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A formação continuada do professor polivalente: a educação física em debate

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

MARIELA DE ABREU DE MELLO

A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR POLIVALENTE:

A EDUCAÇÃO FÍSICA EM DEBATE

Ijuí (RS), 2016

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MARIELA DE ABREU DE MELLO

A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR POLIVALENTE:

A EDUCAÇÃO FÍSICA EM DEBATE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Educação Física do Departamento de Humanidades e Educação (DHE), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Educação Física.

Professora Orientadora: Ma. Fabiana Ritter Antunes

Ijuí (RS), 2016

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A banca examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso:

A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR POLIVALENTE: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM DEBATE

Elaborada por

MARIELA DE ABREU DE MELLO

requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Educação Física

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Professora Ma. Fabiana Ritter Antunes (Orientadora)

___________________________________________________ Professor Dr. Sidinei Pithan da Silva (Examinador Titular)

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foianalisar as percepções acerca da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de duas professoras de uma escola estadual da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul-RS. Para tanto, foi realizada uma pesquisa com duração de três meses, com encontros semanais, com o objetivo de problematizar e refletir sobre o papel da Educação Física nos anos iniciais. Contamos com um questionário inicial e um questionário final. Utilizou-se, ainda, um memorial acerca das lembranças de movimento nos Anos Iniciais. A pesquisa consistiu num estudo descritivo, com abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. Verificou-se que as professoras polivalentes apresentam dificuldade e receio em relação à especificidade da Educação Física, e que isso influencia na prática pedagógica. Palavras-chave: Anos Iniciais. Educação Física. Reuniões colaborativas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 5

1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ... 7

1.1 Legitimidade e especificidade da Educação Física escolar... 8

1.2 As leis que legitimam a prática da Educação Física na escola ... 10

1.3 As aulas de Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental ... 12

2 FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR POLIVALENTE ... 14

2.1 Reflexões sobre currículo e o ato de planejar ... 18

3 CAMINHO METODOLÓGICO ... 21

3.1 Abordagem da pesquisa... 21

3.2 Tipo de pesquisa ... 21

3.3 Contexto da pesquisa ... 21

3.4 Sujeitos da pesquisa ... 22

3.5 Instrumentos e procedimentos de pesquisa ... 23

3.6 Análise e Interpretação das Informações ... 23

3.7 Aspectos éticos da pesquisa ... 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 24

4.1 Concepções iniciais sobre a Educação Física ... 24

4.2 Foco nos conteúdos ... 25

4.3 Atuação permanente ... 27

4.4 Inovações metodológicas ... 28

CONCLUSÃO ... 30

REFERÊNCIAS ... 31

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INTRODUÇÃO

Discorrer sobre o campo da Educação Física escolar, bem como sua especificidade, é refletir também sobre a formação continuada desse profissional. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo geral analisar as mudanças a partir das reuniões colaborativas, com duas professoras polivalentes de uma escola da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul-RS

O estudo apresenta, também, alguns objetivos específicos, que são: a) a partir das reuniões colaborativas analisar os aspectos que dificultam o desenvolvimento de conteúdos da Educação Física por parte das professoras polivalentes; b) compreender se as reuniões colaborativas provocam mudanças nas professoras polivalentes; c) discutir a função e os objetivos da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental; e, ainda d) Explicar uma Unidade Didática a partir da escolha de um tema elencado pelas professoras polivalentes para o ensino da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

A realização da pesquisa se justifica pela importância que as reuniões colaborativas representam para o grupo, especialmente na troca de conhecimentos, na atualização vinculada à pesquisa e na integração entre os participantes. E, também, pela importância da reflexão sobre a prática docente, juntamente com o preparo profissional frente ao processo de ensino e aprendizagem.

Atualmente, a realidade das aulas de Educação Física nos Anos Iniciais consiste em recreação, um espaço para atividades livres, de “brincadeiras”, em que a grande maioria das meninas opta pela “corda”, e os meninos pela “bola”, enfim, alunos escolhendo livremente o que mais lhes agrada fazer.

A responsabilidade da aula de Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental não é do aluno, pelo contrário, é do professor e, neste caso, na realidade desta escola, é do professor polivalente ou ainda do professor licenciado em Educação Física. Destaca-se, portanto, a finalidade da realização deste estudo, que busca entender e refletir sobre os resultados que as reuniões tiveram na prática do professor polivalente.

Por isso, as reuniões colaborativas se configuram numa estratégia para reverter essa realidade na busca pela formação, uma vez que as aulas de Educação Física

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ministradas por professores polivalentes1 devem ocorrer a partir de um objetivo, a fim de auxiliar na formação autônoma do sujeito.

A presente pesquisa está dividida em quatro capítulos, sendo que o primeiro discute sobre a Educação Física Escolar, e apresenta três grandes eixos: legitimidade e especificidade da Educação Física escolar; as leis que legitimam a prática da Educação Física na escola; e as aulas de Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Já o segundo capítulo refere-se à formação continuada do professor polivalente, tendo como eixo norteador as reflexões sobre o currículo e o ato de planejar. O terceiro capítulo apresenta o percurso metodológico, enquanto o quarto capítulo contempla os resultados e as discussões da pesquisa, dividido em Antes e Depois, que relatam o pensamento a respeito da Educação Física antes e depois das reuniões colaborativas. A conclusão, finalmente, faz uma reflexão de todo o andamento do estudo e dos caminhos que o mesmo deixou.

1 Segundo Cruz e Batista Neto (2012), o termo polivalente caracteriza um profissional que trabalha em diversas áreas, exercendo várias funções.

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1 EDUCAÇÃO FÍSICAESCOLAR

A escola foi criada para que os conhecimentos fossem compartilhados entre todos e para garantir a cidadania plena a todos os sujeitos. É nesse ambiente escolar que a educação se vincula a diversas culturas, realidades sociais que vão constituindo o indivíduo.

Neste sentido, González e Fraga (2012) ressaltam que a escola possui tarefas específicas, tendo como meta principal garantir o conhecimento das conquistas sociais, bem como as mudanças históricas da sociedade.

A escola permite vivenciar e discutir a existência de diversas culturas, estimulando o conhecimento e a organização da sociedade. Na escola, os sujeitos têm a oportunidade para abordar “a cultura do senso comum de forma criativa e reflexiva [...]”, (GONZÁLEZ; FRAGA, 2012, p. 16) e, assim, participar do mundo de forma autônoma.

Da mesma maneira, González e Fraga (2012, p. 17) afirmam que “a escola pode e deve fazer pelo educando o que talvez nenhuma outra instituição possa fazer por ele, que é apresentá-lo aos modos de representar e compreender o mundo”.

Para que isso seja possível, contudo, a escola, juntamente com os profissionais da Educação, devem se perguntar como é possível transmitir, compartilhar e discutir tais conhecimentos, com responsabilidade e comprometimento. Juntamente com a escola são traçados objetivos educacionais a partir das necessidades concretas da comunidade na qual os alunos se encontram.

