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M I S S A L R O M A N O

REFORMADO POR DECRETO DO CONCÍLIO

ECUMÉNICO VATICANO II E PROMULGADO

POR AUTORIDADE DE S. S. O PAPA PAULO VI

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M I S S A L R O M A N O

REFORMADO POR DECRETO DO CONCÍLIO

ECUMÉNICO VATICANO II E PROMULGADO

POR AUTORIDADE DE S. S. O PAPA PAULO VI

COM O PRÓPRIO DE

ANGOLA

CABO VERDE

GUINÉ-BISSAU

MOÇAMBIQUE

PORTUGAL

S. TOMÉ E PRÍNCIPE

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APRESENTAÇÃO

Aprovada pelas Conferências Episcopais de Portugal, de Angola e S. Tomé, de

Moçambique, e pelos Bispos de Bissau e Cabo Verde, e confirmada pela

Congre-gação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, torna-se agora pública a

edição em língua portuguesa do Missal Romano reformado por decreto do Concílio

Ecuménico Vaticano II e promulgado por autoridade de S. S. o Papa Paulo VI.

A presente versão substitui qualquer outra anteriormente em uso.

Esta edição destina-se a Portugal e aos Países Africanos de língua oficial

portuguesa, e, por isso, nela se inserem, no lugar e dia respectivo, as celebrações do

Próprio de cada um destes países.

As fórmulas consecratórias nas Orações Eucarísticas e as respostas da assembleia

aos diálogos são também comuns ao Brasil, o que facilita a participação nas mesmas

celebrações a todos os que se exprimem em língua portuguesa.

No que se refere à Oração Eucarística, por expressa indicação da Congregação

do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos:

1 - mantêm-se no corpo do Ordinário as quatro Orações Eucarísticas anteriores;

2 - é introduzida uma nova Oração Eucarística, enriquecida com quatro variantes,

que pode ser usada nas Missas para as diversas circunstâncias (ad diversa), e que,

por isso, vem inserida no Missal junto dessas Missas;

3 - as Orações Eucarísticas das Missas com Crianças e das Missas da Reconciliação

vêm no

APÊNDICE.

No que se refere ao canto, apresentam-se dois tons de melodias: um mais solene

(Tom I), outro mais simples (Tom II). Embora cada um deles possa ser usado em

qualquer celebração, é, no entanto, louvável que, na medida do possível, se atenda

à categoria litúrgica de cada celebração. Sendo melodias oficiais, não devem ser

substituídas por quaisquer outras.

Possa esta edição do Missale Romanum em língua portuguesa unir no mesmo

louvor os vários povos que a utilizam para expressar a mesma fé da única Esposa de

Cristo, e que encontram o sinal maior da sua unidade na celebração da Eucaristia.

Santarém, 2 de Fevereiro de 1992

António Francisco Marques

Bispo de Santarém

(8)

Prot. n. CD 293/91

PORTUGAL

A pedido do Excelentíssimo Senhor D. António Francisco Marques,

Bispo de Santarém, Presidente da Comissão Episcopal de Liturgia de Portugal,

em nome da Conferência Episcopal Portuguesa, em carta de 14 de Março de

1991, em virtude das faculdades concedidas a esta Congregação pelo Sumo

Pontífice João Paulo II, muito gostosamente aprovamos, isto é, confirmamos

a tradução portuguesa do Missale Romanum, conforme o exemplar anexo.

Este Decreto, pelo qual a Sé Apostólica concede a confirmação pedida,

deve ser incluído integralmente no texto a imprimir-se.

Do texto impresso devem ser enviados dois exemplares a esta

Con-gregação.

Nada obste em contrário.

Sede da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos,

28 de Junho de 1991.

EDUARDO Card. MARTINEZ,

Prefeito

LUÍS KADA

Arceb. tit. Tibica

Secretário

A Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos

aprovou por Decreto, nos mesmos termos e com a mesma data,

a presente versão em língua portuguesa do Missale Romanum

para a Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (Prot. n. CD 533/91),

para a Conferência Episcopal de Moçambique (Prot. n. CD 317/91),

para a diocese de Bissau (Prot. n. CD 319/91)

(9)

A CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA,

A CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE ANGOLA E S. TOMÉ

A CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE

E OS BISPOS DE BISSAU E DE CABO VERDE,

em virtude do estabelecido pela Congregação do Culto Divino no Decreto

Sedes Apostolica de 16 de Julho de 1987 (Prot. n. 898/87) e de acordo com a

mens legislatoris expressa na Carta da mesma Congregação (6 Agosto 1986:

Prot. n. 300/86) aprovam o seguinte:

DECRETO

A partir do Primeiro Domingo do Advento, dia 29 de Novembro de

1992, em todas as Missas celebradas em língua portuguesa dentro do

território de Portugal, Angola, S. Tomé e Príncipe, Moçambique,

Guiné-Bissau e Cabo Verde, deve utilizar-se a presente versão portu-guesa do

Missale Romanum, confirmada pelos Decretos da Congre-gação do

Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos.

Esta versão deve considerar-se típica em todas as dioceses dos

mencionados países.

Lisboa, 25 de Janeiro de 1991

António Ribeiro

Cardeal Patriarca da Lisboa

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Alexandre do Nascimento

Cardeal Arcebispo de Luanda

Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé

Paulo Mandlate

Bispo de Tete

Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique

Settimio Arturo Ferrazzetta

Bispo de Bissau

Paulino Livramento Évora

Bispo de Cabo Verde

Abílio Rodas de Sousa Ribas

(10)

Prot. n. 166/70

DECRETO

Estabelecido o Ordo celebrationis eucharisticae e depois da aprovação

dos textos do Missale Romanum com a Constituição Apostólica Missale

Romanum, promulgada pelo Sumo Pontífice Paulo VI no dia 5 de Abril de

1969, esta Sagrada Congregação para o Culto Divino, por mandato do mesmo

Sumo Pontífice, promulga e decreta típica esta nova edição do Missale

Romanum, preparada segundo os decretos do Concílio Vaticano II.

Quanto ao uso do novo Missale Romanum, permite-se que a edição latina

possa usar-se logo que seja publicada, fazendo as adaptações que se referem

ao dia das celebrações dos Santos, enquanto não está definitiva-mente em uso

o Calendário restaurado. Confia-se às Conferências Episcopais o cuidado de

preparar as edições em língua vernácula e estabelecer o dia em que essas

edições, devidamente confirmadas pela Sé Apostólica, entram em vigor.

Nada obste em contrário.

Sede da Sagrada Congregação para o Culto Divino,

26 de Março de 1970, Quinta-Feira da Ceia do Senhor.

BENNO, Card. GUT

Prefeito

A. BUGNINI

Secretário

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SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO

Prot. n. 1970/74

DECRETO

SEGUNDA EDIÇÃO TÍPICA

Nesta nova edição do Missale Romanum foram introduzidas variações e

novos textos, para que corresponda aos documentos promulgados depois da

primeira edição de 1970.

Na Instrução Geral, cujos números não se mudam, descrevem-se os

ministérios do acólito e do leitor, em vez dos números que tratavam do

subdiácono (nn. 142-152).

Outra modificação de certa importância está na parte do Missal que

contém as Missas rituais e para diversas necessidades. Alguns formulários

foram completados com as oportunas antífonas de entrada e da comunhão.

Além disso, foram acrescentados os textos da Missa ritual para a dedicação da

igreja e do altar, a Missa da reconciliação e, entre as Missas votivas, os textos

das Missas de Maria, Mãe da Igreja e do Santíssimo Nome de Maria.

Introduziram-se outras variantes de menor importância nos títulos e na

rubricas, para que melhor correspondam às palavras ou expressões que se

encontram nos novos livros litúrgicos.

O Sumo Pontífice Paulo VI aprovou com a sua autoridade esta segunda

edição do Missale Romanum e agora a Sagrada Congregação para o Culto

Divino publica-a e declara-a típica.

As Conferências Episcopais terão o cuidado de introduzir, nas edições em

língua vernácula que preparam, as variações contidas nesta segunda edição do

Missale Romanum.

Nada obste em contrário.

Sede da Sagrada Congregação para o Culto Divino,

27 de Março de 1975, Quinta-Feira da Ceia do Senhor.

