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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 7

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Academic year: 2021

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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL

MÓDULO 7

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Índice

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Ética Geral e Profissional - Módulo 7

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1. ÉTICA EMPRESARIAL

É neste contexto, e com o objetivo de o mundo empresarial recuperar a confiança, que vai surgindo a ética Empresarial. Para responder à situação, as universidades começam a organizar cursos de ética aplicada aos negócios. Diversas publicações científicas ou ligadas ao mundo empresarial têm se interessado pelo tema. Atualmente nenhuma grande escola de Gestão ou Economia deixa de integrar nos seus cursos a disciplina de ética Empresarial.

Outro fator importante para o surgimento da ética Empresarial foi a influência da luta ideológica promovida pelas forças de esquerda, partidos e sindicatos e, também, de um modo particular, a atividade das Igrejas na sua luta pela justiça social, dando especial destaque ao pensamento desenvolvido pela Igreja Católica, sobretudo no que se refere à utilização pelas empresas dos recursos hídricos e ecológicos que, sendo o bem comum, terminam por ser apenas um meio de lucro para algumas empresas em detrimento da comunidade. Como exemplo, podemos citar a poluição por meio de dejetos industriais de rios e lagos.

A ética passa a ser, então, um caminho para promover as empresas aos olhos da opinião pública. Uma empresa que põe em primeiro lugar os seus clientes, que respeita o meio ambiente, que reconhece ter uma responsabilidade social, que se preocupa com a vida cultural dos seus trabalhadores, que está atenta a todos os que, direta ou indiretamente, têm alguma relação com ela, melhora a sua imagem e tira disso benefícios diversos, entre eles os benefícios econômicos. A ética empresarial é rentável. Logo, os empresários verificaram que as empresas que manifestavam preocupações éticas tinham melhores resultados do que as outras. Essa constatação contribuiu muito para que a ética empresarial entrasse na moda e fosse vista como instrumento para o aumento de lucros.

Os empresários rapidamente compreenderam que a ética, enquanto marketing, favorecia o bom nome das empresas melhorando a sua imagem, e, consequentemente, aumentava os negócios, criava fidelidades, contribuía para aumentar os lucros. A ética é rentável não só quando usada no marketing, mas quando a empresa, no seu interior, consegue fazer com que a ética anime o espírito de todos aqueles que integram o seu quadro de pessoal. Por outras palavras, a ética revela-se também rentável quando, por meios eficazes, a empresa incute nos seus colaboradores princípios e regras éticas que os conduzem na sua atividade dentro da empresa. Uma organização que partilha valores comuns e assume regras de funcionamento com uma marca ética é mais eficiente economicamente e sobrevive melhor no mercado.

A ética aplicada à empresa produz dois fatores geradores de lucro. O primeiro diz respeito à diminuição de investimento em mecanismos de controle. Toda a organização tem necessidade de possuir mecanismos que permitam controlar o seu funcionamento. Estes mecanismos vão desde relógios de ponto, por exemplo, a sistemas de vigilância para controle de tempos máximos ou mínimos para diversas operações, de modo a garantir

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os ritmos de trabalho, as hierarquias de responsáveis que zelarão pelo bom funcionamento da empresa etc. Quando as pessoas estão sensibilizadas pelo espírito ético e veem o seu trabalho como caminho de realização moral, a empresa pode dispensar investimentos de controle, ou pelo menos reduzir esses investimentos ao mínimo. Além disso, tal atitude é racional, uma vez que é impossível controlar todas as pessoas o tempo todo.

O segundo fator que produz rentabilidade tem origem nos aumentos de produtividade. Um trabalhador que encara o seu trabalho como um dever moral desempenha as suas tarefas de um modo diferente daquele que vê no trabalho apenas um processo para adquirir os meios necessários à sua subsistência. Quando um homem ou uma mulher vê o seu trabalho na empresa como um meio para a realização da sua dimensão moral, aderindo aos princípios éticos propostos pela organização, a sua taxa de produtividade aumenta. Isso porque falta menos ao trabalho, cumpre mais rigorosamente os horários, dedica-se totalmente às suas obrigações de trabalhador. Ocorre, então, um aumento do ritmo em que as diversas tarefas são feitas porque o trabalhador se sente responsável pela empresa.

A justificação filosófica para a ética Empresarial não está só na possibilidade do lucro das empresas, mas no homem, na dignidade do homem. Uma vez que a empresa é uma criação humana, à medida que ela contribui para a realização do homem, para a vida boa, ela deve ser ética. A ética empresarial justifica-se assim não por ser rentável, mas porque a empresa, sendo uma construção humana, deve acolher a dimensão que faz do homem o que ele é, a dimensão moral.

