coleta de dados, fichas de observação de sessões de prática e entrevistas semi-estruturadas. Utilizou-se repertório de apreciação musical e de execução em um grupo controle e um experimental; ao término da aplicação das atividades, foi realizado um teste e um "mapeamento cognitivo" dos sujeitos envolvidos.

15

Os objetivos de trabalho do NUPSIMUS e sua data de criação foram apresentados no início deste artigo.

16 Antes mesmo da criação do NUPSIMUS. 17 Equipe: Santiago, Diana; Fonseca, Ângelo Rafael

(11)

Em 1994, pesquisávamos “Características da motivação do alunode escola pública com curso profissionalizante em música em Salvador, Bahia”, por meio de questionários18 distribuídos entre os alunos do Colégio Estadual Aristides Novis.

“Padrões do desenvolvimento psicomotor e comportamentos musicais de resposta em crianças de classe social menos favorecida” era um projeto que lidava com a psicologia do desenvolvimento de forma comparativa, nos anos de 1994 e 1995. Este projeto desenvolveu-se na "Organização de Auxílio Fraterno"(OAF), em Salvador, Bahia, e na Creche da UFBA19.

Trabalhamos com estimulação musical por meio de voz, palmas, e/ou batimentos rítmicos corporais e com intrumentos musicais e brinquedos sonoros disponíveis. Os sujeitos foram agrupados randomicamente, por faixa etária, e observados semanalmente durante três meses, sendo o tempo de cada sessão de quarenta minutos. Os dados foram coletados em lista de checagem elaborada especificamente para o projeto. Os comportamentos musicais de resposta encontrados foram classificados levando-se em conta sexo, grupo etário e raça. Comparou-se os grupos de estrato social diferentes, cada um deles observado em uma das intituições.

Entre 1995 e 1997, com o projeto “Atividades rítmicas e melódicas apropriadas à primeira infância”20, buscávamos melhor compreender o processo do desenvolvimento da realização

musical infantil através da testagem de atividades musicais elaboradas para as faixas etárias de 2 a 3 e de 3 a 4 anos de idade. Os dados foram coletados através da observação das respostas das crianças às atividades aplicadas, nas seguintes categorias: Reprodução Melódica, Reprodução Rítmica, Audição Atenta e Sentido de Pulsação. As atividades tidas como eficientes para cada faixa etária foram determinadas, e o trabalho culminou com a produção de uma fita cassete intitulada “Cantinhos de brincar”.

De 1997 a 1999, investigamos habilidades musicais funcionais no ensino do piano, definidas como “todas as atividades musicais que fornecem situações práticas capazes de originar padrões psicomotores ou cognitivos que podem ser transferidos a outras situações musicais, contribuindo para uma conscientização do fazer musical”, com o projeto “Parâmetros curriculares para o desenvolvimento de habilidades funcionais musicais” 21. Tradicionalmente,

o ensino do piano centra-se até hoje no objetivo da execução de concerto ou recital, numa abordagem que privilegia os alunos considerados "talentosos", penalizando os demais. Este projeto de pesquisa objetivou contribuir para a elaboração de um currículo abrangente para o ensino do instrumento, com características brasileiras, considerando três faixas etárias e dois níveis de interesse (profissional ou amador). As atividades constituíram-se em dois grandes grupos – 1) técnica e 2) execução –, respectivamente subdivididos em: 1) escalas, passagem do polegar, independência de dedos/destreza digital, posição da mão, relaxamento; e 2) leitura rítmica, leitura tonal, execução rítmica, memória, andamento, sinais de dinâmica, sinais de

18 Equipe: Santiago, Diana; Turenko, Aleksei.

19 Equipe: Santiago, Diana; Turenko, Aleksei; Alves, Juvino; e Goritzki, Elisa. 20

Equipe: Santiago, Diana; Nascimento, Ilma; Fadigas, Jucilene; Seixas, Karina e Ferreira, Lara S. Morelli.

(12)

intensidade, ligadura/staccato, fraseado, ritmo, tempo. O projeto foi selecionado para discussão no Grupo de Trabalho “Subsídios para Currículos de Cursos de Graduação em Música” que se reuniu no XI Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música do Brasil, realizado em 1998 na Universidade Estadual de Campinas, estado de São Paulo.