Por outro lado, selecionam-se os conteúdos a partir dos conhecimentos científicos e culturais essenciais, proporcionando apropriação dos conhecimentos, análise, construção e reconstrução. O ensino escolar consiste na utilização de todos os meios que possibilitem a apreensão crítica dos conhecimentos.

Pode-se afirmar, também, que se trata da aplicação de diferentes métodos no processo ensino-aprendizagem, cabendo ao professor mediar com aquele que acredita ser o mais adequado, produtivo, enfim, que vai auxiliar na aprendizagem dos alunos.

A avaliação do professor visa à formação da consciência crítica e à sistematização dos conceitos, uma vez que se trata de uma ferramenta de análise do educador, ou seja, não é apenas um instrumento avaliativo de seus alunos, mas também do seu próprio trabalho.

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A escola torna-se, então, importante para a comunidade, pois oferece ensino a todos, sem distinção. Para tanto, encontra-se organizada de tal modo que bem relacione seus múltiplos aspectos: pedagógico, administrativo e financeiro.

Com isso, a escola cria seus objetivos principais na formação desses sujeitos, capazes de produzir a democratização da sociedade, e introduzi-los no mundo sociocultural que a humanidade tem construído, a fim de que possam se incluir na reconstrução de um mundo novo. Necessitam, portanto, de novas ideias, condições materiais, sociais, políticas e culturais, com vistas a assumir uma nova direção na sociedade.

É importante, também, considerar o intuito da Educação Física neste espaço escolar para que esse ensino se volte à sua especificidade, a fim de contemplar o seu real significado.

1.1 Legitimidade e especificidade da Educação Física escolar

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), a Educação Física escolar tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento. “Mas, além disso, a Educação Física deve considerar a dimensão cultural, social, política e afetiva, presentes no corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como cidadãos” (BRASIL, 1997, p. 22). Ou seja, atender a cultura, a dimensão social e afetiva dos sujeitos é importante para a intervenção do conhecimento na prática diária no ambiente escolar, então a Educação Física mostra-se muito importante nas esferas de conhecimento citadas, pois:

Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. (BRASIL, 1997, p. 23).

Existem vários discursos sobre a Educação Física, como da aptidão física, da aprendizagem motora, desenvolvimentista, construtivista, superadora, crítico-emancipatória, saúde renovada, entre outros. Um deles é o da Cultura Corporal de Movimento que, segundo Bracht (1999), refere o ato de se movimentar não apenas para reproduzir movimentos, mas também para vincular a cultura como forma de

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comunicação com o mundo em que se vive. O autor afirma que: "[...] nem movimento sem pensamento, nem movimento e pensamento, mas, sim, movimento pensamento” (BRACHT, 1999, p. 54).

Sendo assim, a Cultura Corporal de Movimento se baseia na seguinte ideia:

[...] a Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma concepção mais abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal. É fundamental, também, que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação Física escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. (BRASIL, 1997, p. 24).

A Educação Física pode participar neste processo mediante a criação de ambientes favoráveis para alguém se tornar, realmente, autônomo, ou seja, capaz de construir seu próprio pensamento, desenvolvendo suas potencialidades de forma crítica. A Educação Física, apesar de ser uma atividade essencialmente prática, pode oferecer oportunidades para a formação do homem consciente, crítico, sensível à realidade que o envolve.

A característica essencial da Educação Física é o movimento. Não há Educação Física sem o movimento humano, o que a distingue das demais disciplinas. Os seus elementos são a ginástica, as lutas, o jogo, o esporte, as expressões corporais, entre outros. A Educação Física, enquanto educação, não procura o rendimento, mas sim uma prática que ajude o indivíduo a encontrar o seu melhor aproveitamento, respeitando as suas individualidades. A tarefa educacional não se resume ao exercício de ensinar. Ensinar, portanto, é um meio, e não um fim.

Conforme González e Fraga (2012), para romper com a lógica centrada no desempenho físico-esportivo e orientar a prática de ensino de acordo com a função social da escola, foi preciso tornar visível parte do legado a ser transmitido pela Educação Física e assumir a sua condição de matéria de ensino, de componente curricular. Explicitar, portanto, o conjunto de saberes sobre o mundo que lhe diz respeito para, então, sistematizar o que deve ser estudado pelos alunos da escola.

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Esta tarefa não é fácil para os professores de Educação Física, pois ainda há muita resistência por parte dos alunos e também de outros professores sobre os afazeres da Educação Física no âmbito escolar.

É preciso criar possibilidades, práticas sociais vinculadas ao lazer e à saúde, bem como atividades na natureza que resgatem valores, como: cooperação, integração, formação do caráter, respeito, cidadania, entre outros.

A escola tem a responsabilidade de possibilitar o acesso a conhecimentos específicos da Educação Física, a fim de que o aluno construa seus próprios conhecimentos, participando e estabelecendo relações com as práticas sociais, ou seja, com seu próprio senso crítico diante de suas aprendizagens.

Essa responsabilidade que a escola tem de acesso ao conhecimento está pautada em leis e diretrizes que dão sustentação a esse conhecimento, tornando-o singular em toda rede de ensino.

1.2 As leis que legitimam a prática da Educação Física na escola

Conforme consta na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, todos os cidadãos têm direitos e garantias fundamentais, dentre os quais está elencada a educação: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, p.1).

Diante disso fica explícita a responsabilidade do Estado, da família e da sociedade em garantir a educação de forma geral. Outras leis organizam e definem a Educação Física, porém, enfatizam os níveis de escolaridade e seus componentes curriculares, como se pode notar a seguir na apresentação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996, art. 26, parágrafo 3º):

A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno (redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); II – maior de trinta anos de idade (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969 (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); V – (VETADO) (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003); VI – que tenha prole (incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003). (BRASIL, 1996).

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A Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação elaborou um documento chamado Base Nacional Comum Curricular (BNCC)2, que reforça o que já foi mencionado. Como é de responsabilidade da Educação Física tratar das práticas corporais de movimento como algo a desenvolver o sujeito de forma crítica e autônoma, o documento BNCC está organizado em forma de ciclos, os quais abrangem o Ensino Fundamental e redigem claramente os objetivos desse componente curricular. Deixa claro, assim, os conteúdos e as práticas corporais que devem ser organizadas e trabalhadas nos diferentes níveis de ensino:

Dessa forma, a referência central para a estruturação dos conhecimentos em Educação Física na Base Nacional Comum Curricular são as práticas corporais. Elas estão organizadas nesse documento com base nas seguintes manifestações da cultura corporal: brincadeiras e jogos, esportes, exercícios físicos, ginástica, lutas, práticas corporais alternativas, práticas corporais de aventura, práticas corporais rítmicas. (BRASIL, 2016, p.96).

Nessa perspectiva, é preciso trabalhar o conteúdo mencionado, formulando, ensaiando, sistematizando e compartilhando conhecimentos com os estudantes a fim de evitar que ocorra a simples reprodução dos movimentos.

