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CAPÍTULO I OS CERRADOS DO CENTRO-NORTE DO BRASIL COMO

1.4 Os Cerrados do Centro-Norte: caracterização geográfica e socioeconômica

1.4.1 Maranhão

1.4.1.5 Carolina

Carolina tem sua história marcada por disputas de território. Surgiu em razão dos piauienses Manoel Coelho Paredes e Elias Ferreira Barros que vieram até o Rio Tocantins e ali se fixaram em 1809; porém, no ano seguinte, foram obrigados a deixar o local sob pretexto de que pertencia ao príncipe, passando a localidade aos cuidados de Pinto Magalhães até 1816, que deu nome à localidade de São Pedro de Alcântara. Em 1820, o piauiense Elias Ferreira Barros retorna ao local e reergue o povoamento, que passou a se chamar Carolina em homenagem à primeira imperatriz. Passou à categoria de vila em 1831, porém teve sua jurisdição transferida para o estado de Goiás à época, só retornando a compor o estado do Maranhão em 1854, pondo fim às disputas. Foi denominado como município em 1859 mantendo o nome de Carolina. (IBGE, 2019a)

Localizada na margem direita do Rio Tocantins, Carolina também tem seu território cortado também pelos rios Lajes, Farinha, Itapecuru, Rio Manoel Alves, Rio Sereno, além de apresentar diversas cachoeiras e cânions devido ao seu relevo acidentado, tornando a cidade de grande interesse turístico, especialmente por ser base para visitantes do Polo das Águas e do Parque Nacional da Chapada das Mesas.

O município, que conta com uma população estimada para 2018 de 24.337 habitantes, apresenta IDHM mediano de 0,634, conforme os dados de 2010. Devido a suas características geográficas, a economia de Carolina tem como base predominante o turismo, mas também o comércio e a agropecuária, à qual é destinada 42,8% de seu território total de 644160,3 hectares para estabelecimentos agrícolas, onde são produzidos principalmente milho, soja, arroz e mandioca. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos de Carolina apresentou um grande crescimento entre os anos de 2010 e 2015, recuando fortemente em 2016 devido a fatores climáticos e recuperando-se, mas manteve-se inferior, em 2017, à tendência de crescimento que vinha apresentando até então, conforme demonstrado na Figura 17.

Figura 17 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Carolina (MA)

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

O PIB Agropecuário de Carolina, em termos gerais, tem apresentado crescimento de representatividade perante o PIB total entre os anos de 2010 e 2015, com queda no ano de 2016 devido às baixas produções de grãos (Figuras 18 e 19).

Figura 18 – Composição do PIB Carolina (MA) entre 2010 e 2016

Figura 19 – Evolução do PIB de Carolina (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

1.4.1.6 Porto Franco

Do outro lado do Rio Tocantins, surgiu o povoamento de Porto Franco em 1854, que à época fazia parte do território de Goiás. Em 1919, passou à categoria de vila, elegendo seu primeiro prefeito no mesmo ano, desmembrando-se do município de Imperatriz. Foi elevada a município por meio de decreto-lei no ano de 1938 e passou a fazer parte do território do Maranhão. (IBGE, 2019a)

Em termos populacionais, estima-se que, em 2018, Porto Franco conte com um total de 23.675 habitantes, conforme dados do IBGE. Seu IDHM de 2010 foi de 0,6840, considerado mediano. (IBGE, 2019a)

No que se refere à agropecuária, 76,2% do território total de 141.749,3 hectares de Porto Franco é constituído por estabelecimentos agrícolas. A cidade apresenta uma baixa produção de grãos se comparado aos demais municípios selecionados, visto que suas principais culturas são milho forrageiro, cana-de-açúcar e melancia; entretanto, o município conta com um distrito agroindustrial, onde são realizadas atividades de carga, transbordo e armazenagem de grãos, bem como produção de óleo de soja. (IBGE, 2019a)

Apesar de pequena, a produção de grãos de Porto Franco cresceu entre os anos de 2010 e 2016 e, especialmente, em 2017, no qual apresentou um grande salto se comparado aos anos anteriores, como se observa na Figura 20.

