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Pró-reitora Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

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Escola de Saúde e Medicina

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Gerontologia

QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES DE

UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO

FEDERAL E REFLEXÕES SOBRE A

GERONTOLOGIA EDUCACIONAL

Autora: Vênus Déia A. de Farias

Orientador: Prof. Dr. Henrique Salmazo da Silva

BRASÍLIA - DF

2019

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VÊNUS DÉIA ALVES DE FARIAS

QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES DE UMA

ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL E REFLEXÕES SOBRE A GERONTOLOGIA EDUCACIONAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Salmazo da Silva.

Brasília 2019

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família Farias, pelo eterno apoio e torcida mesmo pelos meus momentos de solidão, vocês sempre me incentivaram.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela honra proporcionada e sustentação para seguir e não desanimar.

Ao meu orientador Prof. Dr. Henrique Salmazo da Silva, pelo grande incentivo, dedicação, ensinamentos e pela capacidade de valorizar as pessoas com suas particularidades. A palavra gratidão vem do latim gratia e significa graça, utilizada em agradecimento “tenho reconhecimento pelo que recebi”. Ao Mestre, eterna Gratidão!

Ao meu eterno companheiro, meu esposo Márcio pela paciência, incentivo, acima de tudo, pela positividade. Por me fazer acreditar que sempre haverá momentos melhores.

As minhas filhas que são projeto de Deus, Isabella e Lorena, pela colaboração e por compreenderem minha ausência.

A minha mãe Cléa, que tanto auxilia nas dificuldades.

Minha amiga (irmã) Jú, pelo incentivo e por caminhar sempre ao meu lado.

A todos os componentes da equipe de pesquisa “Efeitos de uma intervenção ambiental educativa envolvendo idosos e adolescentes do Distrito Federal: Meio Ambiente, Sustentabilidade e Políticas Públicas Socioambientais”.

Aos professores e coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília.

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EPÍGRAFE

“Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina ”.

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RESUMO

FARIAS, Vênus Déia A. Qualidade de vida de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal e reflexões sobre Gerontologia Educacional. 2019. 97f. (Mestrado em Gerontologia) - Escola de Saúde e Medicina - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2019.

No âmbito do curso de vida o conceito de Qualidade de Vida (QV) ganha cada vez mais destaque. A adolescência, por tratar-se de uma fase da vida deflagrada por um conjunto de transições e formação de identidades, suscita a investigação das vivências em relação às transformações biológicas, sociais e psicológicas que compreendem a passagem da infância à vida adulta. No Brasil poucos estudos concentram-se em investigar a associação entre variáveis sociodemográficas, o papel dos avós e a QV dos adolescentes, o que contribui para a compreensão de variáveis de saúde e bem-estar psicossocial dessa fase da vida. Objetivo Geral: Investigar a qualidade de vida de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como a contribuição de variáveis sociodemográficas e da Gerontologia Educacional. Objetivos específicos foram: 1) investigar a QV de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como verificar associações entre QV e classe social, faixa etária do adolescente, e o papel da coabitação com o avô/avó no domicílio; 2) realizar uma revisão integrativa da literatura, o papel dos avós na qualidade de vida de adolescentes atendidos em instituições educacionais e de saúde, bem como as implicações de ser avô/avó aos idosos; e 3) descrever, por meio de um relato de experiência, a vivência de uma prática de educação ambiental intergeracional envolvendo adolescentes e idosos. Método: Foram investigados 54 estudantes de uma escola do Gama/Brasil, sendo 26 adolescentes de 10 a 11 anos do 5º ano Ensino Fundamental I (EFI) e 28 adolescentes com idade entre 14 a 15 anos do 1º ano Ensino Médio (EM). Resultados: Adolescentes do 1º ano do EM e do sexo feminino apresentaram menor pontuação no domínio emocional e psicossocial da PedsQL 4.0. Contudo, não houve associação entre QV, classe social e moradia com os avós, o que pode indicar a homogeneidade da amostra com relação a essas variáveis. Com relação à revisão de literatura, observou-se que apesar da variabilidade entre os achados, os avós forneceram apoio instrumental e emocional, favorecendo a saúde e a qualidade de vida dos adolescentes. O papel do avô, por sua vez, foi contextualizado pelas expectativas e relações sociais e familiares. No que se refere a vivência dos encontros intergeracionais, as atividades de educação ambiental configuraram-se como instrumentos para as transformações que ocorrem no campo da Gerontologia, apresentando-se como um espaço de interação, articulação dos saberes em saúde e reflexão sobre as relações intergeracionais. Conclusão: Adolescentes mais velhos e do sexo feminino constituem um dos grupos prioritários no contexto de ações de educação e promoção de saúde no âmbito da Saúde do Escolar por apresentar menor qualidade de vida nos domínios emocional e psicossocial. A associação entre QV e o papel dos avós necessita ser mais investigada, especialmente em famílias com conflitos de papéis parentais e em situações de disfuncionalidade familiar. Os achados da intervenção intergeracional, por sua vez, ressaltam as potencialidades do idoso como agente de educação para o meio ambiente, envelhecimento e promoção da saúde do escolar.

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ABSTRACT

FARIAS, Vênus Déia A. Quality of life of adolescents from a public school in the Federal District and reflections on Educational Gerontology. 2019. 97f. (Master in Gerontology) - School of Health and Medicine - Catholic University of Brasília, Brasília, 2019.

In the course of the life course the concept of Quality of Life (QL) gains more and more prominence. Adolescence, because it is a phase of life triggered by a set of transitions and formation of identities, provokes the investigation of the experiences in relation to the biological, social and psychological transformations that comprise the transition from childhood to adult life. In Brazil, few studies focus on investigating the association between sociodemographic variables, the role of grandparents and the QL of adolescents, which contributes to the understanding of health and psychosocial well-being variables of this phase of life. quality of life of adolescents of a public school in the Federal District, as well as the contribution of sociodemographic variables and Educational Gerontology. Specific objectives were: 1) to investigate the QL of adolescents of a public school in the Federal District, as well as to verify associations between QL and social class, adolescent age group, and the role of cohabitation with the grandfather / grandmother at home; 2) to carry out an integrative review of the literature, the role of grandparents in the quality of life of adolescents assisted in educational and health institutions, as well as the implications of being grandfather / grandmother to the elderly; and 3) describe, through an experience report, the experience of an intergenerational environmental education practice involving adolescents and the elderly. METHODS: Fifty-four students from a Gama / Brazil school were investigated. Twenty-six adolescents from 10 to 11 years old from 5th year of Elementary School I (EFI) and 28 adolescents from 14 to 15 years old from 1st year of High School. Results: Adolescents in the first year of MS and females had lower scores in the emotional and psychosocial domain of PedsQL 4.0. However, there was no association between QoL, social class and housing with the grandparents, which may indicate the homogeneity of the sample in relation to these variables. Regarding the literature review, it was observed that despite the variability among the findings, the grandparents provided instrumental and emotional support, favoring the adolescents' health and quality of life. The role of the grandfather, in turn, was contextualized by social and family expectations and relationships. As far as intergenerational encounters are concerned, environmental education activities have become instruments for the transformations that occur in the field of Gerontology, presenting itself as a space for interaction, articulation of health knowledge and reflection on intergenerational relations . Conclusion: Older and female adolescents are one of the priority groups in the context of education and health promotion actions in the field of School Health because they present lower quality of life in the emotional and psychosocial domains. The association between QOL and the role of grandparents needs to be further investigated, especially in families with parental role conflicts and in situations of family dysfunction. The findings of intergenerational intervention, in turn, highlight the potential of the elderly as an agent of education for the environment, aging and health promotion of the school.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Temas dos Estudos de QV com adolescentes 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização da amostra de adolescentes, Brasília/DF, 2018 43

