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O mercado do leite no rio grande do sul: evolução e tendências

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

MBA – EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS

O MERCADO DO LEITE NO RIO GRANDE DO SUL:

EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS

FLÁVIO MELLO MEDEIROS1 ARGEMIRO LUÍS BRUM2

RESUMO

O leite é um dos principais alimentos consumido em nosso dia a dia. O presente estudo visa destacar a evolução e as tendências do mercado do leite no Brasil e no Rio Grande do Sul, procurando descrever os problemas enfrentados para se continuar produzindo leite nesse Estado, assim como os desafios que virão nos próximos anos para os seus produtores e indústrias. No Rio Grande do Sul, a partir da década de 1970, a atividade é posta como alternativa econômica ao binômio trigo-soja. Assim, o presente estudo busca, igualmente, destacar os desafios que os produtores e as indústrias têm em termos da qualidade da matéria-prima até os investimentos necessários para produzir um produto de alta qualidade; em termos de estrutura do mercado lácteo e o processo de comercialização do leite entre o produtor e a Indústria, assim como a formação do preço junto a estes dois segmentos da cadeia, com destaque para os meios que a indústria utiliza para comercializar a produção do leite e seus derivados, e ainda definir cenários para os próximos anos quanto à produção e a comercialização do leite no Estado gaúcho. A metodologia utilizada se concentrou na recuperação da bibliografia existente sobre o assunto, complementada com entrevistas à campo junto a representantes do setor leiteiro gaúcho. Conclui-se, dentre outras coisas, que, apesar dos crescentes desafios, a atividade leiteira no Rio Grande do Sul é ainda promissora.

Palavras chaves: Leite, Cadeia Produtiva, Mercado, Preços.

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Graduado em ciências contábeis. Flavio@ccgl.com.br . aluno de MBA.

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Professor de Economia junto ao DACEC/UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris (França). Orientador.

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1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje ganha cada vez mais importância a cadeia do leite no contexto da geração de renda no Rio Grande do Sul. Todavia, as dificuldades enfrentadas para produzir esse alimento vêm crescendo a cada ano que passa. Desde as instabilidades dos preços, passando pelo alto custo de produção, até às fraudes descobertas nos últimos dois anos (2013 e 2014), tem-se um conjunto de fatos que preocupam os produtores rurais. No bojo deste quadro muitas indústrias foram à falência, não pagando aos produtores o leite a elas entregue. Esse acúmulo de dívidas fragiliza a cadeia leiteira, concentra o processo industrial e faz muitos produtores repensarem a atividade. Muitos destes, inclusive, estão abandonando a atividade, comprometendo o processo de diversificação instalado há mais de três décadas no Estado gaúcho, especialmente junto às propriedades menores.

Pelo lado industrial existem hoje dificuldades em comercializar os produtos derivados do leite diante da grande instabilidade econômica e da desconfiança do consumidor quanto a qualidade do produto a partir das fraudes constatadas. Além disso, o Brasil ainda importa leite e derivados, especialmente de seus vizinhos do Mercosul. Os mesmos, dependendo do câmbio praticado, nos chegam a preços mais competitivos do que os praticados internamente.

Soma-se a esse conjunto de fatores a necessária exigência sanitária e de qualidade impostas pelos órgãos oficiais, especialmente após a descoberta das fraudes nos últimos anos. Entretanto, a atividade leiteira continua sendo estratégica para o desenvolvimento das regiões coloniais do Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com Silva Neto e Basso (2005) a produção de leite é uma atividade típica de regiões desenvolvidas, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá, União Europeia e Oceania, dentre outras, e isso por si só é um indício para que os agricultores não a vejam como uma atividade econômica marginal, reservada apenas àqueles que não conseguiram se capitalizar.

A produção de leite, portanto, tem um lugar assegurado em agriculturas capitalizadas e produtivas, podendo-se levantar como hipótese que isso só não é uma realidade também no Brasil por não se ter dispensado um tratamento adequado ao setor no passado não muito distante. O leite é um dos mais importantes produtos alimentícios em todos os continentes, sendo uma das principais fontes de proteínas e nutrientes para os seres humanos. Por conta disso, os gastos da população com o

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produto são expressivos e, no Brasil, correspondiam de 9,4% a 13,3% das despesas das famílias com alimentação (MARTINS, 2005).

