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DAS INICIATIVAS DE FORMAÇÃO DE USUÁRIOS AOS PROGRAMAS DE COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO SNBU E CBBD

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DAS INICIATIVAS DE FORMAÇÃO DE USUÁRIOS AOS PROGRAMAS DE COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO SNBU E

CBBD

FROM TRAINING USERS INITIATIVES TO INFORMATION LITERACY PROGRAMS: AN ANALYSIS FROM SNBU AND CBBD CONFERENCES

Marta Leandro da Mata e-mail: martaleandrodamata@gmail.com Adriana Rosecler Alcará e-mail: adrianaalcara@gmail.com Resumo: As bibliotecas universitárias realizam atividades educacionais junto aos seus

usuários, visando à aprendizagem de atividades relacionadas tanto ao ambiente da biblioteca, aos seus recursos e serviços quanto à atividades complexas referentes aos processos de identificação das necessidades informacionais, busca, avaliação e uso da informação de maneira ética. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo mapear as iniciativas de educação de usuários e de competência em informação nas bibliotecas universitárias, a partir dos trabalhos apresentados nos três últimos: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias e Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória, com análise qualitativa dos dados, categorizando a modalidade da atividade, carga horária, forma de divulgação, participantes, recursos humanos, integração com os currículos dos cursos e colaboração entre bibliotecários, corpo docente e outros setores, bem como os recursos utilizados e as formas de avaliação. Os resultados mostram que muitas atividades foram nomeadas de competência em informação, sendo aplicadas na modalidade de cursos, oficinas, treinamentos, visitas guiadas, projetos, programas e disciplinas, com carga horária variada, durando minutos até meses. Os participantes são compostos de estudantes, professores, pesquisadores e funcionários, e as atividades são organizadas e ministradas por bibliotecários, e às vezes, integradas aos currículos, com existência de parceria com os professores e outros funcionários. Considera-se que atividades educacionais realizadas em bibliotecas universitárias são importantes para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de seus usuários, no que se refere ao universo informacional.

Palavras-chave: Competência em Informação. Educação de Usuários. CBBD. SNBU.

Biblioteca Universitária.

Abstract: University libraries conduct educational activities among its members, aiming at

learning activities related to both the library environment, its resources and services as the complex activities related to the identification process of informational needs, search, evaluation and use of information so ethic. Thus, this study aimed to map from the user education initiatives to the information literacy in university libraries, works that were presented in the last three SNBU and CBBD conference. Therefore, there was an exploratory research, with qualitative analysis, categorizing the mode of activity, workload, form of disclosure, participants, human resources, integration with the curriculum of courses and collaboration between librarians, faculty, and other sectors, resources and forms of assessment. The results show that many activities were named in information literacy being applied in the form of courses, workshops, training sessions, guided tours, projects, programs and disciplines, with

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varied hours, lasting minutes to months. The main means of dissemination used are posters, brochures, banners and brochures and institutional sites. Participants are composed of students, teachers, researchers and staff. The activities are organized and taught by librarians, and sometimes integrated into curricula and having a partnership with teachers and other staff. It is considered that educational activities in university libraries are important to assist in the teaching-learning process of students in relation to the informational universe.

Keywords: Information Literacy. User Education. CBBD. SNBU. University Library.

1 INTRODUÇÃO

As primeiras atividades educacionais realizadas em bibliotecas eram denominadas de educação de usuários, com foco no uso adequado dos produtos e serviços oferecidos às unidades de informação. Hoje, na sociedade contemporânea, composta por um complexo universo informacional, que vai além das paredes das bibliotecas, os esforços dos bibliotecários devem voltar-se para o desenvolvimento de habilidades informacionais dos indivíduos, em sua formação como cidadãos críticos e com capacidade de aprender a aprender.

