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O ensino superior na fronteira agrícola dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TAÍS DAYANE FIORI

O ENSINO SUPERIOR NA FRONTEIRA AGRÍCOLA DOS CERRADOS

DO CENTRO-NORTE DO BRASIL

CAMPINAS 2019

(2)

TAÍS DAYANE FIORI

O ENSINO SUPERIOR NA FRONTEIRA AGRÍCOLA DOS CERRADOS

DO CENTRO-NORTE DO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Educação, na área de concentração de Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Fernandes Leite

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DE DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA TAÍS DAYANE FIORI E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. SANDRA FERNANDES LEITE.

CAMPINAS 2019

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Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Fiori, Taís Dayane, 1990-

F513e O ensino superior na fronteira agrícola dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil / Taís Dayane Fiori. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: Sandra Fernandes Leite.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

1. Ensino Superior. 2. Cerrados. 3. Agronegócio. I. Leite, Sandra Fernandes, 1968-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Higher education in the agricultural frontier of Cerrados of Centre- North

of Brazil

Palavras-chave em inglês:

Higher education Cerrados

Agribusiness

Área de concentração: Educação Titulação: Mestra em Educação Banca examinadora:

Sandra Fernandes Leite [Orientador] Fernando Tavares Júnior

Lalo Watanabe Minto

Data de defesa: 27-09-2019

Programa de Pós-Graduação: Educação

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0001-6687-1982 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7390719941448855

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

O ENSINO SUPERIOR NA FRONTEIRA AGRÍCOLA DOS CERRADOS

DO CENTRO-NORTE DO BRASIL

Autor: Taís Dayane Fiori

COMISSÃO JULGADORA: Profa. Dra. Sandra Fernandes Leite Prof. Dr. Fernando Tavares Júnior Prof. Dr. Lalo Watanabe Minto

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por me conduzir pelos caminhos por Ele traçados. Aos meus pais, por me apoiarem durante toda a minha jornada como estudante e como filha.

Ao Hugo, pela compreensão e apoio durante a escrita desta dissertação.

À minha querida orientadora, Profa. Dra. Sandra Leite, pelos ensinamentos e humanidade para com seus orientandos. Ao seu esposo, Carlinhos, pelo auxílio despendido durante a análise dos dados.

Ao grupo de pesquisas dos Cerrados do Centro-Norte, pela troca de informações e apoio na construção desta pesquisa.

À Faculdade de Educação da Unicamp, pela infraestrutura oferecida e pela oportunidade de realizar o tão sonhado mestrado.

Agradecimento à FAPESP pelo apoio referente ao Processo nº 2017/05658-5, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.

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RESUMO

Este estudo visou investigar se as novas dinâmicas geradas pelo avanço do agronegócio nos Cerrados do Centro-Norte do Brasil repercutiram na expansão do ensino superior em 24 municípios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Por meio de indicadores econômicos e de produtividade, demonstrou-se a expansão do agronegócio entre 2010 e 2017. Mapeou-se o ensino superior, no que tange às Instituições de Ensino Superior (IES) presentes, aos cursos ofertados, à relação destes cursos com o agronegócio e à expansão das matrículas, com base nos Censos da Educação Superior de 2010 a 2017, além dos Planos Municipais de Educação. Diante dos dados, conclui-se que a expansão do ensino superior na região não se relaciona de forma direta ao agronegócio, mas, por sua vez, de forma indireta devido às demandas por ele geradas; esta foi fomentada por políticas públicas que influenciaram IES públicas e privadas, incluindo-se ações e programas de expansão e interiorização, de acesso às vagas, além do aumento populacional e formação de mercado favorável à mercantilização do ensino superior.

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ABSTRACT

This study aimed to investigate if the new dynamics created by the agribusiness’ progress in Cerrados of Centre-North of Brazil impacted in the expansion of higher education in 24 cities of Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia. Through economic and productivity indicators, it demonstrated which the expansion in agribusiness between 2010 and 2017. Higher education was mapped, regarding the higher education institutions (IES) presentes, to the courses offered, the relationship of these courses with agribusiness and the expansion of registrations, based on the Higher Education Census from 2010 to 2017, beyond the municipal education plans. Before the datas, it is concluded that the expansion of the higher education in the region does not relate in a direct way to agribusiness, but, on the other hand, in an indirect way due to the demands created by it; this was fostered by public policies that influenced public and private IES, including actions and programs for expansion and internalization, access to vacancies, as well as population growth and market formation favorable to the commodification of higher education.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Municípios da região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil escolhidos para a pesquisa ... 22 Quadro 2 – Relação de cursos da “Área geral n.º 8 - Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária” do Manual para Classificação dos Cursos de Graduação e Sequenciais - Classificação Internacional Normalizada da Educação - Cine Brasil 2018 ... 24 Quadro 3 - Distribuição territorial dos Estados dos Cerrados do Centro-Norte, conforme delimitação proposta pela Embrapa ... 37 Quadro 4 - PIB Agropecuário - Valor adicionado bruto pela Agropecuária dos Estados dos Cerrados do Centro-Norte de 2010 a 2016 (mil reais) ... 38 Quadro 5 - Produção de Grãos (soja, milho e algodão) nos Estados dos Cerrados do Centro-Norte de 2010 a 2017 (toneladas) ... 38 Quadro 6 – Expansão populacional entre 2010 e 2018 nos municípios selecionados ... 40 Fonte: IBGE/Sidra (2019a) ... 40 Quadro 7 - Total de matrículas por categoria administrativa das IES dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia em 2017 ... 102 Quadro 8 - Instituições de Educação Superior (IES), por categoria administrativa, organização acadêmica e localização (capital e interior) dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia em 2017 ... 104 Quadro 9 – Mapeamento da IES presentes nos municípios selecionados da maior para menor quantidade de IES ... 105 Quadro 10 – Número de IES Total (2017) e População Estimada (2018) nos municípios selecionados ... 108 Quadro 11 – Mapeamento dos cursos superiores ofertados nos municípios selecionados da maior para a menor quantidade ... 109 Quadro 12 – Matrículas no ensino superior dos municípios selecionados da maior para a menor quantidade em 2017 e expansão dos indicadores entre 2010 e 2017 ... 110 Quadro 13 – Percentual de Atingimento do Indicador de Taxa Bruta da Meta 12 ... 113 Quadro 14 – Ensino superior nos Planos Municipais de Educação dos municípios selecionados ... 113

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comparativo da área de cultivo de soja no Brasil entre os anos de 1960, 1975 e

2002 ... 29

Figura 2 - Expansão do agronegócio no Brasil e nos Cerrados (pontilhado) em 1970, 1980, 1990 e 2000 ... 34

Figura 3 - Delimitação dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil e suas 31 microrregiões ... 37

Figura 4 - Distribuição geográfica dos 24 municípios selecionados para a pesquisa ... 39

Figura 5 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Balsas (MA) ... 42

Figura 6 – Composição do PIB de Balsas (MA) entre 2010 e 2016 ... 42

Figura 7 – Evolução do PIB de Balsas (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 43

Figura 8 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Alto Parnaíba (MA) ... 44

Figura 9 – Composição do PIB de Alto Parnaíba (MA) entre 2010 e 2016 ... 45

Figura 10 – Evolução do PIB de Alto Parnaíba (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 45

Figura 11 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Benedito Leite (MA) ... 46

Figura 12 – Composição do PIB de Benedito Leite (MA) entre 2010 e 2016 ... 47

Figura 13 – Evolução do PIB de Benedito Leite (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 47