JAIME ROBERTO, Card. KNOX

Prefeito

A. BUGNINI

Arceb. tit. de Diocleciana

(12)
(13)

CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA

“MISSALE ROMANUM”

PELA OUAL É PROMULGADO

O MISSAL ROMANO

REFORMADO POR DECRETO DO CONCILIO VATICANO II

PAULO BISPO

S

ERVO DOSSERVOSDE

D

EUS PARAPERPÉTUAMEMÓRIA

adaptação do Missal Romano às exigências da mentalidade contemporânea.

O recente Concílio Ecuménico Vaticano II, na sua Constituição Sacrosanctum Concilium, assentou as bases de uma reforma geral do Missal Romano. Nesta Constituição se deter-mina, antes de mais, que os textos e os ritos

sejam ordenados de modo a exprimirem com mais clareza as realidades santas que significam;4

depois, que o Ordinário da Missa seja revisto no sentido de realçar a característica própria de

cada uma das suas partes e a sua mútua conexão,

e de facilitar ao mesmo tempo a participação

piedosa e activa dos fiéis;5 e ainda que a mesa da palavra de Deus seja preparada com mais abundância aos fiéis, abrindo-lhes mais ampla-mente os tesouros da Bíblia;6 finalmente, que seja elaborado um novo rito da concelebração, a inserir no Pontifical e no Missal Romano.7

Não se pense, todavia, que esta reforma do Missal Romano tenha sido realizada de um momento para o outro. O caminho já vinha sendo preparado pelos progressos da ciência litúrgica ao longo destes últimos quatro séculos. Depois do Concílio de Trento, o estudo dos antigos códices da Biblioteca Vaticana e de outras várias

procedências – como afirma a Constituição

Apostólica Quo primum, do nosso Predecessor

1 S. Pio V, Const. Apost. Quo primum, 14 de Julho de 1570.

2 Cf. Pio XII, Alocução aos participantes no primeiro Congresso mundial de Liturgia pastoral de Assis, 22 de

Setem-bro de 1956: AAS 48 (1956), p. 712.

3 Cf. S. Congr. dos Ritos, Decr. Dominicae resurrectionis, 9 de Fevereiro de 1951: AAS 43 (1951), pp. 128 ss.; Decr.

Maxima redemptionis nostrae mysteria, 16 de Novembro de 1955: AAS 47 (1955), pp. 838 ss.

4 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 21: AAS 56 (1964), p. 106. 5 Ibid., n. 50, p. 114.

6 Ibid., n. 51, p. 114. 7 Ibid., n. 57, p. 115.

O MISSAL ROMANO, promulgado em 1570 pelo Nosso Predecessor S. Pio V, de acordo com os decretos do Concílio de Trento,1 é

conside-rado por todos como um dos muitos e admiráveis frutos que daquele Sagrado Sínodo advieram para toda a Igreja de Cristo. Com efeito, durante quatro séculos, ele constituiu para os sacerdotes do rito latino a norma da celebração do sacrifício eucarístico e foi levado a quase todas as partes do mundo pelos arautos do Evangelho. Inume-ráveis foram também os varões santos que ali-mentaram a sua piedade para com Deus com as leituras bíblicas e as orações deste Missal, cuja ordenação geral, na sua parte mais importante, se deve a S. Gregório Magno.

Entretanto, como consequência do movi-mento litúrgico que se foi afirmando e desen-volvendo entre o povo cristão e que o Nosso Predecessor Pio XII, de veneranda memória, qualificou como “sinal das disposições provi-denciais de Deus para o tempo presente e como passagem salutar do Espírito Santo pela Igreja”,2

começou a sentir-se claramente a necessidade de rever e enriquecer os formulários do Missal Romano. Nesse sentido, o mesmo Nosso Pre-decessor deu início a este trabalho restaurando a Vigília Pascal e toda a liturgia da Semana Santa,3 dando assim o primeiro passo para a

(14)

Pio V – contribuiu não pouco para a revisão do Missal Romano. Além disso, desde então para cá, não só foram descobertos e publicados docu-mentos das mais antigas fontes litúrgicas, como também se aprofundou mais o estudo dos for-mulários litúrgicos da Igreja Oriental. E assim foi despertando em muitos o desejo de que tais riquezas doutrinais e espirituais não ficassem sepultadas na obscuridade dos arquivos, mas fossem trazidas à luz, de modo a poderem ilu-minar e alimentar o espírito e a mente dos fiéis. Posto isto, apresentemos, nas suas linhas gerais, a nova estrutura do Missal Romano. Em primeiro lugar encontramos, como proémio de todo o livro, a Instrução Geral, com as novas normas para a celebração do sacrifício eucarís-tico, tanto no que se refere à execução dos ritos como no que toca à função própria de cada um dos participantes, como ainda no que respeita às alfaias e lugares sagrados.

A inovação principal desta reforma está na chamada Oração Eucarística. No rito romano, a primeira parte desta Oração, isto é, o Prefácio, teve sempre, no decurso dos séculos, formulários variáveis, ao passo que a segunda parte, cha-mada Cânone, desde os séculos IV-V mantém uma forma fixa. Pelo contrário, as Liturgias Orientais admitiram sempre uma certa variedade de Anáforas. Neste ponto, foi a Oração Euca-rística enriquecida com novos prefácios, tirados uns da antiga tradição romana, outros compostos de novo. Estes prefácios, ao mesmo tempo que põem em relevo os aspectos mais salientes do mistério salvífico, apresentam também variados e ricos motivos de acção de graças. Além disso, mandámos que fossem acrescentados a esta Ora-ção Eucarística mais três novos Cânones. No entanto, tendo em conta razões de ordem pastoral e para facilitar a concelebração, ordenámos que as palavras do Senhor sejam as mesmas em todos os formulários do Cânone. Neste sentido, de-terminámos que as referidas palavras, em cada uma das Orações Eucarísticas, sejam proferidas do modo seguinte:

– Sobre o pão: Accipite et manducate ex hoc

omnes: Hoc est enim Corpus meum, quod pro vobis tradetur

– Sobre o cálice: Accipite et bibite ex eo omnes:

Hic est enim calix Sanguinis mei novi et aeterni t e s t a m e n t i , q u i p ro v o b i s e t p ro m u l t i s effundetur in remissionem peccatorum. Hoc facite in meam commemorationem.

As palavras Mistério da fé são destacadas das palavras de Cristo Senhor e proferidas pelo sacerdote como introdução à aclamação dos fiéis. No que se refere ao Ordinário da Missa,

os ritos foram simplificados, conservando a

substância.8 Assim, foram suprimidas

duplificações que se tinham introduzido no de-curso dos tempos, bem como outros elementos de menor utilidade,9 o que se verifica

particu-larmente nos ritos da apresentação do pão e do vinho, da fracção do pão e da Comunhão.

Por outro lado, seguindo a norma dos

Santos Padres, foram restabelecidos certos elementos que, com o tempo, tinham desapa-recido,10 entre os quais figuram a homilia,11 a

oração universal ou oração dos fiéis,12 o rito

pe-nitencial ou de reconciliação com Deus e com os irmãos no princípio da Missa, rito este ao qual se restituiu a devida importância.

Além disso, segundo a prescrição do Con-cílio Vaticano II, que manda se leia ao povo, no

espaço de um determinado número de anos, a parte mais importante da Escritura Sagrada,13

o conjunto das leituras dominicais foi distribuído por um período de três anos. Por outro lado, nos dias festivos mais solenes, a leitura da Epís-tola e do Evangelho é precedida de outra leitura, tomada do Antigo Testamento ou, no tempo pas-cal, dos Actos dos Apóstolos. Deste modo, é posta mais em relevo a continuidade do mistério salvífico, apresentada nos próprios textos da revelação divina. Esta considerável abundância de leituras bíblicas, em que se oferece aos fiéis, nos dias festivos, a parte mais significativa da Sagrada Escritura, é completada ainda com as

8 Ibid., n. 50, p. 114. 9 Ibid., n. 50, p. 114. 10Ibid., n. 50, p. 114. 11Ibid., n. 52, p. 114. 12Ibid., n. 53, p. 114. 13Ibid., n. 51, p. 114.