Cabe enfatizar que o leite e seus derivados competem cada vez mais com produtos de outras cadeias produtivas, destacando-se a da soja (bebidas a base de soja), dos sucos (laranja, uva, abacaxi, maracujá etc.), além da competição com refrigerantes e outras bebidas e produtos que são considerados substitutos (LOPES, CONSOLI e NEVES, 2006).

Assim, a atividade leiteira é uma boa alternativa para o pequeno agricultor, pois com ela o mesmo pode gerar uma produção primária com escala, no interior de uma propriedade rural pequena, produzindo uma renda mensal que reforça e equilibra o caixa de sua empresa rural, além de gerar emprego. Esta atividade é, portanto, considerada uma importante alternativa ao desenvolvimento da agricultura familiar.

A partir do problema proposto a pesquisa justifica-se pela importância do estudo da cadeia leiteira no Rio Grande do Sul. O risco de a mesma sofrer problemas de continuidade, diante das dificuldades enfrentadas pelo setor nos últimos anos, se confronta com os avanços ocorridos tanto na produção quanto na qualidade e lucratividade que a atividade gerou para milhares de produtores rurais. Assim, com o estudo se pretende obter um quadro realista da atual situação do setor, com destaque para as dificuldades que os produtores enfrentam para continuar com a atividade leiteira, cotejando as mesmas com as dificuldades que as indústrias igualmente enfrentam diante das fraudes ocorridas nos últimos anos, da instabilidade na economia e dos investimentos que vêm fazendo para se manterem competitivas no mercado.

Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se preferencialmente da pesquisa bibliográfica, pela qual foram consultadas várias literaturas relativas ao assunto em estudo, além de artigos publicados na internet.

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.

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Realizou-se igualmente pesquisa de campo através de entrevistas com pesquisadores, as quais complementaram particularmente as informações obtidas via internet sobre as tendências do mercado de leite no Brasil e no Rio Grande do Sul

Segundo Marconi e Lakatos (1985), a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional direta.

Este estudo pode ser caracterizado como pesquisa exploratória, o que, segundo Mattar (1996) pode ajudar o pesquisador a estabelecer as prioridades do estudo, mostrando aspectos ao longo da pesquisa que possam ser mais promissores que outros. Segundo o autor, os métodos empregados na pesquisa exploratória são muito amplos e versáteis e podem ser classificados da seguinte forma: levantamentos em fontes de dados secundários, estudo de casos selecionados, observação informal e levantamentos de experiências.

2. HISTÓRIA DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL

Há registros de que os bovinos, para suprir a necessidade de leite e carne, foram introduzidos no Brasil por Martim Afonso de Souza e sua mulher Ana Pimentel após 1531, na capitania de São Vicente, quando da 1ª expedição colonizadora enviada por D. João III, rei de Portugal. Consta que em 1535, o donatário de Pernambuco, Duarte Coelho, tenha levado bovinos para o Nordeste do país, mais precisamente para a Bahia. Em 1550, Tomé de Souza, após ter fundado Salvador, na Bahia, onde instalou a capital do Brasil colonial, mandou buscar em Cabo Verde um lote de bovinos. Acredita-se que destes pontos geográficos o rebanho bovino tenha se espalhado pelo Brasil, dando origem às fazendas de gado que mais tarde se transformaram em povoados e vilas. Data do século XVIII a criação das primeiras fazendas regulares de gado bovino no Brasil (THEREZINHA, 2006).

A partir de 1950, coincidindo com o surto da industrialização do país, a pecuária leiteira entrou na sua fase dita moderna, mas mesmo assim o progresso continuou muito tímido. No final dos anos 60, o rumo desta história começou a se alterar, quando o revolucionário leite tipo B ganhou expressão nacional. Entretanto, o salto mais qualitativo da pecuária leiteira aconteceu somente por volta de 1980.

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Daí em diante, o setor exibiu dinamismo que nunca tinha tido, possibilitando afirmar que o progresso que teve em apenas duas décadas foi maior que o do conjunto dos anos anteriores (Pioneer Sementes, 2013).

