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JESSICA TORRES LEONE. PLANO DE TRABALHO: Uso de contêineres na arquitetura emergencial

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TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO – 1014/2015

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA

JESSICA TORRES LEONE

I

NICIAÇÃO

T

ECNOLÓGICA

B

OLSA

CNP

Q

/

E

DITAL

PIBITI

2014/2015

P

LANO DE

T

RABALHO

:

Uso de contêineres na arquitetura emergencial

Relatório final apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades de Iniciação Tecnológica – Edital 2014-2015.

N

OME DO

O

RIENTADOR

:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo

T

ÍTULO DO

P

ROJETO

:

Manual para reciclagem arquitetônica de containers BANPESQ/THALES: 2014015430

C

URITIBA

PR

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TÍTULO

Uso de contêineres na arquitetura emergencial

2

RESUMO

Destinados originalmente ao armazenamento e transporte de matérias-primas, bens industrializados e outras mercadorias, os contêineres possuem características que fizeram com que arquitetos de todo o mundo voltassem sua atenção para eles, principalmente devido ao fato de que, após seu uso, é desvantajosa a sua reutilização como recipientes de carga. Em termos econômicos, é inviável o seu retorno descarregado ao local de origem quando se compara ao valor de novos, resultando em seu descarte e abandono em portos. Pré-fabricados, resistentes e de dimensões padronizadas, estes recipientes ganharam espaço na arquitetura de reciclagem, por serem duráveis e modulares, além de terem fácil acessibilidade, devido ao baixo custo comparativo; e grande versatilidade, uma vez que seu reuso não se restringe a apenas um tipo de programa funcional. Desde o final do século passado, o emprego de containers na arquitetura mostrou-se eficiente e quebrou preconceitos quanto à forma, composição, acabamento e isolamento termoacústico. É possível encontrar exemplares, nacionais e internacionais, de edificações que os reutilizam seja para fins habitacionais e comerciais como culturais e institucionais, destinados a constituírem espaços permanentes ou temporários.

Esta pesquisa em iniciação tecnológica, de caráter teórico-conceitual e cunho exploratório, vincula-se ao projeto intitulado “Manual para reciclagem arquitetônica de contêineres”, tendo como objetivo contribuir por meio do estudo da aplicação de containers na arquitetura de emergência. De modo específico, visa-se analisar funcional e tecnicamente um caso em particular, descrevendo-o e construindo um modelo tridimensional, em escala reduzida, que complementará o manual citado. Como metodologia de pesquisa, partiu-se da leitura e tradução de um manual internacional, além de uma breve revisão web e bibliográfica de apoio, assim como do estudo propriamente dito de uma obra tomada como referência.

Como resultado, constatou-se a viabilidade do seu emprego em mais uma esfera da arquitetura: a emergencial, a qual se destaca por necessitar um breve tempo de execução de obra, além de facilidade de montagem e instalação, flexibilização e custo reduzido. Conclui-se que os contêineres encaixam-se no atendimento a um programa de necessidades para abrigo temporário, principalmente em regiões próximas a portos, onde são encontrados em abundância, sendo uma alternativa viável para regiões sujeitas a fortes chuvas e inundações, como é o caso, por exemplo, dos litorais catarinense e paranaense.

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OBJETIVOS

Esta pesquisa em iniciação tecnológica está vinculada ao projeto intitulado “Manual para reciclagem arquitetônica de contêineres” e visa contribuir com o mesmo, enfocando essencialmente a arquitetura emergencial. Em sua primeira etapa, de modo geral, buscou um estudo exploratório sobre o emprego de containers na arquitetura efêmera, abordando tanto aspectos de projeto como execução de edificações mais sustentáveis. De modo específico, após ser feito um estudo de caso internacional, pretendeu-se construir uma maquete física como modelo ilustrativo para o manual citado.

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INTRODUÇÃO

No início da década de 1970, ocorreu em Estocolmo, na Suécia, a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO –CNUMAH. Esta foi a primeira vez em que a comunidade internacional reuniu-se, de maneira efetiva, para discutir a relação das atividades humanas com o meio ambiente, avaliando seus impactos sobre a natureza e, portanto, dando início à preocupação ambiental, que foi se intensificando nas décadas seguintes. Com a divulgação do Relatório Brundtland1, a partir do final dos anos 1980, de acordo com Castelnou (2005), o termo sustentabilidade2 passou a ser disseminado mundialmente e, por consequência, a ideia de “desenvolvimento sustentável” ganhou cada vez mais significado, transformando-se em um objetivo comum a praticamente todo o mundo industrializado.