(15)

MISSSALE ROMANUM

1 5

14Cf. Amós 8, 11

15Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 38-40: AAS 56 (1964), p. 110. outras partes dos livros sagrados que se lêem

nos dias da semana.

Todo este ordenamento tem por finalidade despertar cada vez mais nos fiéis aquela fome da palavra de Deus 14 que leve o povo da nova

aliança a sentir-se como que impelido pelo Espí-rito Santo a realizar a perfeita unidade da Igreja. Nestas condições, nutrimos a mais viva espe-rança de que este novo ordenamento do Missal irá proporcionar aos sacerdotes e aos fiéis a pos-sibilidade de prepararem em comum mais san-tamente o espírito para a celebração da Ceia do Senhor, alimentando-se dia a dia mais abundan-temente com a palavra do Senhor, através de uma meditação mais aprofundada da Sagrada Escritura. Daqui se seguirá, como é desejo do Concílio Vaticano II, que a Escritura divina se torne para todos fonte perene de vida espiritual, instrumento primordial de catequese cristã, compêndio substancial de formação teológica. Nesta reforma do Missal Romano, as alte-rações não se limitaram apenas às três partes de que tratámos, isto é, à Oração Eucarística, ao Ordinário da Missa e ao Leccionário; foram igualmente revistas, e até bastante modificadas, as restantes partes do Missal, a saber: o Próprio do Tempo, o Próprio e o Comum dos Santos, as Missas rituais e as Missas votivas. Neste ponto, foram objecto de particular atenção as orações. Aumentou-se o seu número, de modo a corres-ponder, com formulários novos, às novas ne-cessidades dos nossos tempos; foram revistos os formulários das orações mais antigas, cujo texto foi criticamente estabelecido à luz dos antigos códices. Assinale-se ainda que as férias dos prin-cipais tempos litúrgicos – Advento, Natal, Quaresma e Páscoa – passam a ter uma oração própria para cada dia.

Resta acrescentar que, embora não se tenha modificado o Gradual Romano, pelo menos no

que se refere ao canto, julgou-se contudo oportuno restaurar, no sentido de os tornar mais acessíveis, o chamado salmo responsorial, a que S. Agostinho e S. Leão Magno tantas vezes se referem, e também as antífonas da entrada e da comunhão para as Missas rezadas.

Para terminar, apraz-Nos tirar algumas conclusões de tudo o que ficou exposto relati-vamente ao novo Missal Romano. Quando o nosso Antecessor S. Pio V promulgou a primeira edição do Missal Romano, apresentou-o ao povo cristão como instrumento da unidade li-túrgica e monumento do genuíno culto religioso na Igreja. Também Nós, ainda que admitamos no novo Missal, de acordo com as prescrições do Concílio Vaticano II, variantes e adaptações

legítimas 15 confiamos que ele irá ser recebido

pelos fiéis como instrumento valioso para teste-munhar e confirmar entre todos a mútua unidade. Por variadas que sejam as línguas, uma só e mesma oração, mais fragrante que o incenso, subirá ao Pai dos Céus, pelo nosso Sumo Pon-tífice Jesus Cristo, no Espírito Santo.

Ordenamos que as prescrições contidas nesta Constituição entrem em vigor no dia 30 do próximo mês de Novembro do corrente ano, primeiro Domingo do Advento.

Queremos também que tudo quanto nesta Constituição fica estabelecido e prescrito tenha força de lei, agora e para o futuro, não obstante, se for caso disso, as Constituições e Ordenações Apostólicas dos nossos Predecessores, ou quais-quer outras prescrições, ainda que dignas de es-pecial menção ou derrogação.

Dado em Roma, junto de S. Pedro, no dia 3 de Abril, Quinta-Feira da Ceia do Senhor, do ano 1969, sexto do nosso Pontificado.

(16)
(17)

1 Conc. de Trento, Sess. XXII, 17 de Setembro de 1562: DS 1738-1759.

2 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium. n. 47; cf. Const. Lumen gentium, nn. 3.28; Decr. Presbyterorum

ordinis, nn. 2.4.5.

3 Cf. Sacramentário Veronense, ed. Mohlberg, n. 93. 4 Cf. Oração Eucarística III.

5 Cf. Oração Eucarística IV.

6 Conc. Vat. II. Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 7.47; Decr. Presbyterorum ordinis, nn. 5.18.

7 Cf. Pio XII, Enc. Humani generis: AAS 42 (1950), pp. 570-571; Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965), pp.

762-769; Sollemnis professio fidei, 30 de Junho de 1968, nn. 24-26: AAS 60 (1968), pp. 442-443; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium, 25 de Maio de 1967, nn. 3f.9: AAS 59 (1967), pp. 543-547.

8 Conc. de Trento, cf. Sess. XIII, 11 de Outubro de 1551: DS 1635-1661.

INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL ROMANO

PROÉMIO

1. Quando Cristo Senhor estava para cele-brar com os discípulos a ceia pascal, na qual instituiu o sacrifício do seu Corpo e Sangue, mandou preparar uma grande sala mobilada (Lc 22, 12). A Igreja sempre se sentiu comprometida por este mandato e por isso foi estabelecendo normas para a celebração da santíssima Euca-ristia, no que se refere às disposições da alma, aos lugares, aos ritos, aos textos. As normas recentemente promulgadas por vontade expressa do Concílio Vaticano II e o novo Missal que, de futuro, vai ser usado no rito romano para a celebração da Missa, constituem mais uma prova da solicitude da Igreja, da sua fé e do seu amor inquebrantável para com o sublime mistério eucarístico, da sua tradição contínua e coerente, apesar de certas inovações que foram intro-duzidas.

Testemunho de fé inalterável

2. A natureza sacrifical da Missa, solene-mente afirmada pelo Concílio de Trento,1 de

acordo com toda a tradição da Igreja, foi mais uma vez formulada pelo Concílio Vaticano II, quando, a respeito da Missa, proferiu estas sig-nificativas palavras: “O nosso Salvador, na Úl-tima Ceia, instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue, com o fim de perpetuar através dos séculos, até à sua vinda, o sacrifício da cruz e, deste modo, confiar à Igreja, sua amada Esposa, o memorial da sua Morte e Res-surreição”.2

Esta doutrina do Concílio, encontramo-la expressamente enunciada, de modo constante, nos próprios textos da Missa. Assim, o que se

exprime de forma concisa nesta frase do Sacra-mentário Leoniano “todas as vezes que celebra-mos o memorial deste sacrifício, realiza-se a obra da nossa redenção” 3 – aparece-nos

desen-volvido com toda a clareza e propriedade nas Orações Eucarísticas. Com efeito, no momento em que o sacerdote faz a anamnese, dirigindo-se a Deus em nome de todo o povo, dá-Lhe graças e oferece-Lhe o sacrifício vivo e santo; isto é, a oblação apresentada pela Igreja e a Vítima por cuja imolação quis o mesmo Deus ser aplacado;4

e pede que o Corpo e Sangue de Cristo sejam sacrifício agradável a Deus Pai e salvação para o mundo inteiro.5

Deste modo, no novo Missal, a norma da oração (lex orandi) da Igreja está em consonân-cia perfeita com a sua ininterrupta norma de fé

(lex credendi). Esta ensina-nos que, para além

da diferença no modo como é oferecido, existe perfeita identidade entre o sacrifício da cruz e a sua renovação sacramental na Missa, a qual foi instituída por Cristo Senhor na Última Ceia, quando mandou aos Apóstolos que o fizessem em memória d’Ele. Consequentemente, a Missa é ao mesmo tempo sacrifício de louvor, de acção de graças, de propiciação, de satisfação.

3. O mistério admirável da presença real do Senhor sob as espécies eucarísticas, reafirmado pelo Concílio Vaticano II 6 e outros documentos

do Magistério da Igreja 7 exactamente no mesmo

sentido em que tinha sido enunciado e proposto como dogma de fé pelo Concílio Tridentino,8 é

também claramente expresso na celebração da Missa, não somente nas próprias palavras da

(18)

9 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 2. 10Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 11. 11Ibid., n. 50.

consagração, em virtude das quais Cristo se torna presente por transubstanciação, mas ainda na forma como, ao longo de toda a liturgia eucarística, se exprimem os sentimentos de suma reverência e adoração. É este o motivo que leva o povo cristão a prestar culto peculiar de adoração a tão admirável Sacramento, na Quinta-Feira da Ceia do Senhor e na solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.