Na tese de doutorado “Proporções nos Ponteios para piano de Camargo Guarnieri: um estudo sobre representações mentais em performance musical” (Santiago, 2002), como o título indica, as análises de cada um dos ponteios foram inseridas num estudo sobre as representações mentais em música, que buscou fundamentar a contribuição do instrumento de análise aplicado (o gráfico de proporções desenvolvido por Elizabeth Rangel Pinheiro) como auxiliar no processo de construção da imagem mental do intérprete, a partir de elementos da psicologia cognitiva e da psicologia junguiana. O objetivo geral foi o de estabelecer registros para um sistema conceptual pertinente à pesquisa na área de performance musical e o objetivo específico, contribuir para a sistematização de uma metodologia para elaboração de planos de interpretação pianística.

No projeto ora em andamento, “Aspectos da construção da performance pelo músico”, já citado – recordando-nos do alerta de Sloboda (1982: 494), de que uma adequada teoria da performance deve considerar tanto o âmbito das variações que um intérprete pode exibir em ocasiões sucessivas de execução da mesma peça musical, quanto as limitações dessas variações que situações específicas impõem – preocupamo-nos em registrar a aprendizagem da peça em três momentos: uma semana após o início da prática, no estágio intermediário da aprendizagem e no estágio final da aprendizagem. Definimos o estágio intermediário de aprendizagem como sendo aquele no qual a peça está fluente, porém, ainda apresenta inseguranças técnicas ou interpretativas e o estágio final, aquele no qual a peça já pode ser apresentada em público. Dentre os resultados encontrados no primeiro de seus subprojetos, “Aspectos da construção da performance pelo pianista”, consideramos muito interessante o processo das entrevistas, quando pudemos constatar mudanças significativas (por vezes radicais) nas respostas dos sujeitos. Surpreendeu-nos, ainda, constatar que, nas respostas referentes às observações pré-estudo realizadas pelos sujeitos, preponderaram, entre os alunos, as preocupações de ordem técnica, e que o método utilizado para memorizar as músicas continua, em alguns casos, sendo simplesmente a repetição. O cronograma de finalização do projeto como um todo é dezembro de 2006.

Esses diversos trabalhos, em conjunto, têm contribuído para a inserção da pesquisa em psicologia da música no meio acadêmico brasileiro, culminando, até o momento, com a criação do Laboratório de Performance Musical e Psicologia da Música do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal da Bahia, graças a verbas recebidas da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, por esta Universidade, no ano de 2005.

Agradecimentos

Os projetos de pesquisa mencionados foram financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasil),

(13)

exceto meu trabalho de doutorado. Agradeço a Thales da Silva Brito e Mariana Rodrigues da Silva Wild, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica UFBA/CNPq, por seu empenho e dedicação enquanto trabalhavam no subprojeto de pesquisa “Aspectos da construção da performance pelo pianista”, de agosto de 2004 a agosto 2005. Agradeço também a todos os outros bolsistas que tive a oportunidade de orientar, cujo entusiasmo, dedicação, críticas e sugestões tanto me fizeram aprender.

Referências

Altenmüller, E. & & Gruhn, W. (2002) ‘Brain mechanism’, in R. Parncutt & G. E. McPherson (eds.) The science and psychology of music performance; creative strategies for teaching and learning, pp. 63-81. Oxford: Oxford University Press.

Barry, N. & Hallam, S. (2002) ‘Practice’, in R. Parncutt & G. E. McPherson (eds.) The science and psychology of music performance; creative strategies for teaching and learning, pp.151-165. Oxford: Oxford University Press.

Borém, F. (2005) ‘Metodologias da pesquisa em performance musical no Brasil: tendências, alternativas e relatos de experiência’, in S. Ray (org.) Performance musical e suas interfaces, pp. 13-38. Goiânia (GO): Irokun Brasil Edições Musicais.

Clarke, E. (2002) ‘Understanding the psychology of performance’, in J. Rink (org.) Musical performance; a guide to understanding, pp. 59-72. Cambridge: Cambridge University Press.

Davidson, L. & Scripp, L. (1992) ‘Surveying the coordinates of cognitive skills in music’, in R. Colwell (ed.) Handbook of Research on Music Teaching and Learning, pp. 392-413. New York: Schirmer.

Dunsby, J. (1995) Performing music: shared concerns. Oxford: Clarendon.