Conforme Gómez Hérnandez (2002), os indivíduos necessitam não somente aprender a utilizar a biblioteca, mas dominar as habilidades e as estratégias para informar-se e usar a informação, o que envolve conhecer as fontes e saber aplicar de modo inteligente os procedimentos para obtê-la. De acordo com Campello (2003, p. 28) “[...] as mudanças por que tem passado a Biblioteconomia vêm ensejando o surgimento de novos termos que possam representar de forma mais clara as atividades que, na atualidade, são demandadas do profissional da informação”, sendo a competência em informação uma dessas atividades. Para Bawden (2002), a concepção de competência em informação tem sido vista com entusiasmo pelos bibliotecários, principalmente, no âmbito universitário.

A competência em informação assemelha-se a um processo de ensino-aprendizagem em que um indivíduo adquire habilidades necessárias para converter-se em cidadão com capacidade suficiente de analisar e avaliar a informação que consulta (GARCÍA GOMEZ; DÍAS GRAU, 2007). Neste contexto, as bibliotecas universitárias, que atendem às necessidades de ensino, pesquisa e extensão, possuem um papel primordial no desenvolvimento da competência em informação junto à comunidade acadêmica, principalmente nos estudantes. Essas atividades são focadas, especificamente, na autonomia dos indivíduos nos processos de identificação das necessidades informacionais de busca, de avaliação, de

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organização, de uso e de comunicação da informação de maneira ética, de forma que auxilie no processo de ensino-aprendizagem e na resolução de problemas sociais e pessoais.

Nesse sentido, este trabalho possui um enfoque voltado para as atividades educacionais realizadas em bibliotecas. Teve-se como objetivo mapear desde as iniciativas de educação de usuários até as de competência em informação nas bibliotecas universitárias, por meio de uma análise dos trabalhos apresentados no Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU) e no Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD). De modo específico, foram identificadas as seguintes características: modalidade da atividade (programa, projeto, disciplina, curso, oficina, treinamento, visitas guiadas), carga horária, forma de divulgação, participantes, conteúdo, recursos humanos, integração com os currículos dos cursos e colaboração entre bibliotecários, corpo docente e outros setores, local, recursos físicos e tecnológicos e forma de avaliação.

2 EDUCAÇÃO DE USUÁRIOS E COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO

A educação de usuários é considerada como uma precursora da Competência em informação, introduzindo questões acerca da aprendizagem para o uso dos recursos informacionais presentes nas unidades de informação. No contexto brasileiro, o auge das discussões em torno do tema ocorreu entre os anos 1970 e 1990. Esta surgia na literatura com numerosas terminologias, usadas conceitualmente de forma indiscriminada, a saber: orientação bibliográfica, orientação da pesquisa bibliográfica; treinamento de usuários, instrução de usuários, instrução sobre o uso da biblioteca (BELLUZZO, 1989; OTA, 1990; DIAS; PIRES, 2005).

Belluzzo (1989, p. 38) em sua dissertação de mestrado, defendida no final da década de 1980, definiu a educação de usuários como um “[...] processo pelo qual o usuário interioriza comportamentos adequados com relação ao uso da biblioteca e desenvolve habilidades de interação permanente com os sistemas de informação”. Santiago e Azevedo Netto (2012) complementam que esse processo pode ser realizado de forma permanente, tornando o usuário autônomo para o uso de qualquer unidade de informação.

De acordo com Naranjo Vélez (2005), a formação de usuários é um programa que realça mais o processo do que o resultado, oferecido por níveis (modalidades) de

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atividades, como: a orientação e a instrução, podendo ser acrescentadas as oficinas, as visitas guiadas, os treinamentos, dentre outros.De forma geral, a educação de usuários surge com a finalidade de auxiliar os usuários de bibliotecas – principalmente universitárias – na utilização de seus recursos, produtos e serviços. Essas bibliotecas eram subutilizadas, visto que os alunos não tinham o hábito de frequentar bibliotecas nos níveis de ensino anteriores.