4. Quanto à natureza do sacerdócio ministe-rial, exclusivo do presbítero que em nome de Cristo oferece o sacrifício e preside à assem-bleia do povo santo, a própria estrutura dos ritos, o lugar de preeminência e a função mesma do sacerdote a põem claramente em relevo. Os atributos desta função ministerial são enuncia-dos explícita e desenvolvidamente na acção de graças da Missa crismal, na Quinta-Feira da Semana Santa, precisamente no dia em que se comemora a instituição do sacerdócio. Nesta acção de graças é claramente afirmada a trans-missão do poder sacerdotal mediante a imposição das mãos; e é descrito este poder, enumerando as suas diversas funções, como continuação do poder do próprio Cristo, Sumo Pontífice da Nova Aliança.

5. Mas esta natureza do sacerdócio ministe-rial vem também colocar na sua verdadeira luz outra realidade de suma importância, que é o sacerdócio real dos fiéis, cujo sacrifício espiri-tual, pelo ministério dos presbíteros, é consu-mado na união com o sacrifício de Cristo, único Mediador.9 Com efeito, a celebração da

Euca-ristia é acção de toda a Igreja; nesta acção, cada um intervém fazendo só e tudo o que lhe pertence, conforme o posto que ocupa dentro do povo de Deus. E foi isto precisamente o que levou a prestar maior atenção a certos aspectos da cele-bração litúrgica que no decurso dos séculos não tinham sido suficientemente valorizados. Este povo é o povo de Deus, adquirido pelo Sangue de Cristo, congregado pelo Senhor, alimentado com a sua palavra; povo chamado para fazer subir até Deus as preces de toda a família humana; povo que em Cristo dá graças pelo mistério da salvação, oferecendo o seu Sacrifício; povo,

finalmente, que pela comunhão do Corpo e Sangue de Cristo se consolida na unidade. E este povo, santo na sua origem, vai continua-mente crescendo em santidade, através da partici-pação consciente, activa e frutuosa no mistério eucarístico.10

Uma tradição ininterrupta

6. Ao enunciar os princípios que deveriam presidir à revisão do Ordo Missae, o Concílio Vaticano II, servindo-se dos mesmos termos usados por S. Pio V na Bula Quo primum que promulgava o Missal Tridentino de 1570, deter-mina, entre outras coisas, que certos ritos sejam restaurados “em conformidade com a antiga norma dos Santos Padres”.11 Na própria

concor-dância de termos, pode já verificar-se como, não obstante o espaço de quatro séculos que medeia entre eles, ambos os Missais Romanos seguem a mesma tradição. E se examinarmos atentamente os elementos desta tradição, vere-mos também como, de uma forma muito feliz, o segundo Missal vem aperfeiçoar o primeiro.

7. Numa época particularmente difícil como aquela, em que estava em perigo a fé católica sobre o carácter sacrifical da Missa, sobre o sacerdócio ministerial, sobre a presença real e permanente de Cristo sob as espécies eucarísticas, o que acima de tudo importava, para S. Pio V, era salvaguardar uma tradição, algo recente, é certo, mas injustamente atacada, e, consequen-temente, introduzir o mínimo de alterações nos ritos sagrados. De facto, este Missal de 1570 pouco difere do primeiro que fora impresso em 1474, o qual, por sua vez, reproduz fielmente o Missal do tempo de Inocêncio III. Além disso, se bem que os códices da Biblioteca Vaticana tenham ajudado a corrigir algumas expressões, não permitiram, no que respeita aos “antigos autores mais insignes”, conduzir o trabalho de investigação para além dos comentários litúrgicos da Idade Média.

8. Pelo contrário, hoje em dia, aquela “norma dos Santos Padres”, que os correctores do Missal de S. Pio V se propunham seguir, encontra-se

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1 9

12Conc. de Trento, Sess. XXII, Doutrina sobre o santo sacrifício da Missa, cap. 8: DS 1749. 13Conc. de Trento, Sess. XXII, Doutrina sobre o santo sacrifício da Missa, cap. 9: DS 1759. 14Ibid., cap. 8: DS 1749.

enriquecida com numerosos estudos dos inves-tigadores. Com efeito, após a primeira edição do Sacramentário Gregoriano, publicado em 1571, os antigos Sacramentários Romanos e Ambrosianos, bem como os antigos livros litúr-gicos Hispânicos e Galicanos, têm sido objecto de várias edições críticas, que deram a conhecer numerosíssimas orações de grande valor espiri-tual, até então desconhecidas.

Além disso, após a descoberta de nume-rosos documentos litúrgicos, também se conhe-cem melhor as tradições dos primeiros séculos, anteriores à formação dos ritos do Oriente e do Ocidente.

Há ainda a acrescentar o progresso dos estudos patrísticos, que veio projectar nova luz sobre a teologia do mistério eucarístico, ilus-trando-a com a doutrina dos mais eminentes Padres da antiguidade cristã, tais como S. Ireneu, S. Ambrósio, S. Cirilo de Jerusalém, S. João Crisóstomo.

9. Por isso, a “norma dos Santos Padres” não reclama somente a conservação daquelas tradições que nos legaram os nossos antepassados imediatos; exige também que se abranja e exa-mine mais profundamente todo o passado da Igreja e todos esses diversos modos pelos quais se exprimiu a única e mesma fé, através das mais variadas formas de cultura e civilização, como as que correspondem às regiões semitas, gregas e latinas. Esta perspectiva mais ampla permitir-nos-á descobrir como o Espírito Santo inspira ao povo de Deus uma admirável fideli-dade em guardar imutável o depósito da fé, por mais variadas que se apresentem as formas da oração e dos ritos sagrados.

Adaptação às novas circunstâncias

10. O novo Missal, se por um lado testemunha a norma da oração da Igreja Romana e salva-guarda o depósito da fé tal como nos foi trans-mitido pelos Concílios mais recentes, por outro lado significa também um passo importante na tradição litúrgica.

Embora os Padres do Concílio Vaticano II tenham reiterado as afirmações dogmáticas do Concílio Tridentino, falavam contudo numa época da vida do mundo muito distante daquela, o que os levou a apresentar, no campo pastoral, resoluções e orientações que seriam impensáveis quatro séculos atrás.

11. Já o Concílio Tridentino tinha reconhecido o grande valor catequético que encerra a cele-bração da Missa; não estava, todavia, em condi-ções de poder extrair daí todas as consequências para a prática. Muitos solicitavam que fosse autorizado o uso da língua vernácula na celebração do sacrifício eucarístico. Atentas, porém, as circunstâncias particulares de então, face a um pedido desta natureza, o Concílio entendeu que devia reafirmar a doutrina tradicional da Igreja, segundo a qual o sacrifício eucarístico é, antes e acima de tudo, acção do próprio Cristo e, portanto, a eficácia que lhe é própria não pode ser afectada pelo modo como nele participam os fiéis. E assim, de modo firme e moderado, exprimiu-se nestes termos: “Embora a Missa contenha uma grande riqueza doutrinal para o povo fiel, todavia os Padres não julgaram opor-tuno que ela fosse habitualmente celebrada em língua vulgar”.12 E anatematizou quem

susten-tasse “ser condenável o uso da Igreja Romana, de recitar em voz baixa o Cânone com as pala-vras da consagração; ou que se deve celebrar a Missa em língua vulgar”.13 No entanto, se por

um lado o Concílio proibia o uso da língua vernácula na Missa, por outro impunha aos pastores de almas a obrigação de suprir esta deficiência com uma catequese adequada: “Para que as ovelhas de Cristo não passem fome..., ordena o sagrado sínodo aos pastores e a todos os que têm cura de almas que, no decurso da celebração da Missa, façam com frequência, por si ou por outrem, uma explicação dos textos lidos na Missa e, entre outras coisas, exponham algum mistério deste santíssimo sacrifício, es-pecialmente aos domingos e dias festivos”.14

12. Reunido o Concílio Vaticano II precisa-mente com a finalidade de adaptar a Igreja às exigências do seu múnus apostólico em nossos

(20)

15Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 33. 16Ibid., n. 36.