Tabela 2 Qualidade de Vida referenciada aos domínios nos dois grupos etários, DF, 2018

44

Tabela 3 Qualidade de Vida referenciada aos domínios segundo o sexo, DF, 2018 44

Tabela 4 Qualidade de Vida referenciada aos domínios segundo o sexo

estratificada pela faixa-etária dos adolescentes, DF, 2018

45

Tabela 5 Qualidade de Vida referenciada aos domínios segundo a Classe

Socioeconômica dos adolescentes, DF, 2018

45 Tabela 6 Qualidade de Vida referenciada aos domínios segundo a condição de

Moradia com o avô ou avó dos adolescentes, DF, 2018

45 Tabela 7 Seleção dos artigos sobre avós, adolescente, família, qualidade de vida,

2013-2018

59 Tabela 8 Descrição das bases de dados dos artigos selecionados para a revisão

segundo os descritores utilizados, 2013-2018

59 Tabela 9 Caracterização dos estudos sobre o papel das relações com os avós na

qualidade de vida de crianças e adolescentes nacionais e internacionais veiculados entre 2013-2018

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABEP Associação Brasileira de Estudos Populacionais

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

CAE Comissão de Assuntos Econômicos

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CCI Centro de Convivência do Idoso

CODEPLAN Companhia de Planejamento do Distrito Federal

CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

DF Distrito Federal

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FAP Fundação de Apoio à Pesquisa

FSH Hormônio Folículo Estimulante

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofina

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IST Infecção Sexualmente Transmissível

LH Hormônio Luteinizante

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

PDAD Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PedsQL 4.0 Versão brasileira do questionário genérico Pediatric Quality of Life

Inventory versão 4.0

PSE Programa de Saúde na Escola

QV Qualidade de Vida

QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

RA Região Administrativa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

UCB Universidade Católica de Brasília

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SUMÁRIO

1. INTERESSE PELO TEMA ... 15

2. INTRODUÇÃO ... 16

3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 ADOLESCÊNCIA ... 18

3.1.1 Aspectos biopsicossociais da adolescência ... 19

3.1.1.1 Desenvolvimento biológico da adolescência ... 19

3.1.1.2 Desenvolvimento psicológico na adolescência ... 20

3.1.1.3 Aspectos sociais e legislação sobre a adolescência...22

3.2 QUALIDADE DE VIDA DO ADOLESCENTE...24

3.3 O PAPEL DOS AVÓS ... 27

3.4 TIPOS DE AVÓS...29 3.5 GERONTOLOGIA EDUCACIONAL...31 4. OBJETIVOS...34 4.1 OBJETIVO GERAL...34 4.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS...34 5. ASPECTOS ÉTICOS...35 6. METODOS DE PESQUISA...36 7. ARTIGOS ... 37

Qualidade de vida de adolescentes de uma escola pública do DF¹...37

O papel dos avós na qualidade de vida dos adolescentes²...52

O idoso vai à Escola: Reflexões sobre a Gerontologia Educacional e Contribuição à Saúde do Escolar³....70

8. CONSIDERAÇÕES DA DISSERTAÇÃO...82

REFERÊNCIAS DA DISSERTAÇÃO...83

ANEXOS...88

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1. INTERESSE PELO TEMA

Na minha trajetória como enfermeira, docente e supervisora de estágio de ensino superior, com ênfase na supervisão de campo do Saúde do Escolar, estágio executado em ambiente de escolas de Ensino Fundamental I, II e Médio, foi possível observar um elevado número de adolescentes que convivem com os seus avós.

Essa vivência despertou o meu interesse em aperfeiçoar os conhecimentos acadêmicos, culminando no ingresso na Graduação Scricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília. Ao cursar as disciplinas e me aproximar dos projetos desenvolvidos, soube do projeto realizado em ambiente escolar coordenado pelo Prof. Dr. Henrique Salmazo da Silva intitulado, “Efeitos de uma intervenção ambiental educativa envolvendo idosos e adolescentes do Distrito Federal: Meio Ambiente, Sustentabilidade e Políticas Públicas Socioambientais”, com apoio da FAP-DF, cuja proposta era dialogar dimensões da qualidade de vida e do contato intergeracional. Diante disso, propus ao Prof. Henrique a possibilidade de colaborar e desenvolver uma subpesquisa vinculada ao projeto.

Uma vez aceito, tornou-se possível conjugar o afeto por aquilo executado profissionalmente com a academia, tornando-se viável esta pesquisa. Pressupõe-se então que vários desafios permeiam a qualidade de vida dos adolescentes e que Saúde do Escolar e o contato com os avós podem ser promissores para o desenvolvimento e bem-estar desta fase da vida. Um dos pressupostos é que o adolescente pode desenvolver afetividade e perceber que seus avós também já foram adolescentes, propiciando trocas de vivencias e cuidados recíprocos. Além disso, identificar os domínios da Qualidade de Vida (QV) de adolescentes pode ajudar no delineamento de práticas educativas e de promoção de saúde no contexto da Saúde do Escolar.

Esta dissertação favorecerá a construção de novos projetos e melhor aproveitamento das informações contidas no Saúde do Escolar. Além de contribuir com estudos que envolvam as relações, vivências, troca de experiências entre netos e avós, a inserção do idoso e avós no ciclo educacional.

Por fim, a realização desta dissertação foi um grande desafio, enfrentando medos e obstáculos pessoais. Mas neste processo, a vida me proporcionou o privilégio de conhecer pessoas especiais e adquirir conhecimento.

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2. INTRODUÇÃO

Os conceitos de Qualidade de Vida (QV) e Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) ganham cada vez mais destaque no contexto do desenvolvimento humano. Pauta-se na avaliação subjetiva sobre os padrões de vida e saúde, modificando-se em função das transições e diferentes fases do desenvolvimento (NORONHA et al., 2016).

A adolescência, por tratar-se de uma fase da vida deflagrada por um conjunto de transições e formação de identidades, suscita a investigação de fatores que podem auxiliar nas transformações biológicas, sociais e psicológicas que compreendem a passagem da infância à vida adulta. Essas transformações modelam necessidades específicas de saúde e de bem-estar (Piccin et al., 2017; Agathão et al., 2018) e como elas são vivenciadas dependerão de uma conjunção de componentes como o suporte social, disponibilidade de programas e serviços ofertados pela Escola e serviços de saúde, contexto familiar, classe social, estruturas de personalidade, variáveis socioemocionais e relativas ao desenvolvimento orgânico e fisiológico (GOMES e CANIATO, 2016).

No contexto dos programas educacionais e de saúde, as ações da escola, dos programas de Proteção Social Básica, das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e do Programa Saúde na Escolar (PSE) tornam-se fundamental para a promoção, prevenção e reabilitação da saúde dos adolescentes. Desses, a escola torna-se um terreno fértil para identificar as demandas, a realidade sociofamiliar e para trabalhar temas transversais à educação em saúde, adolescência e ao ciclo de vida, pois: “A escola e os serviços de saúde, trabalhando de maneira integrada, podem constituir-se como uma rede de proteção” (BRASIL, 2018, p. 144). Além disso, outros atores são acionados, com a participação da família e comunidade:

Com a escola, a família participa do processo de ampliar a consciência do sujeito como cidadão, dimensão política de si mesmo, seus direitos e deveres que se relacionam com o poder público constituído em sociedade por intermédio de suas leis, que muitas vezes poderão estar em conflito com os interesses da classe social a qual a pessoa se encontra (BRASIL, 2018, p. 31).