A competência em informação, por sua vez, possui maior abrangência no que se refere ao universo informacional, compreendendo variados processos desde a identificação de suas próprias necessidades informacionais, passando por etapas de busca da informação, em variados formatos e meios, identificando as fontes relevantes, de avaliação crítica de fontes de informação e seu uso de forma ético.

Johnston e Webber (2007, p. 495) percebem a competência em informação como uma disciplina funcional e emergente, fundamental na sociedade da informação. Os autores consideram que “a competência em informação é a adoção de um comportamento informacional apropriado para a identificação, através de qualquer canal ou meio, de uma informação que corresponda às suas necessidades informacionais, conduzindo ao uso inteligente e ético da informação”. Com base nesta definição, os autores afirmam que a competência em informação é considerada não somente como uma atividade de necessidades e satisfações informacionais, pois é uma atividade socializada; possui uma série de padrões, com indicadores de desempenho e resultados de aprendizado dos indivíduos em programas desta natureza, referindo-se aos padrões da Association of College & Research Libraries (ACRL, 2000) e da Australian and New Zealand Institute for Information Literacy (ANZIIL) (ANZIIL) (BUNDY, 2004), e possui vários órgãos, entidades, revistas, grupos de pesquisa dedicadas ao tema (JOHNSTON; WEBBER, 2007).

Gómez Hernández (2007) menciona que a diferença entre a tradicional formação de usuários e a competência em informação não se limita a preparar para usar uma instituição ou seus serviços, nem pretende que o usuário se adapte aos seus critérios técnicos ou organizacionais e também não se limita à instrução bibliográfica, nas habilidades de busca da informação. A competência em informação inclui a avaliação dos recursos, compreensão, utilização e comunicação da informação. Por exemplo, para usar a informação na tomada de decisões ou gerar novos conhecimentos é preciso utilizar habilidades cognitivas, bem como os aspectos éticos.

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usuários até a competência em informação, isto é, de um nível de atividade mais simples ao nível mais avançado, são consideradas fundamentais no âmbito acadêmico para auxiliar os usuários a utilizar as fontes de informação, no processo de ensino-aprendizagem, no que se refere ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e de trabalhos de disciplinas.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma pesquisa exploratória, realizada por meio de um levantamento bibliográfico de iniciativas, programas e projetos de atividades educacionais realizadas nas bibliotecas brasileiras, mais especificamente, de educação de usuários e de competência em informação, que foram divulgados nos anais de eventos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Os eventos selecionados ocorrem a cada dois anos, sendo delimitados os três últimos, a saber: a) Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU), (2010; 2012; 2014); b) Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD), promovido pela Federação Brasileira de Bibliotecários, Cientistas de informação e Instituições (FEBAB) (2011; 2013; 2015). Optou-se como universo de investigação o SNBU e o CBBD por serem eventos voltados aos profissionais da área. Já o período de seis anos se refere à ampliação da divulgação acerca do tema aos profissionais, por meio de oficinas e minicursos, bem como a inserção do evento “Seminário de Competência em Informação” junto ao CBBD, no ano de 2011, que resultou na elaboração da “Declaração de Maceió sobre Competência em Informação”. Além do que os cursos de Biblioteconomia estão inserindo disciplinas de competência em informação na matriz curricular dos cursos, conforme pesquisa de Mata (2014), dos 39 existentes no Brasil, 10 possuem disciplinas acerca da temática e três possuem disciplinas de educação de usuários, dando maior visibilidade ao tema.

Os trabalhos de ambos os eventos foram coletados nos anais dos mesmos, disponíveis em meio digital, exceto a edição XXIX do CBBD, com acesso apenas em CD-ROM. A busca por trabalhos acerca da temática foi realizada de forma minuciosa, portanto, optou-se analisar todos os eixos temáticos nas edições XVI e XVIII do SNBU, nas edições XXIV, XXV e XXVI do CBBD e por palavras-chave no XVII SNBU. Para tanto, procurava-se por títulos que incluíssem os termos: competência em informação

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(e seus termos equivalentes)1 educação de usuários, pesquisa, treinamento,

orientação, visita guiada/orientada, pesquisa bibliográfica e capacitação; bem como termos referentes às modalidades, tais como: programa, projeto, curso, treinamento, disciplina e oficina. Além do que realizava-se a leitura dos resumos e das palavras-chave para verificar sua adequação à temática.