Figura 14 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em São Raimundo das Mangabeiras (MA) ... 48

Figura 15 – Composição do PIB de São Raimundo das Mangabeiras (MA) entre 2010 e 2016 ... 49

Figura 16 – Evolução do PIB de São Raimundo das Mangabeiras (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 49

Figura 17 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Carolina (MA) ... 51

Figura 18 – Composição do PIB Carolina (MA) entre 2010 e 2016 ... 51

Figura 19 – Evolução do PIB de Carolina (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 52

Figura 20 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Porto Franco (MA) ... 53

(10)

Figura 22 – Evolução do PIB de Porto Franco (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 54 Figura 23 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Dianópolis (TO) ... 56 Figura 24 – Composição do PIB de Dianópolis (TO) entre 2010 e 2016 ... 57 Figura 25 – Evolução do PIB de Dianópolis (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 57 Figura 26 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Campos Lindos (TO) ... 58 Figura 27 – Composição do PIB de Campos Lindos (TO) entre 2010 e 2016 ... 59 Figura 28 – Evolução do PIB de Campos Lindos (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 59 Figura 29 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Pedro Afonso (TO) ... 61 Figura 30 – Composição do PIB de Pedro Afonso (TO) entre 2010 e 2016 ... 61 Figura 31 – Evolução do PIB de Pedro Afonso (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 62 Figura 32 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Porto Nacional (TO) ... 63 Figura 33 – Composição do PIB de Porto Nacional (TO) entre 2010 e 2016 ... 64 Figura 34 – Evolução do PIB de Porto Nacional (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 64 Figura 35 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Almas (TO) ... 65 Figura 36 – Composição do PIB de Almas (TO) entre 2010 e 2016 ... 66 Figura 37 – Evolução do PIB de Almas (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 66 Figura 38 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Santa Rosa do Tocantins (TO) ... 67 Figura 39 – Composição do PIB de Santa Rosa do Tocantins (TO) entre 2010 e 2016 ... 68 Figura 40 – Evolução do PIB de Santa Rosa do Tocantins (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 68 Figura 41 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Uruçuí (PI) ... 70 Figura 42 – Composição do PIB de Uruçuí (PI) entre 2010 e 2016 ... 71 Figura 43 – Evolução do PIB de Uruçuí (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 71 Figura 44 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Bom Jesus (PI) ... 72 Figura 45 – Composição do PIB de Bom Jesus (PI) entre 2010 e 2016... 73

(11)

Figura 46 – Evolução do PIB de Bom Jesus (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 73 Figura 47 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Santa Filomena (PI) ... 74 Figura 48 – Composição do PIB de Santa Filomena (PI) entre 2010 e 2016 ... 75 Figura 49 – Evolução do PIB de Santa Filomena (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 75 Figura 50 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Monte Alegre do Piauí (PI) ... 76 Figura 51 – Composição do PIB de Monte Alegre do Piauí (PI) entre 2010 e 2016 ... 77 Figura 52 – Evolução do PIB de Monte Alegre do Piauí (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 78 Figura 53 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Redenção do Gurgueia (PI) ... 79 Figura 54 – Composição do PIB de Redenção do Gurgueia (PI) entre 2010 e 2016 ... 79 Figura 55 – Evolução do PIB de Redenção do Gurgueia (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 80 Figura 56 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Corrente (PI) ... 81 Figura 57 – Composição do PIB de Corrente (PI) entre 2010 e 2016 ... 81 Figura 58 – Evolução do PIB de Corrente (PI) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 82 Figura 59 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Barreiras (BA) ... 84 Figura 60 – Composição do PIB de Barreiras (BA) entre 2010 e 2016 ... 84 Figura 61 – Evolução do PIB de Barreiras (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 85 Figura 62 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Luís Eduardo Magalhães (BA) ... 86 Figura 63 – Composição do PIB de Luís Eduardo Magalhães (BA) entre 2010 e 2016 ... 87 Figura 64 – Evolução do PIB de Luís Eduardo Magalhães (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 87 Figura 65 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em São Desiderio (BA) ... 88 Figura 66 – Composição do PIB de São Desiderio (BA) entre 2010 e 2016 ... 89 Figura 67 – Evolução do PIB de São Desiderio (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 89

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Figura 68 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Riachão das Neves (BA) 90 Figura 69 – Composição do PIB de Riachão das Neves (BA) entre 2010 e 2016 ... 90 Figura 70 – Evolução do PIB de Riachão das Neves (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 91 Figura 71 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Santa Rita de Cássia (BA) ... 92 Figura 72 – Composição do PIB de Santa Rita de Cássia (BA) entre 2010 e 2016 ... 93 Figura 73 – Evolução do PIB de Santa Rita de Cássia (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 93 Figura 74 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Formosa do Rio Preto (BA) ... 94 Figura 75 – Composição do PIB de Formosa do Rio Preto (BA) entre 2010 e 2016... 95 Figura 76 – Evolução do PIB de Formosa do Rio Preto (BA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016 ... 95 Figura 77 – Produção de grãos (Mil e Reais) e PIB Agropecuário (Mil Reais) entre 2010 e 2017 nos 24 municípios selecionados ... 96 Figura 78 – Representatividade de cada estado na Produção de Grãos (Mil Reais) entre 2010 e 2017 nos 24 municípios ... 97 Figura 79 – Representatividade de cada estado no PIB Agropecuário (Mil Reais) entre 2010 e 2016 nos 24 municípios ... 97 Figura 80 – Oscilação nas matrículas em ensino superior nos municípios de Barreiras (BA), Porto Nacional (TO), Balsas (MA), Bom Jesus (PI), Luís Eduardo Magalhães (BA), Corrente (PI) e Dianópolis (TO) entre 2010 e 2017. ... 111 Figura 81 – Oscilação nas matrículas em ensino superior nos municípios de Uruçuí (PI), São Raimundo das Mangabeiras (MA), Pedro Afonso (TO), Porto Franco (MA), Carolina (MA), Formosa do Rio Preto (BA) e Riachão das Neves (BA) entre 2010 e 2017... 111

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIEC/FAAB – Faculdade AIEC AVANTIS – Faculdade Avantis BA – Bahia

BASAGRO – Companhia Brasileira de Participação Agroindustrial CAMPO – Companhia de Promoção Agrícola

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CENSUP – Censo da Educação Superior CEUCLAR – Centro Universitário Claretiano

CINE – Classificação Internacional Normalizada da Educação EaD – Educação à Distância

EAFA – Escola Agrotécnica Federal de Araguatins ETF – Escola Técnica Federal

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

FAAHF – Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira FACAM-MA – Faculdades do Maranhão FAEL – Faculdade Educacional da Lapa

FAPAC – Faculdade Presidente Antônio Carlos

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FARA – Faculdade Araguaia

FASAMAR – Faculdade São Marcos

FASB – Faculdade São Francisco de Barreiras FCP – Faculdade dos Cerrados Piauienses FDPII – Faculdade Dom Pedro II

FIES – Fundo de Financiamento Estudantil FILEM – Faculdade Luiz Eduardo Magalhães

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IES – Instituição de Ensino Superior

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IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia IFBAIANO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano IFMA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão IFPI – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí IFTO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira JADECO – Companhia Nipo-Brasileira de Desenvolvimento Agrícola

JICA – Japan International Cooperation Agency MA – Maranhão

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDA – Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário MEC – Ministério da Educação

