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Desempenho financeiro e produtivo em pequenas propriedades rurais de produção avícola e leiteira: um estudo de caso

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Academic year: 2021

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GEISI FERNANDA MAESTRI RIBEIRO DE MELLO

DESEMPENHO FINANCEIRO E PRODUTIVO EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DE PRODUÇÃO AVÍCOLA E LEITEIRA: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade Federal da Fronteira Sul, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Roberto M. Dall’Agnol.

CHAPECÓ – SC 2018

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Dedico este trabalho a minha família, especialmente a minha querida mãe que esteve sempre ao meu lado, com muito amor e apoio, não mediu esforços para me ajudar nessa etapa tão importante da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente á Deus, pela vida, pela saúde que me destes, e por me iluminar e abençoar nesta caminhada.

Á minha mãe Mari pelo amor, carinho, incentivo e apoio incondicional que recebi durante a elaboração desse trabalho. Só tenho a agradecer por tudo que você fez por mim, Amo Você!

Aos meus irmãos Gecica e Diego pelo incentivo e apoio que me deram nesta etapa. Muito Obrigada! Amo vocês.

Ao meu esposo Natan e a meu querido filho Davi Henrique que são o maior presente que Deus poderia ter me dado nesta vida. Por toda felicidade, carinho, compreensão, paciência, apoio e incentivo durante toda esta caminhada. Amo vocês!

Agradeço em especial meu orientador prof. Dr. Roberto Mauro Dall’agnol, por todas as orientações, pela atenção, paciência, incentivos, dedicação, conhecimento repassado, e principalmente, pelo apoio na elaboração neste trabalho. Muito Obrigada por tudo!

Ao meu sogro Sérgio e minha sogra Oliva por ter me concedido o espaço em sua propriedade para realização deste trabalho de conclusão de curso.

Ao corpo docente e a coordenação do curdo de administração da universidade federal da fronteira sul – UFFS, que contribuíram com minha formação.

Aos colegas de graduação, pelos momentos que passamos juntos, em especial a Aline, Geovanea, Bruno, Giovani, Junior e Franco, pelos momentos de companheirismos, brincadeiras, trabalhos, conversas, que passamos nestes quatro anos.

As colegas que o TCC proporcionou Cristina e Lenize. Agradecer a vocês pela amizade, pelas conversas, pelos apoios, e pelos incentivos quando estava desanimada. Muito obrigada por serem essas pessoas maravilhosas.

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Que todos os nossos esforços estejam sempre focados no desafio à impossibilidade. Todas as grandes conquistas humanas vieram daquilo que parecia impossível (Charles Chaplin).

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RESUMO

As pequenas propriedades rurais sofrem com o pouco conhecimento sobre sua gestão e sobre a ciência da Administração. Com a representatividade da atividade avícola e leiteira na região Oeste de Santa Catarina, é fundamental que os produtores utilizem ferramentas que auxiliem na identificação do desempenho, na gestão e na tomada de decisão em suas atividades. Frente a isso, o objetivo do presente trabalho foi apresentar uma alternativa de identificação de dados e de mensuração do desempenho financeiro e produtivo para pequenas propriedades rurais que desenvolvam atividades avícola e leiteira. Os fundamentos teóricos abordam assuntos sobre o perfil, a gestão e os processos produtivos da pequena propriedade rural, bem como, sobre a atividade de bovinocultura leiteira e a atividade avícola, apontando elementos sobre seus processos e indicadores produtivos; além disso, elementos relacionados ao desempenho financeiro, tais como indicadores e análise de viabilidade de investimentos também são abordados. O estudo que se apresenta consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Como técnicas de pesquisa, se destacam a bibliográfica e a pesquisa de campo, essa realizada por intermédio de um estudo de caso, realizado in loco, contando com análise documental e pesquisa-participante. O objeto de pesquisa compreendeu a uma pequena propriedade rural localizada na Linha Bonito, interior do município de Planalto Alegre (SC). Os dados foram coletados a partir de um instrumento de diagnóstico apresentado como resultado da revisão teórica realizada, com o objetivo também de servir a aplicação em outros estudos similares. A análise dos dados seguiu indicativos teóricos que apontaram parâmetro de desempenho esperados. Os resultados demonstram que a atividade leiteira apresentou um bom desempenho produtivo, uma vez que a maioria dos indicadores foram considerados adequados; no entanto, isso não se refletiu em bom desempenho financeiro - ficou evidenciado que os custos da atividade são demasiadamente elevados em relação às receitas geradas, ou seja, os dados analisados no período de janeiro a dezembro de 2017 indicaram a inviabilidade da atividade. Quanto à atividade avícola, o desempenho foi bom nos dois aspectos analisados (produtivo e financeiro) – evidenciando se tratar de uma atividade viável, embora pouco relevante em termos de retorno gerado. Finalmente, se observou que, por intermédio da aplicação do instrumento de diagnóstico apresentado, foi possível identificar dados suficientes para a análise do desempenho produtivo e financeiro das atividades avícola e leiteira, indicando elementos para a devida análise do desempenho de cada uma, contribuindo significativamente para a tomada de decisão e a gestão da pequena propriedade rural.

Palavras-chave: Pequena propriedade rural. Produção leiteira. Produção avícola. Análise de desempenho.

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ABSTRACT

Small farms struggle with the lack of knowledge about business and management science. Due to the relevance of poultry and dairy farming industries in the west of Santa Catarina (SC), it is underlying for farmers to use tools for performance assessment in decision making and management. Therefore, the intent of this paper is to introduce alternatives for the identification of data and the assessment of financial and operational performance in small dairy and poultry farms. The theoretical framework discusses topics like the profile, the operational processes, and the management of small farms, as well as dairy and poultry farming, pointing out elements about their processes and productivity indicators; and furthermore, elements about the financial performance, as investment viability indicators and analysis, were also discussed. The present research is qualitative in nature, and exploratory and descriptive in design. As research methods, bibliographical and field research were conducted, the latter through an in loco case study, relying on documental analysis and participant observation. The research object was a small farm at Linha Bonito, a location in the rural area of Planalto Alegre (SC). The data was collected from a diagnosis tool drawn as result of the theoretical framework, developed intending to be also used in similar research. The data analysis followed, as a guideline, performance parameters from the literature. The results obtained shown that dairy farming had a good operational performance; however, it did not imply good financial performance - the evidences shown that its costs are too high when compared to the revenues, indicating that it is not a viable activity. In poultry, on the other hand, the performance was good in both aspects (operational and financial) - evidencing it is a viable business, with barely relevant returns, though. Finally, through the proposed diagnosis tool, it was possible to find enough data for the operational and financial performance analysis of poultry and dairy activities pointing out elements for the viability evaluation of both businesses, with significant contributions for decision-making and management of small farms.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Produção de frangos nas Microrregiões de SC – 2015... 23

Quadro 2: Produção de leite nas mesorregiões de Santa Catarina - 2016. ... 24

Quadro 3: Produção de leite no Brasil e nas grandes regiões, de 2010 a 2016. ... 39

Quadro 4: Produção de leite em Santa Catarina e regiões. ... 40

Quadro 5 - Indicadores técnicos de produção para atividade leiteira. ... 48

Quadro 6: Principais índices produtivos e reprodutivos para o rebanho leiteiro... 56