A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, utilizando-se a análise de conteúdo, de forma a operacionalizar os processos de organização e tratamento dos trabalhos, extraindo sistematicamente os dados, que foram categorizados da seguinte maneira: modalidade (aula optativa/obrigatória, cursos, treinamento, oficinas, dentre outros) e carga horária; Forma de divulgação; Participantes; Recursos humanos; Integração com os currículos dos cursos e colaboração entre bibliotecários, corpo docente e outros setores; Local; Recursos físicos e tecnológicos; Forma de avaliação do programa e de seus participantes.

Foram eliminados os trabalhos no formato de pôster que possuíam apenas uma página, visto que não tinham informações suficientes para serem analisados. A seguir são apresentados os resultados.

4 RESULTADOS: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO

Os resultados foram organizados em categorias, com características das atividades aplicadas nas bibliotecas universitárias brasileiras.

4.1 MODALIDADE E CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES

As atividades educacionais apresentadas nos dois eventos são consideradas como capacitações, orientações à pesquisa bibliográfica, educação de usuários, com uma considerável quantidade de atividades nomeadas de competência em informação, alfabetização informacional (ALFIN), cultura informacional e letramento informacional.

Nos três últimos SNBU foram encontrados 25 trabalhos referentes às atividades educacionais acerca do universo informacional com usuários em instituições de ensino superior. Tais atividades foram classificadas pelos autores como: cursos, com

1 Competência informacional, Alfabetização informacional, Letramento informacional, Fluência em informação e Infoeducação.

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um total de nove, sendo três deles oferecidos na modalidade à distância e seis presenciais, no geral possuem carga horária de três horas, oito horas, 20 horas, 12 semanas e periodicidade semestral; três oficinas, uma denominada de workshop, com oito e nove horas; quatro treinamentos, de 40 minutos e um semestral; três projetos, sendo um de extensão em ambiente virtual, com quatro horas, 40 horas e um semestre; três programas, um deles com seis horas; duas disciplinas, de 30 horas e uma semestral; e um tutorial.

Nos CBBD, identificou-se um total de 18 trabalhos, sendo quatro cursos: dois eram na modalidade à distância, um presencial e um denominado de curso rápido, com 30 minutos e 20 horas; quatro foram denominados de treinamentos, nenhum menciona o tempo das atividades; quatro programas, com quatro e seis horas; dois projetos, 20 horas e semestral; duas disciplinas, sendo uma apresentada como optativa, com 16 horas e 24 horas/aula e; duas visitas guiadas, sem menção de tempo. Conforme Lau (2007), os encontros, seminários e palestras também são formas de capacitar o indivíduo, de modo que desenvolva a competência em informação.

Conforme pesquisa realizada por Uribe Tirado (2012) a partir da análise dos sites de bibliotecas universitárias brasileiras, 249 bibliotecas possuem cursos de formação de usuários. Desta forma, constata-se que há um número reduzido de trabalhos acerca dessa temática nos dois eventos, principalmente, porque a análise realizada foi dos três últimos eventos.

4.2 FORMAS DE DIVULGAÇÃO

As formas de divulgação das atividades educacionais ocorriam por meio de cartazes, folders, banners, folhetos, sites institucionais, o site da biblioteca, plataformas de aprendizagem online, listas de discussão da comunidade acadêmica, o sistema informatizado de gerenciamento de dados, aula inaugural dada aos calouros, TV disponível da biblioteca, no jornal da instituição, no encontro pedagógico, redes sociais (Facebook e Twitter) contato telefônico, bem como “[...] a antiga prática da divulgação ‘boca a boca’ realizada pelos usuários que participam da capacitação” (FERREIRA, 2012, p. 4). As disciplinas eram divulgadas pelos programas de pós-graduação.