Figura 20 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Porto Franco (MA)

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Em termos econômicos, o PIB do município de Porto Franco é impulsionado principalmente pelo PIB de Serviços e pelo PIB da Indústria, apresentando pouca participação por parte do PIB Agropecuário, o qual tem crescido de forma pouco representativa, como nota-se nas Figuras 21 e 22.

Figura 21 – Composição do PIB de Porto Franco (MA) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Figura 22 – Evolução do PIB de Porto Franco (MA) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

1.4.2 Tocantins

O Tocantins é o mais novo estado brasileiro, tendo sido legalmente criado em 1988 pelo desmembramento do estado de Goiás e oficialmente instalado em 1º de janeiro de 1989,

após a promulgação da Constituição Federal de 1988, fruto de lutas por emancipação desde a década de 1960. Entretanto, a história se inicia muito antes, com o processo de exploração pelos franceses no início do século XVII, logo após terem chegado ao Maranhão, por meio do Rio Tocantins. (IBGE, 2019a)

Com uma população estimada de mais de 1,5 milhões de habitantes em 2018, possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio de 0,6990 que o coloca na 14ª posição no ranking dos estados do Brasil. O Estado é um dos menos populosos do país, com uma densidade demográfica de 4,98 habitantes por quilômetro quadrado, ficando à frente apenas dos estados do Acre, Amapá e Roraima, segundo dados do IBGE do ano de 2010.

O território tocantinense é dividido em duas mesorregiões - Ocidental do Tocantins e Oriental do Tocantins - e em oito microrregiões, sendo composto por 139 municípios, dos quais 132 integram a região dos Cerrados do Centro-Norte. Na Mesorregião Oriental do Tocantins se encontram os municípios de Dianópolis, Almas e Santa Rosa do Tocantins, que tiveram foram menos influenciado pelo avanço do agronegócio, e Campos Lindos, Pedro Afonso e Porto Nacional, onde houve maior impacto do setor. Esta região, que se encontra no Planalto Central Brasileiro e no bioma cerrado, tem como característica um relevo aplainado favorável à agricultura mecanizada.

1.4.2.1 Dianópolis

Dianópolis surgiu como um povoado na aldeia dos índios Acroás, formado por lavradores, pecuaristas e mineradores vindos de outras regiões do país (nordeste, centro-oeste e até mesmo do sudeste). A localidade foi palco de episódios de evangelização de índios pelos jesuítas a pedido dos recém-moradores, que ocorreram eventualmente de forma violenta e conflitante. (IBGE, 2019a)

Com o nome de São José do Duro, o então distrito, sob jurisdição de Conceição do Norte, foi criado em 1854, passando à categoria de vila em 1884 mantendo o mesmo nome. A Vila de São José do Duro se tornou cidade em 1938 quando então recebeu o atual nome de Dianópolis. (IBGE, 2019a)

Contanto com uma população estimada de 21.850 habitantes para 2018, o município de Dianópolis apresenta IDHM de 0,7010, com base no ano de 2010, o qual é considerado alto. (IBGE, 2019a)

Economicamente, a cidade tem como base a agropecuária, o turismo e a geração de energia elétrica. O município tem 30,4% do território total de 321.731,3 hectares convertido em estabelecimentos agrícolas, apresentando como principais culturas a banana e a mandioca, com valores mais expressivos que milho e soja, que vem em seguida, conforme dados preliminares do Censo Agropecuário com base no ano de 2017. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos de Dianópolis apresentou crescimento moderado entre os anos de 2010 a 2014; entretanto, a partir de 2015, houve brusca queda neste indicador, que se manteve praticamente nulo também nos anos de 2016 e 2017, conforme se observa na Figura 23.