Quadro 7: Indicadores técnicos de produção para atividade avícola. ... 65

Quadro 8: Principais Indicadores de retorno. ... 77

Quadro 9: Cálculo dos indicadores de retorno. ... 78

Quadro 10: Cálculo dos indicadores de atividade. ... 80

Quadro 11: Fórmulas para cálculo dos indicadores de liquidez. ... 82

Quadro 12: Cálculo dos indicadores de Endividamento. ... 84

Quadro 13: Fórmulas para cálculo dos indicadores de alavancagem. ... 86

Quadro 14: Cálculo da análise de investimento. ... 89

Quadro 15: Controle para caracterizar o perfil da propriedade. ... 95

Quadro 16: Questões do perfil da propriedade. ... 95

Quadro 17: Indicadores produtivos utilizados na atividade leiteira. ... 96

Quadro 18: Indicadores produtivos selecionados na atividade leiteira. ... 97

Quadro 19: Questões produtivas para diagnóstico da atividade leiteira. ... 97

Quadro 20: Indicadores produtivos utilizados na atividade avícola. ... 98

Quadro 21: Indicadores produtivos selecionados na atividade avícola. ... 99

Quadro 22: Questões produtivas para diagnóstico da atividade avícola. ... 99

Quadro 23: Indicadores financeiros identificados. ... 100

Quadro 24: Indicadores financeiros selecionados. ... 101

Quadro 25: Questões financeiras para diagnóstico das atividades e geral da propriedade. ... 102

Quadro 26: Instrumento de diagnóstico da atividade leiteira, avícola e geral da propriedade ... 106

Quadro 27: Indicadores selecionados para análise dos dados. ... 110

Quadro 28: Utilização da área de terra pelas atividades. ... 114

Quadro 29: Dados produtivos da atividade leiteira. ... 119

Quadro 30: Produtividade da mão-de-obra. ... 124

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Quadro 32: Dados produtivos da atividade avícola. ... 127

Quadro 33: Dados técnicos e indicadores produtivos da atividade avícola. ... 128

Quadro 34: Dados financeiros da atividade leiteira, avícola e geral da propriedade. ... 132

Quadro 35: Serviços de terceiros - plantio. ... 135

Quadro 36: Serviço de terceiros – plantio e colheita. ... 135

Quadro 37: Custos variáveis anuais da atividade leiteira. ... 136

Quadro 38: Depreciação dos bovinos. ... 137

Quadro 39: Depreciação dos bens da atividade leiteira. ... 137

Quadro 40: Custos fixos da atividade leiteira. ... 138

Quadro 41: Demonstrativo do resultado da atividade leiteira. ... 140

Quadro 42: Resultados anuais dos indicadores financeiros da atividade leiteira. ... 141

Quadro 43: Depreciação dos bens da atividade avícola. ... 142

Quadro 44: Custos fixos anuais da atividade avícola. ... 143

Quadro 45: Demonstrativo do resultado da atividade avícola. ... 144

Quadro 46: Resultados anuais dos indicadores financeiros da atividade avícola... 145

Quadro 47: Demonstração do resultado anual da atividade avícola, leiteira e geral da propriedade. ... 146

Quadro 48: Balanço Patrimonial da propriedade. ... 147

Quadro 49: Resultados anuais dos indicadores financeiros da propriedade geral. ... 149

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cadeia produtiva do leite no Brasil... 42

Figura 2 - Cadeia produtiva do frango... 61

Figura 3 - Etapas da pesquisa. ... 92

Figura 4 - Instrumento de diagnóstico de análise de desempenho em pequenas propriedades rurais ... 94

Figura 5 - Mapa da pequena propriedade rural estudada... 113

Figura 6 - Área das instalações da propriedade. ... 113

Figura 7 - Atividades realizadas na produção leiteira ... 115

Figura 8 - Pastagem permanente cultivada na propriedade. ... 116

Figura 9 - Pastagens temporárias. ... 117

Figura 10 - Espaço de alimentação das matrizes no período da noite. ... 117

Figura 11 -Aviário 2 com pintinhos. ... 118

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da produção de leite, segundo as grandes regiões - 1985- 2016. ... 20

Gráfico 2: Crescimento da produção de leite e do número de vacas ordenhadas no Brasil de 1974 a 2016. ... 39

Gráfico 3: Produção de leite nas microrregiões geográficas em 2016. ... 41

Gráfico 4: Ranking mundial de 2016 na produção de frango... 59

Gráfico 5: Ranking mundial de 2016 na exportação de frango. ... 59

Gráfico 6: Produção mensal de leite. ... 121

Gráfico 7: Produção média diária de leite. ... 122

Gráfico 8: Produtividade da terra em relação à produção diária de leite. ... 124

Gráfico 9: Conversão alimentar e ganho de peso diário. ... 129

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PT Produtividade da terra

PTA Peso Total por Ano PVFA Peso vivo final por ave PVFL Peso vivo final do lote

PVL Porcentagem de Vacas em Lactação PVL Produção de leite por vaca na lactação PVO Produção de leite por vaca ordenhada QLA Quantidade de Lotes por Ano

RD Relação de Desmame

ROA Retorno sobre o Ativo

ROE Retorno sobre o Patrimônio Líquido

RVL Relação vacas em lactação por total de vacas.

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TA Tempo alojado (dias)

TAN Taxa de abortos e natimortos

TC Taxa de Concepção

TD Taxa de Desmame

TG Taxa de Gestação

TIR Taxa Interna de Retorno

TL Taxa de Lotação

TM Taxa de Mortalidade

TN Taxa de Natalidade

UA Unidade Animal

VI Viabilidade

VPL Valor Presente Líquido

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16 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 18 1.1 TEMA E PROBLEMA ... 18 1.2 OBJETIVOS ... 22 1.2.1 Objetivo geral ... 22 1.2.2 Objetivos específicos ... 23 1.3 JUSTIFICATIVA ... 23 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 25 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 27

2.1 GESTÃO E PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS ... 27

2.1.1 Perfil da pequena propriedade rural ... 27

2.1.2 Gestão da pequena propriedade rural ... 31

2.1.3 Processo produtivo na pequena propriedade rural ... 35

2.2 ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA LEITEIRA ... 37

2.2.1 Processo produtivo leiteiro ... 43

2.2.2 Indicadores produtivos na atividade leiteira ... 46

2.2.3 Consideração sobre o tema atividade bovinocultura leiteira ... 57

2.3 ATIVIDADE AVÍCOLA ... 58

2.3.1 Processo produtivo avícola ... 62

2.3.2 Indicadores produtivos na atividade avícola ... 64

2.3.3 Consideração sobre o tema atividade avícola ... 68

2.4 DESEMPENHO FINANCEIRO ... 68

2.4.1 Elementos associados aos resultados financeiros ... 71

2.4.1.1 Receitas...71

2.4.1.2 Custos...72

2.4.1.3 Despesas...73

2.4.1.4 Perdas...74

2.4.1.5 Ganhos...75

2.4.2 Análise com uso de Indicadores Financeiros ... 75

2.4.2.1 Indicadores de retorno...76

2.4.2.2 Indicadores de atividade...79

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17 2.4.2.4 Endividamento...82 2.4.2.5 Alavancagem...84 2.4.3 Viabilidade de investimentos ... 86 3 METODOLOGIA ... 90 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 90

3.2 OBJETO DO ESTUDO DE CASO ... 91

3.3 ETAPAS DA PESQUISA ... 91

3.4 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO ... 93

3.4.1 Dimensão 1: caracterização da pequena propriedade rural ... 94

3.4.2 Dimensão 2: análise do desempenho produtivo da atividade leiteira ... 96

3.4.3 Dimensão 3: análise do desempenho produtivo da atividade avícola ... 98

3.4.4 Dimensão 4: análise do desempenho financeiro ... 100

3.4.5 Instrumento de diagnóstico de desempenho produtivo e financeiro da atividade leiteira, avícola e geral da propriedade ... 105