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4.3 PERFIL DOS PARTICIPANTES

Cada atividade tem um público alvo, que vai depender dos seus objetivos e comunidade da instituição. Em ambos os eventos, os participantes eram compostos por alunos de graduação, pós-graduação, docentes, pesquisadores e, às vezes, funcionários vinculados à instituição, isto é, para toda comunidade acadêmica. No SNBU, algumas atividades eram direcionadas, especificamente, para a área de saúde, engenharia e química. No CBBD, um número considerável de atividades era voltado para os cursos da área de humanas e ciências sociais aplicadas e, principalmente, de saúde.

4.4 RECURSOS HUMANOS

Para a realização dos objetivos previstos na missão das atividades instrucionais de competência em informação, a biblioteca deve empregar, desenvolver ou ter acesso a profissionais com educação adequada e com experiência (ACRL, 2012).

No SNBU, a maioria das atividades realizadas acerca do universo informacional é ministrada por bibliotecários, tendo o auxílio da uma equipe da biblioteca, do Setor de Referência ou dos setores ligados à prestação de serviços aos usuários. Existem atividades que contam com a participação dos professores, da coordenação pedagógica, da Comissão de Graduação, monitores, bem como bolsistas, mestrandos e alunos de graduação. No CBBD, a maioria dos cursos é ministrada por bibliotecários e pela equipe da biblioteca, pelo serviço de referência ou pelo sistema integrado das bibliotecas. Em algumas instituições, conta-se com o apoio de docentes, pesquisadores, bolsistas e discentes, grupo de pesquisa da área de saúde. Nos dois eventos, nas instituições que ofereciam cursos à distância, a equipe teve mais membros envolvidos, formando uma equipe interdisciplinar.

4.5 INTEGRAÇÃO COM OS CURRÍCULOS E COLABORAÇÃO DO CORPO DOCENTE E OUTROS SETORES

No caso do SNBU, ao verificar se existe articulação entre a biblioteca e a instituição e os currículos dos cursos, identificou-se que 15 não estavam integrados aos currículos, porém em dez casos existia uma parceria com os departamentos. Já

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no CBBD, dez não eram e oito eram integradas. Conforme Uribe Tirado (2014, p. 10), deve-se “Aproveitar todas as oportunidades que as diferentes faculdades possam dar para a presença, desenvolvimento e/ou integração curricular de um programa ALFIN/CoInfo [...]”.

Ainda em relação ao SNBU, em geral, há cursos integrados ao currículo, fazendo parte de disciplinas da graduação e da pós-graduação. Em projetos, há parceria entre a coordenação pedagógica e com os docentes do programa. Existem duas disciplinas, ambas na área de saúde. No CBBD, um curso é promovido pelo departamento e pelo programa de pós-graduação na área de saúde. Existem duas disciplinas da pós-graduação acerca das fontes de informação e das normas de documentação, na área da saúde e na área de agrárias. Há quatro tipos de modalidades que estão em consonância com algumas disciplinas dos cursos: um programa, na graduação e pós-graduação; um projeto; um treinamento; e a visita orientada aos alunos ingressantes.

Recomenda-se a colaboração entre vários profissionais para o planejamento e execução das atividades educacionais junto aos estudantes, como os bibliotecários, os professores, administradores, coordenadores de curso, especialistas em docência, tecnólogos e outros segmentos, conforme as necessidades, de modo a formar uma equipe (ACRL, 2012). Neste sentido, constatou-se que em dois trabalhos do SNBU havia uma parceria com o setor tecnológico da instituição. No CBBD, um trabalho relata a parceria da biblioteca com uma Escola de Ciência da Informação, aderindo ao programa PROMULTIPLICAR da Capes, em que os alunos bolsistas de doutorado/mestrado da Capes atuavam como monitores em instituições credenciadas ao Portal de Periódicos da Capes.

