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O turismo na nascente histórica do Rio São Francisco

The tourism in the historic source of the river San Francisco

Liliana Aparecida de Jesus liliana.cefet@gmail.com

Orientador: Prof. Raul José de Souza

RESUMO: O presente artigo tem por objeto analisar a atividade turística realizada

em Unidade de Conservação (UC), utilizando como principal ponto de partida a “Nascente histórica do Rio São Francisco”, bem como averiguar a influência do turismo no desenvolvimento local. Para atingir tal objetivo, foi realizado pesquisa bibliográfica, trabalho de campo, entrevistas com representantes de órgãos públicos, moradores locais e visitantes e análise dos dados coletados. Concluiu-se que existe um grande potencial turístico, ainda perdido entre poderes governamentais, empreendedores de turismo, parcelas da população local e alguns turistas, ainda alheios sobre a necessidade prática imediata, e não somente teórica, de conservação dos recursos naturais.

Palavras-chave: turismo; unidade de conservação; desenvolvimento sustentável. ABSTRACT: This article is analyzing the tourism activity held in the Conservation

Unit (UC), using as primary point of departure a "historic Spring River St. Francis, as well as investigating the influence of tourism on local development. To achieve this goal, was conducted bibliographic research, field work, interviews with representatives from government agencies, local residents and visitors and analysis of data collected. It was concluded that there is great potential for tourism, still lost between branches of government, tourism entrepreneurs, local groups of people and some tourists, still others on the immediate practical need, and not merely theoretical, conservation of natural resources.

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1 Introdução

O turismo é atualmente uma alternativa econômica lucrativa. Segundo a OMT1, as atividades turísticas têm ao longo das décadas experimentado um crescimento contínuo, transformando-se em um fenômeno econômico e social.

Em sua análise dos resultados da estrutura das principais atividades características do turismo em 2007, o IBGE2 apresenta o crescimento de sua geração de renda e participação (valor adicionado) na economia brasileira. Enquanto no ano de 2006 o valor foi de R$ 73,9 bilhões, em 2007 aumentou para de R$ 87,7 bilhões. Mesmo com a variação de crescimento de algumas áreas das atividades do turismo, como transporte ferroviário que foi menor, o valor total adicionado pela economia no período entre 2003 a 2007 foi 19,3%, menor que os 22% demonstrado pelo setor turístico.

O número de pessoas interessadas no turismo e a crescente diversificação dos destinos vêm aumentando ano após ano e, por se tratar de uma atividade territorial, na qual a paisagem é parte essencial da oferta, o meio ambiente natural é o destino cada vez mais procurado pelos turistas.

Para Ruschmann (2003), “O turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua evolução, nas últimas décadas, ocorreu como consequência da “busca do verde”...”.

A preocupação aumenta com o crescimento desordenado da ocupação destes locais, que compromete não só o meio ambiente físico, como também as pessoas envolvidas direta ou indiretamente no contexto turístico.

Segundo Beni (2003),

O produto turístico é o resultado da soma de recursos naturais e culturais e serviços produzidos por uma pluralidade de empresas e a atividade turística. Assim como qualquer outra atividade econômica, possui estrutura sistêmica, correspondente ao conjunto de partes que interagem de modo a atingir um determinado fim.

1

Organização Mundial do Turismo 2

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2 Ainda segundo este mesmo autor, o sistema turístico pode ser comprometido pelo desequilíbrio existente entre os componentes político, ambiental, econômico, sociocultural e jurídico-institucional.

Para Pearce (2002), “o desenvolvimento do turismo é uma expressão que inclui não apenas destinos, origens, motivações e impactos, mas também as ligações complexas existentes entre todas as pessoas e instituições”.

O estudo da atividade turística nas áreas protegidas ainda é recente. A maioria dos relatórios e estudos realizados enfatiza os efeitos gerados por outros setores da economia, como a agricultura, por exemplo, que, comparados ao turismo, são considerados mais impactantes.

2 Turismo, Meio Ambiente e Sustentabilidade

O turismo é uma atividade econômica que vem crescendo no Brasil, em particular nas regiões dotadas de áreas naturais. Algumas pessoas estão descobrindo que a exploração turística não traz somente rentabilidade, proporciona também possibilidades de desenvolvimento para o entorno.