3.5 COLETA E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ... 109

3.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 110

4. ESTUDO DE CASO ... 112

4.1 DIMENSÃO 1: CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ... 112

4.1.1 Identificação das atividades ... 114

4.1.1.1 Descrição da atividade bovinocultura leiteira...115

4.1.1.1.1 Pastagem permanente...116

4.1.1.1.2 Pastagem temporária...116

4.1.1.2 Descrição da atividade avícola...118

4.2 DIMENSÃO 2: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS PRODUTIVOS DA ATIVIDADE LEITEIRA... ... ...119

4.3 DIMENSÃO 3: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS PRODUTIVOS DA ATIVIDADE AVÍCOLA...127

4.4 DIMENSÃO 4: APRESENTAÇÃO DOS DADOS FINANCEIROS ... 131

4.4.1 Análise dos dados financeiros da atividade leiteira ... 135

4.4.2 Análise dos dados financeiros da atividade avícola ... 141

4.4.3 Análise geral dos dados financeiros da propriedade ... 146

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 151

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMA

O agronegócio é o setor da economia brasileira que mais tem se destacado, devido as suas características e diversidade, pois apresenta condições favoráveis como: clima com boas temperaturas, solo, abundância de água, terras agricultáveis, e tecnologia avançada. Também, desempenha papel importante no crescimento do país, através dos fatores como geração de renda e elevado número de emprego, crescimento na exportação de produtos agrícola, elevada rentabilidade, e obtenção de resultados. Além disso, ainda apresenta grande participação no produto interno bruto (PIB), pois de acordo com o MAPA (2017) no ano de 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) teve alta de 1%, comparado ao ano de 2016, com um valor de R$ 6,56 trilhões, sendo o setor com melhor desempenho na economia, enquanto a indústria ficou estagnada e os serviços tiveram recuperação moderada (0,3%) (MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA, 2017).

No contexto do agronegócio brasileiro os produtos com maior destaque são: algodão em pluma, milho, leite, carne suína, carne de frango, soja, grãos e açúcar, (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA, 2016). Porém, os produtos que agricultores mais trabalham é com a produção de feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de frango (50%) e milho (46%) (CODAF, 2016). Da mesma forma que os produtos se destacam no contexto do agronegócio brasileiro, as atividades desenvolvidas nas propriedades rurais também merecem destaque no agronegócio. No estado de Santa Catarina, a Agricultura Familiar Catarinense é representada com mais de 180 mil famílias que produzem mais de 70% do que é consumido no estado (FETAESC, 2013).

A agricultura familiar é responsável pela produção de diferentes produtos. Neste segmento, se destacam a produção de frango que corresponde à atividade avícola e a produção de leite, correspondendo à bovinocultura leiteira, as quais apresentam índices de crescimento nos próximos anos. De acordo com as projeções do MAPA (2017) a carne de frango deverá apresentar maior crescimento com 34,6%, a carne suína com 31,3%, e a produção de carne bovina com um aumento de 21,0%.

No ano de 2016, Brasil com 15,1%, ultrapassou a China (14,2%) e a União Européia (12%), representando como o segundo maior produtor mundial na produção de carne de frango, ficando atrás somente dos Estados Unidos (20,6%) (CNA, 2017). E, no ano de 2017

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as perspectivas foram de crescimento, pois segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (2017) a produção de frango terá um crescimento em torno de 5% ao ano e atingirá 14 milhões de toneladas.

A região Sul também apresenta bons índices na atividade avícola, pois no ano de 2016 a região foi responsável por 45,3% do total da produção, 60,3% do abate, e 75,1% das exportações de frango. Em seguida se apresenta o Sudeste como o segundo maior efetivo de frangos (26,6%), seguido por Centro-Oeste (12,8%), Nordeste (11,6%) e Norte (3,8%) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2016).

Além de ser destaque no Brasil e na região Sul, a produção de frangos também está fortemente presente no estado de Santa Catarina. No estado há mais de 18 mil produtores de frangos integrados às agroindústrias. O setor de carnes gera aproximadamente 60 mil empregos em frigoríficos e indústrias de beneficiamento. Atualmente, Santa Catarina ocupa a primeira posição na produção nacional de carne suína e a segunda posição na produção de carne de frango, atendendo o mercado brasileiro e o exterior, com presença em mais de 120 países (CIDASC, 2017).

Segundo os dados da Empresa de pesquisa agropecuária e extensão rural de Santa Catarina - EPAGRI (2016), no ano de 2015 Santa Catarina ocupava a 2ª posição no ranking nacional com 15,22% na produção de frangos, estando atrás do Paraná (30,60%) e à frente do Rio Grande do Sul (13,82%). Também, ocupava a 2ª colocação no ranking de exportações (25,33%), tanto em termos de quantidade (984.318), quanto de valores exportados (1.791,00), ficando atrás de Paraná (33,46%), com quantidade de 1.481.878 e valores exportados de 2.365,49 (EPAGRI, 2016). Em Santa Catarina no mês janeiro de 2017 foram abatidos 76,48 milhões de aves, correspondendo a um aumento de 3,25% comparado com o mês de dezembro de 2016, e um aumento de 14,69% em relação ao ano de 2016 (CIDASC, 2017).

Em 2016 a carne de frango em Santa Catarina foi um dos principais responsáveis pelo maior faturamento no Valor Bruto da Produção Agropecuária, com mais de 8.500 produtores, o setor produziu 2,1 milhões de toneladas e desse total 47% para as exportações (CIDASC, 2017). Nesse sentido, percebe-se que atualmente a economia de Santa Catarina está baseada no agronegócio. E, um dos principais fatores é a exportação da carne de frango, pois em 2016, as exportações da avicultura foram 1,7 bilhão (SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DA PESCA, 2017).

Em questão regional, a produção encontra-se concentrada no Oeste Catarinense, sendo responsável por 77,79% dos frangos abatidos em Santa Catarina (CIDASC, 2017).

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assumindo a quinta posição (IBGE, 2016). Em 2006 Santa Catarina produziu 1,7 bilhões de litros de leite, já em 2016 foram produzidos 3,1 bilhões de litros, significa que em dez anos o estado teve um crescimento de 82% na produção de leite, em grande parte a produção está concentrada na Região Oeste, a qual responde por 76% de todo o leite produzido no estado, ou seja, 2,4 bilhões de litros (SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DA PESCA, 2017).

Na região Oeste de Santa Catarina, onde predominam pequenas propriedades, a produção de leite representa dois terços da produção estadual (FISCHER, 2011). Esse cenário demonstra a relevância desta atividade, pois proporciona emprego e renda á muitas famílias.

Além de demonstrar a grande importância na região Oeste de Santa Catarina, também se observa a relevância da atividade nas microrregiões de Santa Catarina, sendo que as microrregiões produtoras de leite que se destacam é Chapecó, a qual ocupa a primeira posição, pois no ano de 2016, produziu 810.160 mil litros, seguido por São Miguel do Oeste (701.539), Concórdia (355.474), Xanxerê (319.1992), Joaçaba (180.312), Canoinhas (81.400), Joinville (20.636), São Bento do Sul (5.955) (IBGE, 2016).

Embora se perceba a relevância da produção de leite e de frango na região Oeste de Santa Catarina, as pequenas propriedades rurais precisam utilizar ferramentas que auxiliem na identificação do seu desempenho, na gestão e nas tomadas de decisões. Tal relevância sugere que os gestores rurais desempenhem suas atividades de maneira responsável. Do ponto de vista administrativo, se espera que toda atividade seja planejada e controlada e, que os resultados sejam avaliados, com base em indicadores e outros elementos de acompanhamento do desempenho produtivo e financeiro.

Convém ressaltar que independentemente do tamanho ou das atividades de uma propriedade rural, ela exige um eficiente controle financeiro e produtivo. Mas, no atual cenário, o que parece ocorrer é que os gestores de propriedades rurais não têm por hábito analisar os aspectos de gestão de modo mais detalhado, costumam considerar o que foi alcançado em valores recebidos, mas não levam em consideração os lucros efetivos, os custos e despesas gerados para desenvolver a atividade e alcançar os resultados. Também não é incomum que desconsiderem os gastos familiares, distorcendo assim uma análise mais realista quanto aos resultados da propriedade.