17Ibid., n. 52. 18Ibid., n. 35, 3. 19Ibid., n. 55.

20Conc. de Trento, Sess. XXII, Doutrina sobre o santo sacrifício da Missa, cap. 6: DS 1747. 21Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 55.

dias, prestou fundamental atenção, como já o fizera o Tridentino, à índole didáctica e pastoral da sagrada Liturgia.15 E embora ninguém, entre

os católicos, negasse a legitimidade e eficácia do rito sagrado celebrado em latim, o Concílio não teve dificuldade em admitir que “não raro pode ser de grande utilidade para o povo o uso da língua vernácula na Liturgia” e autorizou o seu uso.16 O entusiasmo com que por toda a

parte foi recebida esta decisão conciliar teve como resultado que, sob a égide dos Bispos e da própria Sé Apostólica, se passou a autorizar a língua vulgar em todas as celebrações litúrgicas com participação do povo, a fim de permitir uma compreensão mais plena do mistério cele-brado.

13. Dado que o uso da língua vernácula na Liturgia é um instrumento de grande importân-cia para exprimir mais claramente a catequese do mistério contida na celebração, o Concílio Vaticano II entendeu dever relembrar a necessi-dade de pôr em prática algumas prescrições do Tridentino que não tinham sido respeitadas em toda a parte, como a obrigação da homilia aos domingos e dias festivos17 e a possibilidade de

inserir admonições dentro dos próprios ritos sagrados.18

Mas, sobretudo, ao aconselhar “a partici-pação mais perfeita na Missa, pela qual os fiéis, depois da comunhão do sacerdote, recebem do mesmo sacrifício o Corpo do Senhor”,19 o

Con-cílio Vaticano II exorta a pôr em prática outra recomendação dos Padres Tridentinos: que, para participarem mais plenamente na sagrada Euca-ristia, os fiéis “comunguem em cada Missa, não apenas pelo desejo espiritual, mas recebendo sacramentalmente a comunhão eucarística”.20

14. Este mesmo espírito e zelo pastoral levou o Concílio Vaticano II a reexaminar as decisões do Tridentino referentes à comunhão sob as duas espécies. Uma vez que, hoje em dia, nin-guém põe em dúvida os princípios doutrinais relativos ao pleno valor da comunhão eucarísti-ca recebida apenas sob a espécie do pão, o

Concílio autorizou para certos casos a comunhão sob as duas espécies, a saber, quando, através desta forma mais expressiva do sinal sacramental, se dá aos fiéis uma ocasião oportuna para com-preender mais profundamente o mistério em que participam.21

15. Assim a Igreja, mantendo-se fiel à sua missão de ser mestra da verdade, conservando o que é “antigo”, isto é, o depósito da tradição, cumpre também o dever de considerar e adoptar o que é “novo” (cf. Mt 13, 52).

Por isso, uma parte do novo Missal apre-senta orações da Igreja mais directamente orien-tadas às necessidades dos nossos tempos. Isto aplica-se de modo particular às Missas Rituais e “para várias circunstâncias”, nas quais se encontram oportunamente combinadas a tradição e a inovação. Neste mesmo sentido, enquanto se mantêm intactas inúmeras expressões herdadas da mais antiga tradição da Igreja, transmitidas pelo próprio Missal nas suas múltiplas edições, muitas outras foram adaptadas às necessidades e circunstâncias actuais; outras ainda – como as orações pela Igreja, pelos leigos, pela santificação do trabalho humano, pela comunidade das nações, por algumas necessidades peculiares do nosso tempo – tiveram de ser compostas integralmente, utilizando as ideias, muitas vezes até as expres-sões, dos recentes documentos conciliares.

Ao utilizar os textos da mais antiga tradição, tendo em conta a situação do mundo contemporâneo, entendeu-se que se podiam mo-dificar certas frases ou expressões sem atentar contra tão venerável tesouro, com o fim de adaptar melhor o seu estilo à linguagem teológica hodierna e reflectir mais perfeitamente a pre-sente disciplina da Igreja; por exemplo: algumas expressões relativas ao apreço e uso dos bens terrenos e outras que se referem a formas de penitência corporal próprias de outros tempos. Deste modo, as normas litúrgicas do Con-cílio Tridentino foram em grande parte comple-tadas e aperfeiçoadas pelas do Concílio Vaticano II, que pôde levar a termo os esforços desenvol-vidos ao longo destes quatro séculos, sobretudo

(21)

2 1

nos tempos mais recentes, devido especialmen-te às iniciativas de S. Pio X e seus Sucessores,

no sentido de aproximar mais os fiéis da sagrada Liturgia.

(22)

1Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 41; Const. Lumen gentium, n. 11; Decr. Presbyterorum ordinis,

nn. 2.5.6; Decr. Christus Dominus, n. 30; Decr. Unitatis redintegratio, n. 15; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium, 25 de Maio de 1967, nn. 3 e 6: AAS 59 (1967), pp. 542, 544-545.

2Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 10. 3Cf. ibid., n. 102.

4Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis; n. 5; Const. Sacrosanctum Concilium, n. 10. 5Cf. Conc.Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 14.19.26.28.30.

6Cf. ibid., n. 47. 7Cf. ibid., n. 14. 8Cf. ibid., n. 41.

9Cf. Con. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 13 10Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 59.

11Sobre as Missas com grupos particulares, cf. Sagr. Congr. para o Culto Divino, Instr. Actio pastoralis, 15 de Maio de

1969: AAS 61 (1969), pp. 806-811; Sobre as Missas com crianças, Directorium de Missis cum pueris, 1 de Novembro de 1973: AAS 66 (1974), pp. 30-46; Sobre o modo de unir a Liturgia das Horas com a Missa, Institutio generalis de Liturgia Horarum, ed. tip. 1971, nn. 93-98.

IMPORTÂNCIA E DIGNIDADE DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

1. A celebração da Missa, como acção de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal, quer local, como para cada um dos fiéis.1 Nela culmina toda a

acção pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e todo o culto pelo qual os homens, por meio de Cristo, Filho de Deus, prestam adora-ção ao Pai.2 Nela se comemoram, ao longo do

ano, os mistérios da Redenção, que, por esta forma, em certo sentido se tornam presentes.3

Todas as outras acções sagradas e todas as obras da vida cristã, que com ela estão relacionadas, dela derivam e a ela se ordenam.4

2. Por isso, é da máxima importância que a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal modo se ordene que ministros e fiéis, partici-pando nela cada qual segundo a sua condição, dela colham os mais abundantes frutos.5 Foi

para isso que Cristo instituiu o sacrifício euca-rístico do seu Corpo e Sangue e o confiou à Igreja, sua amada esposa, como memorial da sua paixão e ressurreição.6

3. Tal finalidade só pode ser atingida se, atentas a natureza e as circunstâncias peculiares de cada assembleia, se ordenar toda a celebra-ção de forma a conduzir os fiéis àquela partici-pação consciente, activa e plena, de corpo e

espírito, ardente de fé, esperança e caridade, que a Igreja deseja e a própria natureza da celebração reclama, e que, por força do Baptis-mo, constitui direito e dever do povo cristão.7

4. É certo que nem sempre se poderá conse-guir a presença e participação activa dos fiéis, na qual se manifesta mais claramente a natureza eclesial da celebração.8 Mas nem por isso a

celebração eucarística fica privada da sua eficá-cia e dignidade, uma vez que é acção de Cristo e da Igreja,9 em que o sacerdote actua sempre

para a salvação do povo.

5. A celebração eucarística, como toda a Liturgia, realiza-se por meio de sinais sensí-veis, pelos quais se alimenta, fortalece e expri-me a fé.10 Para isso, deve haver o máximo

cuidado em escolher e ordenar as formas e os elementos propostos pela Igreja que, atendendo às circunstâncias de pessoas e lugares, mais intensamente favorecem a participação activa e plena e mais eficazmente contribuem para o bem espiritual dos fiéis.