De acordo com a BNCC, os objetivos específicos do componente curricular Educação Física foram organizados em cinco ciclos. Com relação ao foco da pesquisa, os Anos Iniciais do Ensino Fundamental estão organizados em dois ciclos (1°, 2°, 3° anos; 4° e 5°anos), sendo as brincadeiras e jogos, esportes, ginástica e práticas corporais rítmicas os temas principais a serem trabalhados.

Como se pode notar há muitas leis, diretrizes e bases curriculares que apoiam e organizam a Educação Física como componente curricular obrigatório e essencial no desenvolvimento do sujeito nas diversas modalidades de ensino. Essas leis estão organizadas em cada nível de ensino, buscando estabelecer formas estruturadas para auxiliar na prática educativa.

No item que segue busca-se discutir a respeito das aulas de Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

2 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento descritivo de conteúdos e saberes necessários para cada ano e segmento da Educação Básica, que está sendo discutido e organizado, aguardando aprovação.

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1.3 As aulas de Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

As aulas de Educação Física num amplo pensamento vêm se reestruturando ao longo dos tempos. Sua função no espaço escolar é bastante discutida e, apesar disso, ainda existem algumas dúvidas como, por exemplo, se a Educação Física nos Anos Iniciais consiste em jogar bola? Se é recreação? É pracinha? É pular corda?

Tais questões estão sendo fortemente discutidas quando se fala em Educação Física escolar, principalmente nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, infelizmente, o professor regente de turma das escolas estaduais costuma não ter formação específica na área da Educação Física.

Segundo González e Schwengber (2012), a disciplina de Educação Física passa a ser vista como algo vinculado a outras disciplinas, perdendo a sua especificidade, o que dificulta e restringe o seu verdadeiro sentido, pois é vista como um passatempo na escola. O que esperar, então, dos professores dos Anos Iniciais que, na maioria das vezes, não possuem outra formação se, muitas vezes, nem o próprio profissional formado na área cumpre com a verdadeira legitimidade do componente Educação Física?

Acredita-se que é por isso que há uma incoerência no real papel da Educação Física apesar da LDB de 1996 afirmar que é um componente curricular que deve estar integrado à prática pedagógica da escola. Sendo assim, quais conhecimento se conteúdos devem fazer parte da Educação Física nos Anos Iniciais?

Conforme González e Schwengber (2012, p. 23),

a Educação Física nos Anos Iniciais se organiza em pelo menos três diferentes dimensões de conhecimento: as possibilidades do se movimentar humano, as Práticas Corporais Sistematizadas vinculadas ao Campo do Lazer e a promoção da saúde e as Estruturas e Representações Sociais [...].

Os saberes que se referem às três dimensões são as seguintes: quanto à primeira, a criança tem a possibilidade de aumentar seu conhecimento sobre o corpo, bem como seus movimentos; a segunda está vinculada ao lazer e à promoção da saúde; e a última seriam as representações sociais que se vinculam ou não às práticas corporais.

O Quadro 1, a seguir, permite uma melhor compreensão das dimensões dos saberes da criança.

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Quadro 1. Dimensões dos saberes da criança Possibilidades do movimentar-se Práticas corporais sistematizadas Representações sociais sobre a Cultura Corporal de Movimento Conhecimento do próprio corpo Ginástica Acrobacias Exercício físico Práticas corporais e sociedade Habilidades motoras básicas

Danças Práticas corporais e saúde

Expressão e

comunicação pelo gesto e movimento

Jogos tradicionais e populares

Formas de jogar (com e sem interação com adversário)

Fonte: adaptado de González e Schwengber (2012).

Nesse sentido, a Educação Física como componente curricular tem o dever de oportunizar à criança a construção do conhecimento a partir do desenvolvimento motor. Cria, assim, oportunidades do se-movimentar, dando um significado às práticas, bem como um outro sentido ao movimento e às novas possibilidades de aprendizagem.

Um novo sentido pode ser dado a essas aprendizagens, especialmente por intermédio das formações continuadas que lhe dão um suporte significativo, buscando auxiliar o profissional nas mudanças que acontecem no ensino, a fim de que se mantenha atualizado.

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2 FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR POLIVALENTE

Antes de falar em formação continuada, vale lembrar que a formação inicial do professor polivalente, no Brasil, se dá no Ensino Médio, na modalidade chamada Curso Normal3, e a nível superior com o curso de Pedagogia.

O professor, como futuro profissional polivalente, deve desempenhar ações nas diferentes áreas da linguagem, tanto no nível da Educação Infantil como nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, conforme consta nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Pedagogia, que englobam:

[...] decodificação e utilização de códigos de diferentes linguagens utilizadas por crianças, além do trabalho didático com conteúdos pertinentes aos primeiros anos de escolarização, relativos à Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, Artes, Educação Física. (BRASIL, 2006, p. 3).

Por mais que haja documentos que descrevem o perfil desse profissional, os cursos de capacitação aparentam não dar conta de capacitá-lo para atuar no componente curricular Educação Física.

Pode-se perceber no Quadro 2, a seguir, que dos 207 créditos ofertados no curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) – universidade localizada no município onde foi realizada a pesquisa – somente um tem o foco na Educação Física, razão da dificuldade dos professores polivalentes ministrarem uma aula de Educação Física.

Quadro 2. Créditos ofertados pelo curso de Pedagogia da Unijuí/RS

Disciplina Créditos

Educação Brasileira 4

Filosofia e Educação I 4

Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira 4

Introdução à Pedagogia 5 Pesquisa em Educação 4 Sociologia e Educação I 4 Arte – Educação 4 Didática e Pedagogia 5 Educação Escolar 4

História da Educação e da Pedagogia 4

Leitura e Produção Textual 4

Linguagem Musical 4

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Disciplina Créditos

As Áreas de Conhecimento na Educação Infantil e Anos Iniciais 4

Educação Física na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental 5

Educação na Diversidade 4

Infância e Educação Infantil I 5

Meio Ambiente e Sustentabilidade 4

Psicologia da Infância e da Adolescência 4

Didática da Alfabetização 5

Filosofia e Ética 4

Infância e Educação Infantil II 5

O currículo das áreas de conhecimento na Educação Infantil e nos Anos Iniciais 4

Prática de Ensino Interárea: Ensino Fundamental 4

Processos de Aprendizagem e Desenvolvimento Cognitivo 4

Ciências da Natureza na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I 4

Ciências Humanas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I 4

Docência e Mediação 4

Estágio: Currículo e Docência na Educação Infantil 6

Língua Portuguesa e Literatura na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino

Fundamental I 4

Matemática na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I 4

Ciências da Natureza na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental II 2 Ciências Humanas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental II 2

Cultura Digital na Educação 2

Estágio: Currículo e Docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 6

Libras 2

Língua Portuguesa e Literatura na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino

Fundamental II 2

Matemática na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental II 2

Optativa I 4

Princípios e Métodos da Educação Escolar 4

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso 2

Estágio: Gestão dos Processos Educativos 4

Filosofia e Educação II 4

Optativa II 4

Pedagogia e Antropologia 5

Políticas, Estrutura e Gestão da Educação Básica 4

Sociologia e Educação II 4

Educação de Jovens e Adultos 5

Estágio Ensino Médio - Modalidade Normal e na Educação Profissional 4

Optativa III 4

Pedagogia nas Perspectivas Atuais 4

Práticas Educativas em Espaços não Escolares 5

Trabalho de Conclusão de Curso (Pem) 4

Fonte: dados da pesquisa (2016).