Crepaldi (2012) argumenta que são poucos os gestores que fazem registros contábeis de forma organizada e conhecem realmente como está o seu negócio. Muitos gestores estão mais preocupados em acompanhar os índices ligados à produção, deixando de acompanhar os de rentabilidade. Percebendo que são poucas as propriedades rurais que utilizam dos

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instrumentos da Administração, Rosado Jr. (2012, p. 3) ressalta que “a pouca utilização de sistemas de controle de custos nas atividades rurais é uma realidade facilmente percebida na grande maioria das propriedades do ramo no Brasil”.

É evidente que em grande número, os gestores rurais enfrentam dificuldades em mensurar o desempenho das atividades desenvolvidas nas propriedades. Assim, a Administração rural, torna-se um instrumento de apoio relevante, pois auxilia o gestor em decidir o quanto é necessário produzir, determinar como vai ser produzido, controlar o que foi desenvolvido, além de analisar os resultados obtidos (CREPALDI, 2012).

Os gestores rurais precisam saber como está à rentabilidade das atividades desenvolvidas; quais são os resultados alcançados e como estes poder ser melhorados através da avaliação dos resultados; quais as fontes de receita e os tipos de despesas; e, como aumentar as receitas e diminuir as despesas. Porém, somente será possível realizar essas análises a partir do momento que o gestor rural passar a entender, onde está se tendo gastos e onde estão as fontes de receitas (CREPALDI, 2012). Diante disso, é indispensável que os gestores rurais façam uso de indicadores financeiros e produtivos para auxiliar na mensuração do desempenho de suas atividades e assim, tornar um melhor gerenciamento e controle da propriedade. Dessa forma, surgiu à necessidade de se fazer um estudo visando identificar o desempenho financeiro e produtivo de uma pequena propriedade rural, nas atividades avícola e leiteira.

Diante desse contexto, em que se percebe a importância das atividades avícola e leiteira na região Oeste do Estado de Santa Catarina, e as dificuldades recorrentes de mensuração de desempenho financeiro e produtivo perceptíveis nas pequenas propriedades rurais, o presente estudo buscou responder ao seguinte problema de pesquisa: Como analisar

o desempenho financeiro e produtivo de uma pequena propriedade rural que desenvolve atividade avícola e leiteira?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Apresentar uma alternativa de mensuração do desempenho financeiro e produtivo para pequenas propriedades rurais que desenvolvam atividades avícola e leiteira.

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1.2.2 Objetivos específicos

 Identificar e selecionar indicadores relevantes para a mensuração de desempenho financeiro e produtivo aplicáveis a pequenas propriedades rurais produtoras de frango e leite;

 Estruturar um instrumento de diagnóstico e mensuração de desempenho nas atividades avícola e leiteira voltada a pequenas propriedades rurais;

 Realizar um estudo de caso, analisando o desempenho de uma pequena propriedade rural produtora de frango e leite, visando contribuir com indicativos para sua melhor gestão.

1.3 JUSTIFICATIVA

Oferecer produtos de maior qualidade com custos menores é uma tarefa necessária para toda organização que se deseja manter competitiva. No segmento rural a atenção com a gestão e a redução de gastos também se mostra uma necessidade crescente; motivo de impulso na direção de conhecimentos e controles financeiros e produtivos mais avançados para a melhoria dos resultados nas atividades desenvolvidas.

Com a relevância da atividade avícola e leiteira na região Oeste de Santa Catarina, Santos, Marion e Segatti (2009) ressaltam que é fundamental para um gestor rural planejar, controlar e avaliar os resultados das atividades desenvolvidas, visando maximizar seus lucros, por meio da busca contínua da redução de seus gastos. É importante que as propriedades rurais sejam consideradas como empresas, e os agricultores como empresários, objetivando ter lucros, e, para isso, controlando os gastos, planejando e administrando detalhadamente suas atividades.

Assim, os dados apresentados no Quadro 1 confirmam a importância da atividade avícola no Oeste de Santa Catarina.

Quadro 1: Produção de frangos nas Microrregiões de SC – 2015.

Microrregião Número de aves (Milhões) %

Joaçaba 202,29 22,94

Chapecó 189,73 21,52

Concórdia 160,45 18,2

Xanxerê 68,45 7,76

São Miguel do Oeste 65,01 7,37

Criciúma 45,63 5,17

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Canoinhas 29,26 3,32

Tubarão 26,26 2,98

Curitibanos 11,11 1,26

São Bento do Sul 7,78 0,88

Tabuleiro 7,20 0,82 Florianópolis 7,16 0,81 Joinville 5,79 0,66 Blumenau 3,41 0,39 Riu do Sul 3,36 0,38 Tijucas 2,53 0,29 Itajaí 2,16 0,25 Campos de Lage 0,75 0,09 Ituporanga 0,35 0,04 Total 811,75 100 Fonte: EPAGRI (2016).

Ainda, no Quadro 2 se observa a importância da atividade leiteira na região de Santa Catarina. Ao analisar a produção de frango neste estado, se percebe que a produção está concentrada na região Oeste de Santa Catarina.

Quadro 2: Produção de leite nas mesorregiões de Santa Catarina - 2016.

Mesorregiões de Santa Catarina Volume (litros)

Oeste Catarinense (SC) 2.367.477 Vale do Itajaí (SC) 262.463 Sul Catarinense (SC) 217.188 Norte Catarinense (SC) 107.990 Serrana (SC) 86.486 Grande Florianópolis (SC) 72.165

Fonte: IBGE - Pesquisa da pecuária municipal (2016).

Diante desse contexto, em que se percebe a relevância da atividade avícola e leiteira na região Oeste de Santa Catarina, é fundamental que os produtores rurais utilizem ferramentas que auxiliem na identificação do desempenho financeiro e produtivo em suas atividades. Por isso, este estudo que possui como proposta a estruturação de um instrumento de diagnóstico e mensuração do desempenho financeiro e produtivo nas atividades avícola e leiteira para as pequenas propriedades rurais, se justifica, pois o instrumento de diagnóstico de desempenho é fundamental para identificar o desempenho das atividades e para a gestão de qualquer tipo de propriedade rural, uma vez que propicia um adequado controle da propriedade, fornecendo informações importantes para o gerenciamento e auxiliando os

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produtores de leite e frango na tomada de decisão. No setor agrícola, o tema é importantíssimo visto que a área necessita das informações fornecidas pelo instrumento.

Apontar instrumentos financeiros e produtivos para apoiar a gestão das pequenas propriedades rurais é relevante, pois possibilita os gestores a identificar os resultados que as atividades estão oferecendo, e como os mesmos refletem no resultado final do negócio, quais necessitam de investimentos, e etc; a partir dos resultados, facilita ao gestor em definir melhorias ou, então substituir uma atividade por outra. Finalmente, a construção de um instrumento de diagnóstico financeiro e produtivo direcionado à pequena propriedade rural proporciona um avanço em tecnologia e conhecimento para o gestor rural.

O presente estudo é relevante por contribuir com ampliação de conhecimentos em favor da gestão de pequenas propriedades rurais, desenvolvendo conhecimentos, visão empreendedora, pois com a propriedade estudada será possível agregar valor, identificar oportunidades e tornar o negócio mais lucrativo para os proprietários.

Na pequena propriedade rural objeto deste estudo de caso, o tema é de suma importância, uma vez que havia uma preocupação sobre a viabilidade ou não da atividade leiteira, a qual também motivou o estudo.

O trabalho é significativo para a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), pois ficará disponível para futuros acadêmicos e para a sociedade em geral, especialmente para outras pequenas propriedades rurais, que ainda não utilizam um instrumento de diagnóstico para identificar o desempenho financeiro e produtivo das atividades, e ainda auxiliar na tomada de decisão e na melhoria da gestão.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho foi estruturado em cinco capítulos.