Segundo Ferreti (2002):

Devido à grande preocupação que nos últimos anos vem se acentuando com o meio ambiente, o turismo passou a ser criticado por sua utilização indiscriminada. Muitas das suas atividades são compatíveis de realização em áreas naturais, [...] com tendência significativa de “viver a natureza”.

Ferreti afirma também que “é impossível desenvolver alguma atividade no ambiente sem degradá-lo”.

A busca por uma solução para a integração do homem ao meio ambiente já é antiga. Atualmente são crescentes as discussões sobre a necessidade de proteger a natureza. Conforme Swarbrooke (2000), as atenções no mundo turístico estão voltadas para o conceito de turismo sustentável.

De acordo com a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável do turismo é “aquele que atende às necessidades dos

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3 turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas gerações futuras” (apud. Ruschmann, 2003).

A prática de atividades turísticas realizadas sem planejamento e com grandes impactos negativos para o meio ambiente exigiu que os envolvidos procurassem se unir, na tentativa de encontrar meios para solucionar os problemas.

Após a I Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, as ações começaram a ter notabilidade, com reflexos positivos no Brasil, possibilitando, um ano depois, em 30 de outubro de 1973, através do Decreto Federal n.º 73.030, no âmbito do Ministério do Interior, a criação da SEMA3.

De acordo com seu decreto de criação, a Secretaria Especial do Meio Ambiente tem várias atribuições voltadas à preservação do meio ambiente, com o uso adequado dos recursos naturais. Ao longo dos anos vão se criando novas secretarias e órgãos governamentais com esta mesma finalidade.

Para utilização das áreas protegidas é necessário seguir as normas e critérios que regem cada unidade de conservação, que são estabelecidas pelo SNUC4 e ter um plano de manejo que assegure o desenvolvimento sustentável.

3 Unidades de Conservação

A Lei N.º 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o SNUC, assim denomina Unidade de conservação:

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. (Art. 2º, inciso I).

A implementação e estruturação de um sistema de unidades de conservação é considerada uma das estratégias mais eficientes, adotadas para a conservação da biodiversidade.

3

Secretaria Especial do Meio Ambiente 4

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4

3.1 Categorias de Unidades de Conservação

De acordo com o Art. 7o da Lei Nº 9.985, as unidades de conservação

integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas, que são as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável.

Enquanto as unidades de proteção integral têm como objetivo básico a preservação da natureza, admitindo somente o uso indireto de seus recursos naturais, salvo as exceções previstas nesta lei, as unidades de uso sustentável têm por finalidade compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

O quadro abaixo representa as atuais unidades de conservação

Unidades de: Sigla Categoria Quantidade

Proteção Integral: PI

Esec Estação Ecológica 31

MN Monumento Natural 02

Parna Parque Nacional 64

Rebio Reserva Biológica 29

Revis Refúgio de Vida Silvestre 05

PI Total: 131

Uso Sustentável: US

APA Área de Proteção Ambiental - 31 Arie Área de Relevante Interesse Ecológico 17

Flona Floresta Nacional 65

RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável 01

Resex Reserva Extrativista 59

US Total: 173

Total geral de unidades: 304

Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Atualizado em 27 de outubro 2009.

3.2 Plano de Manejo

Segundo o IBAMA5, o plano de Manejo estabelece diretrizes básicas para o zoneamento e manejo das UCs, propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades.

O Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra, que é uma unidade de conservação de proteção integral, aponta o turismo, com seu crescimento desordenado, responsável por relativo impacto na paisagem, devido a serviços de hospedagens oferecidos em áreas rurais, com a construção de pousadas e camping.

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5 Tal ponto de vista é corroborado pela autora Ferreti (2002), quando afirma que as intensivas modificações nos ambientes naturais afetam os elementos que compõem o sistema natural de forma mais rápida e constante.

4 Turismo em Parques Nacionais

De acordo com D’Antona (2005), no Brasil os parques nacionais são criados pelo governo federal e mantidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). São unidades de conservação de proteção integral, de uso indireto, onde é proibida a exploração dos recursos naturais preservados, sendo permitidas apenas atividades humanas restritas para fins científicos, educacionais e recreativos.

Para o referido autor, o uso turístico das unidades implica em fatores como a relação entre a degradação e preservação ambientais, a excepcionalidade dos recursos naturais preservados, a estruturação das visitas e a população local. Se por um lado os parques nacionais são considerados destinos turísticos por excelência, por outro lado a utilização deste potencial enfrenta dificuldades não somente com a falta de infra-estrutura adequada ao turismo sustentável, como também por conceitos e práticas equivocadas.