Acredita-se, portanto, que a formação continuada vinculada à formação colaborativa promove a reflexão e a pesquisa, bem como o desenvolvimento desse profissional, que levará a resultados cada vez mais eficientes das práticas educativas.

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É importante, contudo, constatar a acuidade da formação continuada no decorrer da carreira profissional dos professores, pois como já foi destacado, ela não está acabada no momento em que se recebe o diploma de formando, pelo contrário, nesse momento a sua formação está apenas começando.

Com base em Ferreira, Santos e Costa (2015), a formação continuada vem se transformando, ou se reelaborando ao longo das décadas, assim como a educação, inicialmente voltada ao modelo, em que o importante era apenas a transmissão de conteúdos, passando pela formação mais produtiva, onde os professores formavam pessoas para o mercado de trabalho.

Nos anos 80 começou-se a compreender a escola como um espaço de transformações sociais. Assim, na década de 90 e também na atualidade, o pensamento está voltado ao docente, ao seu trabalho no âmbito escolar, nas dificuldades enfrentadas nesse espaço, tanto no currículo, com os gestores, como com os sujeitos em sala de aula.

Essa discussão se torna muito importante quando se percebe a quantidade de desafios que são esperados ao longo da profissão, e que apoio, valorização, ou um espaço reservado à pesquisa e troca de experiências são essenciais para auxiliar na prática pedagógica.

Desta maneira, Ferreira, Santos e Costa (2015, p. 8) sugerem que

na medida em que se pretende que o professor desenvolva a responsabilidade e a autonomia para gerir o processo de desenvolvimento profissional, a formação deve partir da motivação pessoal do professor, pois a possibilidade de atenção às suas necessidades profissionais serão ampliadas. É necessário, também, que a formação continuada esteja associada à promoção na carreira com correspondentes benefícios financeiros e promoção profissional dos professores.

Então, por que não pautar essa formação continuada na seguinte questão: Quais dificuldades o professor polivalente enfrenta no ambiente escolar? E, consequentemente, nas aulas de Educação Física?

Este é um ótimo ponto de partida levando em conta a motivação pessoal, pois muitos são os desafios do professor nessa realidade, desde a falta de apoio da equipe pedagógica até a falta de reconhecimento da Educação Física como um componente curricular importante e não um passatempo recreativo.

Desta forma, Bonfim, Silva e Maldonado (2014, p. 138) destacam que “o cotidiano escolar é estruturado por um ambiente extremamente complexo”. E, por

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isso, o professor se depara com diversos fatores que estão envolvidos no seu trabalho, os quais podem contribuir negativa ou positivamente na realização das suas aulas.

Mas, quem é esse professor polivalente que está inserido neste ambiente complexo, com tantos desafios a serem superados? Como já apresentado anteriormente, trata-se daquele profissional que trabalha nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, devido à sua capacidade de ministrar aula nas diferentes áreas do conhecimento que compõem o currículo dos Anos Iniciais.

Segundo Cruz e Batista Neto (2012), o termo polivalente se caracteriza por um profissional que trabalha em diversas áreas. Sendo assim, o professor dos Anos Iniciais é visto como tal, pois exerce várias funções.

Talvez por isso seja tão difícil dar conta da demanda de conteúdo se das funções da Educação Física, pois os Anos Iniciais exigem o domínio de todas as áreas do conhecimento. Sendo assim, as áreas da Língua Portuguesa e da Matemática acabam sendo mais trabalhadas, enquanto as aulas de Educação Física, por exemplo, ficam num segundo plano.

Por outro lado, essa “polivalência” exige atualização e formação constantes, e é neste contexto que a formação colaborativa se encaixa dentro de um programa de formação continuada com o objetivo de auxiliar e colaborar na prática cotidiana.

A formação continuada não deve, preferencialmente, ser realizada de forma individual, pois o conhecimento adquirido em grupo se torna mais significativo, ou seja, a formação colaborativa proporciona um espaço de troca de experiência mais significativo. Conforme Nóvoa (2002, p. 28), o estudo realizado por meio da formação continuada consiste em:

[...] um processo de escuta, de observação e análise que se desenvolve no seio de grupos e equipes de trabalho exige tempo e condições que talvez não existe nas escolas, sugere uma relação forte entre as escolas e o mundo universitário, por razões teóricas e metodológicas, mas também por prestígio e credibilidade, implica formas de divulgação pública dos resultados.

A formação colaborativa, entendida como algo realizado em grupo e não individual, proporciona aprendizagem em comum acordo, conforme Justo e Giusti (2014, p. 86): “[...] cada um pode aprender com o outro, o que pode levar a compartilhamento de evidências, informações e busca de soluções para os problemas enfrentados”, o que é entendido por colaborar.

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Dessa maneira, a formação colaborativa surge para auxiliar essas demandas no cotidiano docente. Nóvoa (2002, p. 38) afirma que “Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios [...]”. Assim, a formação colaborativa oportuniza que o participante, ao mesmo tempo em que é formador de opinião, é formado pelo outro sujeito participante. A ideia de não ser apenas um espectador, mas mediador do seu próprio conhecimento é primordial na formação colaborativa.

Diante dessas considerações é possível alcançar bons resultados, mesmo que não imediatos, de melhoria dos planejamentos didáticos, além de benefícios aos educadores ao refletir sobre novas estratégias de ensino. Ademais, a positividade que a formação continuada proporciona, simplesmente por dar oportunidade a discussões sobre as angústias de ser professor na atualidade.

Acredita-se, então, que a reflexão sobre o planejamento e currículo veem para colaborar com a atuação docente, visto que o ato de planejar o currículo envolve muito conhecimento por ser complexo, tema que será refletido a seguir.

2.1 Reflexões sobre currículo e o ato de planejar

O currículo é algo considerado complexo e, por essa razão, é discutido sob diversos pontos de vista. Tal prática, segundo Gimeno (2000), é vista como algo que colabora com a mudança do ensino, refletindo sobre os conteúdos, as aprendizagens, a organização social, bem como a missão da escola. Por ser complexo remete a pensar diversas vezes e também a mudar constantemente as opiniões, já que são na maioria das vezes refletidas em grupos. Essa reflexão se dá nos diferentes ambientes do ensino, colaborando com a organização do currículo.