6. O objectivo desta Instrução é traçar as linhas gerais por que se há-de regular toda a celebração eucarística e expor as normas a que deverá obedecer cada uma das formas de cele-bração.11 Entretanto, as Conferências

(23)

Episco-12Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 37-40. pais poderão estabelecer, para os territórios da sua jurisdição, de acordo com a Constituição sobre a sagrada Liturgia, as normas mais

di-rectamente relacionadas com as tradições e a índole dos povos, das regiões e das diversas comunidades.12

(24)

13Cf. Conc.Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 5; Const. Sacrosanctum Concilium, n. 33.

14Cf. Conc. de Trento, Sess. XXII, cap. I: DS 1740; cf. Paulo VI, Sollemnis professio fidei, 30 de Junho de 1968, n. 24:

AAS 60 (1968), p. 442.

15Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 7; Paulo VI, Enc. Mysterium fidei, 3 de Setembro de 1965: AAS

57 (1965), p. 764; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium, 25 de Maio de 1967, n. 9: AAS 59 (1967), p. 547.

16Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 56; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium, 25 de

Maio de 1967, n. 10: AAS 59 (1967), p. 547.

17Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 48.51; Const. Dei Verbum, n. 21; Decr. Presbyterorum ordinis,

n. 4.

18Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 7.33.52. 19Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 33.

I. E

STRUTURA DA

M

ISSA

7. Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote como representante de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico.13 A esta assembleia local da santa

Igreja se aplica eminentemente a promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz,14 Cristo está

realmente presente: na própria assembleia con-gregada em seu nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e, ainda de uma forma substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.15

8. A Missa consta, por assim dizer, de duas partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarís-tica. Estas duas partes, porém, estão entre si tão estreitamente ligadas que constituem um único acto de culto.16 De facto, na Missa é posta a

mesa, tanto da palavra de Deus como do Corpo de Cristo, mesa em que os fiéis recebem instru-ção e alimento.17 Há ainda ritos próprios, a abrir

e a concluir a celebração.

II. O

S DIVERSOS ELEMENTOS DA

M

ISSA

Leitura da palavra de Deus e sua explanação

9. Quando na Igreja se lê a Sagrada Escritu-ra, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é

Cristo presente na sua palavra quem anuncia o Evangelho.

Por isso as leituras da palavra de Deus, que oferecem à Liturgia um dos elementos de maior importância, devem ser escutadas por todos com veneração. E ainda que a palavra divina, contida nas leituras da Sagrada Escritu-ra, seja dirigida a todos os homens de todos os tempos e seja para eles inteligível, todavia a sua eficácia aumenta quando é acompanhada de um comentário vivo, isto é, a homilia, a qual cons-titui parte integrante da acção litúrgica.18

Orações e outros elementos

que pertencem à função do sacerdote 10. Entre as partes da Missa que pertencem ao sacerdote, está em primeiro lugar a Oração Eucarística, ponto central de toda a celebração. Vêm a seguir as orações: a oração colecta, a oração sobre as oblatas e a oração depois da comunhão. O sacerdote, que preside à assem-bleia como representante de Cristo,19 dirige

es-tas orações a Deus em nome de todo o povo santo e de todos os presentes. Por isso se cha-mam “orações presidenciais”.

11. Compete igualmente ao sacerdote, en-quanto presidente da assembleia reunida, fazer certas admonições, bem como proferir as fór-mulas de introdução e de conclusão previstas no próprio rito. As admonições, por sua natureza, não têm que ser necessariamente proferidas nos termos apresentados pelo Missal; convém, ao

(25)

menos nalguns casos, que sejam de certo modo adaptadas às condições reais da assembleia.20

Pertence ainda ao sacerdote presidente anunci-ar a palavra de Deus e danunci-ar a bênção final.

Além disso, pode também dirigir aos fiéis uma brevíssima introdução, ao começar a cele-bração da Missa; antes das leituras, para a litur-gia da palavra; antes do prefácio, para a Oração Eucarística; finalmente, antes da despedida, ao terminar toda a acção sagrada.

12. O carácter «presidencial» destas inter-venções exige que sejam proferidas em voz alta e clara e escutadas por todos com atenção.21 Por

isso, enquanto o sacerdote as profere, não se hão-de ouvir nenhumas outras orações ou cânti-cos, nem o toque do órgão ou de outros instru-mentos musicais.

13. O sacerdote não somente pronuncia ora-ções como presidente, em nome de toda a comu-nidade, mas também, algumas vezes, em nome pessoal, para desempenhar o seu ministério com maior atenção e piedade. Estas orações são ditas em silêncio (“secreto”).

Outras fórmulas utilizadas na celebração 14. A celebração da Missa é, por sua nature-za, “comunitária”.22 Por isso têm importância

muito particular os diálogos entre o celebrante e a assembleia dos fiéis, bem como as aclama-ções.23 Tais elementos não são apenas sinais

externos de celebração colectiva, mas favore-cem e realizam a estreita comunhão entre o sacerdote e o povo.

15. As aclamações e as respostas dos fiéis às saudações do sacerdote e às orações constituem aquele grau de participação activa por parte da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de celebração da Missa, para que se exprima claramente e se estimule a acção de toda a comunidade.24

16. Outras partes da celebração, que perten-cem igualmente à assembleia e muito contribu-em para manifestar e favorecer a participação activa dos fiéis, são principalmente o acto peni-tencial, a profissão de fé, a oração universal e a oração dominical.

17. Finalmente, entre as restantes fórmulas:

a) umas constituem um rito ou acto por si

mesmas, como o hino Glória, o salmo respon-sorial, o Aleluia e o versículo antes do Evange-lho, o Santo, a aclamação da anamnese e o cântico depois da comunhão;

b) outras destinam-se a acompanhar um

rito, como o cântico de entrada, do ofertório, da fracção (Cordeiro de Deus) e da Comunhão.

Modos de proferir os vários textos

18. Nos textos que devem ser proferidos cla-ramente e em voz alta, quer pelo sacerdote quer pelos ministros quer por todos, a voz deve cor-responder ao género do texto, conforme se trata de uma leitura, oração, admonição, aclamação ou cântico. Igualmente se há-de acomodar à forma de celebração e à solenidade da assem-bleia. Tenha-se em conta, além disso, a índole peculiar de cada língua e a mentalidade dos povos.

Nas rubricas e normas que se seguem, as palavras “dizer” ou “proferir” devem ser enten-didas como referentes quer ao canto quer à simples recitação, segundo os princípios atrás enunciados.

Importância do canto

19. O Apóstolo exorta os fiéis, que se reúnem à espera da vinda do Senhor, a que unam as suas vozes para cantar salmos, hinos e cânticos espi-rituais (cf. Col 3, 16). O canto é sinal de alegria do coração (cf. Actos 2, 46). Dizia muito bem Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem

20Cf. S. Congr. para o Culto Divino, Carta circular sobre as Orações Eucarísticas, 27 de Abril de 1973, n. 14: AAS 65

(1973), p. 346.

21Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, 5 de Março 1967, n. 14: AAS 59 (1967), p. 304.

22Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 26.27; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium,

25 de Maio de 1967, n. 3 d: AAS 59 (1967), p. 542.

23Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 30.

24Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, 5 de Março de 1967, n. 16 a: AAS 59 (1967), p. 305.

(26)

25S. Agostinho, Sermo 336, 1: PL 38, 1472.

26Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, 5 de Março de 1967, nn. 7.16: AAS 59 (1967), pp. 302.305; cf. Missale

Romanum, Ordo cantus Missae, ed. tip. 1972, Praenotanda.

27Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 54; S. Congr. dos Ritos, Instr. Inter Oecumenici, 26 de Setembro

de 1964, n. 59: AAS 56 (1964), p. 891; Instr. Musicam sacram, 5 de Março de 1967, n. 47: AAS 59 (1967), p. 314.

28Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum concilium, n. 30. 29Cf. ibid., n. 39.

30Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 30; S. Congr. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, 5 de Março de

1967, n. 17: AAS 59 (1967), p. 305.

ama”.25 E vem já de tempos antigos o provérbio:

“Quem bem canta, duas vezes reza”.