PDA – Plano de Desenvolvimento Agropecuário PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação PI – Piauí

PIB – Produto Interno Bruto

PND - Plano Nacional de Desenvolvimento PNE – Plano Nacional de Educação

POLOCENTRO – Programa de Desenvolvimento Agrícola do Cerrado PROÁLCOOL – Programa Nacional do Álcool

PRODECER – Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados

PROUNI – Programa Universidade para Todos

REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RISO – Faculdade Rio Sono

SENAC-SP – Centro Universitário SENAC

SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática SNCR – Sistema Nacional de Crédito Rural

TO – Tocantins

UAB – Universidade Aberta do Brasil UCB – Universidade Católica de Brasília

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UEMA – Universidade Estadual do Maranhão

UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

UESPI – Universidade Estadual do Piauí UFBA – Universidade Federal da Bahia UFMA – Universidade Federal do Maranhão UFOB – Universidade Federal do Oeste da Bahia UFPI – Universidade Federal do Piauí

UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFS – Universidade de Feira de Santana

UFSB – Universidade Federal do Sul da Bahia UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UFT – Universidade Federal do Tocantins UnB – Universidade de Brasília

UNEB – Universidade do Estado da Bahia UNESA – Universidade Estácio de Sá

UNIASSELVI – Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIBALSAS – Faculdade de Balsas

UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá UNICSUL – Universidade Cruzeiro do Sul

UNIDERP – Universidade Anhanguera UNIFACS – Universidade de Salvador

UNIFACVEST – Centro Universitário FACVEST

UNIFASV – Universidade Federal do Vale do São Francisco UNIJORGE – Universidade Jorge Amado

UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira UNINOVAFAPI – Centro Universitário Uninovafapi

UNINTER – Centro Universitário Internacional UNIP – Universidade Paulista

UNIPAR – Universidade Paranaense

UNIPLAN – Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIRB – Faculdade Regional da Bahia

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UNISA – Universidade Santo Amaro

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 19 Problemática de pesquisa ... 20 Objetivo geral... 20 Objetivos específicos ... 20 Metodologia ... 20 Organização da dissertação ... 25

CAPÍTULO I - OS CERRADOS DO CENTRO-NORTE DO BRASIL COMO FRONTEIRA AGRÍCOLA ... 27

1.1 O agronegócio brasileiro: história, expansão e questão agrária ... 27

1.2 A soja no Brasil: do Pós-Guerra ao PRODECER ... 31

1.3 Os Cerrados do Centro-Norte no contexto do agronegócio ... 33

1.4 Os Cerrados do Centro-Norte: caracterização geográfica e socioeconômica ... 36

1.4.1 Maranhão ... 40

1.4.1.1 Balsas ... 41

1.4.1.2 Alto Parnaíba ... 43

1.4.1.3 Benedito Leite... 46

1.4.1.4 São Raimundo das Mangabeiras ... 48

1.4.1.5 Carolina ... 50 1.4.1.6 Porto Franco ... 52 1.4.2 Tocantins ... 54 1.4.2.1 Dianópolis ... 55 1.4.2.2 Campos Lindos ... 57 1.4.2.3 Pedro Afonso ... 60 1.4.2.4 Porto Nacional ... 62 1.4.2.5 Almas ... 64

1.4.2.6 Santa Rosa do Tocantins ... 67

1.4.3 Piauí ... 69

1.4.3.1 Uruçuí ... 69

1.4.3.2 Bom Jesus ... 72

1.4.3.3 Santa Filomena ... 74

(18)

1.4.3.5 Redenção do Gurgueia... 78

1.4.3.6 Corrente ... 80

1.4.4 Bahia ... 82

1.4.4.1 Barreiras... 83

1.4.4.2 Luís Eduardo Magalhães ... 85

1.4.4.3 São Desiderio ... 87

1.4.4.4 Riachão das Neves ... 90

1.4.4.5 Santa Rita de Cássia ... 91

1.4.4.6 Formosa do Rio Preto ... 93

1.5 Considerações sobre o capítulo ... 96

CAPÍTULO II – O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO NOS CERRADOS DO CENTRO-NORTE DO BRASIL ... 99

2.1 Ensino superior e desenvolvimento regional ... 99

2.2 O ensino superior no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia: histórico e expansão ... 100

2.3 O ensino superior na fronteira agrícola dos Cerrados do Centro-Norte ... 105

2.4 O ensino superior nos Planos Municipais de Educação dos Cerrados do Centro-Norte ... 112

2.5 Considerações sobre o capítulo ... 115

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 120

APÊNDICE I - Indicadores socioeconômicos dos 24 municípios selecionados para a pesquisa... 124

APÊNDICE II – Relação de IES e cursos ofertados nos 24 municípios selecionados para a pesquisa em 2017 ... 125

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INTRODUÇÃO

O cerrado, segundo maior bioma1 do Brasil, se estende por 22% do território brasileiro compreendendo os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Esta área é berço das nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), sendo, portanto, um bioma de grande potencial aquífero e biodiversidade. (BRASIL, 2018)

Devido à grande disponibilidade de água e terras planas e mecanizáveis, a região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil tem sido alvo do agronegócio e seu expansionismo. Sua importância econômico-política foi oficializada por meio do Decreto n.º 8.447, de 6 de maio de 2015, que instituiu o Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA) do Matopiba, tornando a atual fronteira agrícola brasileira uma região geoeconômica destinada à produção agrícola de larga escala. (MATHIAS, 2018)

No contexto dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil, a presente pesquisa visou compreender os efeitos que se deram nesta área de fronteira agrícola depois que o governo e multinacionais voltaram seus olhares, interesses e recursos à região, tendo como enfoque o ensino superior. Neste sentido, este estudo mapeou o ensino superior nos Cerrados do Centro-Norte do Brasil em 24 municípios da região a fim de demonstrar se este foi influenciado pelo avanço do agronegócio na região, partindo da premissa que a melhoria da educação encontra diversos desafios frente às demandas exigidas pela expansão do agronegócio e que influencia diretamente a qualidade de vida da população local.

Esta pesquisa é parte de um projeto maior aprovado e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para o período 2018-2020 intitulado “Mapeamento das metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024 na região dos cerrados do centro-norte do Brasil: um estudo quantitativo e qualitativo”, Processo n.º 2017/05658-5 - FAPESP, que se propõe a discutir criticamente as relações entre o crescimento econômico da região e a melhoria da qualidade de vida local a partir do conjunto de metas propostas pelo Plano Nacional de Educação (PNE).

1 Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que são

próximos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria. Disponível em:

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Problemática de pesquisa

Quais os efeitos da expansão do agronegócio no ensino superior da região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil?

Objetivo geral

Investigar se as novas demandas geradas pelo avanço do agronegócio nos Cerrados do Centro-Norte do Brasil provocaram a expansão do ensino superior dessa região de estudo no que diz respeito aos cursos ofertados e expansão de matrículas, visando atender às dinâmicas sociais que se desenvolveram nestas localidades.

Objetivos específicos

● Demonstrar, por meio de indicadores econômicos e de produtividade, a expansão do agronegócio em 24 municípios dos Cerrados do Centro-Norte entre os anos de 2010 a 2017;

● Mapear a oferta de ensino superior nos 24 municípios selecionados e indicar a relação dos cursos presentes na região com o setor do agronegócio;

● Apresentar a expansão do número de matrículas no ensino superior nos 24 municípios escolhidos entre os anos de 2010 a 2017;

● Analisar de que forma os Planos Municipais de Educação dos 24 municípios tratam do ensino superior.