O currículo relaciona-se com a instrumentalização concreta que faz da escola um determinado sistema social, pois é através dele que lhe dota de conteúdo, missão que se expressa por meio de usos quase universais em todos os sistemas educativos, embora por condicionamentos históricos e pela peculiaridade de cada contexto, se expresse em ritos, mecanismos, etc., que adquirem especificidade em cada sistema educativo. (GIMEMO, 2000, p. 15).

A escola, como um espaço social e educativo, realiza inúmeras atividades com a intenção de colaborar significativamente com a formação do sujeito. Para que isso aconteça devem-se organizar metas em diferentes níveis e modalidades para, posteriormente, traçar estratégias reais de ensino.

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Desta forma, o currículo entra como uma forma de organização dessas metas, levando em conta todas as esferas envolvidas, sejam elas sociais, econômicas ou culturais, considerando a individualidade e a realidade local. Por isso, Gimeno (2000, p. 17) afirma que “O valor da escola se manifesta fundamentalmente pelo que faz ao desenvolver um determinado currículo, independentemente de qualquer retórica e declaração grandiloquente de finalidades”.

Com base no autor mencionado, o currículo ajuda a deliberar os conhecimentos, as formas pedagógicas, as pretensões educativas que os educadores se desafiam a alcançar, a organização do espaço escolar e, com isso, proporciona a mudança nas instituições de ensino.

Nesta lógica, o planejamento é algo presente no âmbito escolar, tanto no curricular como no docente. A necessidade de planejar é algo do ser humano, ele serve para melhor organização da sua vida, e deve ser contínuo, flexível e variável. O ato de planejar deve estar presente na atuação do professor, pois é o momento de colocar em prática a teoria desejada.

Explicando melhor, Gimeno (2000, p. 281) destaca que o “planejamento é a função de ir formando progressivamente o currículo em diferentes etapas, fases ou através das instâncias que o decidem e moldam”. No caso da escola, o professor, aliado ao seu Projeto Político-Pedagógico (PPP), ministra o conteúdo a ser abordado em aula. Tais aprendizagens não se concretizam de forma eficaz se não houver um planejamento pelo professor.

O professor polivalente, que atua nos Anos Iniciais, tem a tarefa de abordar as áreas de conhecimento com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Pedagogia citadas no capítulo anterior, juntamente com a Educação Física.

O currículo, então, nada mais é que o conhecimento transmitido aos alunos, devendo-se pensar sempre na sua importância e no objetivo de ser ensinado. Tal reflexão é necessária para a prática docente do professor polivalente, que tem o dever de ensinar de acordo com várias disciplinas. O planejamento do currículo mostra-se valioso nesse processo:

É evidente que no professor recaem não apenas as determinações a serem respeitadas, provenientes do conhecimento ou dos componentes diversos que se manifestam no currículo, mas também as obrigações em relação a seus próprios alunos, ao meio concreto no qual vivem, e isso o chama inevitavelmente a intervir, devido à responsabilidade para com eles. (GIMENO, 2000, p. 165).

(21)

É nesse sentido que se busca entender e refletir acerca dos conhecimentos que o professor polivalente precisa ter, sendo muito importante tratá-los nesse referencial, pois é pela discussão e estudo que a prática se aprimora e ganha significado.

A profissão docente não é apenas algo eminentemente pessoal e criativo, sujeito às possibilidades da formação e ao desenvolvimento do pensamento profissional autônomo dos professores, mas é exercida também num campo que pré-determina em boa parte, o sentido, a direção e a instrumentação técnica de seu conteúdo. (GIMENO, 2000, p.167).

Espera-se, com isso, que as ações no âmbito escolar sejam diagnosticadas, pensadas e construídas a partir das reflexões destacadas neste referencial. A base para uma atuação de qualidade depende não só desses profissionais, mas do seu conhecimento e ponderação.

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3 CAMINHOMETODOLÓGICO

3.1 Abordagem da pesquisa

A pesquisa qualitativa visa explicar algo, considerando a subjetividade da pesquisa. Conforme Flick (2009, p. 24): “Pesquisadores qualitativos estudam o conhecimento e as práticas do participante”. O autor explica, também, que a pesquisa qualitativa não se baseia numa teoria e metodologia únicas, mas são diversas as maneiras que a caracterizam.

Diante disso, Flick (2009, p. 25) apresenta três abordagens:

Os pontos de vista subjetivos constituem um primeiro ponto de partida. Uma segunda corrente de pesquisa estuda a elaboração e o curso das interações, enquanto uma terceira busca reconstruir as estruturas do campo social e o significado latente das práticas.

3.2 Tipo de pesquisa

A pesquisa configura-se do tipo descritiva com enfoque na pesquisa-ação. De acordo com Thiollent (2011, p. 7),

O método de pesquisa-ação consiste essencialmente em elucidar problemas sociais e técnicos, cientificamente relevantes, por intermédio de grupos em que encontram-se reunidos pesquisadores, membros da situação-problema e outros atores e parceiros interessados na resolução dos problemas levantados.

3.3 Contexto da pesquisa

A pesquisa ocorreu em uma escola estadual do município de Ijuí, localizado na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

A população do município de Ijuí é de 82.833 habitantes, conforme dados do IBGE de 2015. Assim, Ijuí é a terceira cidade mais populosa dentre os 216 municípios da região Noroeste/Missões.

Devido à diversidade étnica da cidade, resultado da imigração de mais de 11 povos europeus, o município é conhecido também como Capital da Cultura do Rio

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Grande do Sul, razão pela qual realiza anualmente a Festa Nacional das Culturas Diversificadas (Fenadi)4.

Conforme pesquisa divulgada no site do IBGE, Ijuí é uma cidade universitária, com amplos recursos hospitalares, possuindo um dos melhores hospitais do interior do Rio Grande do Sul. O município tem um fluxo aproximado de 120.000 pessoas, sendo o maior e mais importante centro populacional da região (IBGE, 2015).

3.4 Sujeitos da pesquisa

A pesquisa-ação contou com a participação de duas professoras do sexo feminino dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do município de Ijuí, RS. A participante 1 possui 42 anos de idade, dos quais 24 anos dedicados à docência, concursada, com 42 horas de trabalho semanal. Tem formação inicial em História, com Pós-Graduação em Orientação Educacional. A participante 2 possui 37 anos de idade, com graduação em andamento em Pedagogia, possui contrato emergencial e trabalha20 horas semanais.

A participante 1 considera a Educação física uma área importante, pois como não possui formação específica, apenas o Magistério, relata que é

sempre bom se preocupar em aprimorar os conhecimentos, pois como as crianças se transformam, vão surgindo na Educação Física brincadeiras e jogos que vão se modernizando e sendo criadas para acompanhar o desenvolvimento tanto tecnológico como motor das mesmas. (Participante 1,

2016).