Ericsson, K. A. (1997) ‘Deliberate practice and the acquisition of expert performance: an overview’, in H. J. & A. C. Lehmann (orgs.) Does practice make perfect? Current theory and research on instrumental music practice, pp. 9-51. Oslo: Norges musikkhøgskole,. Ericsson, K. A. & Lehmann, A. C. (1996) ‘Expert and Exceptional Performance: Evidence of

Maximal Adaptation to Task Constraints’, Annual Review of Psychology 47: 273-305. Guerra Peixe, C. (1943) Choro da 1a

Suíte Infantil. São Paulo: Irmãos Vitale.

Hallam, S. (1997a) ‘Approaches to instrumental music practice of experts and novices: implications for education’, in H. Jorgensen & A. C. Lehmann (orgs.) Does practice make perfect? Current theory and research on instrumental music practice, pp. 89-107. Oslo: Norges musikkhogskole.

. (1997b) ‘What do we know about practicing? Toward a model synthesising the research literature’, in H. Jorgensen & A. C. Lehmann (orgs.) Does practice make perfect? Current theory and research on instrumental music practice, pp. 179-231. Oslo: Norges musikkhogskole.

Lehmann, A. C. (1997) ‘Acquired mental representations in music performance: anecdotal and preliminary empirical evidence’, in H. Jorgensen & A. C. Lehmann (orgs.) Does practice

(14)

make perfect? Current theory and research on instrumental music practice, pp. 141-163. Oslo: Norges musikkhøgskole.

Lehmann, A. C. & McArthur, V. (2002) ‘Sight-reading’, in R. Parncutt & G. E. McPherson (eds.) The science and psychology of music performance; creative strategies for teaching and learning, pp. 135-150. Oxford: Oxford University Press,.

Rafael, M. J. A. (1998) Imagens mentais no ensino do piano; estruturas visuais, auditivas e cinestésicas. Salvador: Universidade Federal da Bahia. Unpublished Master dissertation. Reid, S. (2002) ‘Preparing for performance’, in J. Rink (org.) Musical performance; a guide to

understanding, pp. 102-112. Cambridge: Cambridge University Press,.

Santiago, D. & Brito, T. S. (2005) ‘Performance Musical e Psicologia da Música: aspectos da construção da performance pelo músico (fase 1)’, in do I Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais, 2005, Curitiba. Anais do I Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais. 166-172. Curitiba: DeArtes-UFPR.

Santiago, D. (2004) ‘Aspectos da construção da performance pelo músico: uma revisão bibliográfica’, in M. Dottori, B. Ilari & R. S. Coelho (eds.) Anais do 1º Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais. Curitiba: DeArtes-UFPR.

. (2002) ‘Proporções nos Ponteios para piano de Camargo Guarnieri; um estudo sobre representações mentais em performance musical’, Unpublished Doctoral Thesis. Salvador: Universidade Federal da Bahia.

Sloboda, J. (1982) ‘Music performance’, in D. Deutsch (org.) The psychology of music, pp. 479-496. San Diego, Califórnia: Academic Press.

Referências

Documentos relacionados

Neste contexto Azevedo, Souza e Machado (2009) denomina como quantitativa, por utilizar mecanismos de técnicas estatísticas, efetuar cálculos a partir dos dados

Na história da igreja, a compreensão teológica dos sacramentos é cercada de controvérsias. Foi árduo o caminho para se obter consenso sobre a instituição dos sacramentos em

Na Clínica Veterinária Bracara Augusta, o protocolo terapêutico para a demodicose consiste numa associação entre o tratamento tópico com amitraz e o tratamento

Oferece-se 10% de desconto na compra de todos os itens da fisioterapia (não inclui serviços de medicina tradicional chinesa).. Os referidos descontos n ã o podem ser

The tree community dynamics were analyzed for each soil class according to the rates of: Equation 1 (mortality of individuals) and Equation 2 (recruitment of individuals); Equation

Levando em consideração a importância de atividades diferenciadas no ensino da matemática, conforme afirmam Kishimoto (2001) e D’Ambrosi (1989), o grupo PET

O citado objetivo geral desdobra-se em quatro objetivos específicos: (1) Compreender o processo de inserção nas políticas públicas e legislação ambiental dos

um material particulado amarelo para uma possível aplicação como pigmento inorgânico a base de TiO2, MoO3 e Bi2O3 cuja composição não possui elementos terras raras de