Os anos de 1990 foram muito ricos para o Brasil e para a pecuária leiteira. O começo da década foi marcado pela especulação financeira, numa época em que a inflação era de 3% ao dia, os laticínios vendiam o leite à vista e chegavam a pagar os produtores num prazo de 50 dias. Em 1990, a Sunab baixou a Portaria 43, que acabou com o tabelamento do preço do leite, pondo fim a um ciclo que durou meio século, ciclo esse que gerou distorções que acabaram por prejudicar a atividade leiteira. Embora a abertura econômica tenha provocado grande desnacionalização das empresas brasileiras e invasão de produtos estrangeiros em nosso mercado como os lácteos, fazendo com que o país se tornasse pátria mundial desses produtos, por outro lado ela obrigou a atividade a se tornar mais profissional, pois essa é a lei da globalização econômica. (Pioneer Sementes, 2013).

Nessa década também foi iniciada a coleta de leite a granel, quando a economia brasileira e a mundial foram contaminadas pela globalização. A ordem era ser moderno, competitivo, estar preparado para enfrentar a concorrência. Aconteceu o boom da informática e da internet. O Brasil criou o Código de Defesa do Consumidor. A sociedade passou a ter uma postura mais crítica em relação aos produtos que comprava. O lançamento do Plano Real, que venceu o dragão inflacionário, levou as empresas de laticínios a buscar seus lucros mais na parte operacional do que na especulativa (Rubez, 2003).

O leite é produzido no Rio Grande do Sul desde a ocupação do território e da introdução do gado bovino. No entanto, apenas com a chegada dos imigrantes no século XIX e o povoamento mais denso do Estado, o leite tornou-se um importante componente do consumo das populações. O desenvolvimento da atividade como forma de comércio se dá com o crescimento dos centros urbanos, motivando a exploração intensiva do gado leiteiro com aprimoramento, sendo que os primeiros sinais de organização da atividade datam de 1936.

A produção de leite e de seus derivados para fins comerciais começou com os açorianos, mas foi com a chegada dos imigrantes alemães e italianos que a atividade se expandiu, estes se localizaram mais ao norte do Estado, região até então desabitada. Com o surgimento das vilas, o leite e seus derivados ganharam

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importância econômica, especialmente nas regiões de pequenas propriedades, onde a subsistência das famílias dependia da produção diversificada (FONSECA, 1980)

O Rio Grande do Sul vem acompanhando todo o desenvolvimento da atividade leiteira no Brasil, desde o investimento em novas tecnologias, sendo hoje o segundo maior produtor do país.

3. ASPECTOS DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DO LEITE

O processo de desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no Brasil teve início com a crise de 1929, através da substituição das importações, e com a expansão do mercado consumidor, trazida pela acelerada urbanização. Nos anos 1940, várias cooperativas e empresas experimentavam as primeiras intervenções do governo em seus preços. Nas décadas de 50 e 60, começaram a passar por um processo de transformação, com a implementação das estradas, a instalação da indústria de equipamentos, surgimento do leite B, as inovações nas embalagens (descartáveis) e a vinda das multinacionais que deram um novo impulso ao segmento industrial. (VIANA, G; FERRAS, R, P, R - 2007)

Porém, foi no início da década de 90 que ocorrem grandes avanços neste processo de industrialização, uma vez que nesse período começa a ocorrer maior abertura de mercado, influenciando profundamente no desempenho da cadeia, o que por consequência torna o sistema cada vez mais competitivo, sendo que o governo passa a interferir cada vez menos neste setor, ficando a formação de preço em função das leis de mercado da oferta e da procura por este produto. O incremento na utilização de tecnologias no agronegócio também vem sendo cada vez mais importante para o seu desenvolvimento, o que tem sem dúvida alguma influenciando diretamente na competitividade da cadeia. (VIANA, G; FERRAS, R, P, R - 2007)

No entendimento de Canziani (2003), a produção do leite no Brasil está associada principalmente a dois setores: de um lado os produtores altamente técnificados, com rebanhos leiteiros e equipamentos especializados para a produção; de outro, os produtores não especializados, que se utilizam dos rebanhos de corte para a produção do leite, o que, em contrapartida, influencia diretamente na produção média no país.