No Brasil, diante do acelerado processo de envelhecimento populacional, cada vez mais os domicílios passam a ser compostos por duas ou mais gerações, e muitos deles chefiados por idosos. Alguns teóricos discutem que esse fenômeno reflete o aumento da participação do idoso na sociedade e uma estratégia de sobrevivência utilizada pelas gerações para suprir as necessidades relativas à renda e moradia (aos jovens) e aos cuidados (aos idosos).

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as pressões sociais e emocionais envolvidas nessa fase da vida, incluindo os desafios que permeiam o desenvolvimento pessoal (maturidade emocional e intelectual), o acesso aos diversos sistemas de atenção (educação, saúde, assistência social, lazer e outros); e a redução das vulnerabilidades e de dificuldades de adaptação, inserção social e vivência em comunidades pobres ou pouco estimulantes (MARTINI et al., 2013).

Dessa forma, os estudos no campo das ciências humanas e da saúde têm focalizado a investigação do capital social, dos papéis sociais e das relações de cuidado entre as gerações. Insere-se nesse âmbito a Gerontologia Educacional, área dedicada a promover ações de educação sobre o envelhecimento ao longo do desenvolvimento humano (Miranda et al., 2016), de forma a oportunizar atitudes mais positivas sobre o envelhecimento, os processos de aprendizagem e a solidariedade entre as gerações.

Contudo, as ações de educação em saúde na escola envolvendo avós são escassas no Brasil. Os poucos estudos sobre o tema foram desenvolvidos em Portugal, e no contexto de atividades pontuais entre idosos, crianças e adolescentes (COELHO et al., 2018, p. 60); o que não permite concluir a relação entre QV e variáveis sociodemográficas, e em relação ao papel dos avós e a vivência em programas intergeracionais.

Diante dessas questões, o objetivo desse estudo foi investigar a qualidade de vida de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como a contribuição de variáveis sociodemográficas e da Gerontologia Educacional. Para tanto os objetivos específicos foram: 1) investigar a QV de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como verificar associações entre QV e classe social, faixa etária do adolescente, e o papel da coabitação com os avós no domicílio; 2) realizar uma revisão integrativa da literatura o papel dos avós na qualidade de vida de adolescentes atendidos em instituições educacionais e de saúde, bem como as implicações de ser avô/avó aos idosos; e 3) documentar, por meio de um relato de experiência, a experiência de uma prática de educação ambiental intergeracional envolvendo adolescentes e idosos.

Para atingir esses objetivos, a presente dissertação foi estruturada no modelo Scandinavo. Portanto divide-se em cinco partes: a) Revisão da Literatura onde apresentamos os conceitos relativos ao desenvolvimento humano, adolescência, qualidade de vida e o papel dos avós; b) Artigo 1 intitulado “Qualidade de Vida de adolescentes de uma Escola Pública do DF”; c) Artigo 2 intitulado “O papel dos avós na qualidade de vida dos adolescentes”; d) Artigo 3 intitulado “O idoso vai à escola: Reflexões sobre a Gerontologia Educacional e contribuições à Saúde do Escolar”; e) Considerações Finais, destacando as contribuições dos achados para a Gerontologia Educacional e atuação do Saúde do Escolar.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 ADOLESCÊNCIA

A origem da palavra adolescência é advinda do Latim “adolescentia” e significa “adolecer”. Adolescência é período entre a puberdade e a idade adulta, durante o qual ocorrem mudanças físicas como o crescimento acelerado e a maturidade sexual e as alterações psicológicas e sociais (LIRA e SILVA, 2017).

O termo foi utilizado pela primeira vez em 1430 na língua inglesa, e no meio acadêmico o estudo sistematizado da adolescência iniciou-se com o psicólogo Stanley Hall em 1904 na obra “Adolescência”: sua psicologia e relação com fisiologia, antropologia, sociologia, sexo, crime, religião e educação”, caracterizando-a como um estágio de desenvolvimento permeado pela transição da infância para a vida adulta. Em sua obra Stanley Hall propôs alterações no currículo escolar, para inserir atividades esportivas, e o investimento dos educadores nas potencialidades psíquicas e criativas observadas nessa fase da vida (NUNES, 2018).

A partir do século XX, a ideia de adolescência passa a assumir uma concepção retentora de um estatuto legal e social (BERNI e ROSO, 2014). Contudo, a demarcação etária da adolescência varia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério de Saúde (MS), a adolescência compreende a faixa etária dos 10 aos 19 anos, ao passo que segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990) adolescência é compreendida a faixa etária entre os 12 aos 18 anos incompletos (BRASIL, 2018, p.16). Segundo o último critério, após os 18 anos o indivíduo responde por seus atos legalmente e passando a ser considerado como adulto.

Apesar da variabilidade entre as definições, verifica-se a adoção do critério cronológico objetivando a orientar a investigação epidemiológica; e a elaboração de serviços, programas e ações de saúde pública, embora desconsiderem características individuais moldando o desenvolvimento.

Para autores como Lírio (2012), a definição proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente na Lei nº 8.069/90 deslegitima que os parâmetros de maturidade biológica e psíquica, e dotariam os indivíduos de autonomia por seus atos e consequentemente, poderia os tornar legalmente responsáveis por seus atos. Embora este assunto seja polêmico e longe de resolução por permear as influências sociais e a profunda desigualdade social que assola o Brasil, é inquestionável adolescência permeada por alterações biológicas, psíquicas e orgânicas que variam de indivíduo para indivíduo, devendo ser examinado para além do

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critério exclusivamente cronológico.

Do ponto de vista dessas alterações, vivenciadas de forma única para cada indivíduo, ressalta-se o papel do contexto socioeconômico para os comportamentos, expectativas de futuro, exigências sociais e formas de participação cultural, tanto na área urbana quanto na área rural; e o papel das experiências familiares e dos processos de urbanização crescente, aumento da expectativa de vida e consequentemente do envelhecimento populacional (IBGE, 2018). Em cada um desses contextos, a adolescência está associada a diferentes condições de inserção ou exclusão social e guarda diferentes formas de ser e estar no mundo, que devem ser identificadas e compreendidas por todos (OLIVEIRA, 2017). Portanto, a adolescência é permeada por questões biopsicossociais, com impacto nas trajetórias de desenvolvimento que envolvem a transição da infância à vida adulta.

3.1.1 Aspectos biopsicossociais da adolescência

3.1.1.1 Desenvolvimento biológico da adolescência

Do ponto de vista biológico, a adolescência inclui todas as transformações puberais, como o estirão de crescimento, as alterações na composição corporal, o desenvolvimento dos sistemas orgânicos, o completo crescimento e fusão total das epífises ósseas, e o desenvolvimento dos órgãos reprodutores e dos caracteres sexuais secundários (LOURENÇO et al., 2015).