A atividade humana na empresa é movida por interesses econômicos, mais precisamente objetivando ao lucro. Apesar de na nossa tradição o dinheiro oriundo do lucro nem sempre ser visto como algo moral, lembremos que a empresa como conhecemos foi uma criação dos protestantes que a pensavam como a produtora do bem, uma vez que promove a felicidade humana, pois evita a escassez por meio da produtividade. Desde a tradição judaica, a riqueza era habitualmente vista como sinal da generosidade de Deus para com aqueles que agiam bem. O protestantismo também pensa dessa maneira a posse da riqueza. Já nos países de tradição católica, o dinheiro foi habitualmente olhado com suspeita. Sintomatica mente, nos países católicos, os ricos tendem, ou pelo menos tendiam, a mostrar-se discretos no que se refere à manifestação pública da riqueza.

Como já referimos, para Kanta ação só tem valor moral quando é determinada pelo dever. Antes de expor as consequências desta posição, no que diz respeito à atividade empresarial, analisemos o agir humano em geral.

A atividade humana em geral é sempre ditada por inúmeras motivações. Agir humanamente implica estar atento a múltiplos fatores tanto no que se refere aos fins a atingir como aos meios a utilizar, e nas condicionantes da ação. A vida é assim e a reflexão ética deve ter como ponto de partida a vida, e não deve ser uma ética abstrata, originada por uma razão descarnada, que deve dizer o que a vida é; o que a vida é não pode ser negado por uma teoria ética.

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Se uma atividade humana tem vários objetivos e entre eles está a vivência da dimensão moral, não se pode negar a existência desta pelo fato de ela não ser a única dimensão presente. Aliás, vendo bem as coisas, nunca há uma ação que tenha como motor apenas a moral, que tenha a ver apenas com a moral. Toda a ação é ao mesmo tempo política, econômica, social e moral. A dimensão moral está presente na ação que é um agir imensamente complexo.

Para uma ação ter dimensão moral é preciso que seja ação, ao mesmo tempo livre e responsável. Este movimento implica complexidade. Para haver moralidade no pagamento dos impostos é preciso cumprir a lei pagando os impostos. Só se pode cumprir o dever de amar os outros, amando-os. O que determina a moralidade da ação, para além da liberdade e do conhecimento, é a intenção, a intenção dominante. Ora, a intenção inicial dos fundadores do capitalismo era gerar riquezas que diminuíssem a escassez natural de bens e serviços. Isso era sua responsabilidade, seu dever, não só com a sociedade, mas com o próprio Deus. O lucro, a princípício era apenas resultante do trabalho efetuado.

Hoje, a ética desvinculou-se dessa noção de dever, uma vez que as intenções que movem o homem no seu agir são múltiplas. Na empresa, as coisas não são diferentes; nessa atividade, o homem não visa apenas os aspectos econômicos. A vida empresarial tem uma finalidade específica ou interna, que lhe confere um sentido, e seu interesse racional é a obtenção do lucro. Mas, por mais individual que possa parecer essa proposição, o fato de agir levando em consideração os outros (clientes, fornecedores, acionistas, colaboradores) dá um caráter social à atividade empresarial. O dever, então, agora passa a ser um dever de responsabilidade com o futuro da organização, com a sociedade em que está envolvida, com toda a humanidade e com o futuro do planeta. É o que deve estar presente quando se discute a moralidade nas empresas.

Além de atender a objetivos econômicos irrenunciáveis (o primeiro de todos, evidentemente, é o da própria sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo) as empresas devem levar em consideração os interesses legítimos dos diferentes parceiros, entre eles os interesses éticos. A empresa não pode deixar de buscar seus interesses econômicos sob o risco de desaparecer. E, entre seus interesses, o maior é o lucro, mas sendo humana, a atividade empresarial, no seu desempenho, não pode deixar de ser moral, moralmente boa ou moralmente má. Aí aparecem os limites de como conquistar mercados, clientes e fornecedores, sendo moralmente boa. É a própria racionalidade do capitalismo que impõe esses limites, uma vez que humana e tornada pessoa jurídica lhe é impossível sob pena de fracasso ir contra a humanidade.