Consolidado a partir da realização da CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CNUMAD, mais conhecida como a Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro – que definiu suas principais características e estratégias, inclusive através de uma agenda de compromisso internacional, a Agenda 213 –, o desenvolvimento sustentável passou a ser entendido como aquele que visa suprir as necessidades dos seres humanos e da sociedade contemporânea, sem comprometer o futuro das próximas gerações e o atendimento de suas

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A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada a partir do Relatório Brundtland (1987), estabeleceu, em seu documento Our common future (Nosso futuro comum, 1991), que desenvolvimento sustentável significaria “suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações suprirem as necessidades de seu tempo”. Isto significa que seria preciso incorporar à arquitetura e ao planejamento urbano não apenas fatores econômicos, mas também variáveis socioambientais, considerando as consequências das ações em longo prazo e resultados em curto prazo. (CASTELNOU, 2005)

2 Para Robinson apud Helene et Bicudo (1994), sustentabilidade seria “a persistência, em um futuro aparentemente

indefinido, de certas características necessárias e desejáveis do sistema sociopolítico e de seu meio ambiente natural”. Logo, o ponto chave para o desenvolvimento contemporâneo estaria na sustentabilidade, a qual asseguraria que as necessidades presentes fossem supridas, sem comprometer as possibilidades futuras. Isto resume o grande imperativo ético-ecológico de nossa época, pois não se contesta, hoje, a urgência de se buscar a harmonia entre o desenvolvimento social, de um lado; e o ambiente natural, de outro.

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A Agenda 21, mais que um documento, constituiu-se de uma proposta de planejamento participativo, que procuraria analisar a situação de um país, região ou município, visando planejar o futuro de forma sustentável. Para tanto, segundo Barbieri (1997), a análise e encaminhamento de propostas deveriam ser feitos a partir de uma abordagem integrada e sistêmica de várias dimensões.

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próprias necessidades. Decorrentes desse conceito nasceram as ideias de economia e crescimento sustentáveis, os quais possuiriam desdobramentos em todas as áreas, inclusive da arquitetura e construção civil. Finalmente, em 21 de junho de 1993, em um congresso em Chicago IL (EUA), a UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS– UIA, em conjunto com o AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTURE – AIA, estabeleceu a Declaração de Interdependência para um Futuro

Sustentável, que colocou a sustentabilidade como o centro de responsabilidade profissional, convocando todos para a prática da chamada green architecture. (WINES, 2000)

Visando produzir edificações que se adéquam, ao mesmo tempo, às condições ecológicas e sociais de um determinado lugar, a green architecture usa tecnologias “verdes” e preocupa-se fundamentalmente com o impacto ambiental. Em suma, tem a intenção de conciliar a tradição e as possibilidades modernas, em especial através da aplicação de tecnologias “limpas”, que garantam a eficiência energética, a adequada especificação de materiais e a proteção da natureza. (CASTELNOU, 2009, p. 166)

Em outros termos, a arquitetura sustentável, também conhecida como ecoarquitetura ou “arquitetura verde”, procura otimizar, no projeto arquitetônico e em sua execução, os recursos naturais disponíveis, diminuindo o impacto que uma obra poderá causar. Com vistas a isto, para Stang et Hawthorn (2005), uma residência sustentável deve ter, no mínimo, “o menor tamanho possível, uma orientação solar adequada e ser localizada o mais próximo possível de transportes públicos e locais de trabalho e estudo” (p. 13). Ainda segundo os autores, para os arquitetos comprometidos com a ideia de sustentabilidade, outras medidas podem ser tomadas, tais como o uso de: materiais recicláveis e reaproveitamento de estruturas já existentes; materiais com baixo consumo energético, tanto para a sua produção quanto para o transporte; e materiais naturais e madeira de reflorestamento. Soma-se a isto a aplicação de sistemas de luz eficiente e inteligente; sistemas de coleta das águas da chuva para reaproveitamento; e sistemas de ventilação natural e energia solar, além de materiais de acabamento que diminuam a emissão de químicos; estratégias para que a edificação tenha uma vida longa.

A alternativa pelo reaproveitamento de estruturas inclui não somente a reciclagem de edificações antigas, mas também o emprego de contêineres ou containers de carga, o que vem sendo utilizado nos últimos anos como opção para uma arquitetura mais sustentável. Apesar de serem recicláveis, muitos deles acabam em depósitos portuários quando já passaram do seu tempo de vida útil. Alguns, mesmo em perfeitas condições, são deixados de lado após o uso, pois custa mais caro mandá-los de volta para o local de origem do que comprar outros novos. Por causa da sua estrutura metálica, de grande resistência e durabilidade, além de seu baixo custo, o contêiner chamou a atenção de alguns arquitetos e outros curiosos, que, segundo Kotnik (2010), começaram a se dedicar à sua reutilização e aplicação em outras áreas, incluindo a arquitetura.