Metodologia

A metodologia utilizada nesta pesquisa fundamenta-se na abordagem qualitativa com base nas técnicas e procedimentos de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, utilizando-se do recurso de séries históricas para fins de elucidação dos dados coletados.

A busca por evidenciar se o avanço do agronegócio nos Cerrados do Centro-Norte do Brasil surtiu efeito no ensino superior da região exige “uma nova sensibilidade para o estudo empírico das questões”, em concordância com o conceito de pesquisa qualitativa que se

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apresenta como forma de estudar as relações sociais e a pluralização das esferas de vida. (FLICK, 2009)

Como procedimento metodológico, optou-se pela pesquisa bibliográfica por se tratar de um tema pouco explorado, auxiliando, portanto, na construção de um estudo de postulados, hipóteses e análises que poderão dar embasamento para pesquisas posteriores. (LIMA, MIOTO; 2007)

Desta forma, a pesquisa bibliográfica contribui para que dados que estão disseminados sejam organizados, tratados e analisados, como bem traz Severino (2016) quando diz que “no caso da pesquisa documental (...), os conteúdos dos textos ainda não tiveram nenhum tratamento analítico, são ainda matéria-prima, a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise”.

Baseando-se nos procedimentos metodológicos de Salvador (1986), este estudo foi dividido em três etapas:

a) Investigação das soluções, que consiste na coleta de dados que se referem aos indicadores socioeconômicos, ao mapeamento do ensino superior e aos planos municipais de educação das 24 cidades;

b) Análise explicativa das soluções, que compreende o tratamento e discussão dos dados coletados, incluindo a elaboração de séries históricas acerca de indicadores selecionados para verificação da possível influência do agronegócio no ensino superior, em concordância com os objetivos específicos determinados para a pesquisa;

c) Síntese integradora, que apresenta as considerações finais da pesquisa e postulação de interpretações para pesquisas futuras.

Sobre as questões éticas que envolvem este trabalho, esta pesquisa isentou-se de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), por não haver envolvimento de seres humanos para coleta de dados, sendo utilizados para a pesquisa bibliográfica consultas a legislações, dados oficiais e estatísticos; entretanto, a pesquisa FAPESP intitulada “Mapeamento das metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024 na região dos cerrados do centro-norte do Brasil: um estudo quantitativo e qualitativo”, Processo no 2017/05658-5, da qual este estudo faz parte, foi devidamente aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).

A escolha dos municípios se deu com base nas mesorregiões administrativas definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que se encontram na área dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil, bem como as análises de Alves (2006; 2015) que

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consideraram estes como municípios de características comuns. De acordo com Alves (2006; 2015) pode ser estabelecida uma classificação hierárquica da rede urbana da região, considerando-se munícipios que obtiveram centralidade econômica com base no agronegócio e municípios que permaneceram com sua economia voltada ao atendimento da população local. Como primeiro critério para separação dos municípios, o autor utilizou-se de indicadores como População (quantidade), PIB, IDH e Renda per capita; como segundo critério de escolha, foi considerado o nível de impacto no município com a atividade do agronegócio por meio de produção agrícola, atividades industriais, comerciais e de serviços etc. Assim, Alves (2006; 2015) fixou cada mesorregião em 6 municípios, sendo 3 deles localidades onde se observa o maior impacto da expansão do agronegócio no contexto regional e os outros 3 onde se apresenta pouco ou nenhum impacto em suas dinâmicas socioeconômicas, totalizando 24 municípios. (ALVES, 2006; 2015)

Quadro 1 - Municípios da região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil escolhidos para a pesquisa

SUB-REGIÃO MUNICÍPIOS

Sul do Maranhão

Mesorregião Sul Maranhense

Balsas, Alto Parnaíba, Benedito Leite, São Raimundo das Mangabeiras, Carolina e Porto Franco.

Leste do Tocantins

Mesorregião Oriental do Tocantins

Dianópolis, Campos Lindos, Pedro Afonso, Porto Nacional, Almas e Santa Rosa do Tocantins.

Sul do Piauí

Mesorregião Sudoeste Piauiense

Uruçuí, Bom Jesus, Santa Filomena, Monte Alegre do Piauí, Redenção do Gurguéia e Corrente.

Oeste da Bahia

Mesorregião Extremo Oeste Baiano

Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desiderio, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia e Formosa do Rio Preto.

Fonte: Elaborado pela autora, com base nas análises de Alves (2006; 2015) e no Projeto “Mapeamento das metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024 na região dos cerrados do centro-norte do Brasil: um estudo quantitativo e qualitativo”, Processo n.º 2017/05658-5, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Nesta pesquisa, para fins de caracterização dos municípios escolhidos, foram utilizados indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de anos variados, dentre eles a População Estimada de 2018, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 2010, a extensão territorial e a área convertida em estabelecimentos agrícolas com base no ano de 2018, além de indicadores dos anos de 2010 a 2017 para fins de

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demonstração das variações de Produto Interno Bruto (PIB), PIB Agropecuário2 (valor adicionado bruto a preços correntes da agropecuária) e Produção Total de Grãos (soja, milho e algodão), por meio de séries históricas.

Para realização do mapeamento da oferta de ensino superior nos Cerrados do Centro- coletaram-se os microdados dos Censos da Educação Superior (Censup) dos anos de 2010 a 20173, publicados Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), onde foram reunidas as informações de todas as Instituições de Ensino Superior (IES) presentes nos 24 municípios estudados e dos cursos ofertados, por meio da planilha “DM_LOCAL_OFERTA” do Censo.

A fim de averiguar se há relação entre os cursos ofertados na região com o agronegócio, utilizou-se como parâmetro o Manual para Classificação dos Cursos de Graduação e Sequenciais - Classificação Internacional Normalizada da Educação - Cine Brasil 2018 do INEP, tomando como referência os cursos que se enquadram na “Área geral n.º 8 - Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária”, conforme Quadro 2.

2 O PIB Agropecuário (IBGE) diferencia-se do PIB do Agronegócio publicado pelo Centro de Estudos

Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/Esalq/USP), uma vez que o primeiro refere-se à expansão ou retração do volume produzido no setor, enquanto o segundo inclui outros segmentos do agronegócio (agroindústrias e agrosserviços) avaliando as produções a preços reais. Ainda assim, este estudo se utiliza do primeiro indicador, uma vez que o PIB do Agronegócio é disponibilizado a nível nacional e para os estados de Minas Gerais e São Paulo apenas, não abrangendo os estados e municípios selecionados para esta pesquisa.

3 Os microdados foram obtidos a partir do website do INEP disponível em http://inep.gov.br/microdados. Acesso

em 10/05/2019. Esses microdados estão organizados e subdividos em planilhas por assunto. Essas planilhas possuem algumas variações de nome durante os anos de 2010 e 2017, mas as que se mantêm são: DM_ALUNO, DM_CURSO, DM_DOCENTE, DM_IES. A planilha DM_LOCAL_OFERTA varia de nome, mas sua função é a mesma. Também estão disponíveis planilhas anexas que possuem os dicionários de dados explicando cada variável disponível. A partir dessas planilhas originais com todos os dados do Brasil, os 24 municípios foram selecionados por meio de comandos de linguagem de programação e separados em planilhas Excel para que fosse possível realizar as análises voltadas para o recorte da pesquisa.