4.6 CONTEÚDOS DAS ATIVIDADES

O conteúdo abordado vai depender dos objetivos do programa e, principalmente, das necessidades da comunidade acadêmica. Para auxiliar os bibliotecários no planejamento do conteúdo e nos resultados de aprendizagem almejados pelos participantes podem ser utilizados padrões de competência em informação para o ensino superior, por exemplo, da ACRL (2000), da ANZIIL (BUNDY. 2004). Esses padrões estão estruturados com os seguintes temas: identificação das necessidades informacionais, estratégias de busca, acesso, avaliação, tratamento,

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utilização, comunicação e aspectos éticos e legais que rodeiam o uso da informação. No SNBU, o conteúdo abordado nas atividades foram os seguintes: pesquisa científica; leitura: conteúdos e experiências/vivências de leitura; palestras e debates; fontes de informação: conceitos básicos, tipologias de fontes de informação, estratégias e recursos de busca e orientações para o planejamento da pesquisa a ser desenvolvidas; biblioteca: produtos e serviços oferecidos, normas, regulamentos, acervo físico e digital; catálogo da biblioteca; biblioteca digital de teses e dissertações da instituição; BDTD; bases de dados científicas; portal de periódicos da CAPES; normalização de trabalhos acadêmicos; e Endnote/ Endnote Web Mendeley.

No CBBD, os temas discutidos são semelhantes ao do SNBU, tais como: etapas do levantamento bibliográfico; técnicas de pesquisa, avaliação e uso ético da Informação; e- book; fontes de informação gerais e específicas da área trabalhada; estratégias de busca (operadores booleanos e recurso de truncagem); base dados; portal de periódicos da CAPES; periódicos eletrônicos; biblioteca: produtos e serviços oferecidos, normas, regulamentos, acervo físico; catálogo da biblioteca; normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas; EndNote Basic.

De um modo geral, nos trabalhos encontrados no SNBU e no CBBD, o conteúdo abordado é similar, tendo-se, portanto, particularidades em relação a cada instituição. De acordo com Teterycz e Schiavon (2013, p. 3), “a normalização é um mecanismo essencial para garantir a qualidade de produtos e serviços”. As autoras complementam afirmando que a adoção de padrões está vinculada à ideia de favorecimento do acesso, recuperação e disseminação do conhecimento produzido e armazenado. No que se refere ao Portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), este tem sido o foco de muitas atividades nas bibliotecas universitárias. Por sua vez, é considerada uma biblioteca virtual, que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional2 (PORTAL..., 2016).

4.7 LOCAIS

Em geral, no SNBU e no CBBD, as atividades eram realizadas em mais de um

22 Possui um acervo com mais de 38 mil títulos, 123 bases referenciais, 11 bases de patentes, bem como livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual

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local e algumas não o mencionam, a saber: laboratório de informática; biblioteca; auditório; centro cultural. Nos cursos à distância, em sua maioria era utilizada a plataforma de aprendizagem online Moodle e, também, foi indicada a plataforma WebEx da Cisco e a Eureka; o conteúdo era disseminado por meio do Portal da Superintendência de Documentação, das mídias sociais e das páginas das bibliotecas. Conforme Lau (2007), as atividades realizadas por meio de educação à distância ou e-learning auxiliam o desenvolvimento de habilidades informacionais a vários grupos de alunos, podendo ser uma solução quando existe um número limitado de bibliotecários na instituição.