Embora os contentores de carga pareçam ser uma das características omnipresentes dos portos modernos ou da paisagem urbana, são uma invenção relativamente recente, inspirada sem dúvida pelos contentores militares

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normalizados do tipo desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA nos anos 1950. A Organização Internacional da Normalização (ISO) baseou os seus critérios para os contentores intermodais (aptos para serem colocados em navios ou diretamente em veículos pesados ou comboios, 1970) no exemplo das forças armadas norte-americanas [...] Embora uma caixa de aço possa não ser a estrutura mais óbvia para uma habitação ou outro tipo de edifício, os contentores ISO começaram a ser utilizados para tais fins no início dos anos 1980. (JODIDIO, 2011, p.38)

Dentre as diversas áreas da arquitetura em que os contêineres podem ser aplicados, a da arquitetura emergencial chama a atenção por ter uma necessidade que não está vinculada propriamente ao programa funcional do projeto, mas em especial ao tempo de execução. Por ter um tempo de montagem e instalação curto e ser acessível em qualquer parte do mundo, esses elementos pré-fabricados, de alta resistência e grande versatilidade, podem se constituir em uma solução quando se trata de abrigos de emergência, principalmente para vítimas de desastres naturais como enchentes ou terremotos.

O Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos Desastres (CRED) trata-se de uma organização belga que atua como consultora da ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, a qual estima que haja um aumento de cerca de 132 milhões de pessoas afetadas por desastres naturais a partir de 2015. Na última década, foram cerca de dois bilhões de pessoas atingidas e aproximadamente 780.000 mortas. Segundo a mesma fonte, em 2009, o Brasil ficou em sexto lugar no ranking de países mais afetados por esses desastres, sendo que as regiões sul e sudeste têm sido afetadas quase todos os anos por alagamentos e enxurradas (CRED CRUNCH, 2009; 2011; FERES, 2014). Em 2008, a enchente ocorrida em Santa Catarina afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas, atingindo um total de 60 municípios e deixando cerca de 50.000 pessoas desabrigadas (CEPED, 2012). Estes dados mostram que o país ainda está despreparado para lidar com a população que fica desalojada por causa de catástrofes. Assim, é tarefa do arquiteto pensar em como abrigar essa população, que chega a perder praticamente todos os bens materiais em desastres, senão as próprias vidas.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Embora seu emprego seja datado faz já algum tempo, desde a industrialização, os contêineres utilizados hoje em dia têm como pioneiro o norte-americano Malcolm P. McLean (1913-2001), que em 1937, teve a ideia de armazenar e transportar os fardos de algodão que conduzia ao porto de Nova York em grandes caixas de aço, as quais pudessem, por sua vez, serem embarcadas nos navios. Deste modo, McLean tornou-se o pai da moderna contentorização (containerization); e, com o tempo, aprimorou seus métodos de trabalho, expandindo sua companhia e, por fim, influenciando o mundo todo. (LEVINSON, 2003; DONOVAN et BONNEY, 2006)

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De acordo com Jodidio (2011), Philip C. Clark (1953-), o proprietário de uma empresa chamada Import Export & Overhaul em Miami FL (EUA), obteve a patente norte-americana n. 4.854.094 – aprovada em 08 de agosto de 1989 após a solicitação em 23 de novembro de 19874 – de um “método para converter um ou mais contentores de carga de aço num edifício habitável num estaleiro de obra e o produto resultante” (p. 38).

Basicamente, os containers, contêineres ou contentores são caixas prismáticas feitas em aço – embora também possam ser executadas em outros materiais, como madeira –, que têm suas medidas padronizadas internacionalmente. Apresentam como vantagens sua grande resistência, versatilidade e durabilidade, o que facilita seu transporte, empilhamento e armazenamento – características estas que chamaram a atenção de projetistas sensibilizados pelas questões relacionadas ao despertar ecológico e arquitetura sustentável, a partir do último quartel do século passado. Desde então, essas unidades industrializadas passaram a ser vistas como módulos que podem ser universalmente aplicados no setor da construção civil. Isto se deve ao fato que, após sua utilização, muitos acabam sendo abandonados em função do menor preço de compra que de retorno ao local de origem. (KOTNIK, 2010)

Os contêineres estão disponíveis em vários tamanhos e para diferentes propósitos. Características como modulação, padronização e pré-fabricação, as quais diminuem seu custo, facilitam seu transporte e possibilitam diversas composições, além da sua disponibilidade pelo mundo todo – o que não limita o mercado consumidor e torna-o relativamente barato –, transformaram-nos em uma opção na área da arquitetura que se baseia nas ideias de reciclagem e reutilização criativa. Esta combinação de fatores, de acordo com a INTERMODAL STEEL BUILDING UNITS AND CONTAINER HOMES ASSOCIATION (ISBU), citada por Kronenburg (2008), está fazendo com que um novo ramo da arquitetura sustentável, especialmente nos EUA, cresça em uma velocidade incrível: a da construção com base no reuso de contêineres.