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Quadro 2 – Relação de cursos da “Área geral n.º 8 - Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária” do Manual para Classificação dos Cursos de Graduação e Sequenciais - Classificação Internacional Normalizada da Educação - Cine Brasil 2018

Área Geral Área específica Área detalhada Rótulo 08 Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária 081 Agricultura 0811 Produção agrícola e pecuária 0811A01 Agroecologia 0811A02 Agroindústria 0811A03 Agronegócio/Gestão do Agronegócio 0811A04 Agronomia 0811A05 Agropecuária 0811C01 Cafeicultura 0811E01 Engenharia agrícola 0811F01 Fruticultura

0811I01 Irrigação e drenagem 0811M01 Manejo da produção agrícola

0811V01 Viticultura e enologia 0811Z01 Zootecnia

0812 Horticultura 0812H01 Horticultura

082 Silvicultura 0821 Silvicultura 0821E01 Engenharia florestal 0821S01 Silvicultura

083 Pesca 0831 Pesca 0831A01 Aquicultura

0831E01 Engenharia de pesca 0831P01 Produção pesqueira 084 Veterinária 0841 Veterinária 0841M01 Medicina veterinária 088 Programas interdisciplinares abrangendo agricultura, silvicultura, pesca e veterinária 0888 Programas interdisciplinares abrangendo agricultura, silvicultura, pesca e veterinária 0888P01 Programas interdisciplinares abrangendo agricultura,

silvicultura, pesca e veterinária

Fonte: INEP (2019)

Além dos cursos constantes no Quadro 2, outras áreas também podem ser consideradas por se relacionarem indiretamente ao setor do agronegócio. Segundo Alves (2015), os municípios de fronteira agrícola “se especializam em serviços para atender as demandas produtivas do campo: lojas de maquinários, de sementes e de defensivos; escritórios de prestação de serviços agropecuários etc.”, além de expandir o consumo da população por mercadorias, sejam elas bens duráveis ou não duráveis. (ALVES, 2015)

Dessa forma, para fins de demonstrar se há influência do agronegócio no ensino superior dos municípios dos Cerrados do Centro-Norte, esta pesquisa parte do princípio de que se faz necessário considerar áreas afins e indiretamente relacionadas ao agronegócio, englobando, portanto, toda a nova dinâmica a que tais cidades vivenciam e as demandas que são geradas a partir do agronegócio.

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Em termos de expansão de matrículas no ensino superior, foram utilizados os microdados provenientes da planilha “DM_CURSO” dos Censos da Educação Superior (Censup) dos anos de 2010 a 2017, a fim de demonstrar, por meio de séries históricas, a variabilidade do número de matrículas no ensino superior dos 24 municípios selecionados para a pesquisa. Embora esta pesquisa não pretenda realizar projeções futuras quanto aos dados apresentados, estas poderão ser realizadas em estudos futuros.

Assim, tomando como ponto de partida que a nova economia gerada pelo agronegócio na região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil representa e/ou influencia diretamente os indicadores socioeconômicos e educacionais daquela região, foram postuladas análises que poderão subsidiar pesquisas futuras, bem como fomentar políticas públicas que envolvam o ensino superior na região.

Organização da dissertação

Esta pesquisa de mestrado foi organizada em dois capítulos, precedidos da Introdução e seguidos das Considerações Finais. Na Introdução, foram apresentados o contexto da pesquisa, a questão de pesquisa, objetivo geral, os objetivos específicos e a metodologia utilizada para coleta e análise dos dados.

O Capítulo I apresenta os Cerrados do Centro-Norte do Brasil como atual fronteira agrícola, trazendo um resgate histórico do agronegócio, a importância dos Cerrados do Centro-Norte para este setor econômico, a caracterização sócia geográfica de cada estado e dos 24 municípios estudados, além de séries históricas acerca dos indicadores do agronegócio (Produção de Grãos e PIB) no período de 2010 a 2017.

O Capítulo II aborda o ensino superior nos Cerrados do Centro-Norte do Brasil, trazendo um mapeamento das IES e cursos superiores ofertados nas 24 cidades escolhidas, a relação destes cursos com o agronegócio, principal setor econômico da região, e a demonstração da expansão de matrículas neste nível de ensino, por meio de séries histórias dos anos de 2010 e 2017. Por fim, apresenta-se também de que forma o ensino superior é tratado nos planos municipais de educação de cada um dos 24 municípios.

As Considerações Finais desta pesquisa trazem uma síntese dos trabalhos desenvolvidos, das análises elaboradas e das contribuições deste estudo. Ao final, as Referências Bibliográficas apresentam a literatura utilizada para alcançar os objetivos

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propostos, bem como documentos oficiais e legislações que deram subsídio teórico para este estudo.

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CAPÍTULO I - OS CERRADOS DO CENTRO-NORTE DO BRASIL COMO FRONTEIRA AGRÍCOLA

Este capítulo tem como objetivo relatar a história e expansão do agronegócio a nível nacional e, posteriormente, seu avanço e desenvolvimento na fronteira agrícola dos Cerrados do Centro-Norte e seus impactos socioeconômicos, perpassando por questões fundiárias, de trabalho, fluxos migratórios, dentre outros.

Os quatro estados dos Cerrados do Centro-Norte (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) foram caracterizados, bem como cada um dos 24 municípios selecionados para a pesquisa, no que tange às características socioeconômicas, utilizando-se dos seguintes indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de anos variados: População Estimada de 2018, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 2010, extensão territorial e área convertida em estabelecimentos agrícolas referentes ao ano de 2018, e, por fim, Produto Interno Bruto (PIB), PIB Agropecuário (valor adicionado bruto a preços correntes da agropecuária) e Produção Total de Grãos (soja, milho e algodão) dos anos de 2010 a 2017.

1.1 O agronegócio brasileiro: história, expansão e questão agrária

A importância da agricultura para o Brasil é bem mais antiga que o uso do termo agronegócio. Seu início remete à época do Brasil Colônia, suas terras férteis, exploráveis e lucrativas para a Coroa de Portugal. A colonização e crescimento econômico do Brasil estão diretamente relacionados aos ciclos de produção agropecuária presentes. O primeiro produto brasileiro alvo de exploração foi o pau-brasil, logo após o descobrimento do Brasil, ainda durante o século XVI, o qual só teve trégua com sua extinção. Como substituição, inicia-se o Ciclo da Cana-de-açúcar dos engenhos nordestinos, no decorrer do século XVI até meados do século XVIII, produzida para fins de exportação e tida como principal atividade econômica da época. Posteriormente vieram outros, tais como os Ciclos do Cacau, ao longo do século XIX; do Café, do século XIX ao século XX; da Borracha, durante um pequeno período (final do século XIX ao início do século XX); e recentemente, das Commodities. Assertivamente diz Souza (2017) que o “pau-brasil com certeza deu a tônica do que seria o processo exploratório que perpetuaram até os dias atuais”.

A importância de determinadas culturas esteve sempre diretamente relacionada às áreas de fronteira agrícola onde são ou foram cultivadas e, consequentemente, às áreas de

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expansão populacional e de desenvolvimento econômico. Nesse sentido, pode-se dizer que durante cada ciclo agrícola brasileiro, uma nova fronteira agrícola se originou.