Se para o turismo seu público é chamado de turista, para alguns profissionais ligados a preservação ambiental, as pessoas que vão aos parques são denominadas de visitantes, uma vez que para eles, o “visitante respeita normas e, portanto, é bem-vindo aos parques”. Já o “turista” é aquele que tem atitudes incompatíveis com o local, como jogar lixo, nadar nas nascentes e fazer muitas exigências.

Mesmo enfrentando dificuldades, o “turismo”, ou melhor, a “visitação”, como é apresentado no relatório de Gestão 2009 do ICMBio, aponta que as Unidades de Conservação abertas à visitação apresentaram crescimento, uma vez que receberam em 2009 aproximadamente 3,8 milhões de visitantes e 3,5 milhões, em 2008. Este relatório destaca também o aumento na receita Serviços Recreativos e Culturais, que corresponde às visitações nas Unidades de Conservação, com pagamento de ingressos, obtendo aumento real no valor de R$ 3.314.510,51 (três

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6 milhões, trezentos e quatorze mil, quinhentos e dez reais e cinquenta e um centavos), gerando crescimento de 28,90%, em comparação com o exercício anterior.

Segundo o Ministério do Turismo, o Brasil tem atualmente 67 parques nacionais de todos os biomas. Desse total, 31 são abertos ao público, que receberam quase quatro milhões de visitantes em 2009, número bem superior ao de 2006, que foi de 1,8 milhões.

O “Projeto de Fomento do Turismo no Entorno dos Parques”, foi apresentado no dia 22 de setembro, em São Paulo pelo Ministério do Turismo (MTur), durante o Abeta Summit 2010. Com o objetivo de aumentar a competitividade de destinos turísticos localizados em cinco parques nacionais, o da Chapada dos Veadeiros, da Serra dos órgãos, Aparados da Serra, Anavilhanas e de Fernando de Noronha, por meio da aproximação entre a cadeia produtiva e os gestores das unidades de conservação. O investimento do Ministério do Turismo é de R$ 500 mil.

O projeto integra o Programa Turismo nos Parques e prevê a realização de pesquisas, diagnóstico e o mapeamento dos produtos turísticos oferecidos nos parques e entornos.

5 Rio São Francisco

Para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF (2001), em 04 de outubro de 1501, a caravela do genovês Américo Vespúcio descobre o estuário do grande Opará, que na linguagem indígena significa Rio-Mar. Como na data de seu descobrimento era comemorado o dia de São Francisco, o rio foi batizado com este nome. Ainda segundo esta mesma fonte, com sua utilização nos séculos XVII e XVIII como rota de interiorização das bandeiras, desempenhando papel importante na ocupação territorial, foi denominado “Rio da Unidade Nacional”.

É denominado também como “Rio da Integração Nacional” pelo Ministério da Integração, por ser o caminho de ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o

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7 Nordeste, “um rio que liga clima e regiões diferentes”. Regiões que abrigam uma das mais importantes bacias hidrográficas do Brasil.

É o maior rio genuinamente brasileiro. Com seus 2.700 Km de extensão, banha cinco estados e é dividido em quatro trechos: o Alto São Francisco, trecho compreendido de sua nascente histórica, em São Roque de Minas, até Pirapora, no Estado de Minas Gerais; o Médio São Francisco, iniciando em Pirapora, onde passa a ser navegável, até Remanso, na Bahia; o Submédio, de Remanso até Paulo Afonso, ainda dentro do território baiano; e o Baixo, de Paulo Afonso até sua foz, onde marca a divisa dos Estados de Sergipe e Alagoas. É também divisa dos Estados de Pernambuco e Bahia.

O Rio São Francisco possui muitas riquezas, são cinco hidroelétricas, com grande potencial energético, qualidade e quantidade de água, solos para irrigação, fartos recursos minerais e navegabilidade em alguns trechos. Recursos que atraem o turismo em quase toda sua extensão, atrativos de sua nascente histórica até a foz.

5.1 Nascente Histórica

De acordo com os cálculos e estudos realizados em 2001 por uma equipe técnica da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, coordenada por Geraldo Gentil Vieira, cujo relatório afinal aponta a mudança dos dados geográficos do Rio São Francisco, informando que sua nascente permanece em território mineiro, porém sua origem passa a ser no município de Medeiros, passando, então, a serem consideradas as duas nascentes, a histórica e a geográfica.