5.1 Reutilização de contêineres na arquitetura

O arquiteto norte-americano Adam Kalkin (1963-) especializou-se efetivamente em arquitetura de contêineres, tendo publicado um livro sobre o assunto em 2008 intitulado ADAM KALKIN’S ABC OF CONTAINER ARCHITECTURE. Ele criou um sistema a que chama de Quik House (Figura 01), que utiliza containers reciclados para criar casas que podem ser muito mais luxuosas do que a sua origem sugere.Tais moradias podem ser entregues em até cinco meses após a encomenda e custam cerca de U$ 76.000, embora várias opções propostas por Kalkin possam

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Antes dessa data, há registros que o arquiteto australiano Sean Godsell (1960-) comunicava que começara a trabalhar na sua Future House (“Cabana do Futuro”), a qual seria uma “casa móvel produzida em massa para habitação de ajuda e de emergência. Utilizavam-se contentores de carga reciclados para conformar o volume principal do edifício. Dentro do contentor encontra-se uma cobertura guarda-sol. Quando montada, a cobertura dá sombra ao contentor e reduz a carga de calor no edifício. Umas pernas telescópicas saem do contentor o que permite que seja implantado em terrenos irregulares sem necessidade de escavações”. (JODIDIO, 2011, p. 38-39)

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elevar de modo considerável o preço. A Illy Push Button House (Figura 02), de sua autoria e patente na Bienal de Veneza de 2007, pretende mostrar que um contentor de carga normal pode ser convertido em uma verdadeira casa no espaço de apenas alguns minutos através de sistemas hidráulicos e de um projeto inteligente. Kalkin também se aventurou a trabalhar com o exército norte-americano no Afeganistão, além de uma fundação beneficente na Rússia, demonstrando um grande número de usos que se podem atribuir aos contêineres. (JODIDIO, 2011)

A gama de áreas na construção civil para a (re)aplicação de containers é bastante vasta, já que os mesmos estão sendo utilizados desde em prédios funcionais até experimentais e customizados pelos arquitetos, incluindo tanto arquitetura permanente como efêmera. Ainda segundo Jodidio (2011), o arquiteto brasileiro Thiago Bernardes (1974-) – filho de um dos mais conceituados arquitetos do país, o carioca Claudio Bernardes (1949-2011) – juntamente com o ex-sócio de seu pai, Paulo Jacobsen (1954-), tem utilizado com frequência os contentores para eventos efêmeros como a Exposição Internacional de Vídeo Arte, ocorrida em 2008 no Parque Vila Lobos, em São Paulo SP. A instalação Container Art (Figuras 03 e 04) possuía 1.200 m2 e foi implantada na esplanada do parque sobre bases de madeira, tendo sido constituída por uma montagem ordenada de contêineres de 6 e 12 metros5. O COP Pavilion (Figura 05), por sua vez, foi projetado pelo escritório MAPT para ser construído no porto norte de Copenhague

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Os arquitetos já tinham criado uma instalação muito maior, com 250 contentores, para os palcos, camarins e cafeterias do Tim Festival de 2007, que aconteceu no Rio de Janeiro RJ e funcionou como um espetáculo musical de duas noites. A maior parte dos 40.000 m2 da instalação assumiu a forma de uma grande parede. Utilizaram-se containers de 12 m como portas para assinalar o acesso aos palcos, entradas e saídas do evento. A parte superior da parede, com a forma de uma grande curva sinuosa, aberta para o mar, escondia as tendas com 15 m de altura utilizadas nos shows. Os espaços entre os contentores foram usados para projeções em vídeo e palcos para espetáculos instalados em níveis diferentes. As instalações começaram a ser montadas em 16 de setembro de 2007 e ficaram totalmente desmontadas em 18 de novembro. Mais de 23.000 pessoas estiveram presentes nas duas noites de concertos. “O que os contentores não têm ao nível de sutileza e flexibilidade da forma, têm sem dúvida ao nível da facilidade de transporte e de montagem”. (JODIDIO, 2011, p.39)

FIGURA 01

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(Dinamarca), devido à realização em dezembro de 2009 da décima-quinta edição desse importante evento internacional sobre mudanças climáticas: a Climate Change Conferece of Parts. Os arquitetos recorreram a contêineres usados e outros materiais reciclados.

Ao sublinhar o custo reduzido e as vertentes ecológicas dessa reutilização, o MAPT salienta que os contentores de carga são considerados tão baratos que as empresas de transporte muitas vezes acham mais econômico abandoná-los do que fazê-los regressar vazios ao ponto de origem. Isto constitui sem dúvida uma vantagem para projetistas entusiastas como este escritório dinamarquês. (JODIDIO, 2011, p. 39)

5.2 Tipologias de contêineres

A seguinte categorização constitui a base para um projeto de arquitetura com containers, os quais são classificados em: contêineres de carga, contêineres de construção ou tramas modulares (tramas de contêiner). (SLAWIK et al., 2010)

De anos para cá, os contêineres de carga tem sido objeto de reutilização para diferentes funções, ganhando cada vez mais espaço na arquitetura. Isto se deu devido a dois de seus aspectos principais, os quais os tornam tão atrativos aos arquitetos e demais projetistas: sua concepção formal, que pode ser utilizada para criar determinada imagem corporativa; e as já citadas vantagens do seu sistema, tais como: pré-fabricação, modularidade, mobilidade e disponibilidade. Contudo, ainda segundo Slawik et al. (2010), estas vantagens devem ser comparadas às desvantagens que as construções que o reutilizam apresentam. Eles são bons para carregar e descarregar mercadorias – constituem-se, portanto, de recipientes bem fechados e com um mínimo de proteção contra as intempéries –, porém não podem suprir necessidades básicas de uma construção que será habitada pelo homem, como o fornecimento de luz natural e a proteção FIGURA 03

FIGURA 04

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contra o calor, umidade, ruídos e fogo, a menos que sejam tomadas algumas medidas para melhorar seu desempenho.

