Tire suas dúvidas
sobre a Covid-19
Já sabemos que o vírus pode alcançar as pessoas de forma muito fácil e rápida. Isso porque ele pode ser transmitido quando nem sabemos que estamos doentes, pelo simples fato de falarmos perto de
alguém. Reunimos aqui as principais dúvidas sobre a transmissão e os cuidados que são necessários para que possamos proteger a todos que estão próximos de nós.
“Mais do que nunca, o momento é de manter o distanciamento social, não falar a menos de 1,5m de distância das pessoas e não compartilhar
objetos. Tem de lembrar que usar água e sabão é a melhor forma de se proteger”, dra. Adélia Marçal, médica especialista em controle de infecções.
Com a ajuda e
orientação da nossa
consultora médica
especialista em
infecções, montamos um
perguntas e respostas
sobre a doença e como
se prevenir
Sobre o novo
coronavírus
01
Esse vírus é transportado
pelo ar?
Sim, existem evidências de que os aerossóis
produzidos quando falamos, cantamos, tossimos ou espirramos podem ficar suspensos no ar em
ambientes mal ventilados demorando a se dispersar. O vírus pode sobreviver por muitas horas nos
aerossóis e infectar uma pessoa que já estiver presente ou entrar no local.
02
É verdade que contágio pode
se dar em até 20 dias quando
ficamos perto de uma pessoa
com coronavírus?
O contágio ocorre durante o período em que ficamos próximos a uma pessoa doente, sintomática ou
não. Mas o vírus pode ficar latente, sem causar doença, por muitos dias. Em geral, as pessoas começam a adoecer perto do 5o dia após esse contato, mas algumas podem demorar até 14 dias para desenvolver a doença. A quarentena de 14 dias é usada por segurança para evitar que a pessoa que teve contato com outra que apresentou sintomas ou teve a confirmação da contaminação pelo vírus venha a desenvolver a doença e transmiti-la. No caso de pacientes que ficam internados em estado grave, às vezes, o tempo de isolamento para evitar transmissão, só começa a contar depois que acabam os sintomas.
03
Por que a curva de casos
no Brasil parece estar
mais lenta que a curva
dos demais países?
No Brasil, o isolamento social começou logo no
início da chegada da epidemia no país, e isso foi bem positivo e deve ter contribuído para a redução do número de pessoas que adoeceram. Por outro lado, a falta de testes para confirmação do diagnóstico nos impede de ter uma visão real do crescimento ou não da curva. Agora, quando você olha para a taxa de ocupação dos leitos de UTI do nosso País, principalmente nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), fica claro o grande número de pessoas contaminadas e a dificuldade do sistema de saúde para atendê-las.
04
Quando uma pessoa saudável,
sem doenças associadas, testa
positivo para COVID-19 qual a
sua chance de recuperação?
Nesses casos, a chance de recuperação é muito alta, desde que o paciente tenha acesso aos cuidados médicos que precisa. Ficou claro que países que registraram muitas mortes passaram por um pico de contaminação, ou seja, muitas pessoas doentes ao mesmo tempo, e os seus sistemas de saúde não conseguiram atender a todos, por isso, a importância do isolamento social.
05
Quando uma pessoa fica
liberada do isolamento e é
considerada curada da doença?
O isolamento deve ser mantido por um
mínimo de 14 dias, devendo ter pelo menos 3 dias assintomáticos para sair do isolamento. Idealmente, são necessários 2 testes Rt-PCR negativos (detectam presença do virus) com intervalo de 48 horas entre eles após o término dos sintomas, para considerar a cura clínica da covid e ausencia de transmissão.
06
Uma pessoa que se
contaminou pode ter a
doença novamente?
Existem evidências de que a imunidade adquirida durante o curso da infecção pode não ser duradoura e já há relatos e comprovação de segunda infecção. Não se conhece quantos ficarão vulneráveis à
essa reinfecção, mas novos estudos estão sendo conduzidos para melhorar esse conhecimento.