No capítulo 1 (um) foi realizada a introdução do trabalho, sendo apresentados os principais elementos, como, tema, problema de pesquisa, os objetivos, geral e específicos e a justificativa do estudo.

No capítulo 2 (dois) foi desenvolvida a revisão teórica a respeito dos assuntos centrais do trabalho. Quanto à pequena propriedade rural, se apresenta o perfil, a gestão, e o processo produtivo, quanto à atividade de bovinocultura leiteira e a atividade avícola, se apresenta o processo produtivo, e seus indicadores produtivos, e por fim, serão apresentados os elementos relacionados ao desempenho financeiro, indicadores financeiros e a viabilidade de investimentos.

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O capítulo 3 (três) está concentrado na metodologia do trabalho, tratando da caracterização da pesquisa, objeto de pesquisa, etapas da pesquisa, descrição de como o instrumento foi elaborado, as técnicas que foram utilizadas para coletar os dados e o plano de análise dos dados.

O capítulo 4 (quatro) se refere ao estudo de caso, sendo apresentados os resultados obtidos com a aplicação do instrumento proposto.

Por fim, o capítulo 5 (cinco) demonstra as considerações finais sobre a pesquisa, e quanto os resultados obtidos do caso estudado. Em seguida, estão expostas as referências consultadas para o desenvolvimento do estudo.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GESTÃO E PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS

Atualmente, se percebe que as pequenas propriedades rurais apresentam características próprias e peculiares no desenvolvimento de seus processos produtivos, controles e gestão. Gerir uma propriedade rural requer conhecimentos, habilidades, competências que vão muito além de como os gestores costumam fazer, pois o hábito de apenas fazer controles informais, e “guardar” os dados em sua memória, é insuficiente. Para gerenciar uma propriedade é necessário ter um pensamento sistêmico, conhecimento gerencial apoiado por ferramentas adequadas, acompanhamento constante, planejamento, organização e controle das atividades, e das informações do mercado, entender como se dá o processo produtivo, e etc. Conhecimento sobre os resultados que cada atividade oferece, garante ao gestor rural maior sustentabilidade, gerando maior riqueza, e reduzindo riscos.

2.1.1 Perfil da pequena propriedade rural

Marion (2012, p. 2) define as empresas rurais como aquelas que “exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Para Crepaldi (2012, p. 3) empresa rural é “o empreendimento de pessoa física ou jurídica, púbica ou privada, que explore econômica e racionalmente um imóvel rural, dentro de condições de rendimento econômico da região em que se situe e explore a área mínima agricultável do imóvel”. Ainda, o autor complementa que empresa rural é um espaço de produção, sendo desenvolvidas atividades referentes ao cultivo agrícola, criação de gado ou cultivo florestal, com o objetivo de obter renda para os proprietários.

Normalmente uma propriedade rural é composta por uma área de terra e um imóvel, onde se desenvolve a agricultura e a pecuária, sendo classificada de acordo com o tamanho, o tipo de atividade nela desenvolvida e a localização (GRÄF, 2016). Portanto, uma pequena propriedade rural instituída pela Lei n° 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e inciso II, do art. 4ª é classificada com uma área de até quatro módulos fiscais, o tamanho dos módulos fiscais são estabelecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA e variam de 5 a 110 hectares conforme cada município. É considerado módulo fiscal uma

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unidade de medida, em hectares, que representa a área mínima necessária para que as propriedades rurais possam ser consideradas economicamente viáveis (INCRA, 2015).

Na pequena propriedade rural as atividades desenvolvidas se dividem em produção vegetal, correspondendo à atividade agrícola; produção animal, que representa a atividade zootécnica; e as indústrias rurais, que são caracterizadas como atividade agroindustrial (MARION, 2012).

Quanto à distinção e conceituação de atividade agrícola, zootécnica e agroindustrial, Marion (2012) apresenta que a atividade agrícola é composta por dois grupos, o primeiro se refere às culturas hortícola e forrageira, essas são culturas temporárias que persistem na terra até a colheita e logo após a colheita tem que plantar novamente, como, cereais (feijão, soja, milho, trigo, aveia); hortaliças (verduras, legumes tomate); tubérculos (batata, mandioca,); plantas oleaginosas (amendoim, menta); especiarias (cravo, canela); fibras (algodão, pinho); floricultura, forragens, plantas industriais. O segundo grupo se encontra a Arboricultura, que é a cultura que persiste na terra mesmo após a colheita, ou seja, após a colheita ela contínua produzindo até seu tempo de validação, como, florestamento (eucalipto, pinho); pomares (manga, laranja, maçã); vinhedos, olivais, seringais, entre outros (MARION, 2012).

A atividade zootécnica consiste na criação de animais, geralmente são animais criados no campo, com a finalidade de serem utilizados para serviços, consumo doméstico, e confinamento para industrialização. Marion (2012) apresenta que as principais criações que fazem parte da atividade zootécnica, são: a apicultura (abelhas), avicultura (aves), cunicultura (coelhos), pecuária (gado), piscicultura (peixes), ranicultura (rãs), e outros pequenos animais.

E finalmente, a atividade agroindustrial, que diz respeito à transformação dos produtos agrícolas (cana-de-açúcar em álcool, soja em óleo, uvas em vinho e vinagre) e zootécnicos (mel, laticínios, casulos de seda) e o beneficio dos produtos agrícolas (arroz, café, entre outros) (MARION, 2012).

Essas atividades normalmente são desenvolvidas em propriedade familiar, com o emprego da mão de obra familiar, de acordo com o art. 4º, inciso II, do Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) a propriedade familiar é um imóvel rural que é empreendido pela sua família, e eventualmente quando necessitam de ajuda, trabalham com terceiros (INCRA, 2008). Beltrane e Pereira (2017) complementam que as atividades desenvolvidas nas propriedades rurais utilizam predominantemente mão de obra familiar. A contratação de mão de obra geralmente ocorre nos períodos de safra, pois é a época em que os produtores rurais necessitam de mão de obra complementar, onde se tem maior concentração de trabalho.

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A agricultura familiar é definida pela Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, art. 3º, a qual classifica como agricultor familiar rural aquele que desenvolve atividades no meio rural, que contemple os seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo;

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família (BRASIL, 2006).

Em virtude a isso, se percebe que a agricultura familiar está presente nas pequenas propriedades rurais, ou seja, as propriedades que contêm uma área de até 4 módulos fiscais, e utilizam principalmente da mão de obra familiar para conduzir seu negócio e garantir seu emprego e fonte de renda são denominadas como agricultura familiar (BALZAN, 2014).

A agricultura familiar é essencial para o desenvolvimento econômico e sustentável do pequeno empreendimento rural. Nas propriedades rurais a produção familiar é a principal atividade econômica de muitos países, pois elas apresentam grande potencial na geração de emprego e renda(BITTENCOURT apud LIMA; WILKINSON, 2002).

É importante ressaltar que no Brasil a maioria das pequenas propriedades rurais provém da agricultura familiar, pois existem 4,3 milhões de estabelecimentos rurais da agricultura familiar, correspondendo a 84,4% do total de propriedades, e ocupam 24,3% da área cultivada (INCRA, 2015). Mesmo com pouca disponibilidade de área cultivada, o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) apresenta que,

Agricultara familiar é responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café (parcela constituída por 55% do tipo robusta ou conilon e 34% do arábica), 34% do arroz, 58% do leite (composta por 58% do leite de vaca e 67% do leite de cabra), 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi à soja (16%) (IBGE, 2010).

É através da agricultura familiar, desenvolvida nas pequenas propriedades rurais que as famílias obtêm recursos para sobreviver; pois, na pequena propriedade, é a família que realiza as atividades; e, normalmente as terras são fruto de herança de familiares que também repassaram parte dos conhecimentos e informações sobre os processos de produção e gestão adquiridos ao longo do tempo.