Assim, mesmo que seja pelo pensamento egoísta de consecução dos lucros, a atividade empresarial, nos dias de hoje, não pode ir muito longe sem uma conduta ética e sem exigir de seus parceiros o mesmo agir ético sob o risco de negar a si mesmo. A ética empresarial, enquanto vivência e enquanto reflexão sobre a própria ética que deve presidir toda atividade econômica, pois que, para além da sobrevivência das empresas, para além de ganhar dinheiro, para além de todas as outras finalidades que a vida empresarial deve perseguir, deve ser antes de tudo ser uma atividade humana com e pelos outros em instituições justas.

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A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a ética, a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores e convicções primários da organização se tornem parte de sua cultura. Entre essas ações concretas de conduta empresarial voltada para a ética podemos citar:

1. Balanço social: é um instrumento utilizado pela empresa para

divulgar sua política de gestão de pessoas e suas implicações no processo produtivo. O balanço social é o instrumento utilizado pela empresa para comunicar a todos os parceiros (partes envolvidas) a evolução na gestão social e ambiental, o andamento dos diferentes programas implantados, seu impacto nos públicos envolvidos e o firme comprometimento da administração com o processo.

2. Cidadania: é o exercício pleno dos direitos e obrigações por

parte dos cidadãos. A empresa ética procura participar em projetos que busquem a prática da cidadania, uma vez que, nos tempos atuais, a participação na luta contra a exclusão social é cada vez mais necessária para evitarmos a explosão de violência. A empresa, enquanto pessoa jurídica, é, muitas vezes, o único agente que pode promover e englobar a luta da comunidade. Ela pode, dentro do lugar onde se estabeleceu, buscar apoios públicos que valorizem o respeito às pessoas e ao meio ambiente. Assim, estará no caminho do cumprimento dos seus deveres enquanto agente social. É cada vez maior o número de empresas que procura cuidar dos jovens e adultos, não só enquanto estudantes, mas enquanto profissionais, bem como nas relações com a família e as instituições. Os jovens formados nessas condições terão condições de, pela escolha consciente, votar em representantes que promovam o bem comum por meio de suas ações políticas. A empresa, então, estará inserida numa comunidade que favorecerá uma maior produtividade.

3. Compromisso social: se a comunidade é uma coletividade em

que os participantes possuem interesses comuns e estão afetivamente identificados uns com os outros. Se estiver inserida nessa comunidade, se for coerente entre o que ela cobra dos agentes públicos e sua prática, a empresa tende hoje a se comprometer com a região em seu entorno, promovendo diversas atividades que vão além da expectativa de lucro ou de marketing, mas com compromisso social.

4. Códigos éticos de empresas: quase todas as empresas

possuem um código de ética. Tal código procura dar conta do papel da ética no desempenho profissional de cada um dos colaboradores. Tanto para o quadro superior de uma empresa ou o gestor ou mesmo o empresário e os trabalhadores mais humildes. Isso porque, fundamentalmente, as regras éticas não são diferentes para diferentes papéis hierárquicos. Os modelos desses códigos vieram das empresas estrangeiras que precisavam ensinar aos brasileiros as normas de conduta que possibilitassem a polidez entre os funcionários e desses para clientes e fornecedores. Com pequenas diferenças entre seus preceitos, os códigos de conduta fornecem juízos de valor comum a toda empresa capitalista para que as tomadas de decisões resultem num agir voltado para a liberdade, o bem, a retidão moral e a competência profissional, ou seja, para a ética profissional.

5. Filantropia empresarial: é o apoio, em recurso financeiro ou

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sem acompanhar o uso desse recurso ou se envolver diretamente no projeto. Isso porque é a única forma que a empresa pode utilizar para agir dentro do principio ético da compaixão. Apesar de não ter coração (embora seja uma pessoa), a empresa, por definição, não pode fazer caridade. Resta-lhe fazer filantropia. Trata-se da ação social externa à empresa, tendo como beneficiário principal a comunidade em suas diversas formas: organizações não governamentais, conselhos comunitários, associações e entidades do terceiro setor, em geral. Como exemplo, podemos citar o Instituto Ethos.

6. Governança corporativa: é o conjunto das melhores práticas

e relacionamentos entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal, orientado a assegurar a transparência das informações, no sentido de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital por meio do mercado aberto, com garantia de uso das melhores práticas de gestão. Em outras palavras, governança corporativa é a forma de gestão pela qual a empresa reconhece os direitos de todas as partes nela interessadas, ou seja: acionistas, fornecedores, cliente, trabalhadores, governo e comunidade.

Referências

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