A priori, o espaço dentro de um contêiner só é adequado para o uso humano em certa medida, por causa da limitação de sua altura (8,5 pés ou 2,6 m). A altura é suficiente para ficar em pé e andar por ele, mas um conforto maior só é conquistado com um container High Cube, cuja altura interna é de 9,5 pés ou 2,9 m. (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013)

De qualquer forma, o uso adequado do tipo certo de contêiner na construção pode levar a soluções espaciais marcantes, as quais são caracterizadas pela inteligência do tratamento arquitetônico das suas propriedades e características. Existem três pontos principais que devem ser levados em consideração: a aceitação, a adequação, e as combinações. Os contêineres de carga, de acordo com Slawik et al. (2010), não podem ser definidos apenas por suas propriedades individuais. Eles são a peça principal, mas só formam um sistema de transporte quando outros aspectos como logística e habilidade de combinação são levados em consideração. Isto é enfatizado pelos principais requisitos necessários em um sistema de transporte uniforme, os quais têm a finalidade de simplificar e aumentar a eficiência no transporte de mercadorias, a saber: transporte uniforme de diferentes cargas usando um mesmo contêiner; cadeia fechada de transporte sem recarga de produtos ao longo do caminho; e reutilização de um mesmo contêiner6. Por sua vez, o desenvolvimento do contêiner de construção envolveu a transferência do conceito de normalização e racionalização para um módulo de construção que teria as mesmas características de um container de carga. O resultado foi uma célula modular pré-fabricada que é projetada exclusivamente para fins de construção e, portanto, tem uma estrutura mais leve. E, por fim, o sistema de construção modular com tramas modulares é, em princípio semelhante ao sistema de contêineres. A estrutura de suporte dos módulos é formada por uma armação estável, tal como no caso de contêineres de construção. É pré-fabricada industrialmente como uma unidade compacta e móvel, juntamente com parte dos acessórios, sendo então montada no local da construção para produzir um edifício geral. (SLAWIK et al., 2010)

No entanto, ainda segundo os mesmos autores, em oposição aos contêineres de construção, o acabamento do edifício em tramas modulares – o qual pode se consistir de um revestimento resistente às intempéries – é criado e instalado no local para todos os módulos juntos. Isto significa que um prédio feito de tramas modulares pode assumir certas características

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A implementação desse tipo de sistema de transporte necessitava uma especificação e padronização de seus principais elementos; e foi exatamente isso que foi alcançado com a introdução internacional das normas ISO. Conforme Fossoux et Chevriot (2013), algumas das normas ISO para o chamado Dry Container, frequentemente usados para construção civil, seriam as seguintes: ISO 668, que regula as dimensões externas; ISO 1161, que trata sobre cantos que se enquadram nas dimensões; ISO 1496-1, que estabelece e faz alguns testes obrigatórios específicos; ISO 1894, que regulamenta as dimensões internas; e ISO 6346, que exige que a unidade seja incluída em um código, regulação e marcas de sua origem e seus proprietários anteriores. De tempos em tempos, os padrões são atualizados e ajustados de acordo com as condições técnicas e logísticas.

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da concepção de um edifício convencionalmente construído. Porém, a combinação com componentes produzidos convencionalmente faz reduzir a capacidade da edificação a ser desmontada e remontada.

Contrariando os sistemas de construção com contêineres descritos até agora, surgiu a ideia de criar um sistema de construção modular, que foi o mais flexível possível em termos de espacialidade, de estrutura e concepção, com um alto grau de pré-fabricação e que, como os sistemas discutidos até agora, também seria baseado no princípio do container. Já existem sistemas similares no mercado de vários fabricantes, mas eles geralmente têm limitada variabilidade e flexibilidade: as partes internas só podem ser movidas com um enorme trabalho e ainda possuem limitações de estática, pois sempre desempenham também uma função de suporte de carga. Certos componentes tornam-se redundantes quando os módulos são combinados (paredes duplas, teto e piso), o que aumenta a quantidade de material necessário e resulta em desperdício de espaço. (SLAWIK et al., 2010)

Assim, mesmo com mais opções, reafirma-se aqui que a utilização de contêineres de carga padrão para a construção de edifícios é possível. Quando se utiliza a capacidade da estrutura não adaptada, de acordo com a norma ISO, cargas especificadas como estas são aprovadas mundialmente. As adaptações na estrutura devem ser calculadas para a força e deformação como padrão, sendo que testar adaptações de construção em vez de cálculos muitas vezes pode funcionar bem e de modo satisfatório. Assim, os construtores e proprietários podem aceitar projetos estruturais de edifícios montados com contêineres adaptados. Engenheiros estruturais podem projetar e calcular o que é necessário para o container e também para a construção. Logo, podem usar as vantagens da construção em contêiner em seus projetos.