Como critérios de aceite na escolha dos sujeitos foram elencados os seguintes requisitos: residir em Ijuí, RS; estar atuando como professor há mais de cinco anos; ministrar aulas aos alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental; possuir carga horária de trabalho entre 20 e 40 horas semanais; e também ministrar aulas nas escolas urbanas do município de Ijuí, RS.

Como critérios de exclusão elencou-se os seguintes requisitos: não residir em Ijuí, RS; ter tempo de atuação docente menor que cinco anos; estar em estágio probatório; e trabalhar apenas com o Ensino Médio.

4 A Festa Nacional das Culturas Diversificadas (Fenadi) acontece anualmente em Ijuí, em paralelo à Expoijuí (Feira de Exposições Industrial e Comercial), e apresenta aos visitantes as 11 etnias presentes no município, mais a Associação Querência Gaúcha.

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3.5 Instrumentos e procedimentos de pesquisa

A pesquisa foi realizada em três momentos, sendo que inicialmente foi mantido um diálogo com os professores polivalentes de uma escola estadual urbana localizada no município de Ijuí, RS e, após, duas professoras aceitaram participar da pesquisa. Foi aplicado um questionário inicial e um memorial com o objetivo de coletar alguns dados pessoais e profissionais das docentes. No caso deste estudo foram realizados encontros semanais durante três meses, onde se configurou em cinco encontros com o objetivo de estudar os temas abrangentes no campo da Educação Física nos Anos Iniciais, bem como construir uma Unidade Didática pelos participantes.

Após os cinco encontros semanais foi aplicado novamente um questionário final com o objetivo de verificar as novas concepções sobre a Educação Física nos Anos Iniciais.

3.6 Análise e Interpretação das Informações

Os resultados e discussões foram analisados por intermédio do método de Bardim (1977), que se utiliza de três momentos: a) a pré-análise, que é a fase de organização (desde a escolha dos documentos a serem analisados, a formulação das hipóteses e dos objetivos até a elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação final); b) a exploração do material; e c) o tratamento dos resultados, que consiste na sua interferência e interpretação.

3.7 Aspectos éticos da pesquisa

A pesquisa respeitou a regulamentação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, 2016), que assim expressa:

é um colegiado multidisciplinar, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, que tem como finalidades avaliar, acompanhar e controlar, em pesquisas que envolvem seres humanos, o cumprimento das exigências éticas e científicas fundamentais à defesa dos interesses, da integridade e da dignidade dos sujeitos da pesquisa, bem como contribuir para o desenvolvimento da pesquisa orientada por padrões éticos.

(25)

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta etapa do estudo apresenta-se os dados coletados a partir das reuniões colaborativas realizadas com duas professoras polivalentes durante os meses de março, abril e maio do corrente ano. Os resultados são apresentados em dois momentos, o Antes e o Depois, com uma divisão em quatro eixos: 4.1 Concepções iniciais sobre Educação Física; 4.2 Foco nos conteúdos; 4.3 Atuação permanente; e o último 4.4 Inovações metodológicas.

4.1 Concepções iniciais sobre a Educação Física

Destacam-se, inicialmente, as concepções que as duas professoras polivalentes possuíam sobre a Educação Física. O Antes demonstrou que não tinham um claro entendimento a respeito da função da Educação Física na escola, que era entendida como um espaço para pular corda e brincar na pracinha.

Isso pode ser verificado nas falas a seguir:

A função dela é desenvolver, por exemplo, o material corda, desenvolver várias atividades com aquele material, explorar ao máximo. (Professora 1). É também para a saúde, para eles não ficarem tão parados porque correm bastante, mas não é aqueles movimentos direcionados. (Professora 2).

Após as reuniões colaborativas o intitulado Depois teve como objetivo diagnosticar se as mesmas foram significativas com relação à mudança de opinião quanto às abordagens dos eixos citados. Pode-se perceber na fala das professoras polivalentes que:

A Educação física não é só desenvolver a coordenação motora, mas é aquela que também precisa se preocupar com a formação do cidadão, suas habilidades e personalidade. (Professora 1).

É aula de qualidade, onde as práticas corporais devem ser praticadas por todos, sem distinção. (Professora 2).

Sendo assim, o primeiro eixo teve pontos muito expressivos, pois Antes era uma Educação Física vista com olhos de recreação, sem significado para os alunos e tão pouco para as participantes. Já após a realização das reuniões colaborativas o

(26)

Depois se configurou por parte das participantes numa concepção de aula de qualidade, de formação de sujeitos dotados de habilidades, personalidades, autônomos e críticos. E essa é uma das finalidades da Educação Física, sobre a qual Fensterseifer e Gonzaléz (2010, p. 12) assim se posicionam:

Nessa linha, a EF escolar, na condição de disciplina, tem como finalidade formar indivíduos dotados de capacidade crítica em condições de agir autonomamente na esfera da cultura corporal de movimento e auxiliar na formação de sujeitos políticos, munindo-os de ferramentas que auxiliem no exercício da cidadania.

Desta maneira, a Educação Física tem um novo sentido, não só o correr por correr, pular por pular, mas o movimento como uma acepção.

Mas o que consideramos relevante nesse momento é a ênfase no fato de que tratamos de uma dimensão da cultura e que temos uma responsabilidade com o conhecimento produzido em torno dela, algo, portanto, que vai muito além do ‘exercitar-se’. (FENSTERSEIFER; GONZALÉZ, 2010, p. 12).

O próximo eixo aborda os conteúdos nos Anos Iniciais, bem como o seu entendimento pelas professoras polivalentes.

4.2 Foco nos conteúdos

O objetivo foi abordar os conteúdos pertinentes à Educação Física com foco central nos Anos Iniciais.

Como na reunião anterior as professoras polivalentes haviam mostrado pelas falas que o conhecimento da função da Educação Física escolar não estava suficientemente claro, a reunião iniciou enfatizando novamente a sua função e, após, houve a amostragem de figuras contendo conteúdos da Educação Física.

Ao vincular, porém, os conteúdos abordados nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o Antes mostrou o conflito de saberes que havia a respeito da Educação Física, e as brincadeiras de infância surgiram novamente, como se pode constatar na seguinte fala:

O ano passado eu trabalhei muito o brincar de se esconder, ocupando as nossas árvores lá na escola, eles gostaram e brincaram o ano inteiro [...].

(27)

Já a professora polivalente 2 contempla as brincadeiras e o esporte futebol como conteúdos:

Eu trabalho as Brincadeiras Populares, Esporte: Futebol, brincadeiras de Roda. (Professora 2).

Percebe-se, então, o quão limitado é o conhecimento dos conteúdos que fazem parte da Educação Física escolar. E, também, o estranhamento e certa resistência que há em relação aos conteúdos apresentados, considerados impróprios pela falta de conhecimento, como se pode perceber na fala da professora polivalente 1:

Eu acho que lutas não, já a dança, a ginástica, os jogos e o esporte sim, as lutas eu acho que a gente não trabalha porque tem aquela questão de que eu não sou preparada pra isso, então de repente eu vou ter medo de que alguém se machuque. (Professora 1).