Nas meninas, o estrogênio e a progesterona são os responsáveis pelo surgimento do broto mamário e surgimento dos pelos pubianos. Nos meninos, a testosterona é o hormônio responsável crescimento dos pelos, o aumento da massa muscular e a espermatogênese. Essas alterações acompanham o processo da puberdade com duração média de dois anos, sendo esta definida como um fenômeno biológico referente às mudanças morfológicas e fisiológicas (forma, tamanho e função). Nessa fase ocorre a reativação dos mecanismos neuro-hormonais do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, responsáveis por secretar de uma maneira pulsátil bastante específica, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). A secreção resulta na liberação em ciclos pulsáteis durante o ciclo circadiano dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela glândula hipofisária (LOURENÇO e QUEIROZ, 2010). Essas mudanças corporais conhecidas como os fenômenos da pubarca ou adrenarca e gonadarca são parte de um processo contínuo e dinâmico com ativação iniciada na vida fetal, em repouso durante grande parte da infância, e apenas reativado durante a puberdade

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(LOURENÇO et al., 2015). É importante observar diferenças entre os sexos, e entre os diversos grupos étnicos e sociais de uma população. Os indicadores de maturação sexual são considerados como a menarca nas meninas e a semanarca nos meninos.

No Brasil, a menarca ocorre na idade média de 12,2 anos e a semenarca por volta dos 13 anos de idade, sendo a genética um dos fatores consideravelmente determinante. Todavia, existem as variações consideráveis entre os indivíduos ocasionadas por patologias e principalmente pela melhoria de oferta nutricional e das condições sanitárias e ambientais (SILVA et al., 2016).

3.1.1.2 Desenvolvimento psicológico na adolescência

A adolescência em geral, apresenta comportamentos de risco e impulsividade de forma exacerbada em comparação a infância e a idade adulta. Nessa fase do ciclo de vida inicia-se o comportamento autorreflexivo, autorregulação e questionamentos do mundo adulto, acompanhados pela busca por novidades e exposição a comportamentos de risco. Alterações em traços de personalidade também são observadas, com aumento da irritação e da criticidade.

Grande parte desses comportamentos é subsidiado por alterações corticais, incluindo: a) desenvolvimento no córtex pré-frontal (LOURENÇO et al., 2015, p. 39); b) aumento da substância branca principalmente pela mielinização das células neurais (STAM, 2016); c) diminuição da substância cinzenta, com significativa poda neuronal e refinamento das conexões sinapses existentes (STAM, 2016); d) alterações em diversos sistemas de neurotransmissão, com destaque ao sistema dopaminérgico, associados aos sistemas de recompensa, prazer, motivação e habilidades associadas à atenção, funções executivas, flexibilidade mental e velocidade de processamento.

Além das alterações mencionadas, destaca-se também a influência do meio social, a busca de aprovação e a aquisição da identidade pessoal, o que segundo Neiva et al., (2014) exige do adolescente a elaboração de lutos. Esses lutos possuem variadas manifestações, sendo estes: a) Luto pelo corpo infantil - as transformações corporais que ocorrem a partir da puberdade são vividas pelo adolescente, geralmente, com ansiedade. b) Luto pelo papel e identidade infantis - na infância, a relação de dependência é algo natural no convívio da criança com os pais. c) Luto pelos pais da infância - nessa fase, o aspecto mais importante é o da dependência/independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa.

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avanços e regressões (NEIVA et al., 2014). Outros teóricos, como Patias et al., (2011) destacam que o adolescente passa a questionar suas experiências de vida e a busca por novas experiências para projeção do futuro - o que quer ser. Nesse sentido Mendes (2012) retrata:

A par da mudança do esquema corporal e da percepção do próprio corpo, processa-se o deprocessa-senvolvimento da identidade pessoal, elaborada paulatinamente em cada faprocessa-se da vida pregressa, e que precisa, agora, ser efetivamente estabelecida (p. 20).

Dessa forma, as características de desenvolvimento psicossocial normal na adolescência é o resultado da interação entre o desenvolvimento alcançado nas fases anteriores do ciclo de vida, inerente a esta fase (desenvolvimento da puberdade e desenvolvimento do cérebro deste período) e a influência de múltiplos determinantes sociais e culturais (GAETE, 2015). Para Erik Erikson (1987) formam-se, a partir desses elementos, os papéis sociais que culminarão no desenvolvimento de sua identidade:

[...] o adolescente, durante a fase final de sua formação de identidade, está apto a sofrer mais profundamente do que nunca antes ou mesmo depois de uma confusão de papéis [...] (p. 164).

A partir desse processo de construção, o adolescente elabora sua história de vida passada, o momento presente e suas expectativas futuras para construir um senso de identidade própria, podendo ocorrer conflitos e tensões em seu ambiente. A constatação do sentimento de inconveniência à construção do papel na adolescência explicitado na música de Arnaldo Antunes Não vou me adaptar:

[...] Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia/ Eu não encho mais a casa de alegria, Os anos se passaram enquanto eu dormia / E quem eu queria bem me esquecia… Será que eu falei o que ninguém ouvia? / Será que eu escutei o que ninguém dizia? Eu não vou me adaptar… Me adaptar… Me adaptar…

Eu não tenho mais a cara que eu tinha / No espelho essa cara não é minha, Mas é que quando eu me toquei achei estranho / A minha barba estava desse tamanho[...] (Titãs, 1985)

Dessa forma, nenhum esquema único de desenvolvimento psicossocial pode ser aplicado a todos os adolescentes, uma vez que a adolescência é um processo altamente variável em termos de crescimento e desenvolvimento. Possivelmente a beleza desse desenvolvimento esteja na força, energia, renovação, crescimento, descobertas, senso crítico e sonhos. A adolescência é um período de grande aprendizagem de normas, conceitos sociais e morais (MACHADO et al., 2018). É nessa fase também, que ocorrem várias alterações morfológicas, biológicas e emocionais na vida do adolescente.

Apesar da variabilidade e das múltiplas possibilidades de desenvolvimento, alguns teóricos convencionam dividir a adolescência em três fases cronológicas, a inicial, a média e a

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tardia: a) Adolescência inicial: 10-13 anos- o adolescente é muito focado em seu comportamento próprio, mudanças no corpo e aparência física, desenvolvimento cognitivo, busca da identidade, com tentativas de rebeldia, dificuldade em aceitar conselhos dos adultos e menos interesse pelas atividades paternas; b) Adolescência média: 14-16 anos- nesse período é o distanciamento emocional da família, no desenvolvimento psicológico sua auto-imagem é muito dependente da opinião de terceiros, tentativas de isolamento, aumenta o alcance e a abertura das emoções que experimenta e adquire a capacidade de examinar os sentimentos dos outros e de se importar com os outros, experimentação de novos desafios, frequentes nesse estágio. Senso de onipotência e imortalidade, falsa sensação de poder, começam a ocorrer a preocupação com a vida profissional; c) Adolescência tardia: 17-19 anos- último estágio do adolescente onde consolida sua identidade com independência emocional, interesse em fazer planos para o futuro, a busca pela vocação definitiva pressiona mais e os objetivos vocacionais tornam-se realistas, podendo assumir responsabilidades de papeis adultos, desenvolvendo a capacidade de compreender e aceitar seus pais e até buscar conselhos. Para a conquista de sua identidade e autonomia, ocorre a estabilização da auto-imagem corporal, período de maior tranquilidade e aumento da integração da personalidade (LOURENÇO et al., 2015, p. 35-36).

3.1.1.3 Aspectos sociais e legislação sobre a adolescência

Do ponto de vista social e da legislação, são preconizados direitos a esse grupo etário na Constituição Federal do Brasil e no Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo este último criado no ano de 1990:

Constituição Federal do Brasil

Em 1988 a Constituição Federal estabeleceu na legislação brasileira juridicamente a transição democrática e a institucionalização dos Direitos Humanos no Brasil onde, no seu artigo 227, preconiza que:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente e jovem, assegura com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, [...] à convivência familiar e comunitária, [...] (BRASIL, 2018, p.19).

