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Parques de diversões ou parques temáticos? Breve discussão

sobre estes equipamentos

Amusement parks or theme parks? Brief discussion about these

equipments

Talita dos Santos

ts.lins@yahoo.com.br

Orientador: Brenno Vitorino Costa

RESUMO: Dentre as incontáveis formas de aproveitar o tempo livre há os parques temáticos e parques de diversão. Partindo destas duas formas de entretenimento, este artigo traz um breve histórico que delimita quando eles surgiram, além do problema atual de classificação que esses empreendimentos turísticos sofrem, pois não há uma classificação padrão, nem estudos direcionados na área. Observou-se que há inconsistências até na divulgação e na venda dos parques, sejam de diversões ou temáticos, para o público final, e aponta-se a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre o assunto.

Palavras- chave: Lazer, turismo, parques temáticos, parques de diversões.

ABSTRACT: Among the countless ways to enjoy free time, there are the theme parks and amusement parks. About these two forms of entertainment, this article offers a brief history that defines when they arose, and the current problem of classification that these tourist enterprises suffer, because there is no standard classification or directed studies in the area. It was observed that there are inconsistencies even in the disclosure and sale of the parks are amusement or theme for the final public, and pointed out the need for further analysis on the subject.

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Introdução

O homem pós-moderno ao ser questionado sobre o que é lazer, facilmente consegue se projetar nas férias do trabalho, escola, folga de final de semana em um lugar paradisíaco ou até mesmo no parque de sua cidade. Se hoje tal conceito parece estar mais consolidado na cabeça das pessoas, nas sociedades arcaicas e pré-industriais o precioso tempo livre do século XXI não era algo tão palpável.

A Revolução Industrial, ao mudar as formas de produção, trouxe mudanças também na relação do homem com o trabalho. O uso das máquinas para otimizar a produção e as conquistas trabalhistas, com o tempo, fez com que a sociedade pós-industrial começasse a usufruir um maior tempo livre desvinculado das obrigações, que se convencionou chamar de lazer.

O grande desafio do homem pós-industrial é a busca do equilíbrio, pois o trabalho determina horários e modo de vida, trazendo a monotonia cotidiana. O desejo é o de quebrar com este ciclo, trazer algo novo, que renove as energias desgastadas pelo cotidiano laboral.

Dentre os vários equipamentos que surgiram para entreter o homem no seu tempo livre, os parques temáticos e os parques de diversões aparecem no cenário do lazer como grandes atrativos. No entanto, ao tentar delinear detalhadamente no que consistem os parques temáticos e os parques de diversões, encontra-se um problema conceitual, pois não há uma tipologia definitiva que consiga diferenciar ambos os equipamentos.

Por isso, este trabalho tem como objetivo principal contribuir para um maior entendimento do que vêm a ser os parques temáticos e os parques de diversões por meio de um panorama histórico, que remontará ao surgimento e desenvolvimento destes através dos tempos até se tornarem equipamentos de lazer e, em boa parte dos casos, atrativos turísticos. Além disso, serão fornecidos dados, através de pesquisa bibliográfica e em mídia eletrônica, que permitam demonstrar como cada categoria é classificada pelos órgãos de turismo do governo, associações da classe e pelos próprios empreendimentos. As fontes de informações foram sites da internet, revistas e reportagens.

No item 1, discorre-se sobre o conceito e a necessidade de lazer, para entender o contexto de surgimento dos parques de diversão e os parques temáticos. Em seguida, no item 2, trata-se do histórico desses equipamentos, no mundo e no

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Brasil. O item 3 demonstra como o governo, o mercado e mesmo a mídia especializada tratam os parques temáticos e de diversões, e se fazem qualquer diferenciação entre eles, conceitual ou não. Finalmente, no item 4, algumas considerações finais sobre a questão, ressaltando a necessidade de uma reflexão por parte dos estudiosos e do mercado sobre os conceitos que envolvem esses parques.