5.3

Habitação emergencial

A questão da habitação emergencial torna-se cada vez mais relevante no Brasil, visto que, com as mudanças climáticas e o acelerado aumento da urbanização, o número de pessoas atingidas por desastres naturais tem crescido no país. Este tipo de moradia deve proteger o desabrigado, reestabelecer sua dignidade e promover sua identidade, restaurando-a. Para proteger o indivíduo, o abrigo deve levar em conta a localização – clima e ambiente – em que será implantado. Já a dignidade pode ser reestabelecida com a criação de um projeto que proporcione segurança e privacidade. Geralmente em desastres, os afetados também perdem sua identidade junto aos bens materiais que foram perdidos e ficam desorientados. Por isto, também é necessário investir em um abrigo que possa caracterizar um lar, tendo espaços privados e também comunitários, onde o indivíduo volte a ter a sensação de pertencimento. Assistências de ordem médica, educacional e recreativa, por exemplo, também devem ser oferecidas no acampamento de desabrigados. (AQUILINO, 2011)

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Um dos fatores mais importantes ao se projetar uma habitação de emergência é o tempo necessário para abrigar os desalojados. É muito

importante que eles sejam relocados o mais rápido possível. De acordo com Aquilino (2011), talvez por esta questão, quando se pensa em abrigos temporários, vem primeiramente a ideia de tendas e barracas servindo de casas, as quais em geral transformam as áreas degradadas em acampamentos tumultuados, como ocorreu no acampamento de desabrigados devido ao terremoto do Haiti em 2010 (Figuras 06 e 07).

Mesmo com a intenção de ser um acampamento de habitação temporária, cerca de 50% deles acabam durando mais de cinco anos; e somente um quarto duram menos que dois anos (ANDERS, 2007). Ou seja, cabe ao arquiteto projetar um espaço que não se degrade rapidamente, além do fato de poder ser reutilizado após cumprir sua função em determinado local.

Segundo Kronenburg (1998), a estrutura de um abrigo temporário pode ser dividida em duas categorias: desmontável e portátil. Os abrigos desmontáveis ocupam menos espaço, pois seus elementos constituintes são montados no local final e transportados de modo parcial e individual. Já as estruturas portáteis ou móveis são transportadas como um todo, sem alterar sua forma. Basicamente, existem três tipos de estruturas desmontáveis, a saber:

Estrutura rígida: É uma estrutura desenvolvida para superfícies planas, de fixação rápida, sendo que, quando desmontada, fica como a planificação de um sólido geométrico (Figuras 08, 09 e 10);

Estrutura tênsil: É rígida e suporta um revestimento estirado, sendo seu sistema estrutural composto de tirantes, os quais são geralmente em aço ou alumínio; e possui uma membrana distensível na sua aplicação e fixação (Figuras 11 e 12);

Estrutura pneumática: Tem sua estabilidade adquirida através de uma pele sob tensão, possuindo rápida montagem e desmontagem; e sendo capaz de cobrir grandes áreas a um baixo custo (Figuras 13 e 14).

FIGURA 07 FIGURA 06

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Por sua vez, as estruturas portáteis de abrigos são divididas em duas categorias, descritas a seguir:

Móvel: Quando incorpora o sistema de transporte na sua estrutura base e não necessita associação

de vários volumes semelhantes (Figuras 15 e 16);

Modular: Quando funciona como um volume base que se repete, sempre com a mesma forma, e

pode ser conjugada entre si para que se tenha um aumento de espaço (Figura 17 e 18).

FIGURA 14 FIGURA 12 FIGURA 11 FIGURA 13 FIGURA 15 FIGURA 16 FIGURA 17 FIGURA 18

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O contêiner pode ser considerado tanto uma estrutura desmontável rígida quanto uma estrutura móvel modular, dependendo de como for utilizado. Para abrigos temporários, os dois tipos apresentam vantagens. O primeiro tem a vantagem de ser transportado mais facilmente, uma vez que ocupa menos espaço. Já o segundo, apesar de dificultar o transporte, gera maior flexibilidade de projeto, fazendo com que seja possível adicionar células de acordo com a necessidade de cada abrigo e usuário.