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, estabelecido pelo artigo 227° da Constituição Federal de 1988, foi sancionado no ano de 1990, estabelece um conjunto de normas buscando regulamentar um conjunto de direitos civis, sociais, econômicos e culturais de promoção e

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proteção as crianças e adolescentes (BRASIL, 2018, p.19).

Crianças e adolescentes possuem direitos específicos e demandam proteção especial do Estado, sociedade e da família. Nesse contexto, faz-se necessário a efetivação de ações para a promoção de saúde e qualidade de vida desse segmento, envolvendo os diferentes atores que compõem o universo dos cuidados de atenção aos adolescentes.

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3.2 QUALIDADE DE VIDA DO ADOLESCENTE

Em decorrência do avanço da ciência e da sobrevida dos portadores de doenças crônicas, há um aumento da expectativa da população. Diante esses fatores o conceito de qualidade de vida foi sendo modificado e ampliado, e passou a ser concebido pelo indivíduo em relação a sua condição de saúde, como também a outras dimensões da sua vida (CRUZ et al., 2018). A temática usualmente é associada ao conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) definido como “completo estado bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças”.

Ancorando-se nesse conceito, a QV é tida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (PEREIRA et a., 2012). Contudo Ferreira Junior et al., (2018) salienta QV não se restringe à satisfação com necessidades materiais, e sim, está relacionada com a inserção social, a liberdade e o bem-estar. Trata-se, então, de um conceito abrangente, multidimensional e que combina com as dimensões do bem-estar subjetivo e objetivo nas várias áreas da vida de um indivíduo, consideradas relevantes dentro da sua cultura, tempo histórico e no âmbito dos padrões universais dos direitos humanos (MARIA et al., 2017).

Outros autores definem QVRS como a percepção do indivíduo sobre a condição de sua vida diante da enfermidade, as consequências e os tratamentos referentes a ela a, ou seja, como a doença afeta sua condição de vida útil (CRUZ et al., 2018). Envolve aspectos físicos, sociais, psicológicos e funcionais do bem-estar de indivíduos, indicando que saúde e doença transitam nos campos social e psicológico.

No âmbito do curso de vida o conceito de QV e de QVRS assumem dimensões específicas a depender das trajetórias de desenvolvimento humano. A adolescência, por tratar-se de uma fatratar-se da vida deflagrada por um conjunto de transições e formação de identidades, suscita a criação de modelos teóricos voltados para as vivências e passagens pelas transformações biológicas, sociais e psicológicas associadas a esta fase da vida. Essas, em conjunto, modelam necessidades específicas de saúde e de bem-estar (PICCIN et al., 2017; AGATHÃO et al., 2018).

Segundo Senna e Dessen (2015) a QV do adolescente é alcançada por meio da satisfação pessoal e comportamentos que promovam o seu desenvolvimento e saúde. O desenvolvimento saudável do adolescente pauta-se para além da garantia da sobrevivência e dos cuidados com os problemas orgânicos, mas também na promoção de condições físicas,

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psicológica e socioambientais satisfatórias que permitam vivenciar as transformações esperadas para esta fase do curso de vida e transpor os desafios impostos pelo contexto social e histórico em que vivem (SENNA e DESSEN, 2015).

Nessa perspectiva, Maria et al., (2017) propõe ao conceito de QVRS em adolescentes a percepção sobre a condição física, psicológica (afetiva e cognitiva) e social (relacionamentos e papéis sociais no âmbito familiar, extrafamiliar e escolar). Reconhece-se que um conjunto de fatores podem se caracterizar como risco ou vulnerabilidades a saúde do adolescente, incluindo: imagem corporal e padrões de beleza; sexualidade; sedentarismo e estilo de vida; conflitos parental ou interpessoal; isolamento social e violações de direitos; uso de entorpecentes e drogas de uso recreativo; vulnerabilidade social e composição familiar; renda e classe social; local de estudo e local de moradia; série escolar e turno de estudo; evasão escolar associada ao trabalho; estado nutricional; e presença de doenças (MICHEL et al., 2009).

Em estudo brasileiro, Agathão et al., (2018) investigaram a QVRS em crianças e adolescentes de 8 a 18 anos, tanto saudáveis quanto portadores de doenças crônicas, o reconhecimento da sua QVRS de forma mais positiva, ainda que suas condições de vida sejam inferiores à dos adolescentes europeus.

Os estudos de Farias et al., (2016) demonstraram QV na adolescência influenciada pela distância da moradia, onde o fator “morar distante” interfere diretamente nos horários das refeições, na ingestão de alimentos com baixo teor nutricional ou com elevado índice calórico, ocasionando o surgimento de doenças crônicas como obesidade/sobrepeso, magreza e a magreza acentuada, influenciando diretamente no desenvolvimento psicológico e físico do adolescente.

Em relação aos fatores de risco para doenças crônicas, essa fase da vida pode ser diretamente influenciada por intervenções e modificações de hábitos e comportamentos, bem como melhora da QV em conjunto com a família escola e serviços de saúde.

Em conjunto, esses achados conferem a multidericionalidade e complexidade deste conceito, uma vez que pode ser influenciada por condições objetivas, subjetivas e sociais intercambiando a família, escola, pares e comunidade. Diante dessas questões, o Ministério da Saúde delineou o Programa Saúde na Escola com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros adolescentes e promover a saúde deste seguimento etário.

Nesse constructo as ações de promoção de saúde objetivam o desenvolvimento da autonomia das pessoas em relação ao cuidado consigo, com os outros e com o meio ambiente, contribuindo para a qualidade de vida (AZEVEDO e ALVES, 2016).

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Para execução dessas diretrizes compreende a escola como o espaço privilegiado de promoção de saúde para realização de projetos que acolham e fortaleçam o protagonismo, a adoção de hábitos de vida saudáveis e a redução das vulnerabilidades que acompanham esta fase da vida (FARIAS et al., 2016).

Além disso, torna-se necessário a ampliação de atividades que envolvam a família na escola; a maior atuação do Programa de Saúde na Escola (PSE-MS) e de profissionais das várias áreas de saúde; o desenvolvimento de atividades educativas aos docentes e voltadas para o cuidado ao educador; promoção de intervenções lúdicas e educativas voltadas para prevenção e redução das violências nas escolas.

No que refere à abertura da escola ao ambiente familiar, verifica-se necessidade da inclusão dos avós e o desenvolvimento de atividades que os permitam participar da progressão dos netos pode favorecer a troca de conhecimentos, experiências e os vínculos intra e extra familiares.

O vínculo dos avós com os netos na escola pode beneficiar tanto os avós, ao experimentarem orgulho, satisfação, utilidade, renovação, resgate de valores e correções de possíveis falhas na educação dos filhos; quanto aos netos, incluindo aprendizados, cuidado, melhor comunicação com a família, entre outros. Nesse sentido, a participação dos avós nas escolas dos netos, oportuniza o cumprimento da necessidade de acompanhamento do desenvolvimento escolar.

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3.3 O PAPEL DOS AVÓS

O aumento da longevidade humana e as transformações sociais observadas nas últimas décadas impuseram mudanças nas configurações sociofamiliares da população brasileira. Até meados da década de 1960 o modelo familiar vigente era o tradicional, composto por um núcleo bigeracional (pai, mãe e filhos) no qual a mulher era a responsável pelas tarefas domésticas e cuidados; no início do século XXI as famílias passam a ser estendidas (coabitação de três ou mais gerações), permeadas por laços de afeto e cuidado (cohousing e residências coletivas) e pela divisão mais fluída das tarefas e funções relativas aos cuidados com os filhos e o lar (CRUZ e UZIEL, 2014).