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Na mesma visão, Breitenbach (2016) enfatiza que na pequena propriedade rural a própria estrutura da propriedade é diferenciada, uma vez que as propriedades normalmente são de origem e gestão familiar; têm a sucessão familiar como domínio do negócio, ou seja, o negócio é herança familiar; as atividades desenvolvidas normalmente são produção viva (animais e vegetais); possuem a terra como um fator muito importante e fundamental para a produção e, as atividades são desenvolvidas nas áreas de terra da propriedade.

Uma das principais características presente na maioria das propriedades é a função do proprietário, pois o proprietário ao mesmo tempo, é o dono e o que gerencia as tarefas produtivas, e as funções administrativas (COSTA et al., 2015). Sob a mesma perspectiva, Valle (1982) expõe que nas pequenas propriedades a administração do negócio coincide com a administração doméstica, ou seja, a gestão das atividades está ligada com a gestão doméstica. Há, portanto, uma ligação muito forte entre o negócio e a família, se projetando também para a gestão.

Outra característica pertinente da propriedade rural é a ligação que se tem entre as atividades de investimento, produção e consumo na propriedade. Gastos com a família, particulares do proprietário são considerados em conjunto com os custos das atividades. Nessa situação, se percebe a dificuldade dos gestores em identificar e separar o que é gasto em despesas e custos do negócio (DORR; GUSE; FREITAS; ROSSATO, 2012).

Em consonância, Silva e Bus (2011) argumentam que uma das dificuldades que os gestores enfrentam é conseguir manter um capital de giro necessário para o andamento das atividades, pois o que acontece na agricultura familiar é que acabam confundindo o capital de giro das atividades com o capital de giro pessoal, sendo retirado dinheiro do caixa do negócio para gastos familiares, sem se fazer registros, anotações do que foi gasto, ocasionando na falta de caixa para saldar os custos e investimentos ligados a produção.

Na mesma linha de pensamento Mattos (1999) expõem que os gestores das pequenas propriedades rurais tem muita dificuldade em seguir o princípio de entidade, pois retiram o dinheiro que possuem em caixa do negócio para o uso pessoal. Esse comportamento dificulta ter uma análise financeira mais realista, pois o caixa da empresa não pode ser confundido com o caixa para uso doméstico e particular. Complementando Dal Magro et al. (2013) ressaltam que na pequena propriedade geralmente o gestor pouco entende ou então desconhece o Princípio da Entidade, consequentemente, acaba não separando os gastos da família com os custos relacionados às atividades desenvolvidas.

Além disso, alguns desafios são encontrados nas pequenas propriedades rurais, como: a renda da família é incerta e varia de acordo com a produção; muitas atividades produtivas

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dependem do clima, para seu bom desenvolvimento; há a defasagem temporal, que corresponde a um período de tempo em que é realizado o investimento na atividade até o momento que a atividade começa a dar retorno financeiro; muitos produtos têm características de commodities, pois varias propriedades produzem o mesmo produto, o que ocasiona em baixo poder de barganha; e algumas atividades necessitam diariamente do trabalho do gestor para seu desenvolvimento (BREITENBACH, 2016).

Diante dessas constatações, se reforça que para enfrentar o cenário competitivo, é indispensável que os gestores das pequenas propriedades rurais se desenvolvam, através da gestão e ferramentas administrativas, que auxiliem no desenvolvimento e na geração de melhores resultados.

2.1.2 Gestão da pequena propriedade rural

A gestão da pequena propriedade rural se caracteriza por um conjunto de atividades para o melhor planejamento, organização e controle das atividades, de modo que o gestor rural seja capaz de gerenciar suas atividades, elevar a produção, e diminuir os custos, para assim alcançar bons resultados. A partir de uma boa gestão na propriedade, o gestor se organiza e planeja suas atividades, determinando a quantidade de capital e a qualidade de seus investimentos com menor probabilidade de se ter erros (CRUZ, 2016).

Junior (2016) complementa que para obter uma boa gestão é fundamental realizar o planejamento das atividades desenvolvidas no meio rural. Por isso, é importante que os gestores fiquem atentos nos seguintes pontos de planejamento: projetar, organizar-se internamente para o trabalho, executar e gerenciar a atividade, registrar, controlar, e avaliar os resultados alcançados. Esses são pontos essenciais para o bom andamento da atividade, seja ela pequena ou grande (JUNIOR, 2016).

Ainda, Cruz (2016) afirma que para se ter um melhor controle das atividades desenvolvidas no meio rural, é importante que o gestor faça uso de planilhas no computador ou até mesmo planilhas de papel, pois, o fator essencial para a gestão rural eficiente é a organização. O gestor deve ser acima de tudo, organizado para conseguir uma gestão eficaz.

Crepaldi (2012, p. 2), salienta que “[...] na situação atual de vinculação e dependência do agricultor em relação ao mercado, torna-se indispensável aos produtores rurais o conhecimento aprofundado de seu negócio.” Um importante aspecto na gestão da propriedade rural é o conhecimento das condições de mercado, pois é possível ter informações do que está

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ocorrendo no mercado, facilitando ao gestor escolher a atividade que apresenta melhores condições para o negócio; entender as condições dos recursos naturais da sua propriedade rural; e ainda, compreender quais culturas e criações encontram boas expectativas e se adaptam ao clima e ao solo presentes em sua propriedade (CREPALDI, 2012).

O conhecimento e a utilização de técnicas de gestão, nas atividades desenvolvidas em pequenas propriedades rurais, propiciam condições para que o gestor rural seja capaz de identificar, avaliar e planejar os resultados em cada etapa do processo produtivo, facilitando a avaliação das situações para se inserir no mercado competitivo (DORR et al., 2012). Assim, Favaretto (2014) destaca que é de suma importância que os gestores rurais saibam como gerenciar suas atividades para obter o máximo de resultados. Um sistema administrativo eficiente, aliado a um bom controle, planejamento e organização das atividades, proporcionará uma análise mais realista do processo produtivo e da propriedade como um todo.

Batalha et al. (2012) complementam reforçando a importância do planejamento e do controle na gestão do empreendimento rural. Em algumas propriedades, é possível perceber uma ampliação da capacidade de gestão dos produtores, principalmente no que se refere ao planejamento e controle das atividades. Nessas propriedades, os gestores têm facilidade em definir novos cenários, possuem uma visão realista do seu negócio e estabelecem limites para cada atividade de produção e comercialização. Porém, o que se encontra em muitas propriedades rurais é a dificuldade em se fazer o planejamento e o controle das atividades de forma organizada (BATALHA et al., 2012).

Diante desse contexto, em que se percebe que muitas propriedades apresentam dificuldades em gerenciar seu negócio de maneira eficiente. Paludo (2015) aponta que gerenciar uma propriedade rural não é uma tarefa fácil, pois exige conhecimento, informações técnicas, gerenciais e de instrumentos de gestão que vão muito além do gestor rural manter os dados apenas na memória e em anotações, porém, é indispensável mensurar a produção, a produtividade e o desempenho das atividades desenvolvidas em uma propriedade rural.

Portanto, para uma propriedade rural ter sucesso, ela depende totalmente do seu grau de gerenciamento, ligada as capacidades técnicas, administrativas, e ao bom uso dos recursos que estão à disposição (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2009). Complementando, Spies (2010, p.17), afirma que para uma propriedade ter sucesso,

É imprescindível que o agricultor familiar se profissionalize. Novas atividades produtivas e tecnologias requerem novas habilidades e competências; caso contrário, aumentam o risco. Melhorar a gestão das propriedades também é fundamental para

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acertar mais e errar menos nas decisões que devem ser tomadas pelo produtor. Quem não controla seu negócio não consegue administrar, e quem não planeja também não gerencia, não tem futuro, tem apenas destino. A melhoria da gestão deve ocorrer não apenas em relação à área de produção, mas também nas áreas de mercado, administração financeira e administração das pessoas na propriedade rural.