Internacionalmente, já existem casos em que contêineres foram adaptados e usados em habitações de emergência. Como exemplo, pode-se citar o projeto do ganhador do Prêmio Pritzker de 2014, o arquiteto japonês Shigeru Ban (1957-). Conhecido por seus projetos em sistemas estruturais de papel, o arquiteto teve que usar outro sistema para fazer os abrigos de emergência para os desalojados devido ao terremoto de 2011 em Onagawa (Japão) de 2011. Por causa da falta de espaço disponível para o acampamento, Ban decidiu empilhar contêineres, formando três pavimentos de abrigos unifamiliares. Os containers foram empilhados formando um padrão de “tabuleiro de xadrez”, o que fez com que a iluminação natural fosse melhor aproveitada e que fossem criados espaços de convivência abertos entre os contêineres (Figura 19). As unidades ainda contam com móveis de armazenamento montados por voluntários (Figura 20).

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MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa de iniciação tecnológica baseia-se principalmente na leitura e tradução de material bibliográfico internacional de construção em container (SLAWIK et al., 2010), que auxiliará a criação de um manual para reciclagem arquitetônica; objetivo do projeto do qual esta pesquisa faz parte. Em paralelo, fez-se uma revisão teórica e conceitual, a partir de fontes digitais, livros nacionais e internacionais, assim como sites, artigos e relatórios previamente desenvolvidos e vinculados ao mesmo projeto. Depois, fez-se um estudo de caso internacional e, em sequência, um modelo tridimensional. A pesquisa conclui-se com a elaboração do relatório final, preparação da apresentação e exposição dos resultados no EINTI-2015.

FIGURA 20 FIGURA 19

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 2009, o grupo italiano Tamassociati – formado pelos arquitetos Raul Pantaleo (1962-), Massimo Lepore (1960-) e Simone Sfriso (1966-), que se formaram ou trabalharam no Istituto Universitario di Architettura di Venezia (IUAV), atualmente conhecido como Universitá IUAV de Veneza (Itália) – projetou as habitações da ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG) Emergency para o Centro de Cirurgia Cardíaca Salam, situado na cidade de Soba, Estado de Cartum (Sudão). Finalizado em 2010 e com aproximadamente 14.000 m², este complexo médico é constituído de um hospital com 63 leitos, onde trabalham 300 funcionários.

A equipe médica fica alojada em abrigos feitos com contêineres reutilizados, que tem capacidade para 150 pessoas. Foram empregados 90 contêineres com 6 m (20 pés) destinados a estes abrigos, sendo que cada unidade ocupa um contêiner e meio, além de sete contêineres de 12 m (40 pés) para a cafeteria e outros serviços (Figuras 21 a 36). Na realidade, segundo Jodidio (2011), esses contentores tinham sido deixados próximo do estaleiro da obra durante a construção anterior do Centro Salam. Como os mesmos encontravam-se abandonados, os arquitetos se inspiraram para reutilizá-los como abrigo para o pessoal do centro.

Como o aço transmite calor ou frio quase diretamente, o que se constitui em desvantagem para os containers transformados em habitação – sendo que, no Sudão, as temperaturas ultrapassam facilmente os 40ºC – os arquitetos resolveram este problema com um sistema de painéis interiores de isolamento, os quais foram chamados de “cebola”. Eles possuem 5 cm de espessura e uma camada externa que compreende cobertura metálica isolada e ventilada, em conjunto com um sistema de brise-soleils de bambu, que asseguraram que o sol direto nunca atinja as superfícies metálicas. Tubos para a passagem de água gelada foram instalados abaixo do piso para que o ambiente possa ser refrescado quando necessário. Tecnologias de filtragem do ar também foram utilizadas nesse projeto, uma vez que o acúmulo de poeira é grande devido aos fortes ventos que levam areia do deserto para dentro dos edifícios.

Além das soluções já citadas, outras também consideradas sustentáveis foram adotadas, como as árvores nativas que foram utilizadas para fazer sombreamento ao edifício. Em paralelo, técnicas vernáculas para o telhado foram aplicadas em espaços de descanso e passagem, assim como o aquecimento de água destas unidades ser feito através de painéis solares que totalizam 1000 m². Tais soluções permitiram que o uso de energia fosse reduzido e o conforto aumentado.

Em um país com níveis muito baixos de tecnologia e com as condições climáticas adversas, as principais características do trabalho foram simplicidade e capacidade de inovação. Ao contrário da prática de fornecer estruturas de "terceiro mundo" para os países do "terceiro mundo", foi assim provado que com inovação e tecnologia de baixo custo, é possível garantir os mesmos padrões de eficiência como em qualquer outro centro ocidental de cuidados de saúde.