Sua nascente histórica está localizada no Parque Nacional da Serra da Canastra, Unidade de Conservação de Proteção Integral, no município de São Roque de Minas/MG.

O Parque, por sua vez, fica situado na Serra com o mesmo topônimo e, segundo o livro “Um lugar chamado Canastra”, a Serra recebeu este nome porque sua forma lembra um baú, antigamente chamado de canastra, utilizado, conforme o novo Aurélio – o dicionário da língua portuguesa, século XXI, para guardar roupas e outros objetos. Possui quatro portarias, sendo que a principal fica no município de

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8 São Roque de Minas/MG, distante 320 Km de Belo Horizonte e 550 Km, de São Paulo.

A Serra da Canastra tem muitos atrativos, entre eles a nascente histórica do Rio São Francisco e sua maior queda d’água, a Cachoeira Casca D’Anta.

Conforme boletim informativo “Expedição Parques Nacionais” - Ecoviagens, a soma de belos atrativos, a preciosa nascente do “Velho Chico”, a facilidade de avistar bichos do cerrado, fazem do Parna Canastra um dos mais procurados em Minas Gerais por turistas do Brasil e do Exterior. Ainda de acordo com este boletim informativo, a enorme quantidade de aves tem atraído um tipo de turista muito bem-vindo, geralmente estrangeiros, conhecidos como “Bird watchers” - observadores de pássaros. Estes amantes das aves têm grande consciência ecológica e movimentam a economia local.

5.2 Parque Nacional da Serra da Canastra (Parna Canastra)

O Parna Canastra foi criado pelo Decreto N.º 70.355, de 03 de abril de 1972, com o objetivo específico de proteger uma área inicialmente delimitada em 200.000 ha, com seus fitofisionomias do cerrado, fauna e nascentes das bacias dos Rios São Francisco, Araguari, Santo Antônio, Bateias, Grande e Ribeirão Grande.

Dos 200.000ha legalmente reservados para o Parque, apenas 71.525ha estão com sua situação fundiária regularizada, pois a maior parte ainda depende da solução das desapropriações e indenizações dos proprietários.

De acordo com seu Plano de Manejo, o Parque abrange:

Município Percentual do município abrangido

São João Batista do Glória 46,51%

São Roque de Minas 41,13%

Delfinópolis 40,30%

Vargem Bonita 31,63%

Capitólio 18,78%

Sacramento 2,46%

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9 Todos os municípios acima citados têm no turismo mais uma fonte geradora de renda e trabalho importante para a economia local, sendo que maioria as atividades turísticas são realizadas em ambientes naturais devido á riqueza destes recursos.

5.3 Plano de Manejo Parna Canastra 2005

Com base no Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra, de 2005 e na lei nº 9.985, artigo 11:

os Parques Nacionais têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.

O Parna Canastra foi identificado como uma área de prioridade extremamente alta pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), através da realização de seminários regionais de avaliação dos biomas do Cerrado e Pantanal. Os resultados foram apresentados e aprovados na 12ª Reunião Extraordinária da Comissão Nacional da Biodiversidade - CONABIO, de 20 a 21/12/2006, que estabeleceu as áreas prioritárias dentro do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO.

O relevo do Parque é caracterizado por chapadões, com perfil plano. As encostas dos chapadões consistem em declives íngremes e precipícios, com altitudes variando entre 1.100 e 1.496 metros. Considerado de grande importância por sua rica biodiversidade, com seu bioma de cerrado, responsável por seu grande potencial hidrográfico, abundante flora e fauna e numerosas espécies de répteis, anfíbios e peixes, o Parque Nacional da Serra da Canastra é constantemente utilizado como referência em matérias sobre o meio ambiente, a natureza de um modo geral e o turismo. Os locais mais destacados do Parque são divididos em duas partes, a alta, conhecida como Chapadão, onde está localizada a nascente histórica do Rio São Francisco, e a parte baixa, onde se encontra a Cachoeira Casca D’anta.

No Parque, espécies como o lobo-guará, o tatu canastra, o tamanduá-bandeira e o pato mergulhão são consideradas ameaçadas de extinção. A ONG

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Pró-10 Carnívoros realiza trabalhos de conservação e proteção ao lobo-guará, assim como a ONG Terra Brasilis desenvolve ações semelhantes com o projeto Pato-mergulhão.