Parte dessas mudanças foram agenciadas pela redução do número de filhos e a maior expectativa de vida, gerando um maior convívio de várias gerações, inclusive com a possibilidade de viverem em um mesmo ambiente, compartilhando as tarefas da casa e os cuidados da família (MEIRELES e TEIXEIRA, 2014).

Nesse contexto diversos estudos têm destacado o papel dos idosos no contexto familiar, assumindo responsabilidades desde a contribuição com o orçamento familiar, chefiar a família, fornece apoio emocional aos filhos e netos ou desempenhar o papel de cuidador das gerações mais jovens (PICCIN et al., 2017).

No contexto das crianças e adolescentes, os avós podem favorecer seu desenvolvimento saudável e contribuir para assegurar os cuidados a essa fase do curso de vida, especialmente na ausência dos pais e ou em caso de disfuncionalidade familiar (dependência química, violência, negligência dos pais, transtornos mentais, e pais adolescentes) (Ósorio et al., 2018), em consonância com o artigo 19º do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069/90 ao estabelecer que:

É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral (BRASIL, 1990).

A conivência contínua dos avós com seus netos desempenham também um papel educativo, além da transmissão de valores assegurados pela legislação a relação dos avós e netos são garantidas, segundo a Lei nº 10.406/02:

Art. 1.589 O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente (BRASIL, 2002).

Independentemente da idade e da herança genética, para ser avó/avô basta que duas pessoas assumam as funções: avó e neto. Ser avó/avô é subjetivo, interpessoal e relativo para cada indivíduo, variando também em função dos papéis sociais, da história e relações

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pregressas (DIAS et al., 2010).

O nascimento de um neto é o momento que marca a vida, ocasionando uma passagem para outra fase no ciclo de vida familiar, modificando toda estrutura familiar e também a estrutura psíquica dos novos avós, despertando o sentimento de geratividade (transmissão de valores e conhecimentos a gerações mais jovens) e de passagem do tempo ou envelhecimento, levando a criar uma nova identidade com novos papéis.

Nesse contexto, tornar-se avó e avô pode ser favorável para a melhoria na qualidade do relacionamento entre pais e seus filhos, ou pode ser um fator estressor gerando impacto negativo na qualidade de vida e das relações no contexto sócio familiar, associando-se a sobrecarga e acúmulo de funções (DIAS et al., 2010).

Em alguns casos os avós e avôs desenvolvem o exercício da parentalidade, desempenhando um conjunto de tarefas realizadas pelas figuras parentais, com a intenção de promover o desenvolvimento integral da criança e do adolescente (SCREMIN e BOTTOLI, 2016).

Apesar da variabilidade dessa experiência em adultos e idosos, para Coelho e Dias, (2017) tornar-se avô/avó subscreve-se nas quatro experiências de separação e individuação ao longo do ciclo de desenvolvimento familiar. A Primeira inicia na diferenciação da criança de sua mãe, representativo pela perda do objeto materno, caracterizando a primeira individuação; a Segunda individuação acontece na adolescência, quando o adolescente revive seu convívio na fase da infância, necessitando de um trabalho psíquico bastante doloroso, que corresponde à separação e diferenciação das imagens internalizadas dos mesmos; a Terceira individuação acontece com a experiência de parentalidade com o novo papel estimulando a separação de seus próprios pais. Um novo papel é assumido ao tornar-se pais, surgindo entendimento paridade; Quarta individuação se dá quando o indivíduo se torna avó ou avô. Numa perspectiva de mais ampla, ser avô e avó oportuniza o contato com gerações mais novas, favorecendo a interação com novas ideias. Para os netos, por sua vez, os idosos oferecem o conhecimento adquirido por toda vida e esse conhecimento acaba sendo agregado pelas crianças e adolescentes quando se tornam adultas.

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3.4 TIPOS DE AVÓS

Os avós da atualidade possibilitam relações variadas com seus netos (OLIVEIRA, 2015, p. 21), podendo ser demonstrados através de estudos Neugarten e Weinstein (1964), estabelecendo cinco estilos diferentes para exercer o termo avós: a) Divertido (estilo livre e não autoritário de relacionar com seus netos); b) Formal (comportamento rígido e tradicional, autoritários); c) Distantes (raras vezes veem seus netos) e d) Cuidadores pais/substitutos (assumem importantes responsabilidades e cuidados dos netos todos os dias) e e) Conservadores/detentores da sabedoria familiar (informam sobre as raízes familiares, guardam a história familiar).

Para além destes estilos, o papel dos avós varia ao longo da vida e diferem de acordo com cada neto: a) Permissivo (não se preocupam em fazer o moralmente correto com os netos, os que mimam); b) Simbólicos (fazem o moralmente correto, sem mimos); c) Individualistas (não se envolvem na relação) e d) Opressor (não se envolve com os netos) (OLIVEIRA, 2015, p. 18).

Os netos visualizam seus avós com separações nas atividades desenvolvidas, sendo portanto, o avô mais lúdico e a avó mais afetiva e cuidadora. As avós desenvolvem atividades linguísticas, contando fábulas ou sobre sua própria família, enquanto que os avôs se dedicam às atividades ao ar livre e à prática esportiva. Nas atividades em tempo integral os avôs brincam em espaços internos fazendo uso de jogos educativos e eletrônicos, enquanto as avós priorizam brincadeiras em espaços externos, como praia, piscina, jogos de salão e futebol. Para os netos as avós maternas são preferidas porque elas estão mais envolvidas no cuidado das crianças, ajudando-as nas pequenas e nas grandes tarefas (AZAMBUJA e RABINOVICH, 2017).

Contudo, dada a complexidade de papéis e de padrões familiares, especialmente na população brasileira, torna-se necessário investigar em quais contextos o exercício do papel dos avós podem beneficiar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida dos adolescentes; de forma a subsidiar o planejamento de intervenções educativas e intergeracionais. A esse respeito Fratezi et al., (2011) em estudo envolvendo idosos, crianças e adolescentes confirmam a possibilidade de desenvolver o convívio por meio de intervenções, dentre elas as intervenções socioeducativas que favorecem a troca de conhecimentos e a relação social. Os autores promoveram encontro intergeracional no Dia dos Avós, queno Brasil é comemorado em 26 de julho, e obtiveram resultados de melhoria subjetiva no status da saúde e satisfação pessoal, sugerindo a data para estimular a interação social entre diferentes gerações e a

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3.5 GERONTOLOGIA EDUCACIONAL

A Gerontologia (do grego gero = envelhecimento + logia = estudo) é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. Foi proposta por Elie Metchnikoff em 1903, mas o campo de estudos e pesquisa torna-se robusto após a segunda Guerra Mundial, com o aumento da população idosa e com a composição de grupos de pesquisa dedicados a investigar as experiências de velhice e envelhecimento em variados contextos socioculturais e históricos, permeando aspectos do envelhecimento normal

e patológico.

A partir da consolidação dessa área do saber, outras abordagens, voltadas para a educação, foram consolidadas na área, como a Gerontologia Educacional. Segundo Cachioni (2002) o termo foi usado pela primeira vez na Universidade de Michigan (EUA) em 1970, pelo teórico David Peterson em sua apresentação da tese de doutorado em Gerontologia.