1. O conceito e a necessidade de lazer

Há alguns teóricos que afirmam que o lazer existiu em todos os períodos, em todas as civilizações. No entanto, para Dumazedier (1979), tal afirmação é inconsistente:

Nas sociedades arcaicas, o trabalho e o jogo estão integrados às festas pelas quais o homem participa do mundo dos ancestrais. Estas duas atividades, embora diferentes por seus fins práticos, possuem significações de mesma natureza na vida essencial da comunidade. A festa engloba o trabalho e o jogo. Além disso, trabalho e jogo apresentam-se amiúde mesclados. […] O lazer é um conceito inadaptado ao período arcaico. (DUMAZEDIER, 1979, p. 26).

Nesta obra o autor ainda descreve o aproveitamento do tempo livre em todas as sociedades posteriores à arcaica e, mesmo ao chegar na descrição das sociedades pré-industriais, o tempo livre aproveitado pelo povo não poderia ser classificado como lazer. Nesse período, o ritmo de trabalho era delimitado pelas estações do ano, isto é, no verão as atividades eram intensas, enquanto no inverno o frio castigava as pessoas. As atividades lúdicas eram caracterizadas por cantos, jogos e cerimônias, que não tinham um momento certo, mas sim, aconteciam durante o trabalho:

Entre trabalho e repouso o corte não é nítido, Nos climas temperados, no decurso dos longos meses de inverno, o trabalho intenso desaparece para dar lugar a uma semi-atividade durante a qual a luta pela vida é, muitas vezes, difícil. O frio é mortífero; a fome freqüente conjuga-se às epidemias. Esta inatividade é suportada; ela é amiúde associada a um cortejo de adversidades. Evidentemente, não apresenta as propriedades do lazer moderno. (DUMAZEDIER, 1979, p. 26).

Há ainda outra discussão sobre o ócio, tão apregoado pelos gregos na Era Clássica e pela classe aristocrática no século XVI. Segundo Barreto (2003, p.59), “o

otium para os gregos era uma atividade exercida pela classe dominante, os

cidadãos; atividade porque implicava pensar, entre outras coisas, para dirigir os rumos da sociedade”. Dumazedier (1979, p.27) complementa afirmando que o lazer

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não pode ser confundido com ociosidade, pois o primeiro não anula o trabalho, e sim representa uma pausa, uma “libertação” periódica.

A Revolução Industrial deu ao trabalho uma importância que este nunca havia tido. Esta nova realidade era caracterizada pela produção em massa, e todos acabaram sendo “recrutados” para contribuir. A sociedade industrial começou a viver uma realidade jamais vista até aquele momento, onde o progresso possibilitou o surgimento de fatores que contribuíram, pouco a pouco, para a diminuição do tempo de trabalho e aumento dos salários.

Segundo Barreto, mesmo após todo esse avanço, (apenas no final do século XIX que surgiu algo parecido com o conceito de lazer, pois este

passou a ser considerado uma necessidade das pessoas, para recompor suas forças de trabalho, e, ao longo do século, passou a ser também um bem de consumo, na medida em que foram criados equipamentos e atividades específicas para direcionar o lazer e há um mercado de consumo para este.) (BARRETO, 2003. p. 61)

O grande desafio do homem pós-industrial é a busca do equilíbrio, pois de um lado está o trabalho, que determina horário e modo de vida; do outro está à monotonia da rotina, a mesma casa, as mesmas pessoas, o mesmo trajeto entre a casa e o trabalho. O desejo é quebrar com este ciclo, trazer algo novo, que renove as energias desgastadas deste cotidiano pesado e desgastado.

Nesse sentido, as cidades passaram a oferecer equipamentos que pudessem proporcionar o descanso, a fuga da rotina e diversão para os trabalhadores de uma forma geral, como os museus, os parques urbanos, os centros culturais, e todos aqueles relacionados ao consumo, como os shoppings centers e os cinemas. E, como parte dessa oferta de lazer das cidades, há os parques de diversões e os parques temáticos, que serão apresentados no próximo item. Mais do que isso: muitos desses parques acabaram se consolidando como atrativos turísticos, ou seja, atraindo pessoas de outras localidades, e que anseiam em seu tempo de lazer conhecer novos lugares, experimentar novos sabores, conhecer novas sensações.