Dorr et al. (2012) aponta alguns controles e algumas ações, que os gestores devem levar em conta para alcançar o sucesso da atividade. Um dos controles é o patrimonial, sua finalidade é estabelecer condições adequadas para a gestão do ativo imobilizado, que provoca na análise de métodos factíveis à cultura e a realidade da propriedade rural, controlando a ação desenvolvida, constatando se as técnicas agrícolas recomendadas estão sendo aplicadas no tempo correto.

O segundo fator é controlar a apuração de resultados, que compreende em analisar os resultados alcançados na colheita ou beneficiamento dos produtos, identificando se obteve lucros ou prejuízos e analisando quais os motivos que fizeram com que o resultado obtido fosse diferente do esperado. O terceiro fator se refere à determinação do preço de vendas, e para se obter esse preço é preciso conhecer o custo do produto, o grau de elasticidade de demanda, os preços dos concorrentes, os preços de produto substituto, entre outros. O gestor deve ter muita atenção neste fator, pois o preço de venda deve ser um valor que cubra todos os custos envolvidos na produção, e ainda, sobrar um lucro líquido adequado (DORR et al., 2012).

E, por fim, o planejamento que é um item básico para o desenvolvimento da atividade econômica, compete a ele definir o quê produzir, fundamentando-se nas condições de mercado e dos recursos naturais da propriedade, também cabe a ele decidir o quanto produzir, considerando a quantidade de terra que possui, bem como o capital e a mão de obra que se pode utilizar, além de determinar a maneira como vai produzir, com base na tecnologia disponível (DORR et al., 2012).

É importante que os gestores fiquem atentos nesses fatores, pois garantir que a gestão da propriedade rural terá sucesso exige que o gestor rural possua clareza quanto os objetivos que se almeja, uma vez que o simples uso de instrumentos administrativos não afirma de fato o êxito da gestão. É necessário que as pessoas, os familiares envolvidos na atividade, façam o que deve ser feito, busquem as melhores escolhas para alcançar o que se deseja, com um bom controle, organização, planejamento e fundamento em dados e informações de qualidade (GODINHO, 2015).

Binotto; Nakayama e Siqueira (2013) elaboraram um estudo sobre a criação de conhecimento para a gestão de propriedades rurais no Brasil e na Austrália, neste estudo

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foram entrevistados produtores rurais do Brasil e da Austrália, e identificadas às posturas gerenciais, os conhecimentos, habilidades e competências dos produtores na gestão de cada propriedade rural. Os autores constataram que tanto no Brasil como na Austrália há a falta de hábito dos gestores rurais em formalizar os dados produtivos das propriedades, eles consideram desnecessário registrar. Os autores afirmam que os gestores não querem gastar tempo com procedimentos formais, dando mais relevância em desenvolver as atividades e em manter controles informais.

Ainda, Zanin et al. (2014) realizaram um estudo sobre gestão das propriedades rurais no Oeste de Santa Catarina, com o objetivo de identificar as características da estrutura e gestão das propriedades rurais. Neste estudo foram analisadas 210 propriedades rurais, dos municípios de Quilombo, Coronel Freitas e Cordilheira Alta. Em relação à estrutura, se verificou que 60% das propriedades rurais pesquisadas abrangem até 20 hectares, dos gestores rurais 84% têm mais de 40 anos de idade, e 72% possuem ensino básico incompleto. Logo, se referindo à gestão, os resultados apontam que apenas 28% das propriedades estudadas desenvolvem algum tipo de controle das atividades desenvolvidas, e somente 10% empregam um controle de caixa. Neste estudo, ainda se destaca a escassez de capacitação sobre gestão, e a falta de instrumentos de controle para gerir o negócio das pequenas propriedades rurais.

Em consonância, nota-se que a sobrevivência dessas pequenas propriedades rurais é muito questionável e preocupante, pois a maioria dos proprietários rurais possui pouco conhecimento e informação sobre gestão, o que dificulta a utilização de novas tecnologias e a tomada decisão de maneira empírica (KOMINKIEWICZ, 2015).

Um dos problemas existentes em muitas pequenas propriedades rurais é a baixa escolaridade dos familiares, isso dificulta o uso de tecnologias de informação e de comunicação na gestão rural. É comum os jovens agricultores deixar de estudar muito cedo, ou seja, não concluir o ensino médio, e muitas vezes estes jovens são os que gerenciam a propriedade rural, o que torna difícil analisar o desempenho da produtividade agrícola e, com isso, o acesso e o uso de novas tecnologias (DEPONTI, 2014).

Enfim, a falta de gerenciamento nos estabelecimentos rurais pode comprometer a lucratividade da atividade desenvolvida, causando o êxodo das famílias rurais e, com a saída dos jovens para os centros urbanos a procura de novas oportunidades de vida, ocasiona em mais trabalho para a família que continua na propriedade. Além disso, a ausência de conhecimento gerencial pode ainda, ocasionar em decisões incorretas, devido o não conhecimento dos resultados e não ter exatidão de todos os custos e despesas das atividades desenvolvidas (D´ ALMEIDA, 2013).

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Diante do exposto, se observa que a falta de gerenciamento pode ocasionar problemas para o gestor rural. Por isso, Bortolini (2010) ressalta a importância da administração rural. A disponibilidade de ferramentas gerenciais é essencial para os produtores entender seus sistemas produtivos. O autor, ainda, reforça a utilização de ferramentas gerenciais, destacando os indicadores de desempenho e os sistemas de custeio.

2.1.3 Processo produtivo na pequena propriedade rural

O processo produtivo de uma propriedade rural corresponde a um conjunto de acontecimentos e ações por meio dos quais os elementos de produção se transformam em produtos vegetais e animais. Também, é uma forma de organizar a terra para plantar, cuidar e colher, com o propósito de produzir alimentos para o sustento do ser humano e do animal (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2009).

Na pequena propriedade rural a organização do processo produtivo é a própria família que realiza, pois os gestores rurais priorizam uma produção diversificada, com a finalidade de se ter um melhor aproveitamento da área de terra e da composição da mão de obra familiar, justamente pelo fato de obter maior renda para os proprietários (BELTRANE; PEREIRA, 2017).

Os fatores de produção de uma propriedade rural é a terra, o capital, e o trabalho. A terra é o fator mais importante, pois é nela que se aplicam os capitais e se trabalha para conseguir ter produção. O capital é um conjunto de bens aplicados sobre a terra com o propósito de se ter maior produtividade, e simplificar e aperfeiçoar a qualidade do trabalho humano. O ultimo fator é o trabalho que corresponde a um conjunto de atividades exercidas pelo ser humano (CREPALDI, 2012).

Nas propriedades rurais, o processo produtivo possui algumas fases, como:

- Operações agrícolas: corresponde ao preparo do solo, onde é preparada a terra para a plantação, realizada a limpeza, roçada, drenagem, entre outros elementos;

- Plantio: refere-se à plantação de mudas, semeadura, planta do pasto, milho etc; - Adubação: é onde se faz a adubação de cova, do solo, adubo foliar e cobertura;

- Tratamento fitossanitário: corresponde ao controle de formiga, tratamento da terra e das sementes;

- Irrigação: se refere ao transporte de água para a plantação; - Cultivo manual: diz respeito à limpeza, roçada, e capina;

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- Cultivo químico: trata da aplicação de herbicida que é um produto químico utilizado na agricultura para o controle de ervas classificadas como daninhas;

- Poda das plantas; - Colheita dos produtos;

- Aplicação de hormônio, erradicação de plantas doentes, entre outras operações (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2009).

No processo produtivo, cabe ao gestor definir o que produzir, fundamentando-se no mercado e nos recursos naturais de sua propriedade rural. Igualmente, quanto produzir baseando-se na quantidade de terra disponível; também é importante decidir como vai produzir; a tecnologia que vai ser utilizada, ou seja, se vai mecanizar ou não a plantação; definir o tipo de adubo que vai ser utilizado; como será eliminado com as pragas e doenças; entre outros (CREPALDI, 2012).

