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CONSULTA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: UM ESPAÇO PARA A MULHER RURAL 1

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Academic year: 2021

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CONSULTA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: UM ESPAÇO PARA A MULHER RURAL1

EBLING, Sandra Beatris Diniz2; SILVA, Marciele Moreira da3; SILVA, Silvana de Oliveira4; CARPES, Laura de Oliveira5

RESUMO

Este trabalho relata a experiência de consultas de enfermagem como estratégia de prevenção do câncer do colo do útero, direcionadas a mulheres que vivem no meio rural. Tal prática foi realizada em uma Estratégia de Saúde da Família no município de Capão do Cipó, Rio Grande do Sul. Neste espaço de interação com a mulher, foi possível conduzir a consulta de enfermagem de modo a buscar a integralidade na assistência, utilizando o processo comunicativo e tornando o espaço oportuno para mulher exteriorizar seus sentimentos e problemas, não só os de saúde-doença, mas os de âmbito familiar, social, intra e interpessoal. Tais atividades levaram em conta o contexto social onde a mulher estava inserida, suas pluralidades e singularidades. Nesse aspecto, é importante fortalecer as ações de educação em saúde voltadas ao câncer de colo do útero, criando estratégias novas e criativas voltadas à mulher que reside no meio rural.

Descritores: Saúde da Mulher; Atenção Primária à Saúde; População Rural.

ABASTRACT

1

Relato de Experiência. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) 2

Apresentadora. Enfermeira. Mestre em Educação. Docente do Curso de Enfermagem da URI, Santiago, RS, Brasil

3

Enfermeira. Mestranda em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do Grupo dePesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Enfermagem da URI, Santiago, RS, Brasil. 4

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Coordenadora do Curso de Enfermagem da URI, Santiago, RS, Brasil

5

Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira Assistencial da Estratégia de Saúde da Família, Capão do Cipó, RS, Brasil.

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This study reports the experience of nursing consultation as a strategy for preventionof the uterine cervical cancer oriented to the women that living in rural areas. This practice was performed in a Family Heath Strategy in the city of Capão do Cipó, Rio Grande do Sul. In this space of integration with the man it is possible to conduct the nursing consultation of way to search the integral assistance, using the communicative process and leaving an opportune space for woman to externalize your feelings and problems.These activities consider the social context where the woman was inset, their pluralities and singularities. In this respect, it is important to strengthen the actions of health education toward uterine cervical cancer, creating new strategies and creative towards woman that residing in the rural areas.

Descriptors: Women's Health; Primary Health Care; Rural Population

1. INTRODUÇÃO

A palavra câncer (CA) é utilizada para representar um conjunto de mais de 100 doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações. Na região sul do Brasil, diante das estimativas que foram descritas para o ano de 2010, entre as mulheres, o CA do colo do útero foi o terceiro mais incidente (21 casos para cada 100.000 mulheres), antecedido pelo de mamas (64 casos para cada 100.000 mulheres) e o de cólon e reto (22 casos para cada 100.000 mulheres).1

A evolução do câncer do colo do útero se dá de forma lenta e tem como forte característica atingir todas as regiões mundiais, com baixo nível socioeconômico, assim como as mulheres que são mais vulneráveis socialmente, pois são essas que tem maiores dificuldades de acesso à rede de serviços para detecção e tratamento precoce da doença.2

Neste contexto, as políticas públicas implementadas no âmbito da saúde da mulher, nas últimas décadas não alcançam as mulheres que vivem no meio rural. As dificuldades das mulheres rurais no acesso às informações e ações de saúde estão relacionadas, dentre outros fatores, às desigualdades das relações de gênero e de trabalho, às grandes distâncias entre a residência ou trabalho e os serviços de saúde, à maior precariedade dos serviços locais e a pouca sensibilização e organização da rede de saúde para lidar com a especificidade dos agravos decorrentes do trabalho no campo.3

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Desse modo, tal situação pode ocasionar a pouca adesão das mulheres que vivem no campo, as ações de promoção de saúde e prevenção da doença. Sabe-se que o acesso da população rural aos serviços de saúde ainda é um grande desafio do SUS, dessa forma o Ministério da Saúde vem adotando estratégias para a formulação de uma política de atenção à população trabalhadora e residente nesse cenário.4

Assim, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde, bem como para a sua relação com a comunidade e entre os diversos níveis e complexidade assistencial. Frente a esse contexto, as ações de controle do câncer do colo do útero e de mama são uma das atribuições da consulta de enfermagem (CE) frente à mulher, sendo uma das competências do enfermeiro nas Unidades Básicas de Saúde.