Percebe-se a importância da formação colaborativa para as professoras polivalentes, o que foi confirmado no Depois, ao se trabalhar as dificuldades nas reuniões a respeito dos conteúdos, como mostram os exemplos das falas a seguir:

Que interessante, de repente, a gente apresentando outras possibilidades, despertando neles o interesse, na aula, e até fora da escola. Mas se a gente não apresenta não sabem. (Professora 1).

Nossa, uma forma de fazer uma aula diferente, significativa e correta.

(Professora 2).

Com isso, no segundo eixo, o Antes pôde identificar o quanto é problemático o conhecimento sobre os conteúdos, seja por falta de conhecimento, interesse, estudo, pesquisa e, também, pelo comprometimento com os saberes dos alunos.

Assim, Gonzaléz e Fensterseifer (2010, p. 13) mostram que:

Entendemos que a EF deve ocupar-se dos conhecimentos referidos: às possibilidades do se movimentar dos seres humanos; b) às práticas corporais sistematizadas vinculadas ao campo do lazer e à promoção da saúde; e c) às estruturas e representações sociais que atravessam esse universo. Essas três dimensões, se bem vinculadas, são constituídas de tipos diferentes de conhecimentos, o que tem dificultado encontrar/construir uma expressão conceitualmente precisa para denominá-las, apesar de diversos intentos.

O Coletivo de Autores (1992, p. 38), por exemplo, também mostra os eixos que compõem a Cultura Corporal de Movimento, a qual permite vincular as práticas com os conteúdos a serem trabalhados, afirmando que,

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o acervo das formas de representação do mundo que o homem tem produzido no transcurso da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica [...].

Com isso, o próximo eixo aborda a atuação das professoras polivalentes para identificar como essas e configurava Antes das reuniões e se Depois houve a mudança de pensamento.

4.3 Atuação permanente

O terceiro eixo busca identificar a atuação das professoras polivalentes nas práticas de ensino que envolvem a Educação Física nos Anos Iniciais. O Antes demonstrou que a atuação se mostrava um tanto limitada, que as habilidades, competências e conteúdos, que devem ser trabalhados nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tinham o lugar ocupado por práticas sem objetivos específicos e, muitas vezes, como passatempo e recreação, o que pode ser percebido nas falas:

[...] A Educação Física tem que desenvolver os braços e as pernas, agilidade, rapidez. (Professora 1).

Já a professora polivalente 2 relata as dificuldades, porém, não identifica os conteúdos que considera importantes:

Vejo que quanto menores eles têm menos aprendizado ou mais dificuldades e a gente sente dificuldade em ministrar as aulas. (Professora 2).

No Antes se percebe o quanto é desconhecido o sentido da sua atuação como professores de Educação Física. O movimento está entendido, de certa forma, por uma das professoras, enquanto para a outra, esses saberes ainda estão restringidos na dificuldade em ministrar aulas. A pesquisa é considerada importante para essas profissionais aprimorarem a sua atuação, pois, como afirmou Freire (1996), ensinar exige pesquisa e interesse na aprendizagem do educando, para que não haja dúvidas a respeito do objetivo da atuação docente. Sendo assim, é preciso considerar a pesquisa como algo a contribuir para a mudança da atuação no ambiente escolar. O autor confirma ainda que: “Pesquiso para constatar, constatando intervenho,

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intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou enunciar a novidade” (FREIRE, 1996, p. 29).

O Depois se configurou importante porque o seu objetivo foi considerara possibilidade de uma melhora na aprendizagem quanto aos conteúdos e competências demonstrados após as reuniões colaborativas. Segundo Gariglio (2013, p. 122), “[...] os professores têm responsabilidades especiais em relação ao conhecimento do conteúdo, atuando como primeira fonte para compreensão da matéria pelos estudantes”.

Ainda no Depois das reuniões colaborativas, as professoras polivalentes perceberam que agora dominavam a maioria dos conteúdos, como se pode perceber nas falas que seguem:

Eu trabalharia conteúdos desafiadores como descoberta dos limites, realizando atividades para o desenvolvimento do aluno, dentro do jogo, esporte, lutas, vivências na natureza e no movimento. (Professora 2). Continuaria com os jogos, esportes, movimentos, e as atividades corporais e da natureza, que estarão mais presentes na aula. (Professora 1).

É possível perceber uma mudança de entendimento sobre a atuação permanente que, com certeza, não permaneceu como Antes.

A fim de colaborar com a atuação dessas professoras polivalentes é que se configurou o quarto eixo que abordou o planejamento e as aprendizagens adquiridas nos eixos anteriores.

4.4 Inovações metodológicas

Neste eixo o principal objetivo foi discutir o planejamento de uma unidade didática vinculada aos conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais. Deixando claro que essas inovações metodológicas também dependem da compreensão didática e pedagógica das dimensões da Educação Física, bem como a capacidades de constituição dos sujeitos da pesquisa. Mas isso não impede o estudo e a pesquisa então a escolha do tema ficou a critério das participantes para, posteriormente, desenvolver a unidade Didática.

O Antes demonstrou que as professoras polivalentes tinham bastante interesse em construir uma Unidade Didática, mas também muitas dúvidas a seu respeito, como se pode verificar na fala da professora polivalente 1:

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Nós temos que escolher um esporte? Vivência? Jogos? Ou pode ser geral? Não sei como. (Professora 1).

Escolhido o conteúdo os objetivos foram elaborados a partir dos conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os termos usados eram novos para as professoras polivalentes e precisaram ser melhores explicados.

Conforme Darido (1999, p. 65), falar em conteúdos é abordar inúmeros conceitos, que devem ser transmitidos e assimilados:

Quando referimos conteúdos, estamos englobando conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognitivas, modos de atividades, métodos de compreensão e aplicação de hábitos e estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes.

Após as reuniões colaborativas o momento denominado Depois teve como objetivo diagnosticar o entendimento a respeito do planejamento a partir dos objetivos estudados. Verificou-se que, apesar das professoras polivalentes não terem prévio conhecimento sobre a forma como elaborar os objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais, elas se mostraram envolvidas, procurando colaborar com a construção da Unidade Didática e mostraram entendimento, como revelam as falas:

Poderia ser conhecer as modalidades de Esporte de aventura praticadas em terra, ar e água. Os equipamentos de repente, roupas, equipamentos. Conhecer as necessidades básicas do esporte, roupas adequadas, matérias de segurança. E as regras? Vivenciar as regras não dá? E os atitudinais é questões de respeito né? Atitudes do aluno? (Professora 1).

Nessas falas é possível perceber a diligência em entender os objetivos e organizá-los conforme o conteúdo da aula. Então, “Os saberes conceituais, como comentado, reúnem as informações, ideias e teorias que nos permitem compreender melhor os fenômenos em estudo” (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012, p. 57). Os atitudinais, por sua vez, transmitem valores, atitudes de respeito, normas de convivência. E os procedimentais é o que se deve saber fazer. Conforme Darido (1999, p. 66), é “Vivenciar e adquirir alguns fundamentos do esporte, dança, lutas [...]”.