Figura 23 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Dianópolis (TO)

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Diante da queda de produção de grãos, o PIB Agropecuário de Dianópolis também diminuiu a participação do PIB total a partir de 2015. Nos últimos anos (2015 e 2016), o PIB da Administração Pública foi responsável pela maior parcela do PIB municipal, que, acompanhando as baixas do setor agropecuário, também recuou. (Figuras 24 e 25)

Figura 24 – Composição do PIB de Dianópolis (TO) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Figura 25 – Evolução do PIB de Dianópolis (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

O município de Campos Lindos foi fundado pelo então governador do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, em 1993, após ter sido elevado à condição de cidade em 1992, quando desmembrou-se de Goiatins. Seu nome é uma homenagem ao próprio governador, Siqueira Campos, e ao distrito de Monte Lindo. (IBGE, 2019a)

Desde sua origem tem como característica uma realidade marcada pelos grandes empresários da soja de um lado e por pequenos produtores, posseiros e sem-terra. Campos

Lindos fez parte do Programa Polos de Fronteiras (1997), que tinha como objetivo a

revitalização e aumento de produtividade regional, formando o Polo Agrícola de Campos Lindos. (LIMA, 2014)

Apesar de o município ser um polo do agronegócio, os pouco mais de 9.900 habitantes de Campos Lindos convivem com um baixo IDHM que ficou na casa de 0,5440, em 2010, sendo um dos mais baixos dentre os municípios estudados. (IBGE, 2019a)

De acordo com dados do IBGE/Sidra de 2016, o município é o quarto maior PIB

Agropecuário do estado do Tocantins, tendo sua produção agrícola baseada no cultivo de soja, milho e arroz. Do seu território total de 324.017,7 hectares, 44,1% é destino a estabelecimentos agrícolas. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos de Campos Lindos teve crescimento progressivo e significativo entre os anos de 2010 a 2015, seguido de expressivo recuo nos anos de 2016 e 2017, como nota-se na Figura 26.

Figura 26 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Campos Lindos (TO)

A importância do agronegócio para o município de Campos Lindos é perceptível também em seu PIB Agropecuário que é responsável pela maior parte do PIB total do município (Figura 27) e tem oscilado de forma semelhante à produção de grãos (Figura 28).

Figura 27 – Composição do PIB de Campos Lindos (TO) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Figura 28 – Evolução do PIB de Campos Lindos (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

1.4.2.3 Pedro Afonso

A Vila de São Pedro Afonso foi criada em 1903, pelo desmembramento do município de Porto Nacional, sendo elevada à categoria de município apenas em 1937, com nome de apenas Pedro Afonso. Sua localização e características geográficas, bem como a disponibilidade de vias fluviais, tornaram a cidade estratégica para o escoamento de mercadorias e para que o desenvolvimento de um polo do agronegócio. (IBGE, 2019a)

Situado no norte do estado do Tocantins, na confluência dos rios Tocantins (do lado esquerdo) e Sono (do lado direito), Pedro Afonso passou por um grande período de desenvolvimento durante o Ciclo da Borracha, por onde eram escoadas mercadorias entre Bahia e baixo Araguaia. O município fez parte do Programa PRODECER III, juntamente com a cidade de Balsas (MA), tendo recebido recursos financeiros para fins de pesquisa e aumento de produção agrícola, especialmente de grãos.

Pedro Afonso conta com uma população estimada de pouco mais de 13.300 habitantes em 2018, apresentando também um alto IDHM que ficou na casa de 0,7320, conforme os dados do IBGE de 2010. (IBGE, 2019a)

Com base nos resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, o município tem 64,3% de seu território total de 201.090,2 hectares convertido em estabelecimentos agrícolas. Em 2016, Pedro Afonso teve o segundo maior PIB Agropecuário do estado do Tocantins, atrás apenas do município de Lagoa da Confusão. Apesar da expressiva produção de grãos no município, sua principal cultura é a cana-de-açúcar, seguida posteriormente pela soja e milho. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos em Pedro Afonso tem seguido uma tendência decrescente no período de 2010 a 2017 (Figura 29), em virtude das produções de cana-de-açúcar que tomaram o lugar da soja no município.

Figura 29 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Pedro Afonso (TO)

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Apesar do município de Pedro Afonso ter forte viés agrícola, o PIB municipal é composto em sua maior parte pelo PIB de Serviços, conforme se observa nos dados de 2015 e 2016 da Figura 30. O PIB Agropecuário, por sua vez, teve expressivo crescimento entre os anos de 2010 a 2013, com ligeiro recuo em 2014, voltando a crescer nos anos de 2015 e 2016, mas mantendo-se abaixo dos indicadores de 2013 (Figura 31).