Segundo Beckmann e Santana (2019), o conceito de fronteira agrícola consiste em “áreas de expansão da agropecuária sobre o meio ambiente”, onde, por meio de agricultura e tecnologia moderna, altera-se o padrão técnico da produção regional, tendo como consequências mudanças nas relações de produção, bem como nas estruturas econômicas, sociais e culturais. (BECKMANN, SANTANA; 2019)

Tomando como base os principais ciclos agrícolas do Brasil citados anteriormente, observa-se que o único que não gerou uma área de fronteira agrícola foi o pau-brasil, uma vez que não esteve relacionado à produção e sim à exploração em todo litoral do território; por sua vez, ainda no Brasil Colônia, o Ciclo do Açúcar deu abertura à produção de cana-de-açúcar na Zona da Mata; o Ciclo do Cacau se deu de fato na região sul da Bahia, porém houve tentativas prévias de plantio na região amazônica, especialmente no Pará; a Amazônia Brasileira também foi cenário do Ciclo da Borracha, especificamente na região central da floresta amazônica; por sua vez, na região sudeste viveu-se o auge do Ciclo do Café, sobretudo na região oeste paulista, Vale do Paraíba e Baixada Fluminense.

De acordo com Prado Jr. (1956) apud Oliveira e Piffer (2017), a região Norte, considerada de difícil manipulação e onde se exigiria demasiados investimentos, por tempos foi desinteressante ao governo, restringindo-se os interesses apenas ao litoral como área economicamente vantajosa, primeiramente pela exploração de pau-brasil e, posteriormente pelo cultivo de cana-de-açúcar. (OLIVEIRA; PIFFER, 2017)

Esta concepção começa a mudar gradativamente, com a busca por expansão de áreas para produções de larga escala. Atualmente, pode-se afirmar que vivemos o Ciclo das

Commodities4, dentre as quais, na região estudada, se destacam soja, milho e algodão. A

Figura 1 ilustra a expansão da soja em território nacional, entre as décadas de 1960 e 2000.

4 Commodities diz respeito a produtos de origem primária, produzidos e comercializados em grande escala, os

quais tem como características o estado bruto ou pequeno grau de industrialização, a uniformidade em termos de qualidade, a possibilidade de estocagem sem perda de qualidade durante determinado período e a comercialização realizada em bolsas de mercadoria, sendo a negociação realizadas com por meio de contratos futuros. As principais commodities negociadas atualmente são café, trigo, soja, milho, algodão, açúcar, álcool, boi, ouro, prata, cobre, aço e petróleo, dólar, euro, ações de grandes empresas, títulos de governos nacionais, dentre outros. O diferencial para que um produto seja considerado uma commodity é haja uma estrutura de mercado, onde vendedores e compradores se encontram e onde se torne possível essa forma de investimento. (BRANCO, 2008). Disponível em:

https://www.agrolink.com.br/downloads/a%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20soja%20no%20Brasil%20- %20uma%20an%C3%A1lise%20econom%C3%A9trica%20no%20per%C3%ADodo%20de%201994%20-%202008.pdf. Acesso em: 05 de nov. 2019.

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Figura 1 - Comparativo da área de cultivo de soja no Brasil entre os anos de 1960, 1975 e 2002

Fonte: JICA apud PITTA; VEGA, 2017.

Somente nos Cerrados do Centro-Norte, a área plantada de soja aumentou 253% entre 2000 e 2014, segundo Cerdas apud Pitta e Vega (2017).

Tal fenômeno teve início a partir de 1950, quando o Estado deu início a um processo de modernização agrícola no Brasil, como forma de tornar-se competitivo perante outros países produtores de commodities; este processo se intensificou durante os governos da ditadura militar, quando passou a ser a principal política pública e estratégia de governo, por meio de políticas de crédito subsidiado para instalação de agroindústrias, isenções fiscais, administração de preços e estímulo à ocupação de terras devolutas. (PITTA; VEGA, 2017)

Em 1965, criou-se o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) com objetivo de fomentar a agricultura brasileira por meio de investimentos em infraestruturas de armazenagem, maquinários e financiamentos para produção e comércio dos produtos.

Também os Planos Nacionais de Desenvolvimento, PND I de 1968-1973 e o PND II de 1975-1979, tiveram como prioridades o desenvolvimento e expansão agrícola, com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, para substituição de utilização de petróleo por etanol, e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER), em 1979, visando expandir as áreas de produção de soja para os Cerrados, ambos com recursos advindos do SNCR. (PITTA; VEGA, 2017)

Diante deste cenário, faz-se necessário a discussão acerca da questão agrária, que Graziano da Silva (2014) distingue claramente da questão agrícola, sendo esta relacionada “estritamente aos níveis de produção, à produtividade, aos preços dos produtos, (...) quanto se produz de arroz, feijão, milho, a que preço se produz, que tecnologia se utiliza”, enquanto a questão agrária trata das “relações de produção no campo”, ou seja, “relações que o homem estabelece com a propriedade da terra e nas relações de trabalho que o homem estabelece, seja como proprietário, seja como trabalhador”, relações estas que sofrem drásticas mudanças

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diante das novas dinâmicas socioeconômicas que se desenvolveram no país e também nos Cerrados do Centro-Norte. (GRAZIANO DA SILVA, 2014)

Conforme Alves (2015), os espaços de fronteira agrícola caracterizam-se por locais de contradições, sendo estruturados com base em tensões entre dois grupos: o primeiro formado por empresários, agricultores modernos, grileiro, etc., que formam o grupo do capital; e do outro lado comunidades camponesas locais, que por muitas vezes são levadas à expulsão de suas terras.

Sob o discurso de que, com o avanço do agronegócio, o progresso e desenvolvimento alcançariam tais regiões, observam-se mudanças que muitas vezes não acompanham as aspirações de populações locais e comunidades tradicionais e suas relações com a terra. Como traz Campos (2015), as transformações baseadas em conceito de desenvolvimento partem de grupos formados por classes sociais específicas, com interesses econômicos e políticos, e, portanto, o “transformar, não significa propriamente mudar para o benefício de todos”. (CAMPOS, 2015)

De acordo com Frederico e Bühler (2015), as políticas estatais de incentivo à exportação a partir de 1990 e a crise cambial de 1999, que reforçou a disponibilidade de crédito para atividades agroexportadoras, contribuíram para o aumento da apropriação de terras. Tais fatores colaboraram, por sua vez, com novas dinâmicas territoriais e uma crescente reorganização da propriedade fundiária, por meio da formação de grandes latifúndios de exportação, baseados, em grande parte, em monoculturas.

Além das mudanças no que diz respeito à propriedade fundiária, também as relações de trabalho se alteram. Conforme Prado Jr. (2014), a situação de exploração rural, a qual outrora os escravos eram submetidos, os quais deram lugar aos trabalhadores livres, é dirigida pelo proprietário, elemento econômico essencial e central, ficando o trabalhador empregado “a título de simples força de trabalho, e não de ocupante propriamente e explorador direto da terra como se dá com o camponês”. (PRADO JR., 2014)

As famílias camponesas passam a se sustentar principalmente de atividades não agrícolas, em especial do trabalho assalariado não rural, contribuindo para uma massiva migração para as cidades. Por sua vez, os trabalhadores assalariados rurais são submetidos, em grande parte, a trabalhos temporários nos latifúndios que se formam e englobam as pequenas propriedades. Nesse sentido, a crescente concentração fundiária e, principalmente, a concentração de capital enfraquecem o trabalho e enraízam os altos níveis de desigualdade. (KAY, 2018)

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1.2 A soja no Brasil: do Pós-Guerra ao PRODECER

A importância da soja para o cenário econômico brasileiro remete ao fim da década de 1960 e início da década de 1970, quando o grão passa a fazer parte das estratégias econômicas por ser produzida e escoada na entressafra da produção americana, bem como pela crescente demanda por farelo de soja, principal fonte de alimentação para criação animal. (EMBRAPA, 2019)

As mudanças de hábitos alimentares a nível mundial e o aumento do consumo de carnes também impulsionaram a produção progressiva e a necessidade de expansão das áreas plantadas. Outro fator de extrema influência para a produção de soja brasileira foi a necessidade de reerguimento de países no Pós-Guerra.