Ao finalizar as análises dos quatro eixos que foram abordados nas reuniões, segue a conclusão a que se chegou a respeito das aprendizagens da pesquisa.

(31)

CONCLUSÃO

A formação continuada vinculada à formação colaborativa, vivenciada pelas professoras polivalentes durante os cinco encontros, buscou realizar uma proposição de reuniões colaborativas a fim de analisar a partir das reuniões os aspectos que dificultam o desenvolvimento de conteúdos da Educação Física por parte das professoras polivalentes.

A experiência se configurou e foi realizada com a participação ativa das professoras polivalentes, e comprovou que as reuniões colaborativas auxiliam na prática diária das professoras polivalentes. Após concluída e analisada, a formação continuada mostrou provas reais por meio das falas, de quanto foi importante a realização das reuniões para a mudança de atitudes frente às concepções iniciais das professoras polivalentes.

Essas reuniões possibilitaram discutir a função e os objetivos da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, ainda, auxiliar na construção de uma Unidade Didática a partir da escolha de um tema elencado pelas professoras polivalentes para o ensino da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. As discussões sobre a função da Educação Física apareceram em todas as reuniões e, ao final da aprendizagem, configuraram-se na montagem da Unidade Didática.

Os objetivos elencados inicialmente visaram conhecer a Educação Física a fim de colaborar e auxiliar na possível superação das dificuldades. As reuniões semanais, por sua vez, buscaram tornar a Educação Física mais valorizada e significativa, contribuindo para a superação das dificuldades, favorecendo o entendimento da sua especificidade dentro do ambiente escolar, uma vez que as professoras polivalentes demonstravam usar as aulas de Educação Física como um espaço para a recreação. Com a análise dos dados foi possível perceber que as professoras polivalentes passaram por momentos de aprendizagem, reflexão e mudança de pensamento. E que a formação continuada vinculada à formação colaborativa lhes proporcionou uma mudança positiva quanto à abordagem da Educação Física.

A partir dos resultados acredita-se que as reuniões colaborativas auxiliam, colaboram e dão suporte para acabar com dificuldades que não foram sanadas na formação inicial. Com isso, a formação continuada se configura num elemento fundamental na difícil e gratificante arte de ensinar.

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REFERÊNCIAS

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DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras, SP: Topázio, 1999.

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de Ética em Pesquisa. Disponível em: <https://www.unijui.edu.br/pesquisa/comites#

(34)
(35)

APÊNDICE 1

ENTREVISTA REALIZADA ANTES DAS REUNIÕES COLABORATIVAS

Dados pessoais:

1. Nome:__________________________________________________________ 2. Idade:___________________________________________________________ 3. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Formação:

1. Qual a sua formação/graduação? 2. Instituição em que se formou? 3. Tempo de formação?

4. Ano de conclusão?

5. Faz ou fez algum curso de capacitação?

6. Considera importante realizar uma formação na área de Educação Física?

Atuação profissional:

7. Anos no exercício da docência?

8. Horas de trabalho remunerado por semana?

9. Número de instituições nas quais desempenha seu trabalho no sistema educativo formal?

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APÊNDICE 2

ENTREVISTA REALIZADA APÓS AS REUNIÕES COLABORATIVAS

Nome:______________________________________________________________

1. Pensando em nossos encontros colaborativos, qual o seu entendimento sobre formação?

2. O que destacaria dos encontros colaborativos?

3. Após as reuniões, quais conteúdos da Educação Física você realizaria nos Anos Iniciais?

4. Acredita ser importante o planejamento? Por quê?

5. Que conteúdos de Educação Física considera importantes nos Anos Iniciais?

6. Em sua opinião qual a função da Educação física nos Anos Iniciais do Ensino fundamental?

(37)

APÊNDICE 3

TABELA DE CRONOGRAMA DAS REUNIÕES

31/03 Primeira reunião colaborativa com os professores 13/04 O significado da Educação Física nos Anos Iniciais

20/04 Os conteúdos de Educação Física nos Anos Iniciais 04/05 Construindo uma Unidade Didática

(38)

APÊNDICE 4

TABELA DE ESCOLHA DO TEMA PARA A CONSTRUÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA Jogo motor ( ) tradicionais ( ) de invasão ( ) de cooperação ( ) populares

Atividades aquáticas Práticas corporais junto à natureza ( ) de aventura ( ) de contemplação Ginástica ( ) acrobacias ( ) exercícios Físicos ( ) práticas corporais introspectivas Lutas Esportes Práticas corporais e saúde ( ) alimentação ( ) higiene Dança ( ) folclóricas ( ) tradicionais ( ) expressão Corporal Práticas corporais e sociedade ( ) como manifestação cultural ( ) implicações socioculturais Conhecimento do próprio

corpo e seu entorno ( ) percepção corporal ( ) percepção do entorno ambiente Habilidades motoras básicas ( ) locomoção e estabilidade ( ) manipulativas Formas de jogar ( ) jogos de vertigem ( ) jogos agonísticos sem

interação com adversário e com interação com adversário.

(39)

APÊNDICE 5

CONVITE

Prezado(a) Professor(a),

Temos a grata satisfação de convidá-lo para participar do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Educação Física – Licenciatura, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, cujo tema é:

FORMAÇÃO COLABORATIVA DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM DEBATE

sob orientação da professora Fabiana Ritter Antunes. O Trabalho de Conclusão de Curso acontecerá entre os meses de março a julho do corrente ano.

– Autora: Mariela de Abreu de Mello – Orientadora: Fabiana Ritter Antunes

(40)

APÊNDICE 6

MEMORIAL

Escreva um memorial pensando como eram suas aulas de Educação Física no período escolar.

(41)

APÊNDICE 7

UNIDADE DIDÁTICA CONSTRUÍDA PELAS PARTICIPANTES

Tema: Práticas corporais junto à natureza

Objetivos: Conceituais:

– Conhecer as necessidades básicas dos equipamentos de segurança; – Conhecer os procedimentos de segurança e primeiros socorros;

– Conhecer as diversas modalidades de esporte de aventura na natureza praticadas na terra, ar e água;

– Conhecer o esporte de orientação.

Procedimentais:

– Praticar o esporte de aventura escolhido pela turma; – Definir os esportes de aventura possível de ser realizado;

– Praticar de forma eficiente os conhecimentos adquiridos na teoria sobre esporte de orientação.

Atitudinais:

– Participar de forma cooperativa respeitando o grupo; – Adquirir atitudes de respeito à natureza;

– Adquirir atitudes de respeito, promovendo a competição de forma saudável.

Método de Ensino:

(42)

Unidade Didática: Avaliação: Aula 1 Aula2 Aula 3 Aula 4 Aula 5

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