Atualmente o Parna Canastra é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). É aberto para visitação todos os dias, das 8:00 às 18:00h. Em abril de 2009, a taxa de visitação custava R$ 3,00 por pessoa. O melhor período para visitação é fora do período chuvoso, de abril a outubro, já que as estradas do parque não são pavimentadas.

Todos os projetos ligados ao Parque afetam direta ou indiretamente o turismo, pois contribui para preservação dos recursos naturais, principal atrativo para o fomento do turismo local.

6 O Turismo Na Nascente Histórica do Rio São Francisco

Com a proibição do garimpo, que em muito degradou o meio ambiente e com os problemas causados com as desapropriações para a criação do Parque Nacional, a região da Serra da Canastra busca alternativas para seu desenvolvimento econômico.

Segundo a publicação do Instituto Pró-Carnívoros, “Um lugar chamado Canastra”, dos organizadores Bizerril, Soares e Santos (2008), o turismo na região da Canastra é uma atividade muito recente, cuja viabilidade não se acreditava inicialmente. A população não reconhecia sua importância para a economia local.

Somente por volta do ano 2000 algumas pessoas começaram a investir na ampliação da estrutura turística. Em 2001, por ocasião das comemorações dos 500 anos de descoberta do Rio São Francisco, o turismo na região foi fomentado, com grande projeção nacional e internacional pela mídia.

Inicia-se então o aumento do fluxo de turistas e de pessoas interessadas em investir na atividade. Dados do Ibama informam que o número de visitantes ao Parque cresceu de 1989 a 2006, passando de 3 mil para 32,5 mil anuais.

Conforme entrevista realizada no mês abril de 2009, com o Secretário do Meio Ambiente e Turismo do município de São Roque de Minas, apesar de o turismo

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11 ser considerado uma atividade nova para a região, já são notadas algumas de suas transformações.

A presença de turistas trouxe para a população local a consciência da importância dos atrativos da região, aumentando o número de pessoas que reconhecem a contribuição do turismo na economia como gerador de renda e emprego.

A preocupação gerada pela exploração turística requer ações, entre as quais a execução do plano de manejo local, elaborado para atender as necessidades de um conjunto de medidas que visam o desenvolvimento da região.

6.1 Circuitos Turísticos

Estudos acadêmicos realizados por Santos (2004) demonstraram que a participação em “circuitos turísticos” é uma forma eficiente de promover o desenvolvimento do turismo local, com a união e participações da comunidade e governos.

Conforme pesquisa realizada no site da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, dentre os vários circuitos turísticos existentes naquele Estado a Nascente Histórica do Rio São Francisco faz parte do “Circuito Turístico da Canastra”, que é formado pelos municípios de Araxá, Campos Altos, Perdizes, Tapira, Sacramento e São Roque de Minas, localizados no entorno e nas proximidades do Parque Nacional da Serra da Canastra.

O Decreto Lei, 43.321, de 08 de maio de 2003, que institucionalizou os circuitos turísticos, definindo-os como:

um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, através da integração contínua dos municípios, consolidando uma atividade regional.

Apesar do enunciado no Decreto, a Nascente Histórica do Rio São Francisco não faz parte do “Circuito Turístico Nascente das Gerais”, que engloba atualmente dez municípios, sendo eles: Carmo do Rio Claro, Cássia, Guapé, Ibiraci, Itaú de Minas,

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12 Passos, Pratápolis, Capitólio, Delfinópolis e São João Batista do Glória, cabendo enfatizar que estes três últimos municípios fazem parte do Parna Canastra.

6.2 Atrativos

Tanto no Parque como em seu entorno são inúmeros os atrativos naturais e a riqueza da biodiversidade, característica do bioma do cerrado, que proporcionam aos turistas infindáveis opções de lazer e entretenimento.

Conforme a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, os atrativos mais destacados são suas cachoeiras com grandes variações de altitudes, como a Casca D’Anta, Rolinhos, Jota ou Guritis, Lava-Pés, Matinha ou Serradão, Rolador, Capão- Forro, Gameleira, Boa Vista e da Chinela.

O Parque Nacional da Serra da Canastra e a Nascente do Rio São Francisco, bem como o Distrito de São Roque de Minas e região, que oferecem atrativos históricos e culturais como: Barreto Estância do Barreiro e Termas, Parque das Ruínas do Hotel do Rádio, Mirante do Cristo, Imagem de São Francisco de Assis na nascente do Rio São Francisco, Encenação da Paixão de Cristo, Festa de São José e N. S. da Imaculada Conceição, Festa Junina, Festa de São João, Festa de São Roque Padroeiro e a Festa do Queijo Canastra.