O enfermeiro tem importante papel frente à prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de colo uterino. Garantindo a toda mulher, acesso a exames preventivos de diagnóstico e tratamento nos serviços especializados, trabalhando na promoção da saúde da mulher, realizando orientações sobre tabus e principalmente o medo da realização do exame, tornando-o rotina em sua vida.5

Na atenção a saúde rural, evidencia-se a necessidade de valorizar a mulher que vive no campo, considerando as diferentes condições de vida, trabalho e saúde dessa população, bem como os aspectos culturais que envolvem essa comunidade. Desse modo, este trabalho busca relatar a experiência de consultas de enfermagem como estratégia de prevenção do câncer do colo do útero, direcionadas a mulheres que vivem no meio rural.

2. METODOLOGIA

O município de Capão do Cipó/RS tem uma população composta por cerca de 3.107 habitantes, segundo o Censo do ano de 2010, sendo que 2.588 (83%) das pessoas residem no meio rural.6 Tal município conta com uma Unidade de Saúde da Família, que assiste 100% da população, contendo um total de sete micro-áreas. A cidade é dividida em 17 localidades, incluindo assentamentos, zona rural e urbana. O meio rural encontra-se dividido em 12 localidades, tendo 261 famílias nessas regiões divididas em microáres.7

Neste sentido, por se tratar de um municipio rural, as ações e as práticas de saúde buscam atender as necessidades das localidades rurais. Assim, dentre as atividades

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desenvolvidas para as mulheres, ocorre na Unidade de Saúde da Família do município, a consulta de enfermagem à mulher durante a realização do exame citopatológico.

As consultas de enfermagem aconteciam nas quartas-feiras, durante o turno da manhã e tarde, em que mulheres de todas as localidades do município realizam agendamento para realizar a coleta de CP. A consulta durava aproximadamente trinta minutos, conforme a necessidade da mulher.

Durante as consultas, realizava-se uma conversa informal em que clarificava-se todos os aspectos que envolvem o exame preventivo, o seus objetivos, bem como as dúvidas existentes. Também se preenchia o formulário de requisição do CP, padronizado pelo Ministério da Saúde, o qual é destinado à entrevista da mulher baseado nos aspectos da saúde ginecológica.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste espaço de interação com a mulher, foi possível conduzir a consulta de enfermagem de modo a buscar a integralidade na assistência, utilizando o processo comunicativo e tornando o espaço oportuno para mulher exteriorizar seus sentimentos e problemas, não só os de saúde-doença, mas os de âmbito familiar, social, intra e interpessoal. Assim, esse momento era importante, pois permitia a elaboração de um plano de cuidados que transcendesse ao patológico, na busca de atender as necessidades da mulher e sua família na totalidade.

A partir da consulta de enfermagem se adquiria vínculo, favorecendo um momento de descontração, integração onde buscava desmistificar os mitos que envolve a coleta do citopatológico através da demonstração de todos os materiais necessários durante a consulta de enfermagem.

Aliado a ao exame preventivo de CA uterino, realizava-se a inspeção e palpação das mamas em busca de nódulos e orientações sobre o autoexame, visando a prevenção e detecção precoce do CA de mama, pois segundo o MS, esse procedimento é compreendido como parte do atendimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em todas as consultas clínicas, independente da faixa etária.8 Dessa maneira, as coletas ocorreram tranquilamente, com a participação ativa da mulher.

Na consulta, todas as informações colhidas eram detalhadas na ficha individual da mulher, que era anexada juntamente com o prontuário da família. Era um momento

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importante de troca de saberes e de problematização, voltados à promoção, prevenção e recuperação da saúde das mulheres de uma forma que as ações de educação em saúde foram pautadas em práticas dialógicas, onde se respeitava os saberes prévios e populares das mulheres envolvidas.