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FIGURA 21 FIGURA 22

FIGURA 23

FIGURA 25 FIGURA 24

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FIGURA 26

FIGURA 27

1 Centro Cirúrgico 2 Entrada Principal 3 Edifício Técnico 4 Hospedagem de Parentes 5 Edifício de Serviços 6 Edifícios de Implantes 7 Painéis Solares 8 Pavilhão Religioso 9 Alojamento Médico 10 Cafeteria

FIGURA 26

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1 Defletor solar em bambu 2 Cobertura metálica 3 Coletores solares 4 Isolamento térmico 5 Instalação sanitária 6 Estrutura em container 7 Portas do container abertas 8 Marcos das janelas

FIGURA 30 FIGURA 31 FIGURA 33 FIGURA 32 FIGURA 34 FIGURA 35 FIGURA 36

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CONCLUSÕES

Além de representarem uma solução baseada nos princípios da sustentabilidade arquitetônica – estes fundamentados nas premissas gerais de redução do desperdício energético e diminuição do impacto ambiental –, os contêineres reaproveitados são adequados à arquitetura emergencial, pois, embora necessitem de adaptações projetuais, prestam-se à ocupação temporária de indivíduos e/ou família afetadas por desastres naturais, especialmente por serem resistentes, modulares e espaçosos7. Levando isto em consideração, os contêineres são uma alternativa viável, podendo ser transformados em abrigos unifamiliares, os quais podem variar em tamanho e disposição, mas sempre se buscando a funcionalidade, flexibilização e modulação8.

Quanto à tecnologia e sistema construtivo, o contêiner também pode ser considerado uma boa alternativa, tendo em vista que:

 Condiz com a forma convencional de morar, já que ganha aspecto de casa, mesmo mais estreita, remetendo à tipologia de moradia mais comum no país;

 É relativamente barato, pois se espalha por todo o mundo, principalmente em portos, tornando-se assim disponível e financeiramente viável após atingir sua vida útil ou perder seu valor econômico;

 É pré-fabricado e modulado, o que padroniza os tamanhos, facilitando o transporte e favorecendo a flexibilidade de arranjos;

 Incorpora soluções construtivas locais, permitindo adaptações segundo a cultura e tradição vernácula, além de emprego de mão-de-obra interessada, como verificado no estudo de caso; e

 Aproveita melhor o espaço do acampamento, uma vez que, diferente de outros tipos de abrigos, pode ser empilhado, gerando uma implantação mais racional do terreno.

Quanto ao tempo de intervenção, as habitações emergenciais realizadas em contêineres mostram-se mais eficientes, pois possuem rápido tempo de montagem no local e suas instalações são condizentes com o tempo de permanência dos usuários. Caso um acampamento passe do tempo estimado de duração do mesmo, os contêineres não precisam ser substituídos, já que sua vida útil é longa.

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A área mínima para abrigo de pessoas varia conforme as fontes pesquisadas. Segundo o manual The Sphere Project (2011), o espaço mínimo deve ser de 3,5 m2/pessoa. Já para o manual The UN Refugee Agency (2007), deve-se prever de 3,5 a 4,5 m2/pessoa, dependendo se tratar de climas quentes ou frios (área maior quanto mais baixas as temperaturas). Por sua vez, a Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro (2006) estabelece de 2 a 4 m2/pessoa, o que pode ser ampliado até 10 m2/família. De qualquer forma, um contêiner de 20 pés, que é o mais utilizado, teria espaço mais que suficiente para cada indivíduo (pouco mais de 4,5 m²/pessoa). De acordo com Anders (2007), deve-se ainda prever que uma unidade possa abrigar um grupo familiar de até 06 (seis) pessoas, sendo assim recomendável que famílias não dividam o mesmo abrigo, de modo a preservar a dignidade dos indivíduos que estão em situação de emergência, além do fato da permeabilidade do abrigo ser controlada pelos próprios usuários.

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O manual The Sphere Project (2011) prevê que um acampamento de desabrigados deve ter uma área de 45 m2/pessoa, incluindo toda a infraestrutura; e mantendo-se uma distância mínima de 15 m entre os blocos de clusters de abrigos. Por sua vez, o manual The UN Refugee Agency (2007) estabelece uma área compreendida entre 30 e 45 m2/pessoa, além de corredores de largura mínima de 30 m para cada 300 m edificados. A Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro (2006) não prevê a superfície do acampamento, mas define as áreas mínimas de refeitório (1,5 m2/pessoa), cozinha (15 m2/fogão industrial/250 pessoas), recreação (1,5 m2/criança) e triagem (15 m2).

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Suas maiores desvantagens referem-se ao custo, que ainda pode ser elevado, se não houver planejamento; à dificuldade de montagem, que exige um conhecimento específico para a execução de qualidade; e a limitação da planta, pois os contêineres não se prestam à criação de ambientes espaçosos e/ou voltado a grande número de pessoas, devendo ser assim associados a outras estruturas e sistemas construtivos.

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REFERÊNCIAS

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FONTES DE ILUSTRAÇÕES

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APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR

Este trabalho de iniciação tecnológica e inovação cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos iniciais, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e

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urbanismo da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR. A aluna bolsista apresentou interesse e dedicação satisfatórias na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, permitindo o desenvolvimento adequado da pesquisa. Tratando-se de um trabalho introdutório sobre o tema e da vastidão de questões possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de trabalho, considera-se que os resultados atingidos são suficientes aos meios utilizados e também aos fins pretendidos.

DATA E ASSINATURAS

Curitiba, julho de 2015.

Jessica Torres Leone

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