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Dentre os principais representantes da cadeia produtiva do leite, podemos considerar quatro categorias: primeiramente os fornecedores, os quais fornecem insumos, máquinas e equipamentos aos produtores; em segundo estão os produtores rurais, que podem ser divididos em especializados e não especializados; em terceiro a indústria, a qual influencia significativamente na cadeia, já que tem o papel de coletar o produto junto aos produtores e ao mesmo tempo distribuí-los aos varejistas, supermercados e padarias, os quais são considerados o quarto e último elo na categoria deste sistema agroindustrial.

3.1 A CADEIA GAÚCHA DO LEITE

O Rio Grande do Sul possui um rebanho de 1.544.072 vacas leiteiras e conta com 198.817 produtores que, de alguma maneira, trabalham na produção de leite. O volume produzido é de 4,6 bilhões de litros por ano, numa média de 12,62 milhões litros/dia.

As regiões que vendem leite cru para indústrias e os que processam em agroindústria própria respondem pela produção de 91,5% desse volume. As regiões de Ijuí e Santa Rosa produzem, respectivamente, 883 milhões de litros por ano e 679 milhões de litros por ano (MILKPOINT, 2015).

O setor da produção é o elo mais frágil da cadeia leiteira gaúcha devido a sua estrutura composta por uma grande maioria de pequenos produtores não organizados e distribuídos por todo o território, tendo 2/3 dos produtores uma produção de até 50 litros/dia. Outra característica do setor de produção diz respeito à redução do número total de produtores, que passou de 89.956 em 1995 para 71.561 em 1999, evidenciando que há um processo de exclusão de produtores. Individualmente, cada produtor contribui com uma pequena parcela da produção total e não pode exercer influência perceptível no preço do leite ofertado no mercado. Atuando com baixa escala de produção, o acesso à informação, às novas tecnologias e ao crédito adequado fica bastante limitado, dependendo da agroindústria ou de outras formas de associações para ser mais eficiente. (MILKPOINT, 2015)

No RS, o setor de industrialização de leite é bastante concentrado. Convivem empresas e cooperativas de porte grande, médio e pequeno. Apesar das diferenças acentuadas em seu porte, elas demonstram orientações estratégicas semelhantes

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em alguns pontos, como a preocupação com a qualificação do quadro de pessoal e os melhoramentos tecnológicos; a ampliação do apoio e da assistência técnica aos produtores integrados; e a intenção de não importar leite em pó para não reduzir a base de produtores. Mas também manifestam direções estratégicas diferentes: as agroindústrias pequenas e médias revelam intenção de realizar expansão em Leite Longa Vida, enquanto que as grandes não desejam crescer nessa linha, mas diversificar-se em outros segmentos.

No âmbito do setor de industrialização, identifica-se a produção de leite em pó e creme de leite como oportunidade de investimento, dado o grande volume de importações dos últimos anos e o amplo mercado interno nacional. Em relação ao leite UHT, que também é importado, a oportunidade de expansão já vem sendo aproveitada pelas agroindústrias. A ampliação da capacidade de produção de leite em pó no estado apresenta como vantagens transformar o leite excedente, dos meses de agosto a janeiro, em um produto mais rentável, que pode ser comercializado também no resto do país; por ser mais facilmente armazenável, pode constituir-se em uma oferta adicional na entressafra; pode substituir as importações de lácteos. (MILKPOINT, 2015)

4. A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA NO RS

A produção de leite vem crescendo gradativamente desde sua origem fazendo com que o Rio grande do Sul passe a ser o segundo maior produtor de leite do Brasil atrás apenas de Minas Gerais e seguido muito de perto pelo Paraná, sendo esses três estados os responsáveis por mais da metade da produção brasileira de leite.

Para o pesquisador Wagner Beskow a evolução da produção leiteira deu-se prelos seguintes fatores:

• Necessidade inicial de produzir leite para subsistência.

• Aumento da população urbana, originando a necessidade de compra do leite. • Proibição da comercialização de leite não industrializado, levando à

profissionalização crescente e formação de uma cadeia produtiva. • Fatores edafoclimáticos favoráveis à produção de forragem. • Importação de sêmen de touros provados, de alta produtividade.

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• Crescente introdução de conhecimento desenvolvido em países com grande experiência na produção de leite.