Por isso, deve ter-se em grande apreço o canto nas celebrações, de acordo com a índole dos povos e as possibilidades de cada assem-bleia. Advirta-se, porém, que não é necessário cantar sempre todos os textos que, por si mes-mos, se destinam a ser cantados.

Na escolha das partes a cantar, dar-se-á preferência àquelas que têm maior importância, sobretudo às que devem ser cantadas pelo sacer-dote ou pelos ministros com resposta do povo, bem como às que o sacerdote e o povo devem proferir conjuntamente.26

Dado que hoje é cada vez mais frequente o encontro de fiéis de diferentes nacionalida-des, convém que eles saibam cantar em latim pelo menos algumas partes do Ordinário da Missa, sobretudo o símbolo da fé e a oração dominical, nas suas melodias mais fáceis.27

Gestos e atitudes corporais

20. A atitude comum, a observar por todos os que tomam parte na celebração, é sinal de comu-nidade e ucomu-nidade da assembleia: exprime e fa-vorece os sentimentos e a atitude interior dos participantes.28

21. Para se conseguir a necessária uniformi-dade nos gestos e atitudes, é preciso que os fiéis obedeçam às indicações que, no decurso da celebração, lhes forem dadas pelo diácono, pelo sacerdote ou por outro ministro.

Em todas as Missas, desde que não se indique outra coisa, todos estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à ora-ção colecta, inclusive; durante o cântico do

Aleluia que precede o Evangelho; durante a

proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde a oração sobre as oblatas até ao fim da Missa, excepto nos momentos adiante indicados. Estão senta-dos: durante as leituras que precedem o

Evange-lho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, conforme as circunstâncias, duran-te o silêncio sagrado depois da Comunhão. Es-tão de joelhos durante a consagração, excepto se a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem.

Compete, todavia, às Conferências Epis-copais adaptar à mentalidade dos povos os ges-tos e atitudes indicados no Ordinário da Missa romana.29 Atenda-se, porém, a que estejam de

acordo com o sentido e o carácter de cada uma das partes da celebração.

22. Incluem-se também entre os “gestos”: a entrada do sacerdote ao encaminhar-se para o altar; a apresentação das oferendas; a procissão dos fiéis para a Comunhão. Convém que estas acções se realizem com decoro, enquanto se executam os cânticos respectivos, dentro das normas estabelecidas para cada caso.

O silêncio

23. Também se deve guardar, nos momentos devidos, o silêncio sagrado, como parte da cele-bração”.30 A natureza deste silêncio depende do

momento em que ele é observado no decurso da celebração. Assim, no acto penitencial e a se-guir ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às leituras ou à homilia, é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; depois da Comunhão, favorece a oração interior de louvor e acção de graças.

III. A

SDIVERSASPARTESDA

M

ISSA

A) Ritos iniciais

24. Tudo o que precede a liturgia da palavra – entrada, saudação, acto penitencial, Kýrie

(27)

Gló-2 7

ria, oração colecta – tem o carácter de exórdio,

introdução e preparação.

A finalidade destes ritos é estabelecer a comunhão entre os fiéis reunidos e dispô-los para ouvirem a palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia.

Entrada

25. Reunido o povo, enquanto entra o sacer-dote com os ministros, inicia-se o cântico de entrada. A finalidade deste cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reuni-dos e introduzi-los no mistério do tempo litúrgi-co ou da festa, e ao mesmo tempo alitúrgi-companhar a procissão de entrada do sacerdote e dos ministros.

26. O cântico de entrada é executado alterna-damente pela schola e pelo povo, ou por um cantor alternando com o povo, ou por toda a assembleia em conjunto, ou somente pela

scho-la. Pode utilizar-se ou a antífona com o

respec-tivo salmo que vem no Gradual Romano ou no

Gradual Simples, ou outro cântico apropriado à

acção sagrada ou ao carácter do dia ou do tempo, desde que o texto tenha a aprovação da Conferência Episcopal.

Se não há cântico de entrada, recita-se a antífona que vem no Missal, ou por todos os fiéis, ou por um grupo, ou por um leitor; ou então pelo próprio sacerdote a seguir à sau-dação.

Saudação do altar e da assembleia

27. Chegados ao presbitério, o sacerdote e os ministros saúdam o altar. Em sinal de venera-ção, o sacerdote e o diácono beijam o altar; e, conforme as circunstâncias, o sacerdote in-censa-o.

28. Terminado o cântico de entrada, o sacer-dote e toda a assembleia benzem-se com o sinal da cruz. Em seguida, o sacerdote dirige uma saudação à comunidade reunida, exprimindo a presença do Senhor. Com esta saudação e a resposta do povo manifesta-se o mistério da Igreja reunida.

Acto penitencial

29. Depois da saudação, o sacerdote, ou ou-tro minisou-tro idóneo, faz aos fiéis uma brevíssi-ma introdução à Missa do dia. Em seguida, o sacerdote convida ao acto penitencial. Este é constituído pela confissão geral dos pecados feita por toda a comunidade e termina com a absolvição dada pelo sacerdote.

Kýrie (Senhor, tende piedade de nós)

30. A seguir ao acto penitencial, entoa-se o

Kýrie, eléison (Senhor, tende piedade de nós),

a não ser que já tenha feito parte do acto peni-tencial. Dado tratar-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua mise-ricórdia, é normalmente executado por todos, em forma alternada entre o povo e a schola ou um cantor.

Cada uma das aclamações diz-se normal-mente duas vezes, o que não exclui a possibili-dade de as repetir maior número de vezes, ou até de lhes intercalar um breve “tropo”, de acordo com a índole de cada língua, da arte musical ou das circunstâncias. Se não for cantado, o Kýrie é recitado.

Glória

31. O Glória é um antiquíssimo e venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. É cantado por toda a assembleia dos fiéis, ou pelo povo alternando com a schola, ou só pela

schola. Se não é cantado, é recitado por todos

em conjunto ou alternadamente.

Canta-se ou recita-se aos domingos (fora do Advento e da Quaresma), nas solenidades e festas, bem como em celebrações mais solenes.

Oração colecta

32. Seguidamente, o sacerdote convida o povo à oração; e todos, juntamente com ele, se reco-lhem uns momentos em silêncio, a fim de toma-rem consciência de que se encontram na presen-ça de Deus e formularem interiormente as suas intenções. Depois o sacerdote diz a oração

(28)

31Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 33. 32Ibid., n. 7.

33Ibid., n. 51.

34Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Inter Oecumenici, 26 de Setembro de 1964, n. 50: AAS 56 (1964), p. 889. mada “colecta”. Nela se exprime o carácter da

celebração e se dirige a súplica a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo.

O povo associa-se a esta súplica e faz sua a oração, dando o seu assentimento expresso pela aclamação Amen.

Na Missa diz-se uma só oração colecta. A mesma norma se aplica igualmente à oração sobre as oblatas e à oração depois de comunhão. A oração colecta termina sempre com a conclusão seguinte:

– se é dirigida ao Pai: Por Nosso Senhor Jesus

Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo;

– se é dirigida ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: [Ele] que é Deus convosco na unidade

do Espírito Santo;

– se é dirigido ao Filho: Vós que sois Deus com

o Pai na unidade do Espírito Santo.

A oração sobre as oblatas e a oração depois da comunhão terminam sempre com a conclusão breve:

– se são dirigidas ao Pai: Per Christum

Domi-num nostrum;

– se são dirigidas ao Pai, mas no fim é mencio-nado o Filho: Qui vivit et regnat in saecula

saeculorum;

– se são dirigidas ao Filho: Qui vivis et regnas

in saecula saeculorum.

* Com a aprovação da Sé Apostólica, nos países de língua portuguesa as orações concluem todas do mesmo modo.

B) Liturgia da palavra

33. A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura com os cânticos intercalares. São seu desenvol-vimento e conclusão a homilia, a profissão de fé e a oração universal ou oração dos fiéis.

Nas leituras, comentadas pela homilia, Deus fala ao seu povo,31 revela-lhe o mistério da

redenção e salvação e oferece-lhe o alimento espiritual. Pela sua palavra, o próprio Cristo está presente no meio dos fiéis. 32

O povo faz sua a palavra divina com os cânticos e a ela adere com a profissão de fé.

Assim alimentado com a palavra divina, eleva a Deus as suas preces na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.