No ano de 1976, o teórico definiu a Gerontologia Educacional como a área responsável pelo estudo e prática das tarefas de ensino a pessoas envelhecidas e em processo de envelhecimento.

Contudo, em 1980, Peterson reformulou sua definição, acrescentando que a Gerontologia Educacional é a tentativa de aplicar o que se conhece sobre a educação e o envelhecimento em benefício da melhoria da vida dos idosos. Fazem parte também dessa reformulação três frentes de atuação:

a) Educação para idosos: programas educacionais voltados a atender às necessidades da população idosa, considerando as características do grupo etária;

b) Educação para população em geral sobre a velhice e idosos: programas educacionais como um espaço intergeracional, que possibilita à população mais jovem rever seus conceitos sobre a velhice e seu próprio processo de envelhecimento e

c) Formação de recursos humanos para trabalho com idosos: ocorre por meio da capacitação técnica de profissionais para prestação de serviços direcionados à pessoa idosa e à formação de pesquisadores.

Apesar do avanço inegável da Gerontologia Educacional, apenas na década de 1990 a área passa a ser implantada no Brasil. Por meio das suas três áreas majoritárias de atuação, se alicerça na concepção, elaboração e implementação de programas de animação, estimulação, enriquecimento pessoal, formação e instrução dirigidos aos idosos. Constitui-se então como uma exigência e necessidade das sociedades contemporâneas para enfrentar o rápido envelhecimento populacional, intervindo na construção e implementação de políticas dirigidas

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aos idosos, bem como, criando políticas educacionais e contribuindo para o empoderamento da pessoa idosa brasileira. (OLIVEIRA et al., 2015; VIEIRA, 2015).

O primeiro programa brasileiro para idosos reconhecido como de extensão universitária foi o Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), criado na Universidade Federal de Santa Catarina, um ano após a Primeira Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, realizada em Viena, em 1983, Portaria 0484/GR/83. Atualmente, as instituições de ensino superior particulares são as que mais têm investido nessa área, seguidas das estaduais e federais (INOUYE et al., 2018).

Para além dessas ações, a educação para o envelhecimento é respaldada em lei. A PNI (Política Nacional do Idoso) Lei nº.8.842 de 4 de janeiro de 1994, no capítulo IV art.10 – III – na área da educação que preconiza:

CAPÍTULO IV

III - na área de educação: a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso; b) [...]; c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores;

d)[...] e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados

às condições do idoso e f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber;

O Estatuto do Idoso, Lei nº.10.741/2003 de 1º de outubro de 2003, por sua vez, assegura os direitos especiais ao idoso quanto à educação e o acesso a essa educação, sobre os quais versam os artigos 20, 21 e § 1º:

CAPÍTULO V

Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,

espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. . § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de

comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.

Para que essas legislações sejam implantadas torna-se cada vez mais necessário o delineamento de intervenções educacionais em espaços formais ou não formais de aprendizagem que dialoguem com questões contemporâneas do envelhecimento, como a inserção do idoso no mercado de trabalho e a aposentadoria; o letramento e alfabetização digital; a ocupação do tempo livre e atualização de conhecimentos; a compensação de perdas

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funcionais e a otimização de habilidades de forma a alcançar o envelhecimento ativo (VIEIRA, 2015).

Dessa forma, o cuidado empoderador surge como uma atividade intencional, que permite ao idoso adquirir conhecimento de si mesmo e daquilo que o rodeia, podendo exercer mudanças nesse ambiente e na sua própria conduta. O empoderamento vai ao encontro das tecnologias leves, por ser um recurso que possibilita o sucesso entre as relações humanas envolvendo o profissional e o usuário, bem como deve haver a inclusão da família, das interações pessoais, da história e condições de vida, em busca da promoção da saúde (ARAUJO, et al., 2017).

Outro aspecto interessante no envelhecer segundo AREOSA et al., (2016) são as alterações estruturais e funcionais nos indivíduos idosos, fazendo parte de um processo natural de evolução da idade e podem se manifestar de formas diferentes, de acordo com as características individuais e socioeconômicas.

Além do corpo, o cérebro e a mente o exigem cuidados, desta forma devem ser exercitados ao longo da vida, inclusive em idades mais avançadas para que o seu funcionamento continue no seu máximo. A educação proporciona um conjunto de atividades intelectuais, como a leitura, atividades discursivas e escrita, que auxiliam a manutenção de níveis de ativação cerebral, compensando perdas. Assim, é importante que os adultos mais velhos tenham acesso à educação desfrutando de áreas que gostam e lhes interessam enquanto realizam atividades que obrigam ao exercício mental, lógica e raciocínio, habilidades estas indispensáveis para o bom funcionamento da mente, principalmente por meio da leitura (BABTISTA, 2018).

Uma outra área de interesse dos programas de Gerontologia Educacional é o desenvolvimento de programas intergeracionais, com possibilidades de promover ações de educação ao envelhecimento. Essas ações pautam-se nas trocas, aprendizados e temas que favoreçam a participação social, a reflexão e a solidariedade entre diferentes gerações (FERREIRA, 2012). Nesse sentido, espaços formais de aprendizagem, como as escolas, tornam-se veículos importantes de práticas educativas envolvendo diferentes gerações.

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Investigar a qualidade de vida de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como a contribuição de variáveis sociodemográficas e da Gerontologia Educacional.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) investigar a QV de adolescentes de uma escola pública do Distrito Federal, bem como a investigar associações entre QV e classe social, faixa etária do adolescente, e o papel da coabitação com o avô no domicílio;

2) realizar uma revisão integrativa da literatura o papel dos avós na qualidade de vida de adolescentes atendidos em instituições educacionais e de saúde, bem como as implicações de ser avô/avó aos idosos; e

3) documentar a experiência vivenciada durante as atividades intergeracionais realizadas com idosos da comunidade e adolescentes de uma instituição pública de ensino do Gama/DF.

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5 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Brasília (UCB), número CAE 83780017.1.0000.0029, subparte da pesquisa “Efeitos de uma intervenção ambiental educativa envolvendo idosos e adolescentes do Distrito Federal: Meio Ambiente, Sustentabilidade e Políticas Públicas Socioambientais”, financiado pela FAP-DF, Processo: 0193.002036/2017-28 e coordenado pelo Prof. Dr. Henrique Salmazo da Silva do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia. Foram adotados como procedimentos de pesquisa: a) medidas de proteção ou minimização de qualquer risco eventual em todas as fases da pesquisa (recrutamento, avaliação, oficinas, transporte); b) assistência integral às complicações e danos de riscos previstos; c) comunicação ao CEP/CONEP, em caráter emergencial, a necessidade de adequar ou suspender o estudo em função de qualquer risco ou danos aos participantes.

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6 MÈTODOS DA PESQUISA

A presente pesquisa reúne três estudos. O Estudo 1 trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e transversal com adolescentes de uma Escola Pública do Distrito Federal investigados no contexto da pesquisa financiada pela FAPDF. O Estudo 2 trata-se de uma revisão integrativa da literatura a respeito do papel das relações com os avós na qualidade de vida de crianças e adolescentes sobre a velhice. O Estudo 3 trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, com abordagem qualitativa, que envolveu o desenvolvimento de oficinas de Educação Ambiental, permeada de atividades de Práticas Interdisciplinares e Intergeracionais em Ensino, Pesquisa e Extensão. O método de cada estudo encontra-se detalhado nos artigos que serão apresentados a seguir.