Já para o pesquisador Jair Mello a evolução da produção leiteira deu-se pelos seguintes fatores:

O leite era uma atividade secundária para complementar a renda das famílias e diminuir o risco com o cultivo das grandes culturas isso fez com que o leite crescesse e entrasse nas propriedades que só cultivavam grãos como complemento de renda manutenção da família a alguns anos atrás a produção era vista como atividade das mulheres nas décadas de 80 e 90 e a partir dos nos 2000 a produção de leite passou a ser vista como negócio em muitas propriedade a principal atividade é a produção leiteira, hoje o produtor com 10 ou 15 hectares é considerado pequeno produtor de grãos não tornando a atividade viável e ele pode ser um grande produtor de leite nessa mesma área, na ultima década a produção de leite vem crescendo o dobro que a produção brasileira. A produção aumentou no Rio Grande do Sul porque nos temos a visão de negocio, nós temos solo, clima favorável, temos uma cadeia forrageira que dá para produzir pasto, silagem para o anão inteiro temos pessoas com vocação para a atividade.

Tabela 1: Evolução da produção de leite no Brasil do ano de 1970 a 2014.

ANO Produção (mil litros)

1970 6.303.111 1975 8.513.783 1980 11.596.276 1985 12.846.432 1990 14.484.414 1995 17.931.249 2000 19.767.206 2005 24.571.537 2010 30.715.460 2014 35.174.271

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Gráfico 1: Evolução da produção de leite no Brasil de 1970 à 2014

Fonte: IBGE, Pesquisa da Pecuária Municipal 1970-2014.

Analisando os dados do IBGE de 1970 à 2014 os mesmos demonstram a evolução da produção leiteira no Brasil pode se verificar que a produção leiteira vem em constante crescimento onde a aumento da quantidade produzida anualmente no Brasil foi de 458% passando de 6.3 bilhões de litros em 1970 para 35,17 bilhões de litros em 2014 destacando a região Sul e Sudeste que permanecem sendo as maiores produtoras.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture - USDA), o Brasil ocupou a quinta posição no ranking mundial de produção de leite em 2014, atrás da União Europeia, Índia, Estados Unidos e China. (MilkPoint, 2015)

A Região Sul, pela primeira vez na série de dados, foi à região com maior produção do país. Em 2014, foi responsável por 34,7% da produção nacional, enquanto a região Sudeste produziu 34,6% do total. (MilkPoint, 2015)

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Tabela 2: Produção de leite no Rio Grande do Sul de 1960 a 2014.

ANO Vacas Ordenhadas Produção (mil litros) Produtividade média (litros/vaca/ano)

1960 668.905 605.033,5 904,5 1970 815.206 778.479 954,9 1975 836.504 815.718 975,2 1980 992.109 1.236.385 1.246,2 1985 1.070.173 1.129.134 1.055,1 1990 1.173.862 1.451.797 1.236,8 1995 1.251.487 1.710.677 1.366,9 2000 1.164.912 2.102.018 1.804,4 2005 1.203.601 2.467.630 2.050,2 2010 1.495.518 3.633.834 2.429,8 2014 1.544.072 4.684.960 3.034,2 Fonte: IBGE, Pesquisa da Pecuária Municipal 1960-2014.

Gráfico 2: Evolução da produção de leite no Rio Grande do Sul de 1960 a 2014

Fonte: IBGE, Pesquisa da Pecuária Municipal 1960-2014.

Comparando os dados do IBGE de 1960 com o de 2014, os números mostram um crescimento de 674% para a produção total de leite no Estado. Em relação aos números que representam a produtividade média leiteira, houve um crescimento de 235% quando se compara o ano de 1960 com o de 2014. Sendo assim, nota-se que o estado do Rio Grande do Sul acompanhou o país no tocante ao crescimento da produção e produtividade leiteiras nas últimas décadas do século XX e início do século XXI.

Nesse sentido, mesmo o estado do Rio Grande do Sul sendo inferior à Argentina e ao Uruguai no que tange à modernização do setor leiteiro, está dando saltos qualitativos na modernização desse setor. Sendo assim, conforme ressalta Duarte (2002, p. 112):

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Na região, a forte presença dos vizinhos mais competitivos – Argentina e Uruguai – tem induzido a busca de eficiência para a produção primária e ao constante aperfeiçoamento do parque industrial. O Estado do Rio Grande do Sul foi o primeiro no Brasil a ter praticamente 100% da coleta de leite resfriada a granel. Em termos de crescimento da produção entre 1986 e 1995, a região apresenta dados bastante significativos, com um crescimento de mais de 40% no período.