Assim, levando em consideração o conceito de lazer, o histórico do surgimento dos parques de diversões e dos parques temáticos será explorado, pois assim será estabelecida com mais propriedade a diferença entre ambos.

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2. Histórico: Parques de diversões e parques temáticos

Há diversos relatos que remontam ao embrião do que se chama, hoje, de “parques de diversões”, e todos eles afirmam que o surgimento dessas estruturas teria acontecido por volta dos séculos XIII e XIV. Ao imaginar um parque nessa época é óbvio que se tem de ter em mente algo simples, como um jardim. A denominação utilizada era exatamente a palavra “jardim” e ofereciam como entretenimento fogos de artifício, danças públicas, músicas e jogos como dama e xadrez. (ASHTON, 1999 apud OLIVEIRA, 2001 p.110)

Os Jardins do Prazer, como eram conhecidas essas formas de entretenimento, permaneceram populares até o século XVIII, quando problemas políticos e econômicos interferiram em sua existência. Segundo Goeldner e Mcintosh (2002), apesar de muitos terem fechado as portas por conta das crises, “um desses ainda permanece: Bakken, no norte de Copenhague, foi inaugurado em 1583 e hoje é o mais antigo parque de diversões em operação no mundo. (GOELDNER e MCINTOSH, 2000 apud OLIVEIRA, 2001 p.111)

No final do século XIX, os parques voltaram a aparecer, com uma roupagem mais parecida do que se tem hoje, pois alguns equipamentos mecânicos começaram a ser utilizados. A expansão mais significativa aconteceu nos Estados Unidos, onde após a guerra civil a expansão urbana exigiu a construção de transportes de tração elétrica, para facilitar a locomoção. As empresas que forneciam eletricidade para os bondes cobravam taxas permanentes, sendo assim, durante os finais de semana, que o fluxo era menor, os donos dos bondes tinham um prejuízo a ser recuperado.

A solução encontrada por esses empresários foi estimular o uso dos veículos nos finais de semana por meio da criação de entretenimento localizado na beira das estações. Segundo Oliveira, as maiores atrações instaladas para atrair o público aos finais de semana foram shows de cabaré, melodrama, adivinhações e alguns brinquedos, tais como pequenos carrosséis. [...] Estes parques à beira de estações de trem eram chamados de Trolley Park, e sem dúvida, o embrião para a “febre” de parques de acontece logo depois. (OLIVEIRA, 2001, p.122)

O parque de diversões entrou em sua era dourada durante a World‟s Colombian Exposition, em Chicago, em 1893. Essa exposição apresentou ao mundoa roda gigante e a feira de atrações. Essa feira, com sua diversidade de brinquedos e apresentações, foi um grande sucesso e ditou o design dos parques de diversões pelos sessenta anos seguintes. (GOELDNER e MCINTOSH, 2000 apud OLIVEIRA, 2001, p.122)

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Os primeiros cinqüenta anos do século XX presenciaram muitos acontecimentos históricos que impactaram, muitas vezes negativamente a ordem econômica, política e social vigente, o que de certa forma, diminuiu o ritmo de crescimento dos parques, como por exemplo as duas Guerras Mundiais, a Quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão.

Segundo Ashton (1999 apud OLIVEIRA, 2000, p.115), no começo dos anos 1950, o surgimento da televisão, a decadência urbana, a desagregação social, as lutas raciais, provocaram e impediram o alastramento do conceito de parque de diversões. Mas, à semelhança do que viriam a ser os Beatles na música popular, em 1955 aparece aquele que seria o grande fenômeno do entretenimento infanto-juvenil: Walt Disney.

Como é possível notar, a Disney surgiu no momento que o conceito de parques de diversões estava desgastado, e precisava acrescentar algo novo para chamar a atenção do público novamente. Goeldner e McIntosh (2000 apud OLIVEIRA, 2001, p. 115) dizem que, “quando a Disneylândia foi inaugurada em 1955, muitas pessoas estavam céticas em relação às possibilidades de sucesso de um parque de diversões sem qualquer das atrações tradicionais”.

No entanto, a Disneylândia foi inaugurada e pode ser considerada como um divisor de águas, pois daí efetivamente surgiu a denominação Parque Temático. Nos anos 1970, após a morte de Walt Disney, é criado outro parque, desta vez na Flórida e com proporções colossais.