Acredita-se que por se tratar de mulheres rurais, essa atenção especial devia ser dada à essa população, uma vez que os saberes e as práticas de cuidado são permeados pela perspectiva cultural de cada pessoa. Para cuidar de famílias rurais, faz-se necessário que se conheça seu espaço, sua estrutura, sua dinâmica, ou seja, suas particularidades como cultura, crenças, religião, etnias e hábitos de saúde que estão presentes na família. É necessário compreender este conjunto de valores, os quais diferem de um grupo para outro.9

A população que reside no campo, vive à margem dos centros urbanos e, consequentemente, dos serviços públicos de saúde, restando a elas a construção de estratégias para chegar aos serviços e receber um atendimento de qualidade que respeite sua cultura e atenda suas necessidades.10 Sabe-se que as dificuldades vão além acesso do geográfica (distância a ser percorrida e barreiras geográficas impostas) e funcional (qualidade e horário de funcionamento e ainda, programas oferecidos), mas também passa por dificuldades de acesso cultural (serviços de saúde inseridos nos costumes e hábitos da população).11

Nessa perspectiva, é interessante que as ações de saúde buscam atender as demandas e necessidades dessa população, valorizando a complementaridade entre o saber popular e profissional.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O enfermeiro nas suas ações de saúde junto à mulher rural deve despir-se da medicalização e voltar a assistência para os saberes dessas mulheres, valorizando sua cultura e necessidades, dentro de uma perspectiva da humanização.

Pode-se perceber que tal experiência foi de grande valia, pois observou-se as mulheres mais seguras e acolhidas favorecendo um exame mais tranquilo possibilitando uma assistência de forma integral, além ser um momento oportuno para educação em saúde.

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Nessa perspectiva, acredita-se que quando se realiza a coleta do preventivo inserida na consulta de enfermagem pode-se observar um universo de oportunidades que permite o profissional conhecer as especificidades e necessidades de cada mulher, ultrapassando apenas o cuidado voltado a técnica.

Em especial para o meio rural, pois permitiu entender a situação em que viviam as mulheres, bem como, o contexto social, cultural e familiar onde estavam inseridas. Desse modo, foi possível realizar uma abordagem de educação em saúde condizente com a realidade em que elas pertenciam, visando oportunizar uma vida mais saudável e uma reflexão acerca de seu processo saúde-doença, buscando a prevenção em saúde, não só para a mulher, mas também para sua família.

REFERENCIAS

1 Brasil MS. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2009.

2 Assis AP; Amaral MF; Sampaio MC; Caixeta RC; Santos SH. Câncer de colo uterino:conscientização de mulheres sobre a importância da prevenção e da facilitação de sua realização. Revista Eletrônica de Farmácia 2007; 4 (2): 11-14.

3 Brasil MS. Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Brasília: MS, 2004. 4 Fontes FS; Chicralla JF; Souza TA; Carvalho CBO; Penna LHG. Saúde da mulher rural: um olhar da enfermagem. Anais 63º Congresso Brasileiro de Enfermagem. 2009; 2 (1):1321-23.

5 Figueiredo NMA. Ensinando a cuidar de clientes em situações clínicas e cirurgias. 6. ed. São Paulo: Difusão, 2001.

6 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse do Censo Demográfico 2010. 2011. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1866&id_ pagina=1. Acesso em: 20/10/11.

7 Secretária municipal do meio ambiente Capão do Cipó. Divisões das localidades do

município de Capão do Cipó em 2011. 2011. Disponível em:

http://www.capaodocipo.rs.gov.br/?pag=secretarias. Acesso em 15/09/2011.

8 Brasil MS. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: MS, 2006.

9 Zillmer JGV, Schwartz E, Ceolin T, Heck RM. The present-day rural family: a challenge for nursing. Rev Enferm UFPE. 2009;3(3):319-24.

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10 Beheregaray LR; Gerhardt TE. A Integralidade no Cuidado à Saúde Materno-infantil em um Contexto Rural: um relato de experiência. Saúde Soc 2010; 19 (1): 201-12.

11 Unglert CVS. Territorialização em sistemas de saúde. 1995. In: Mendes EV. (org.). Distrito Sanitário, São Paulo: Editora Hucitec/Rio de Janeiro: ABRASCO.

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