Figura 30 – Composição do PIB de Pedro Afonso (TO) entre 2010 e 2016

Figura 31 – Evolução do PIB de Pedro Afonso (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

1.4.2.4 Porto Nacional

Porto Nacional, na região metropolitana de Palmas, é cortado pelo Rio Tocantins, por meio do qual se desenvolveu com o transporte de mercadorias por via fluvial. Seu nome teve alterações de acordo com o período histórico do Brasil: Porto Real do Pontal, durante o Brasil Colônia, Porto Imperial durante o Brasil Império e, atualmente, Porto Nacional, após a proclamação da república.

Sua história tem início em meados de 1738, como importante porto de onde eram escoadas mercadorias até Belém do Pará e, posteriormente, para Portugal. Foi elevado à categoria de vila, em 1831; de distrito, em 1835; e de município, em 1861, todos já com o nome de Porto Imperial; somente em 1890 tornou-se finalmente Porto Nacional. (IBGE, 2019a)

Porto Nacional conta com cerca de 52.700 habitantes, conforme estimativas de 2018, e é considerado um município com alto IDHM, tendo apresentado indicador de 0,7400 em 2018. Popularmente conhecido como “capital do agronegócio”, a cidade tem 444.991,7 hectares de extensão territorial, da qual 51,7% consistem em estabelecimentos agrícolas, onde se produz principalmente soja, milho, abacaxi e melancia. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos de Porto Nacional tem tido tendência de crescimento positiva, mesmo com a baixa de produção ocorrida em 2016 devido à estiagem sofrida pela região.

Figura 32 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Porto Nacional (TO)

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Apesar da importância da agropecuária para o município, o PIB de Porto Nacional é alavancado principalmente pelo setor de serviços, como se nota na Figura 33, sendo que o PIB Agropecuário não apresentou grandes oscilações entre 2012 e 2016 (Figura 34).

Figura 33 – Composição do PIB de Porto Nacional (TO) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Figura 34 – Evolução do PIB de Porto Nacional (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

1.4.2.5 Almas

Almas, um dos mais antigos municípios de Tocantins, formou-se em 1734 com a chegada de moradores que buscavam ouro na região. Em homenagem a São Miguel Arcanjo,

a princípio chama-se Arraial de São Miguel e Almas, porém com o passar do tempo seu nome passou a Almas, ficando São Miguel apenas como padroeiro da cidade. Não há registros oficiais de sua elevação a distrito, entretanto esta foi nessa época em que Almas recebeu um grande número de garimpeiros (cerca de três mil) em virtude da descoberta de jazidas de diamantes nas margens do Ribeirão Gameleira. Sua emancipação data de 1958. (ALMAS, 2019)

Sua economia se iniciou com a exploração de ouro e ainda hoje se baseia na exploração de minerais e na agropecuária. Até o ano 2000, a presença da empresa Vale do Rio Doce no município impulsionou a economia local; com a saída da empresa, o município adentrou em uma crise econômica. (ALMAS, 2019)

Contando com uma população estimada de pouco mais de 7.300 habitantes, o município de Almas possui IDHM mediano de 0,6360, conforme dados de 2010. Com uma extensão territorial de mais de 400 mil hectares, 40,3% deles se constituem de estabelecimentos agrícolas, nos quais são produzidos principalmente soja, milho e cana-de- açúcar. (IBGE, 2019a)

A produção de grãos de Almas é pouco expressiva se comparada aos demais municípios estudados, porém tem crescido exponencialmente durante o período de 2010 a 2017, conforme se nota na Figura 35.

Figura 35 – Produção de soja, milho e algodão de 2010 a 2017 em Almas (TO)

No que diz respeito ao PIB do município de Almas, no período de 2010 a 2016, o PIB Agropecuário tem acompanhado o crescimento do PIB total, sendo a parcela que mais contribui para o indicador total. (Figuras 36 e 37)

Figura 36 – Composição do PIB de Almas (TO) entre 2010 e 2016

Fonte: IBGE/SIDRA (2019)

Figura 37 – Evolução do PIB de Almas (TO) por seguimento (Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública) entre 2010 e 2016