Além da Nascente Histórica do Rio São Francisco, outro ponto muito visitado é a sua primeira queda. O Rio percorre 14 Km e despenca de uma escarpa da serra de 186 metros de altura, formando a Cachoeira Casca D’Anta.

Outro grande atrativo é o Queijo da Canastra. A Festa do Queijo é considerada um dos eventos mais importantes e acontece em vários municípios da região, com o objetivo primordial de divulgação do produto, com exibição de mostras de como é feito, realização de concursos, um para escolher o melhor queijo fabricado pelos produtores locais, outro para escolha da rainha.

6.3 Visitação

Abaixo o gráfico com o número anual de visitantes, de acordo com informações prestadas pelo ICMBio da cidade de São Roque de Minas, responsável pelo Parna Canastra.

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Número de Visitantes ao Parque Nacional da Serra da Canastra Anualmente

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 1001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 6.4 Perfil do visitante

Durante a realização de pesquisa de campo, nos dias 19 e 20 de abril de 2009, com aplicação de questionários e entrevistas aos visitantes do Parque da Canastra, constatou-se que mais da metade era oriunda do Estado de São Paulo, alguns dos Estados do Rio de Janeiro e Goiás e os demais do próprio Estado mineiro.

Com relação ao sexo, o masculino predomina com 70% dos entrevistados. Para o quesito de escolaridade, 54% têm nível superior, entre os quais 14% possuem mestrado ou doutorado e 44%, ensino médio.

A pesquisa revelou que a renda mensal de 44% dos visitantes entrevistados supera nove salários mínimos, enquanto que 28% deles recebem de três a cinco salários mínimos.

Pouco mais da metade fazia sua primeira visita ao Parque, sendo que 50% estavam com familiares e 44%, com grupos de amigos. A maioria dos entrevistados tomou conhecimento da existência do Parque por meio de amigos e parentes. Sessenta por cento dos entrevistados conhecem outros parques, mesmo percentual dos que preferem banhos de rio e de cachoeira, observação da fauna e flora e percursos de trilhas. O Lazer foi apontado por 44% das pessoas como principal motivação da visita, seguido pela apreciação da paisagem por 36%, e pelo interesse pela natureza, primeiro fator indicado por 35% dos visitantes.

As atrações mais visitadas, com 96%, são o Marco da Nascente Histórica do Rio São Francisco e a Cachoeira Casca D’Anta. A Conservação da Natureza foi

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14 considerada por 100% dos pesquisados como o aspecto mais importante dentro do Parque, seguida pela limpeza, com 64%. Dentre as maiores dificuldades encontradas durante a visita ao Parque foram mencionadas a acessibilidade, por 60%, e a sinalização indicativa de localização, por 26% dos visitantes.

Do total de visitantes, 74% afirmaram estar dispostos a pagar uma taxa de visitação maior, com valores entre R$ 5,00 (cinco reais) e R$15,00 (quinze reais).

Foi possível notar por grande parte dos entrevistados, a preocupação com a conservação da UC. Apesar do desejo expresso por mais infra-estrutura, não aprovariam grandes mudanças, com receio de que esta intervenção desequilibrasse o sistema atual de convivência entre o ser humano e o ambiente, considerado satisfatório.

7 Plano de ações estratégicas e integradas para o desenvolvimento do turismo sustentável na Bacia do Rio São Francisco

Coordenado e lançado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2006, o plano de ações estratégicas e integradas para o desenvolvimento do turismo sustentável é uma ação integrada envolvendo outros órgãos do Governo Federal, dentre os quais os Ministérios da Integração Nacional, da Cultura, do Turismo, entre outros parceiros. O Plano faz parte do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Situada na Região do Alto São Francisco, a nascente histórica do Rio São Francisco também é contemplada pelo plano e foi designada como “Polo da Serra da Canastra”. Novamente é evidenciada a importância do local, por ser onde nasce o Rio São Francisco, com sua nascente “histórica” já protegida pelo Parque Nacional da Serra da Canastra e sua nascente “geográfica”, localizada em Medeiros/MG, ainda sem proteção, mas já com estudos voltados para este fim.