Neste contexto inclui-se, por exemplo, o Japão e sua necessidade por garantir a provisão estável de recursos e alimentos, levando a desenvolver neste período muitos projetos estratégicos – os chamados “Projetos Nacionais” – do tipo “desenvolvimento de recursos”, inclusive entre o governo japonês e brasileiro. (JICA, 2009)

A cooperação técnica entre Brasil e Japão teve início no ano de 1959, sendo regulamentada pelo Acordo Básico de Cooperação Técnica Brasil-Japão, documento assinado em agosto de 1971, estando o Brasil representado pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Agência Brasileira de Cooperação e o Japão pela Agência de Cooperação Internacional do Japão ou Japan International Cooperation Agency (JICA). (BRASIL, 2019)

As ações da JICA envolvem temas relacionados à globalização e seus reflexos no que diz respeito a mudanças climáticas e questões relacionadas à água, alimentos e doenças infecciosas; redução da pobreza e crescimento; melhoria da governança, como políticas e sistemas de governo de países em desenvolvimento; além de assuntos que tangem a garantia da segurança humana. (JICA, 2009)

Assim, no início da década de 1970, uniu-se a necessidade do Japão de diversificar seus fornecedores de grãos e suprir suas demandas às aspirações do Brasil por aumento de produtividade e desenvolvimento, especialmente em áreas não exploradas. Desta união, foi criado, em 1974, o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (PRODECER), por meio do qual, recebeu-se investimento financeiro do Japão para desenvolvimento de pesquisa a fim de melhoria de produção, a qual ficou a cargo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Cerrados). Outro

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programa governamental que se desenvolveu anteriormente foi o Programa de Desenvolvimento Agrícola do Cerrado (POLOCENTRO) que visou promover a ocupação racional dos Cerrados do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais), entretanto estas áreas não se encontram abarcadas por este estudo.

Por sua vez, o PRODECER funcionava de forma que o governo federal repassava os recursos estrangeiros para os governos municipais e estaduais, que tinham o dever de melhorar a infraestrutura socioeconômica. Também se envolvia a iniciativa privada, para fins de infraestrutura, e a Embrapa, para fins de pesquisa. Para viabilizar o programa, foi fundado um órgão coordenador, a Companhia de Promoção Agrícola (CAMPO), constituída por uma

holding brasileira - a Companhia Brasileira de Participação Agroindustrial (BASAGRO) - e

uma holding japonesa - a Companhia Nipo-Brasileira de Desenvolvimento Agrícola (JADECO). (PESSÔA, 1988, apud PESSÔA; INOCÊNCIO, 2014)

O PRODECER foi desenvolvido em três fases: PRODECER I (1980), no oeste de Minas Gerais, PRODECER II (1987), se estendendo para Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia e PRODECER III (1995), expandindo para Maranhão e Tocantins, impactando em um reordenamento territorial destas áreas estratégicas para suprimentos agrícolas a nível internacional. Apesar do desenvolvimento econômico que se concretizou com a soja e de abertura a outras culturas como o café, a cana-de-açúcar e o eucalipto, o PRODECER causou enormes impactos à população que já habitava essas áreas previamente, especialmente no que diz respeito a questões sociais, culturais e ambientais. (PESSÔA; INOCÊNCIO, 2014)

Tais políticas e programas impulsionaram o avanço do agronegócio na região dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil promovendo grandes mudanças socioeconômicas. Cardoso e Socoloski (2015), em estudo sobre os fluxos migratórios do Rio Grande do Sul com destino ao Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, afirmam que esta região tem sofrido um grande processo de transformações do espaço agrário e urbano, protagonizado por migrantes sulistas, que há cerca de três décadas buscam áreas para expansão agrícola. Os autores afirmam ainda que as mudanças, que se originam em atividades agrícolas, provocam transformações também em outros setores econômicos, na organização espacial e nas relações entre espaços rurais e urbanos.

Alves e Rolim (2015) afirmam também que os fluxos migratórios atrelados ao agronegócio alteram a estrutura econômica da região, promovendo o crescimento do setor de serviços e comércio nas “cidades do agronegócio” e, por outro lado, efeitos negativos à população local com baixa qualificação que “migram para outra região, na medida em que o

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crescimento econômico verificado não representa melhorias efetivas de qualidade de vida dessa população”. Os autores expõem ainda que a modernização da região baseada na produção moderna de grãos aumenta o número de postos de trabalho formais, bem como o preço da terra dessa região e os conflitos decorrentes de expropriações; por sua vez, não há absorção dos trabalhadores da região, que em sua maioria tem baixa qualificação, resultando em aumento de trabalhadores sem emprego e manutenção da pobreza na região. (ALVES; ROLIM, 2015)

Nesse sentido, observa-se que o discurso de desenvolvimento e progresso promovido pelo agronegócio, que por vezes é apresentado como certo, deve ser tratado com cautela, uma vez que as ações que se deram na região dos Cerrados do Centro-Norte, por exemplo, nem sempre repercutem em melhoria da qualidade de vida para população local, impactando inclusive de forma negativa em questões como expropriações de terras, migrações compulsórias e desemprego.

Diante dessas questões, a compreensão de como se dá a oferta de qualificação nessa região faz-se necessária; o mapeamento do ensino superior presente na região dos Cerrados do Centro-Norte apresentado no Capítulo II dessa dissertação baseia-se nesta necessidade.

1.3 Os Cerrados do Centro-Norte no contexto do agronegócio

A expansão do agronegócio no bioma cerrado tem acontecido concomitantemente às políticas de fomento ao desenvolvimento agrícola no país. A Figura 2 demonstra esta expansão ao longo dos anos no território brasileiro, bem como na região Cerrados, ilustrada por meio de pontilhados, nos anos de 1970 a 2000.

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Figura 2 - Expansão do agronegócio no Brasil e nos Cerrados (pontilhado) em 1970, 1980, 1990 e 2000

Fonte: Vieira Filho (2016)

O avanço do agronegócio pelos Cerrados do Centro-Norte se iniciou na década de 1990, se intensificando nos anos 2000 em diante. A região, formada por parte dos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é conhecida popularmente por Matopiba, acrônimo derivado das iniciais dos nomes de cada um dos estados e tem sido considerada a atual fronteira agrícola brasileira, a partir de políticas de fomento ao agronegócio, onde se formaram verdadeiros polos de expansão da agricultura modernizada.

Para Alves (2015), esta é uma região ainda em formação onde emergem novas dinâmicas econômicas e sociais associadas ao agronegócio, como a mobilidade populacional, urbanização, formas específicas de produção e infraestruturas para atender às necessidades presentes.