O conceito de Parque Temático, indubitavelmente, foi criado na prática por Walt Disney. A inauguração da Disneylândia concretizou-se graças às parcerias. Mesmo após a rede de televisão norte-americana ABC ter investido 500 mil dólares e garantindo um empréstimo bancário de 4,5 milhões, o custo final do primeiro parque Disney foi de 17 milhões de dólares. A solução encontrada por Disney para saldar as dívidas foi assinar acordos de patrocínio com as empresas Coca-Cola e Kodak, dando-lhes concessões exclusivas na Disneylândia (SOJA, 1992 apud OLIVEIRA, 2000, p.123).

Além disso, o conceito que Disney trouxe sobre cliente foi totalmente inovador naquele momento, pois este é chamado de convidado (guest), e o acesso ao parque era por meio de uma passagem única, sendo que até outro momento, os parques cobravam os ingressos por brinquedo. Os empregados também receberam nomenclatura diferenciada: membros do elenco (cast members).

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Ao captar o sentido profundo do entretenimento, o cartunista de Chicago rompeu com o mecanismo tradicional da relação entre vendedor e comprador. Enquanto as ofertas anteriores no mercado, que eram mercadorias, bens e sérviços, eram completamente externas ao comprador, a partir do modelo criado por Disney as experiências passaram a ser pessoais, íntimas, existentes apenas na cabeça de um consumidor que se envolveu em um ato único, emocional, físico, intelectual e até mesmo espiritual (PINE & GILMORE, 2000 apud OLIVEIRA, 2000, p. 125).

Pode-se dizer que Walt Disney foi um dos primeiros a utilizar o comércio de experiências com criatividade, pois todo o parque foi montado para atender aspirações e desejos dos seus freqüentadores. É como se o espaço físico do parque funcionasse como um palco e o público os atores que construiriam a história de seus sonhos. Para Pine e Gilmore (2000 apud OLIVEIRA, 2000), uma experiência ocorre quando uma empresa intencionalmente usa os serviços que presta como um “palco” para um evento e os bens de que dispõe para oferecer como meros suportes. A relação de mercado foi subvertida. O consumidor é convidado a se envolver em algo que deverá ficar-lhe gravado como um acontecimento memorável.

Uma vez que o modelo fora estabelecido, a partir de 1980, parques temáticos começaram a ser construídos em grande escala em todas as partes do mundo.

A Euro Disney é um exemplo da tentativa de instalar a Disney em outro continente, no caso, a Europa. No início não teve muito sucesso, pois se todos sabiam que a Disney World ficava nos EUA, no caso da Eurodisney, as pessoas não conseguiam relacioná-la com a França, sua localização. Após vários ajustes, nasceu a marca Disneylândia Paris, que em 1998 era a atração mais visitada da capital francesa.

No Brasil, a primeira tentativa de uso de abordagem temática em um parque de diversões aconteceu no Estado de Santa Catarina, próximo a Balneário Camboriú, quando Sérgio Murad, um paulista da cidade de São José do Rio Preto, depois de experiências circenses pelo Brasil afora e de tentativas em programas de televisão encarnando o herói vaqueiro Beto Carrero, na década de 1970, inaugurou em vinte e oito de dezembro de 1991, em sua fazenda de 150 hectares, o „‟Beto Carrero World‟‟. Segundo Oliveira (2000), o Parque Beto Carrero oferece boas atrações, mas o temático inexiste, uma vez que não há qualquer elo unindo brinquedo e equipamentos.

Outro expoente do segmento de parques de lazer no Brasil está no estado de São Paulo: o Hopi Hari entrou em funcionamento em novembro de 1999, e sem dúvida, entrou para a história dos parques de diversão no Brasil, pois foi o primeiro

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grande parque temático do país. Está localizado no quilômetro 72 da Rodovia dos Bandeirantes, município de Vinhedo, interior de São Paulo. A cidade tem aproximadamente 47 mil habitantes (IBGE, 2000) e abriga uma economia primária. [...] Em um raio de 250 quilômetros do parque, vivem aproximadamente 30 milhões de habitantes (OLIVEIRA, 2000) o que, obviamente, indica um considerável público potencial, ainda mais considerando o dinamismo socioeconômico das regiões metropolitanas que o cercam (São Paulo e Campinas).