Enquanto o Parna Canastra abrange os municípios de São Roque de Minas, Sacramento, Delfinópolis, São João Batista do Gloria, Capitólio e Vargem Bonita, o Polo da Serra da Canastra inclui, além destes, os que fazem e os que não fazem parte da Bacia do Rio São Francisco. O plano de ações estratégicas e integradas para o desenvolvimento do turismo sustentável estende-se para os seguintes

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15 municípios: Bambuí, Medeiros, Tapiraí, Campos Altos, Arcos, Iguatama, Japaraíba, Pains, Tapira, Araxá, Lagoa da Prata e os lindeiros de Piumhi.

Marina Silva, ministra do meio ambiente, na ocasião do lançamento do plano, ressaltou: “Chegar à nascente é retornar à origem, é revitalizar, é não se esquecer de que é Brasil”.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Descobrir que o turismo praticado na nascente histórica do Rio São Francisco e entorno é cercado por diversos parâmetros legais, mesmo que alguns projetos não passem da teoria ou fiquem detidos pela burocracia, proporciona um alento diante de tantas críticas contra as atividades turísticas realizadas no meio ambiente natural, mencionadas por certos autores ou pessoas que só enxergam o lado negativo da exploração do turismo na região, ignorando os benefícios desta.

A preocupação com a preservação dos recursos ambientais e o desenvolvimento socioeconômico é uma questão muito importante para o planejamento da atividade turística em áreas protegidas, visando solucionar os conflitos gerados entre proprietários de empreendimentos turísticos, comunidade local, visitantes e órgãos públicos.

“Desenvolvimento Sustentável” é o termo mais usado atualmente e só será possível alcançá-lo com a união de esforços dos atores envolvidos nesse processo.

Conclui-se claramente que existe uma divisão de interesses, principalmente políticos, que dificultam atingir o desenvolvimento sustentável.

De um lado constatou-se que parte dos projetos criados com objetivos voltados para contribuir com o desenvolvimento sustentável estão estagnados, ou pela lentidão, ou pelo desinteresse por parte de uma minoria, ligadas ou não a órgãos públicos, incumbidas de implementar os trabalhos. Por outro lado, há uma maioria interessada e envolvida, em menor ou maior escala, em desenvolver com sustentabilidade o grande potencial turístico existente na região da Serra da Canastra, berço da nascente história do Rio São Francisco.

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16 A consciência da necessidade de preservação vem crescendo entre os moradores locais, até então envolvidos com agricultura e pecuária. Afinal estas eram as únicas formas de sobrevivência que conheciam e que foram inviabilizadas com a criação do Parque e o conseqüente e substancial aumento de “visitantes”.

Já para os “turistas”, a consciêntização é mais acentuada, uma vez que estão de passagem, não dependem da economia local para viver, sendo que alguns buscam conhecimento e lazer, outros, somente a passeio, sem maiores pretensões.

No seu Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o Ministério do Meio Ambiente preconiza: “é necessário conhecer para revitalizar”. Portanto, podemos concluir que a preservação e a sustentabilidade dependem do conhecimento.

A proposta inicial é a formação de mão de obra qualificada, em face da premente necessidade de profissionais de outras áreas, além dos administrativos e ambientais já existentes, pois somente quando houver pessoas com conhecimentos e visões diferenciadas, trabalhando na mesma direção, alcançar-se-á o equilíbrio sem o qual não é possível enfrentar os obstáculos inerentes a realização de cada etapa da convivência entre o homem e o meio ambiente natural.

As inevitáveis mudanças impostas pelas alterações do meio ambiente natural e sócio-econômico, em decorrência dos fenômenos naturais, requerem constantes adaptações dos seres vivos que habitam o Planeta. Assim, novas proposições devem surgir, norteadas pelas experiências advindas do sucesso ou do fracasso das execuções dos projetos atualmente em desenvolvimento.

“A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas”.

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17 Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Disponível em: <http://www.anj.org.br>. Acesso em: 13 ago. 2008.

BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 9ª ed. São Paulo, Editora Senac, 2003.

BRASIL. Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Wasmália Bivar. Turismo

2003/2007: Economia do Turismo. Disponível em:

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Entrevistas:

André Luis Braga Picardi - Secretário do Meio Ambiente e Turismo do município de São Roque de Minas – em 22.04.2009

Delmo Holier Alves – Assistente Administrativo – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Atualizado – em 22.04.2009.

Referências

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