Leituras bíblicas

34. Nas leituras põe-se aos fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se-lhes os tesouros da Bíblia.33 Segundo a tradição, a leitura dos textos

não é função presidencial, mas sim ministerial. Por conseguinte, convém que a leitura do Evan-gelho seja feita normalmente pelo diácono ou, na falta deste, por um sacerdote distinto do sacerdote que preside; as outras leituras são confiadas ao leitor. Na falta do diácono ou de outro sacerdote, o Evangelho é lido pelo próprio sacerdote celebrante.34

35. A proclamação do Evangelho deve ser acompanhada com a maior veneração. Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura com honras especiais, quer por parte do ministro encarregado de a anunciar e pela bên-ção e orabên-ção com que se prepara para o fazer, quer por parte dos fiéis que, com as suas aclama-ções, reconhecem e confessam que é Cristo presente no meio deles quem lhes fala, e por isso escutam a leitura de pé; quer ainda pelos sinais de reverência ao próprio livro dos Evangelhos.

Cânticos intercalares

36. A primeira leitura é seguida do salmo responsorial ou gradual, que é parte integrante da liturgia da palavra. Normalmente o salmo toma-se do Leccionário, dado que o seu texto tem relação directa com a leitura corresponden-te: a escolha do salmo está dependente das leituras. Todavia, para facilitar ao povo a res-posta salmódica (refrão), fez-se, para os dife-rentes tempos e as várias categorias de Santos, uma selecção variada de responsórios e salmos, que podem ser utilizados, em vez do texto corres-pondente à leitura, quando o salmo é cantado.

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35Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 52.

36Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Inter Oecumenici, 26 de Setembro de 1964, n. 54: AAS 56 (1964), p. 890. 37Ibid., n. 53, p. 890.

38Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 53. O salmista ou cantor do salmo, desde o ambão ou de outro sítio conveniente, recita os versículos do salmo, que toda a assembleia escuta sentada; ou melhor, ao qual a assembleia se associa normalmente respondendo com o refrão, a não ser que o salmo seja recitado todo seguido, sem refrão.

No caso de ser cantado, em vez do salmo que vem indicado no Leccionário, pode-se can-tar ou o gradual tirado do Gradual Romano ou um salmo responsorial ou aleluiático do

Gradu-al Simples, na forma indicada nestes livros.

37. À segunda leitura segue-se o Aleluia ou outro cântico, conforme o tempo litúrgico.

a) O Aleluia canta-se em todos os tempos

fora da Quaresma. É cantado ou por todos ou pela schola ou por um cantor; e pode-se repetir, se for conveniente. Os versículos tomam-se ou do Leccionário ou do Gradual;

b) o outro cântico é constituído por um

versículo antes do Evangelho, ou por outro salmo ou tracto, como se indica no Leccionário ou no Gradual.

38. No caso de haver uma só leitura antes do Evangelho:

a) nos tempos em que se diz Aleluia, pode

escolher-se ou o salmo aleluiático, ou o salmo e o Aleluia com o seu versículo, ou só o salmo, ou só o Aleluia;

b) no tempo em que não se diz Aleluia,

pode escolher-se ou o salmo ou o versículo antes do Evangelho.

39. O salmo que se segue à leitura, se não é cantado deve ser recitado; o Aleluia ou o versí-culo antes do Evangelho, se não são cantados, podem omitir-se.

40. As sequências não são obrigatórias, ex-cepto nos dias da Páscoa e do Pentecostes.

Homilia

41. A homilia é parte integrante da liturgia e muito recomendada:35 é um elemento

necessá-rio para alimentar a vida cristã. Deve ser a explanação de algum aspecto das leituras da

Sagrada Escritura ou de algum texto do Ordiná-rio ou do PrópOrdiná-rio da Missa do dia, tendo sempre em conta o mistério que se celebra, bem como as necessidades peculiares dos ouvintes.36

42. Nos domingos e festas de preceito, deve fazer-se a homilia em todas as Missas celebra-das com participação do povo; e não pode omi-tir-se senão por causa grave. Além disso, é recomendada, particularmente nos dias feriais do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, e tam-bém noutras festas e ocasiões em que é maior a afluência do povo à Igreja.37 Normalmente a

homilia é feita pelo próprio sacerdote celebrante.

Profissão de fé

43. O símbolo, ou profissão de fé, na celebra-ção da Missa, tem como finalidade exprimir o assentimento do povo, como resposta à palavra de Deus escutada nas leituras e na homilia, e recordar a regra da fé, antes de começar a celebração da Eucaristia.

44. O símbolo deve ser recitado pelo sacerdo-te juntamensacerdo-te com o povo, aos domingos e nas solenidades. Pode também dizer-se em celebra-ções mais solenes. Se é cantado, normalmente cantam-no todos em conjunto ou em forma al-ternada.

Oração universal

45. Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo, exercendo a sua função sacerdotal, ora por todos os homens. Convém que em todas as Missas com participação do povo se faça esta oração, na qual se pede pela santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem, por todos os homens em geral e pela salvação do mundo inteiro.38

46. Normalmente a ordem das intenções é a seguinte:

a) pelas necessidades da Igreja;

b) pelas autoridades civis e pela salvação

do mundo;

c) por aqueles que sofrem dificuldades; d) pela comunidade local.

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Em celebrações especiais – por exemplo, Confirmação, Matrimónio, Exéquias – a ordem das intenções pode acomodar-se às circuns-tâncias.

47. Compete ao sacerdote celebrante dirigir estas preces, convidar os fiéis a orar com uma breve admonição inicial e dizer finalmente a oração conclusiva. Convém que as intenções sejam enunciadas por um diácono, por um can-tor ou por outra pessoa.39 Toda a assembleia faz

suas estas súplicas, ou com uma invocação co-mum proferida depois de cada intenção, ou com a oração em silêncio.

C) Liturgia eucarística

48. Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifí-cio e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o sacerdote, representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz.40

Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a acção de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de Mim”. Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a Igreja ordenou toda a celebração da liturgia eucarísti-ca. Efectivamente:

1) Na preparação das oferendas, levam-se

ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos.

2) Na Oração Eucarística, dão-se graças a

Deus por toda a obra da salvação e as oblatas convertem-se no Corpo e Sangue de Cristo.

3) Pela fracção de um só pão, é

significa-da a unisignifica-dade dos fiéis; e estes, pela comunhão, recebem o Corpo e Sangue do Senhor, do mes-mo mes-modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo.

Preparação das oferendas

49. A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons que se vão converter no Corpo e Sangue de Cristo.

Em primeiro lugar prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística;41 nele se dispõe o corporal, o

puri-ficador (ou sanguinho), o Missal e o cálice, salvo se este for preparado na credência.

Em seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresenta-dos pelos fiéis. Recebiapresenta-dos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois colocados sobre o altar enquanto se recitam as fórmulas prescritas. Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação conserva ainda valor e signi-ficado espiritual.

Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazi-dos pelos fiéis como recolhitrazi-dos dentro da Igre-ja. Estes dons serão dispostos em lugar conve-niente, fora da mesa eucarística.

50. A procissão em que se faz a apresentação das oferendas é acompanhada do cântico do ofertório, que se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. As normas para a execução deste cântico são idên-ticas às que foram dadas para o cântico de entrada (n. 26). A antífona do ofertório, se não é cantada, omite-se.

51. Podem incensar-se as oblatas depostas sobre o altar, bem como o próprio altar. Deste modo se pretende significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, como fumo de in-censo, à presença de Deus. Depois de incensadas as oblatas e o altar, também o sacerdote e o povo podem ser incensados pelo diácono ou por outro ministro.

52. A seguir, o sacerdote lava as mãos: com este rito se exprime o desejo de uma purificação interior.

39Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Inter Oecumenici, 26 de Setembro de 1964, n. 56: AAS 56 (1964), p. 890.

40Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 47; S. Congr. dos Ritos, Instr. Eucharisticum mysterium, 25 de

Maio de 1967, n. 3, a.b: AAS 59 (1967), p. 540-541.

41Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Inter Oecumenici, 26 de Setembro de 1964, n. 91: AAS 56 (1964), p. 898; Instr.

Referências

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