4.8 RECURSOS FÍSICOS E TECNOLÓGICOS

No SNBU e no CBBD, nem todos os trabalhos descreviam os recursos utilizados nas atividades. De modo geral, no que se referem às apresentações realizadas pelos instrutores, era utilizado data show; slides; filmes; acesso direto ao Portal de periódicos da CAPES e às bases de dados, bem como visita guiada à biblioteca (com uso de cordéis instrutivos). Em um trabalho foi mencionado que a metodologia utilizada era a aula expositiva e dialogada. Os participantes faziam uso do computador (individual ou em duplas), tinham acesso à internet, acesso ao portal de periódicos da CAPES, acesso às bases de dados, de uso restrito e gratuito, e, em algumas situações, acesso à plataforma de aprendizagem online. Os materiais disponibilizados eram apostilas, slides da sessão de instrução, planilhas do Excel com os exercícios propostos, vídeos explicativos no site Youtube e no site da biblioteca, tutoriais e folder com a programação. Para Uribe Tirado (2014, p. 7), as bibliotecas devem “[...] contar com os recursos financeiros, tecnológicos e documentários (fontes de informação) necessários para o bom desenvolvimento do programa e aproveitar os recursos disponíveis na instituição”.

4.9 AVALIAÇÃO

A avaliação de um programa é composta por processos sistemáticos que têm por objetivo informar e orientar seu direcionamento em bibliotecas, de modo que permita verificar sua viabilidade e seu sucesso (ACRL, 2011). Tanto no SNBU quando no CBBD, a maioria das avaliações para identificar o nível de aprendizagem dos

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participantes é realizada de modo informal, com a realização de exercícios, que, por sua vez, abordam os temas tratados nas atividades. Nos casos das atividades oferecidas à distância, em plataformas de aprendizagem online, é possível acompanhar os passos realizados pelos participantes, como, por exemplo, as discussões nos fóruns, as atividades propostas em cada tópico e/ou módulo.

No que se refere à avaliação dos programas (das atividades) no todo, constatou-se que são aplicados questionários ao final, impresso ou em meio eletrônico. Desta forma, é possível verificar a satisfação dos participantes, bem como identificar fortalezas e debilidades dos programas no que se refere ao conteúdo, à didática do instrutor, à carga horária, ao local, aos equipamentos e aos materiais utilizados nas sessões de instrução, à forma de divulgação da atividade e sua contribuição para a realização dos trabalhos de disciplinas. Estes questionários possuem sempre uma área voltada para sugestões e comentários, podendo contribuir, sobremaneira, para a melhoria de futuras atividades. Em um aspecto amplo, Mata (2012), menciona que a avaliação é necessária e que em programas de competência em informação é uma das fases mais complexas, envolvendo duas vertentes: a avaliação da aprendizagem dos estudantes e avaliação do programa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades educacionais realizadas em bibliotecas universitárias auxiliam a comunidade acadêmica, principalmente os estudantes, a utilizar os recursos informacionais existentes, em variados ambientes e formatos, incluindo as bibliotecas, as bases de dados, os portais educativos, periódicos eletrônicos, entre outros, bem como a fazer um uso ético da informação, utilizando as normas de documentação.

Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo mapear desde as iniciativas de educação de usuários até as de competência em informação nas bibliotecas universitárias, em trabalhos apresentadas no SNBU e no CBBD. Constatou-se uma preocupação por parte de bibliotecários com a formação de usuários nas bibliotecas universitárias, no que se refere ao seu uso, de seus produtos e serviços, bem como das diversas fontes de informação disponíveis, de maneira ética. As atividades foram implementadas em variadas modalidades, por meio de cursos, oficinas, treinamentos, projetos, programas e até disciplinas, oferecidos de forma presencial e à distância.

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instituição, porém muitas fazem parte de disciplinas, tendo-se, consequentemente, um trabalho conjunto com professores e, às vezes, com outros setores, como, por exemplo, de tecnologia, sendo uma parceria realizada quando a atividade é oferecida à distância. As atividades são avaliadas ao final, muitas vezes com realização de exercícios pelos participantes para verificar e avaliar o nível de aprendizagem e, também, com aplicação de questionário para a avaliação do programa no todo. De forma geral, considera-se que as atividades realizadas nas bibliotecas são de extrema importância para os usuários, podendo auxiliar no desenvolvimento de suas tarefas/pesquisas acadêmicas, nos aspectos social, profissional e pessoal.

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Referências

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