A construção do Hopi Hari trouxe um novo conceito de parque, pois até o momento não havia nenhum parque temático e estruturado para tal no Brasil. Na época de seu lançamento, a imprensa chegou a falar em Disneylândia brasileira (COSTA, 2008).

3. Classificação: Parque de diversão x Parque temático

Apesar da indústria de parques temáticos estar disseminada no mundo, o conceito de parque temático não é muito estudado pelos acadêmicos da área de turismo. Há poucos livros para consulta e quase nenhum estudioso com pesquisa focada nessa área. Uma exceção no Brasil é o livro Parques de Diversões no Brasil, de Marcelo Salomão, que traz um estudo introdutório sobre esse assunto.

Segundo Salomão (2000), a pequena literatura disponível traz graves conseqüências para a indústria de parques temáticos no Brasil. A virtual inexistência, no país, de ferramentas consolidadas para o aprendizado formal, direcionado ao setor, traz dificuldades imensas para sua profissionalização e, pode-se dizer, do pode-seu próprio reconhecimento.

O setor carece de uma abordagem questionadora, que impulsione uma discussão crítica sobre os conceitos básicos que formam seus alicerces, e sistematize o grande emaranhado de informações disponíveis. (SALOMÃO, 2000)

É importante salientar que este livro é do ano 2000, e apesar dos passados 10 anos, a situação não é muito diferente da comentada por Salomão, pois os estudos direcionados a essa área ainda continuam escassos e pouco consistentes.

Partindo deste ponto, um levantamento foi feito com o intuito de observar como os parques temáticos e os parques de diversões são classificados pelos órgãos de turismo do governo, associações da classe e pelos próprios

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empreendimentos. As fontes de informações foram páginas da internet, revistas e reportagens.

A IAAPA (Associação Internacional de Parques de Diversão e Atrativos, tradução livre do inglês Internacional Association of Amusement Parks and

Attractions) não apresenta nenhuma classificação formal ou método de divisão. A

classificação existente pode ser retirada da parte do seu site aberta à “comunidade”:

 Centro de entretenimento familiar (shopping centers, cinema)

 Pequenos parques e atrações

 Zoológicos e aquários

 Grandes parques e parques temáticos

 Museus

 Parques aquáticos

 Resorts, hotéis e cassinos

Figura 1 – Classificação dos parques pela IAAPA Fonte: www.iaapa.com

Nessa categorização, os itens parques de diversão e parques temáticos são agrupados juntos, isto é, o fator determinante é o tamanho: “grandes parques e parques temáticos”, assim como há a categoria “pequenos parques e atrações”, que contém parques de diversões também. Com isso, percebe-se que não são levadas em consideração as diferenças que estes dois tipos de empreendimento possuem.

A ADIBRA (Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil) é um órgão direcionado especificamente aos parques de diversões. O interessante é notar que, para esta associação, o termo “parque de diversões” é bem genérico, uma vez que abarca diversos tipos de empreendimentos. No quadro de associados encontram-se desde parques de diversões, parques temáticos, parques aquáticos, parques móveis até áreas de entretenimento familiar.

Não há uma divisão formal; todos os empreendimentos são expostos no mesmo patamar de “parque de diversão”, embora em algumas sessões do site eles

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utilizem os termos “parque de diversão” e “parque temáticos” como itens diferenciados:

Figura 2 – Definição dos associados para a ADIBRA Fonte: www.adibra.com.br

A EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), como parte integrante do Ministério do Turismo, é o órgão do governo que realiza pesquisas e faz a promoção do turismo no Brasil e no exterior. Segundo Salomão (2000), no “Estudo Econômico-Financeiro dos Meios de Hospedagem e Parques Temáticos no Brasil”, de 1998, a EMBRATUR oferece um capítulo inteiro a este mercado. A classificação básica do parque é a seguinte:

 Específicos

 Aquáticos

 Parques de diversões

A crítica principal a esta classificação é a utilização equivocada do nome “Parque Temático” como um rótulo geral para a identificação da indústria. Tenta-se, em seguida, contornar-se o equívoco, atribuindo o adjetivo extra “específico” para identificar aqueles que, na verdade, possuem um tema. (SALOMÃO, 2000)

O texto a seguir, retirado do Estudo, demonstra isso a falta de uma definição mais concreta da diferença entre esses estabelecimentos. No final, fica parecendo que é a idade média do parque que o classifica:

Os parques temáticos ou de diversão fixos se utilizam de temas diferenciados na ambientação física de suas atrações e têm como um de seus objetivos mercadológicos o estímulo da atividade turística. Esta definição se aplica aos parques de entretenimento com temas específicos, tais como Beto Carrero World e a Turma da Mônica, os aquáticos, como Beach Park e o Wet‟n Wild, e os parques de diversão, dos quais o maior é o Playcenter. [...] Os mais antigos, com 30 anos em média de funcionamento são os de diversão, ao passo que os temáticos específicos e os aquáticos têm entre 5 e 6 anos de funcionamento em média. (EMBRATUR, 1996 apud SALOMÃO, 2000)

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Na atualidade, não foi encontrado no portal da EMBRATUR nenhum espaço de classificação para os parques temáticos e parques de diversões. A informação mais recente é a obrigatoriedade de cadastramento dos parques temáticos no sistema Cadastur, uma iniciativa do governo para classificar e certificar os atrativos turísticos e prestadores de serviço do setor. Recentemente, o Ministério do Turismo anunciou que fará uma espécie de “selo” de certificação da qualidade de prestadores de serviços turísticos, e o cadastro no Cadastur é apenas um dos primeiros passos. Sobre esse tópico,

O diretor de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico estima que o selo chegue ao mercado em 2011. A certificação é para hotéis, agências de viagens, transportadores turísticos, parques temáticos entre outros segmentos do turismo. “A implantação do selo é uma medida fundamental para melhorar a imagem e a qualidade dos serviços e produtos brasileiros”, avalia Moesch, acrescentando que ao adotar sistemas de qualidade o país está seguindo uma tendência mundial. (grifo nosso) (ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO MTUR, 2010)

Mais do que a simples conceituação, o termo “parque de diversão” não é sequer mencionado no site da EMBRATUR, que hoje é um portal dos principais destinos turísticos brasileiros. O que se percebe é que o termo “parque temático” se tornou uma nomenclatura geral. Isso se confirma no site do Cadastur, pois entre as atividades turísticas encontra-se apenas “parque temático” como representante de todos outros tipos de parque, inclusive os aquáticos e de águas termais, dentre outros.

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Figura 3 – Prestadores de serviço do Cadastur Fonte: www.cadastur.turismo.gov.br

A primeira página de resultado obtido ao se pesquisar Parques Temáticos no Cadastur está representada na figura abaixo. Ao todo, aparecem 38 parques:

Figura 4 – Parques temáticos localizados no Cadastur Fonte: www.cadastur.turismo.gov.br

Com isso, percebe-se que se há mais de dez anos a EMBRATUR já encontrava dificuldades em classificar “parque temático” e “parque de diversão”. Atualmente, aparentemente, a solução encontrada pelos órgãos oficiais do governo foi suprimir totalmente o segundo termo.

No âmbito do Ministério do Turismo, o “Programa de Estruturação dos Segmentos Turísticos”, criado pelo Plano Nacional de Turismo 2007-2010, trabalha

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com uma série de segmentos de turismo no sentido de definir o que são esses segmentos e relacioná-los aos diversos destinos turísticos brasileiros. Nenhum desses segmentos faz qualquer menção a parques de diversão ou parques temáticos.

Após analisar como as associações do setor e o governo se manifestam a respeito da tipologia dos parques, verificou-se como os principais empreendimentos do país se classificam: foram escolhidos os dois principais parques do estado de São Paulo, Hopi Hari e Playcenter, e o catarinense Beto Carrero World, pelo critério de serem os mais conhecidos e visitados do país.