No momento, o ideal é manter a proteção mesmo para quem já teve a doença.
07
É verdade que as crianças não
correm tanto risco de serem
contaminadas quanto os
adultos?
Sim, é verdade que as crianças não têm apresentado formas sintomáticas da doença. Ainda não sabemos se o vírus não consegue entrar no corpo da criança, ou se ele entra e não provoca os sintomas. Ou seja, ao aderir e se multiplicar nas células das crianças, o sistema imunológico não reage a ele da mesma forma que nos adultos. Existem exceções, mas
não são muitas. Mesmo assim, não devemos expor nossas crianças, porque precisamos compreender melhor a dinâmica desse vírus.
08
O vírus vive menos na roupa?
Sim, mas o tempo de vida do vírus no tecido dependerá do material da roupa. No algodão, por exemplo, ele sobrevive um pouco mais do que no material sintético, onde resseca e morre mais rapidamente. Em contrapartida, o vírus no algodão, mesmo vivo, é absorvido junto com as
gotículas de secreção e não passa para outro lugar, já no material sintético, ele passa para outras
superfícies.
09
O cabelo pode ser
contaminado? E na higiene
dos cabelos, o shampoo
convencional funciona para
desinfecção?
O cabelo pode ser contaminado, por isso é
aconselhável mantê-lo preso ao sair, e até mesmo usar uma toca de pano para proteção - quando há risco maior de contaminação, como no caso dos profissionais de saúde. A boa notícia é que o vírus não penetra no corpo pelo cabelo nem pela pele, mas sim pelas mucosas dos olhos, nariz e boca. O shampoo funciona para limpar e deixar os cabelos livres do novo coronavirus.
10
Quais são os riscos de nos
contaminarmos com pessoa já
falecida?
Ao falecer o corpo expulsa muitas secreções. Se a pessoa que morreu estava infectada, o vírus pode estar nessas secreções. E há toda uma preparação
do corpo para velório, o que faz com que os
profissionais desse meio fiquem muito expostos ao vírus. Como a capacidade de transmissão do
novo coronavírus é muito alta, não está mais sendo feita essa preparação do corpo. Durante os velórios, também há o risco de transmissão entre as pessoas que vão ao cemitério, por isso é importante evitar aglomerações.
11
Tem casos de pessoas que
pegam a Covid-19 e têm uma
rápida recuperação. Com
isso, fica a dúvida sobre qual
remédio deve ser usado.
“
A máscara não deve ser a única
medida de proteção. Ela age como
mais uma barreira para proteção do
ambiente, porque se todos usam,
conseguimos reduzir o número de
gotículas que soltamos pela fala no ar e
que se depositam nas superfícies. Lavar
as mãos e manter o distanciamento
são medidas essenciais para controlar a
epidemia. Não podemos esquecer disso.
”
Dra. Adélia Marçal
A maioria das pessoas que pegam a doença vão se curar sozinhos, sem precisar de nada,
inclusive remédio. Poucas pessoas contaminadas vão desenvolver casos graves que necessitam de internação. Por ser muito transmissível e quase ninguém ter imunidade, muitos podem ficar doentes ao mesmo tempo e o sistema de saúde não consegue atender a todos. Temos
escutado falar de medicamentos que podem curar a doença, mas essas afirmativas são feitas com base em estudos sem controle e com poucas pessoas. Ainda não temos evidências da eficácia de nenhum medicamento contra o Covid. É uma irresponsabilidade dar muitos remédios para os pacientes sem que isso tenha base científica, com isso perdemos a capacidade de descobrir o que realmente ajuda e achar um remédio com efeito verdadeiro. No momento, devemos reforçar a pesquisa clínica.
12
O compartilhamento de caneta
pode ser um risco?
Sim, a chance de alguém doente contaminar uma caneta e o vírus passar para a mão dos próximos que a utilizarem é grande. Para canetas de uso coletivo, que não podem ser dispensadas, o que pode ser feito é deixar o álcool em gel junto com a caneta e a pessoa higienizar as mãos após tocá-la.