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7 ARTIGOS ARTIGO 1

QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DF

Artigo Original1

Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar a QV de adolescentes estudantes de uma Escola Pública do Gama – Brasília/DF e verificar possíveis associações entre QV e idade, sexo, classe social e residir em domicílio com o avô/avó. A amostra foi composta por 54 estudantes, sendo 26 de 10 a 11 anos do 5º ano do Ensino Fundamental I e 28 de 14 a 15 anos do 1º ano do Ensino Médio. Para avaliação da QV utilizou-se o Pediatric Quality of Life Inventory versão 4.0 (PedsQL 4.0), (versão para crianças de 8 a 12 anos e para adolescentes de 13 a 18 anos) validado para a população brasileira. Adolescentes do 1º ano e do sexo feminino apresentaram menor pontuação no domínio emocional e psicossocial. Contudo, não houve associação entre QV, classe social e moradia com os avós. Em conjunto esses dados indicam que os adolescentes mais velhos do sexo feminino devem ser o alvo de ações de prevenção a saúde no contexto da saúde do Escolar.

Abstract

The purpose of this study was to investigate the QL of adolescents at a Public School of the Range - Brasília / DF and to verify possible associations between QL and age, sex, social class and residing at home with the grandparent. The sample consisted of 54 students, 26 from 10 to 11 years of the 5th year of Elementary School I and 28 from 14 to 15 years of the 1st year of High School. The Pediatric Quality of Life Inventory version 4.0 (PedsQL 4.0), (version for children aged 8 to 12 years and for adolescents aged 13 to 18 years) was validated for the Brazilian population. Adolescents in the first year and female had lower scores in the emotional and psychosocial domain. However, there was no association between QL, social class and housing with the grandparents. Together these data indicate that older and female adolescents should be the target of health prevention actions in the context of school health.

Introdução

No âmbito do curso de vida o conceito de Qualidade de Vida e Qualidade de Vida Relacionada à Saúde ganham cada vez mais destaque. Pauta-se na avaliação subjetiva sobre os padrões de vida e saúde, e pode auxiliar na compreensão de como as diferentes fases do desenvolvimento humano são vivenciadas.

A adolescência, por tratar-se de uma fase da vida deflagrada por um conjunto de

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transições e formação de identidades, suscita a criação de modelos teóricos voltados para as vivências e passagens pelas transformações biológicas, sociais e psicológicas que compreendem a passagem da infância à vida adulta. Essas transformações, em conjunto, modelam necessidades específicas de saúde e de bem-estar1-2.

A QV do adolescente é alcançada por meio da satisfação pessoal e comportamentos que promovam o seu desenvolvimento e saúde3. O desenvolvimento saudável do adolescente pauta-se para além da garantia da sobrevivência e dos cuidados com os problemas orgânicos, mas também na promoção de condições físicas, psicológica e socioambientais satisfatórias que permitam vivenciar as transformações esperadas para esta fase do curso de vida e transpor os desafios impostos pelo contexto social e histórico em que vivem3.

Nessa perspectiva, propõe ao conceito de QVRS em adolescentes a percepção sobre a condição física, psicológica (afetiva e cognitiva) e social (relacionamentos e papéis sociais no âmbito familiar, extrafamiliar e escolar)4. Reconhece-se assim, que um conjunto de fatores

podem se caracterizar como risco ou vulnerabilidades a saúde do adolescente, incluindo: imagem corporal e padrões de beleza; sexualidade; sedentarismo e estilo de vida; conflitos parental ou interpessoal; isolamento social e violações de direitos; uso de entorpecentes e drogas de uso recreativo; vulnerabilidade social e composição familiar; renda e classe social; local de estudo e local de moradia; série escolar e turno de estudo; evasão escolar associada ao trabalho; estado nutricional; e presença de doenças5.

Estudos desenvolvidos no Brasil têm destacado o papel das doenças crônicas, em destaque, obesidade e estilo de vida na QV do adolescente6-17-18-19-20-21. Contudo, poucos estudos concentram-se em investigar associações entre QV e classe social, faixa etária do adolescente, e o papel da coabitação com o avô/avó no domicílio. Além disso, são escassos dados sobre a QV de adolescentes estudantes de escolas públicas brasileiras, o que inviabiliza o delineamento de ações de saúde ou de educação em saúde em áreas em contexto de vulnerabilidade social.

No contexto das grandes metrópoles são observados altos índices de evasão escolar, criminalidade e violações de direitos nas Escolas Públicas. Ações de promoção e educação em saúde tornam-se necessárias, e para isso investigar a QV pode auxiliar os profissionais de saúde a levantar quais as demandas de saúde mais urgentes e que necessitam de maior atenção.

Em Brasília/DF, a região do Gama caracteriza-se como uma das Regiões Administrativas (RA) com índices de vulnerabilidades, violações, evasão escolar e violências na vida dos escolares. Ao mesmo tempo em que concentra grande capacidade de um

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desenvolvimento econômico com papel regional relevante, concentra também famílias de baixa renda, baixa escolaridade e com domicílios multigeracionais, habitados por três ou mais gerações (filhos, pais, avós e/ou bisavós). Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) no Gama realizada em 2015, a distribuição dos responsáveis pelos domicílios segundo o grupo de etário de moradores acima de 60 anos é de aproximadamente 19,10% da população, e os moradores com faixa etária de 10 a 18 anos completos é de 12,46%7.

Considerando as questões sociais e o número expressivo de domicílios com três ou mais gerações, muitas vezes chefiados pelos idosos, o objetivo deste estudo foi investigar a QV de adolescentes estudantes de uma Escola Pública do Gama – Brasília/DF e verificar possíveis associações entre QV e idade, sexo, classe social e residir em domicílio com o avô/avó.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal com o objetivo de investigar a qualidade de vida de adolescentes de uma Escola Pública do Distrito Federal, localizada no Gama, e as representações sociais sobre o papel dos avós. A RA - Gama, é constituída por uma população de 150 mil habitantes, formada por áreas urbana e rural, com um total de área de 276.30 km. a) área urbana divide-se nos setores Norte, Sul, Leste, Oeste e de Indústria; b) área rural é composta pela Colônia Agrícola Ponte Alta, pelo Córrego Crispim e pelos Núcleos Rurais Monjolo, Ponte Alta de Baixo, Ponte Alta Norte, Alagado e Casa Grande. Localizado à 30 km de Brasília.

A escola investigada localiza-se na região urbana, é estadual e insere-se em comunidade com saneamento básico, coleta de lixo e ruas asfaltadas. Os recursos humanos da escola são: 1 diretor; 1 vice-diretor; 2 supervisoras; 1 secretária e 60 professores distribuídos nos turnos matutino e vespertino. No turno matutino desenvolve o Ensino Médio, com 24 turmas e total de 736 estudantes e no turno vespertino o Ensino Fundamental com 23 turmas e total de 461 estudantes. Ao todo, a escola possui 24 salas de aula e infraestrutura necessária para o desenvolvimento de atividades pedagógicas e recreativas, como uma sala de teleclasse (mini auditório), 1 Laboratório de Ciências; 1 Laboratório de Informática; Biblioteca, espaço de jogos e recreação.

A amostra foi composta por 54 estudantes de uma escola do Setor Leste Gama/DF, sendo 26 adolescentes de 10 a 11 anos do 5º ano do Ensino Fundamental I do período vespertino e 28 adolescentes com idade entre 14 a 15 anos do 1º ano do Ensino Médio do

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