No site do Hopi Hari, logo na primeira página já se encontra a auto classificação:

Figura 5 – Página Inicial do site do Hopi Hari Fonte: www.hopihari.com.br

No histórico do parque a tematização é contada, de forma bem lúdica e descontraída. A transformação do parque em um país com áreas temáticas variadas é exemplificada com mapas, cada área tem um nome específico e apresenta atrações diversas. Há referências as divindades fictícias ligadas a Zeus: o deus do amor (Hopi) e a deusa da aventura (Hari). A troca de nome tem a ver com a criação de um vocabulário próprio para o parque e com a necessidade dos administradores

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de diferenciar o empreendimento do Playcenter, pertencente ao mesmo grupo, em que todas as atrações têm nomes em inglês.

O Hopi Hari propõe-se a “prender” seus “convidados” pelas criações de seu mundo, a começar pela linguagem. Existe no parque uma língua própria, o Hopês, cujo dicionário pode ser comprado em qualquer uma das quinze lojas dispostas em diferentes lugares. Imitando um verdadeiro país, o Hopi Hari possui governante, bandeira, hino, passaporte e capital. Importadas dos Estados Unidos e da Europa, as diversões foram planejadas para reter o turista brasileiro. „‟Não há motivo para visitar um parque no exterior. Oferecemos um produto de qualidade, perto de casa e pago em reais‟‟, segundo Carlos Lima, presidente do grupo Playcenter, principal acionista do parque. (OLIVEIRA, 2000)

O Playcenter também se apresenta dentro de uma classificação, que desta vez é a de “parque de diversões”. Ao visitar o sobre do parque, na primeira linha do histórico, já se encontra a auto classificação:

Figura 6 – Página inicial do sítio do Playcenter Fonte: www.playcenter.com.br

Diferente do Hopi Hari, que explora muito bem a tematização empregada, o Playcenter, por não possuir essa argumentação, se utiliza da história marcante que

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o parque já tem na cidade de São Paulo, enaltecendo brinquedos históricos como a

Barca Viking e o Looping Star, dentre outros.

No portal do parque Beto Carrero World nota-se um detalhe interessante: no histórico a classificação “parque de diversão” é totalmente negada, pois teria o tom de desmerecimento para o que o parque realmente é, “o maior parque multi-temático do mundo”, frase que é usada no site:

Figura 7 – Histórico do Beto Carreto World Fonte: www.betocarrero.com.br

Nesse caso percebe-se que, além do reconhecimento como parque temático, há um julgamento de valor com relação ao termo parque de diversões, que nesse caso limitaria o empreendimento.

A tematização empregada no Beto Carrero World está sustentada na imagem do personagem que leva o mesmo nome: um vaqueiro sonhador e herói do povo. As áreas tematizadas espelham cenários que fazem parte da vida deste vaqueiro, como o “velho oeste”, a “caverna dos piratas”, o “mundo dos cavalos” e o contato com animais de fazenda.

No que tange ao campo acadêmico, como já foi dito anteriormente, não há muitos estudos sobre estes tipos de parques. O tema proeminente nos poucos livros que tratam do assunto é o histórico dos parques temáticos, que inevitavelmente acaba abarcando os parques de diversões também, já que se pode entender que o primeiro é proveniente do segundo.

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Sendo assim, chega-se ao fim desta pequena amostra com a sensação de que este tema ainda pode ser muito explorado pelo meio acadêmico, que poderá criar classificações e nomenclaturas que facilitem o reconhecimento das peculiaridades destes dois tipos de entretenimento.

4. Considerações finais

Ao final deste artigo percebe-se que a falta de pesquisas sobre parques e suas relações com o turismo acaba de certa forma refletindo nas principais entidades que cuidam dos interesses destes tipos de equipamentos. A análise de como os parques temáticos e parques de diversões são apresentados nos sites da ADIBRA e da IAAPA comprova que não há uma preocupação em tentar segmentá-los ou colocá-segmentá-los em categorias diferenciadas, sem privilegiar um ou outro termo.

Uma possível justificativa para essa relativa indiferença é a de que, para o público, tal diferenciação não é importante, pois quando uma pessoa vai visitar um parque qualquer, ela não fará análises tão específicas, uma vez que o objetivo seria a diversão.