No mesmo entendimento, Venhofen e Sachet (2014) argumentam que os gestores das pequenas propriedades rurais têm grande compromisso com as atividades desenvolvidas, pois além de entender sobre os aspectos econômicos, eles precisam ter conhecimento e habilidades sobre as atividades que estão desenvolvendo. É crucial para um gestor rural, primeiramente, saber o quê; quanto e como produzir, isso é importantíssimo para que as práticas agrícolas sejam desenvolvidas de maneira correta. Além disso, é fundamental para um gestor controlar a época que é mais apropriada para produzir determinada cultura e após avaliar os resultados alcançados, verificando se há a necessidade de alteração nas próximas safras.

Silva e Bus (2011) complementam que para que de tudo de certo no processo produtivo de uma propriedade rural é necessário que a produção seja planejada, pois se ela não é planejada, pode enfrentar fortes riscos de insucesso ou de ineficiência. Ao se planejar, a produção passa a se ter um bom andamento do processo. Quando é uma propriedade agrícola ou pecuária, por exemplo, alguns fatores devem ser analisados, como a mensuração do que; e quanto produzir; em que época; a aquisição da matéria prima; a demanda e mercado; entre outros fatores (SILVA; BUSS, 2011).

Diante disso, Britto (2011) destaca que os gestores rurais precisam ter habilidade e capacidade para produzir seus produtos e desenvolver suas atividades, mas, para isso é necessário que o gestor conheça detalhadamente as características e as inter-relações inerentes a cada atividade. Ainda, o autor argumenta que isso tudo será possível através do domínio do homem sobre todo o processo de produção.

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2.2 ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA LEITEIRA

Uma das principais atividades desenvolvida nas propriedades rurais é a atividade leiteira, a qual é fundamental para a economia do Brasil. Por isso, quando bem gerenciada, pode gerar retorno satisfatório para os gestores (Dal Magro et al., 2013).

A pecuária leiteira é caracterizada como uma atividade zootécnica. Todavia, a atividade leiteira depende da atividade agrícola. Marion (2012, p. 19) descreve a pecuária como a “arte de criar e tratar o gado”.

A atividade leiteira coaduna vários elementos que proporcionam o desenvolvimento para os produtores rurais, pois a partir da venda do leite possibilita renda mensal para a agricultura familiar, além de outras receitas que se pode obter, como a possibilidade da venda dos animais de descarte, que não reproduzem mais (SILVA, 2015).

Na mesma visão, Versa (2012) complementa que a produção de leite é uma das atividades que proporciona renda mensal as famílias produtoras, colaborando com recursos para pagamento das despesas, custos, com as necessidades constantes dos processos de produção e com os gastos com o sustento familiar. A produção de leite, deste modo, constitui uma atividade âncora para os produtores, uma vez que tem a capacidade de segurar as famílias no campo, evitando assim o êxodo rural (VERSA, 2012).

Eurich (2016) enfatiza que esta produção representa um papel importante para o desenvolvimento econômico de muitos países, uma vez que possibilita a existência do homem no campo, pois permite a migração das pessoas do meio urbano para o meio rural, diminuindo as áreas urbanas, e consequentemente, gerando menores índices de desemprego.

No Brasil o setor de produção de leite apresenta algumas oportunidades, como:

1. Potencial de aumento das exportações e seu efeito indireto no equilíbrio de preços (exemplo: o leite condensado).

2. Acesso a mercados protegidos: pressão nos fóruns competentes, questionamento sobre a existência dos subsídios, promoção de acordos sanitários com países promissores e tendência do fim dos subsídios à cadeia do leite na Europa (aproximadamente 10 anos).

3. Melhoria do cenário macroeconômico com boa fase do crescimento econômico: investimentos nacionais/internacionais, renda crescente, expansão do consumo interno, aumento das exportações e taxa de câmbio estável. [...] (Neves, 2005, p. 131 apud Torres; Lima, 2012, p. 5).

Por mais que a produção de leite proporciona algumas oportunidades, também apresenta desafios, pois as propriedades rurais dependem das empresas de lacticínios para vender a produção leiteira. Torres e Lima (2012, p. 4) argumentam que as propriedades produtoras de leite possuem “dependência do laticínio, devida à falta de equipamentos

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necessários para o tratamento do leite e a falta de conhecimento do mercado exterior, que impossibilita a entrada do país no mercado estrangeiro”.

Cenci (2017) complementa que muitas propriedades rurais brasileiras, com produção de leite, apresentam algumas restrições, como a falta de acompanhamento da atividade, o baixo serviço de assistência técnica, a carência de um programa de incentivo ao gestor, principalmente quando se tem dificuldades no desenvolvimento da atividade, ausência de políticas para a melhoria da qualidade do leite e a falta de capacidade gerencial.

Ainda, D`Almeida (2013) aponta alguns problemas que prejudicam o crescimento da atividade leiteira, pois em muitas propriedades rurais os custos de produção são elevados, o preço recebido pelo litro de leite é baixo, há pouca infraestrutura, a saída dos jovens da propriedade, ocasionando em redução da família para desenvolver as atividades, a carência de mão de obra, e a falta de conhecimento do gestor para gerenciar a propriedade.

Embora, D´Almeida (2013) afirmar que alguns problemas afetam o desenvolvimento da atividade leiteira nas propriedades rurais, se observa que a produção de leite é uma atividade que pode trazer bons retornos financeiros para os gestores rurais. Porém, é necessário o esforço do produtor, através do uso de ferramentas administrativa, agregando valor à matéria-prima, não mais comerciando insumos, mas sim obtendo produtos finais, os gestores rurais podem ir além do básico e oferecer produtos industrializados naturais e extraídos completamente da agricultura, onde o produtor mesmo faz o manejo, para se chegar até o consumidor final.

Assim sendo, no Gráfico 2, se observa o crescimento da produção leiteira e o número de vacas ordenhadas no Brasil nos anos de 1974 a 2016.

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Gráfico 2: Crescimento da produção de leite e do número de vacas ordenhadas no Brasil de 1974 a 2016.

Fonte: Adaptado de IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal (2016).

Com base nos dados apresentadas no Gráfico 2, é possível perceber como a atividade leiteira vem evoluindo no Brasil, sendo o principal fator o volume de leite produzido. No ano de 1974, o volume produzido foi 7.101.261 mil litros, enquanto que em 2016, foram produzidos 33.624.653 mil litros. Logo, o número de vacas ordenhadas foi menos significativo, que o volume de leite produzido.

Da mesma forma que a produção de leite evoluiu no Brasil nos últimos anos, também teve destaque de crescimento nas regiões do Brasil, com destaque a região Sul e Norte, como se observa no Quadro 3.

Quadro 3: Produção de leite no Brasil e nas grandes regiões, de 2010 a 2016.

Variável - Produção de origem animal (Mil litros) Tipo de produto de origem animal – Leite Brasil, Grande Região Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1 Brasil 30.715.460 32.096.214 32.304.421 34.255.236 35.124.360 34.609.588 33.624.653 2 Sul 9.610.739 10.226.196 10.735.645 11.774.330 12.211.453 12.319.387 12.457.744 3 Sudeste 10.919.686 11.308.143 11.591.140 12.019.946 12.130.275 11.896.022 11.546.087 0 5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 30.000.000 35.000.000 40.000.000 1 9 7 4 1 9 7 5 1 9 7 6 1 9 7 7 1 9 7 8 1 9 7 9 1 9 8 0 1 9 8 1 1 9 8 2 1 9 8 3 1 9 8 4 1 9 8 5 1 9 8 6 1 9 8 7 1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6

Produção de leite e o número de vacas ordenhadas no Brasil de 1974 a 2016.

Referências

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