Por meio do Decreto nº 8.447, de 6 de maio de 2015, durante o governo de Dilma Rousseff, instituiu-se o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba; tal legislação previa a promoção e coordenação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento econômico sustentável por meio de atividades agrícolas e pecuárias que contribuíssem na melhoria da qualidade de vida da população. (BRASIL, 2015)

No entanto, após o impeachment de Dilma Rousseff, durante o governo de Michel Temer, por meio do Decreto nº 8.852, 20 de setembro de 2016, o Departamento de Desenvolvimento do Matopiba foi extinto da estrutura do Ministério da Agricultura, sob

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justificativa de reestruturação da pasta para fins de enxugamento da máquina pública. Tal decreto, por sua vez, foi revogado pelo Decreto nº 9.667, de 2 de janeiro de 2019, no atual governo de Jair Bolsonaro, não havendo, porém, alteração no que tange à recriação do departamento. É válido ressaltar que em agosto de 2017, foi aprovado por comissão da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei Complementar nº 279/20165, que autoriza o Poder Executivo a instituir a Agência de Desenvolvimento do Matopiba, entretanto o projeto permanece em tramitação até então. Todavia, o decreto que instituiu o Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA Matopiba) permanece vigorante.

Ainda assim, apesar dos Cerrados do Centro-Norte não estarem oficialmente na atual agenda governamental, seja esta uma estratégia ou não, o avanço do agronegócio na região se mantem crescente e a região continua alvo de interesse econômico devido a sua posição de fronteira agrícola, seja por parte das agroindústrias ali presentes, pelo capital estrangeiro ou até mesmo por parte do governo. Os impactos dessa expansão, que vem acontecendo há décadas, e seus reflexos econômico-sociais independem de governo e tornam ainda mais necessários estudos que demonstrem os efeitos das mudanças produtivas regionais e como estes refletem na população que reside nestas áreas.

O avançar do agronegócio nos Cerrados do Centro-Norte gera graves implicações sociais e ambientais, que incluem mudanças no modo de vida das comunidades rurais, alteração na forma de uso da terra e da água, a concentração da estrutura fundiária, além de questões de segurança pública, como disputas por território, muitas vezes violentas. (ALVES, 2015)

Alves (2009) ainda afirma que o desenvolvimento econômico e a lucratividade gerados em decorrência do aumento de produtividade, da instalação de empresas do agronegócio e da migração de pessoas (grande parte sulistas) não refletiram em real melhoria na qualidade de vida da população local, beneficiando uma minoria detentora de capital: latifundiários da região.

5 O Projeto de Lei de Complementar nº 279/2016, de autoria de Kátia Regina Abreu, em seu último dia de

mandato como Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e de Valdir Moysés Simão, então Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, foi apresentado à Câmara dos Deputados, em 12/05/2016, em regime de “tramitação de prioridade”, teve os seguintes andamentos: 17/05/2016 - Mesa Diretora da Câmara dos Deputados; 18/05/2016 - Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA), com aprovação em 03/05/2017; 04/05/2017 - Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), com aprovação em 09/08/2017; 10/08/2017 - Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), tendo tido relator designado na CTASP em 04/07/2019. Ainda na Câmara dos Deputados, o PLC 279/2016 deverá ser submetido à Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Tais informações foram coletadas no site da Câmara dos Deputados (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2084392). Acesso em: 16 jul. 2019.

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O avanço do agronegócio na região é marcado por ocupações (muitas vezes ilegais), expropriações, grilagem de terras devolutas e desmatamentos, obrigando muitos camponeses a migrarem para periferias de grandes centros e impactando na vida da população local como um todo. (PITTA; VEIGA, 2017)

1.4 Os Cerrados do Centro-Norte: caracterização geográfica e socioeconômica

Os Cerrados, segundo maior bioma do território brasileiro, costumam ser divididos em sub-regiões devido a sua extensão como, por exemplo, os Cerrados do Centro-Norte, que são alvo desta pesquisa e compreendem as mesorregiões do Sul do Maranhão, Leste do Tocantins, Sul do Piauí e o Extremo Oeste da Bahia. Este recorte espacial provém da delimitação proposta pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para fins do Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba (PDA Matopiba).

A citada delimitação foi realizada em parceria entre a Embrapa, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), subordinado à época ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDA). Para tanto, estes órgãos utilizaram como critério de delimitação territorial as áreas de cerrados existentes nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que resultou em 31 microrregiões6, compostas por um total de 337 municípios e abrangendo aproximadamente 73 milhões de hectares, conforme a Figura 3. (MIRANDA, 2015)

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Figura 3 - Delimitação dos Cerrados do Centro-Norte do Brasil e suas 31 microrregiões

Fonte: Embrapa (2019)

Nota-se no mapa que o estado do Tocantins é o que tem maior contribuição para formação da região, sendo o único que tem todo seu território incluso, representando 38% da área total dos Cerrados do Centro-Norte, seguido do Maranhão que representa 33%, e da Bahia e Piauí, com 18% e 11%, respectivamente. No Quadro 3, observam-se estes dados, bem como o número de microrregiões e municípios de cada um dos 4 estados.

Quadro 3 - Distribuição territorial dos Estados dos Cerrados do Centro-Norte, conforme delimitação proposta pela Embrapa

Estados Maranhão Tocantins Piauí Bahia

Número de microrregiões 15 8 4 4

Número de municípios 135 139 33 30

Área (em hectares) 23.982.346 27.772.052 8.204.588 13.214.499

Percentual da área total 33% 38% 11% 18%

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Em termos geográficos, esta região converge aos interesses do agronegócio por apresentar características como o relevo predominantemente de chapadões planos favoráveis à mecanização e a presença de rios importantes como o Rio Tocantins e o Rio Parnaíba, que auxiliam no escoamento da produção de grãos. Estes fatores, unidos às terras utilizadas para expansão de produção, têm impulsionado o avanço do agronegócio na região, que pode ser constatado pela evolução do Produto Interno Bruto Agropecuário (PIB Agropecuário) de 2010 a 2016, conforme se observa no Quadro 4.

Quadro 4 - PIB Agropecuário - Valor adicionado bruto pela Agropecuária dos Estados dos Cerrados do Centro-Norte de 2010 a 2016 (mil reais)

Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Maranhão 3.198.812 3.524.263 3.749.918 4.686.678 5.250.323 5.217.455 4.011.966 Tocantins 1.739.792 2.095.040 2.342.064 2.714.412 3.308.539 3.415.528 3.619.440 Piauí 502.038 954.453 1.228.365 837.956 1.398.684 1.494.755 595.283 Bahia 2.543.623 3.795.894 5.288.359 4.382.162 5.606.318 6.283.811 3.977.835 Total 7.984.265 10.369.650 12.608.706 12.621.208 15.563.864 16.411.549 12.204.524 Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

No Quadro 5, é possível observar o incremento da produção das principais

commodities da região (soja, milho e algodão); a soma destas três culturas será chamada de

produção de grãos.

Quadro 5 - Produção de Grãos (soja, milho e algodão) nos Estados dos Cerrados do Centro-Norte de 2010 a 2017 (toneladas) Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Maranhão 1.804.698 2.113.733 2.338.069 2.829.537 3.312.319 3.382.187 1.826.101 3.847.604 Tocantins 1.288.209 1.524.319 1.670.186 1.923.850 2.564.782 3.071.006 2.461.469 3.264.684 Piauí 1.177.567 1.632.389 2.051.997 1.400.277 2.461.771 2.827.525 1.185.863 3.288.206 Bahia 5.531.675 6.625.311 6.242.893 5.137.090 6.888.688 7.706.564 5.442.017 7.406.680 Total 9.802.149 11.895.752 12.303.145 11.290.754 15.227.560 16.987.282 10.915.450 17.807.174 Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Tais indicadores são fortemente alavancados por algumas das cidades definidas para este estudo, uma vez que sua escolha se deu justamente por se tratarem de municípios com

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