Entretanto, outros questionamentos aparecem: não é de hoje que a tematização é utilizada em outros tipos de atrações turísticas, como restaurantes, shoppings, acampamentos e bares, dentre outros. Assim, um parque temático não oferece experiências diferenciadas para seu público? Ao escolher o Hopi Hari ao invés do Playcenter, o cliente não busca algo diferenciado? Isso porque, pensando estritamente em preço, algo que pode ser decisivo, o ingresso do Hopi Hari é bem mais caro.

Além disso, já se comprovou que a tematização é um dos componentes que agregou valor e criou uma nova maneira de se conceber os parques, relembrando Walt Disney, que criou essa modalidade com a Disney World e é até hoje copiado no mundo todo.

Com isso, pode-se dizer que, ao passo em que parques de diversões e parques temáticos podem não ter nenhuma diferença em relação ao objetivo principal (lazer e diversão), no momento da escolha de um ou outro, inevitavelmente, as suas diferenças são levadas em consideração, mesmo que inconscientemente.

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Um exemplo do colocado acima é o prêmio Viagem e Turismo, promovido pela revista que leva o mesmo nome. Ilustra-se bem como a tematização nos parques pode acabar “conquistando” o turista (os vencedores do prêmio são escolhidos pelo público) pois, por vários anos consecutivos, o Hopi Hari é campeão na categoria “Parques Temáticos” e o Playcenter oscila entre o 5º e 6º lugar, perdendo para parques temáticos de outros segmentos, como os aquáticos. A figura abaixo ilustra isso:

Figura 8 – Vencedores Concurso Viagem e Turismo – Categoria Parques Temáticos

www.viajeaqui.com.br

No ranking geral do Concurso, teve-se o seguinte resultado:

 1º Lugar – Hopi Hari – Vinhedo,SP

 2º Lugar – Beto Carrero – Penha, SC

 3º Lugar – Beach Park – Fortaleza, CE

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 5º Lugar – Wet‟n Wild – Vinhedo, SP

 6º Lugar – Playcenter, São Paulo, SP

 7º Lugar – Yahoo Family Park - Serra, ES

 8º Lugar – Water World – Poços de Caldas, MG

 9º Lugar – Arraial d‟Ajuda - Arraial d‟Ajuda, BA

 10º Lugar – Thermas dos Laranjais – Olímpia, SP

Observando o ranking e todos os concorrentes, percebe-se que somente o Playcenter não poderia ser considerado um parque temático, deixando uma outra questão em aberto: não seria a tematização o fator de escolha dos parques preferidos do público votante? E, considerando que, nesse concurso, o Playcenter é classificado com um “Parque Temático”, ele não concorreria um condições desiguais com os demais?

Pode-se dizer que a falta de classificação padrão faz com que algumas análises de mercado sejam deixadas de lado. No turismo é comum ver trabalhos que estudam a motivação do turista em visitar lugar “X” ao invés de “Y”, e posteriormente são relacionadas as ações que “Y” poderia realizar para atrair esse turista. Portanto, pode-se dizer que um estudo mais aprofundado na área de parques de diversões e temáticos poderia contribuir não apenas para um melhor entendimento desse mercado, mas para entender a possível concorrência que existe ou possa existir entre esses parques.

Além de pesquisas acadêmicas, espera-se que as entidades que representam esses empreendimentos comecem a olhar mais atentamente para esses tipos de serviço, pois no momento de criação de um novo parque, em determinado lugar, o apoio dessas associações, orientando até mesmo o poder público, pode ser decisivo para o sucesso do projeto.

Em suma, ao final deste artigo percebe-se que é importante a diferenciação dos parques, não para dizer que um é melhor ou mais importante que o outro, mas para um melhor reconhecimento dessa oferta junto aos consumidores e ao governo, e também para estimular estudos acadêmicos e de mercado mais direcionados ou amplos, dependendo do foco.

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Referências Bibliográficas

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BETO CARRERO WORLD. Disponível em: <http://www.betocarrero.com.br>. Acesso em: 16 mai. 2010.

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Referências

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