Assim vê-se que o Rio Grande do Sul vem mostrando sua modernização do setor leiteiro, sendo pelo crescimento da produção leiteira ou pela produtividade média, quanto pela coleta a granel nas propriedades produtoras de leite. Conforme Duarte (2002, p. 82) enfatiza que “o Rio Grande do Sul foi um dos estados pioneiros na implantação do sistema de coleta a granel de leite, numa iniciativa tomada pela Cooperativa Central Gaúcha de Laticínios (CCGL), em 1985”.

Todo esse crescimento deve-se a Cultura trazida pelos imigrantes europeus, especialmente alemães, italianos, russos, poloneses e holandeses, vindos para os estados do Sul e Sudeste a utilização de novas tecnologias para produção de leite, como por exemplo, a adoção da ordenha mecânica em substituição da ordenha manual fazendo com que o produtor pudesse aumentar em escala de produção e melhorar a qualidade do leite produzido, outro fator que contribuiu para o crescimento da produção de leite foi à utilização da inseminação artificial e a transferência de embriões proporcionando ao produtor um rebanho com alto potencial produtivo.

Outro fator que influenciou e continua influenciando a evolução da produção leiteira no Rio Grande do Sul foi à instalação de novas indústrias de beneficiamento de leite e o aumento do preço pago ao produtor nos últimos anos conforme gráfico abaixo:

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Tabela 3: Evolução do preço médio pago ao produtor (2000 a 2015) Ano Rio Grande do Sul % Crescimento RS Brasil % Crescimento Brasil 2000 0,2899 0% 0,3137 2001 0,2936 1,26% 0,3036 -3,33% 2002 0,3259 9,90% 0,3520 13,75% 2003 0,4348 25,06% 0,4629 23,96% 2004 0,4869 10,69% 0,4988 7,20% 2005 0,5081 4,18% 0,5221 4,46% 2006 0,4630 -9,75% 0,4811 -8,52% 2007 0,5992 22,74% 0,6370 24,47% 2008 0,6350 5,64% 0,6853 7,05% 2009 0,6469 1,83% 0,6689 -2,45% 2010 0,6406 -0,97% 0,7055 5,19% 2011 0,7736 17,19% 0,8283 14,83% 2012 0,8282 6,59% 0,8641 4,14% 2013 0,9445 12,32% 1,0138 14,77% 2014 0,9927 4,85% 1,0546 3,87% 2015 0,9322 -6,49% 0,9965 -5,83% Fonte: CEPEA/ESALQ/USP

Gráfico 3: Evolução do preço médio pago ao produtor (jan/2000 a ago/2015)

Fonte: CEPEA/ESALQ/USP

O gráfico 3 mostra o comparativo do preço médio para por ano por litro de leite ao produtor de Janeiro do ano 2000 à Agosto de 2015, pode-se dizer que assim com a produção de leite o preço pago ao produtor vem em constate crescimento em média mais de 200% tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, fazendo com que o produtor passe a ver à atividade como uma fonte de renda e não mais como um completo da mesma.

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5. DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA PRODUZIR LEITE

Assim com qualquer atividade agrícola os produtores enfrentam dificuldades para manter suas atividades como alto custo de produção, instabilidade nos preços, baixa escala de produção.

Para o pesquisador Wagner Beskow as principais dificuldades são:

• Falta visão do leite como negócio, com foco e especialização por parte dos produtores.

• Isolamento histórico do Brasil frente ao mercado internacional de lácteos e o protecionismo levaram ao desconhecimento de como funcionam as forças que determinam os preços do leite. Com isso o produtor se empolga excessivamente no período de altos preços e se decepciona na mesma proporção com estes caem, sem entender que se trata de um ciclo normal. • Foco excessivo no preço do leite, por parte do produtor, e desconhecimento

de como produzir de forma eficiente, com baixo custo.

• Baixa produtividade de todos os fatores de produção: vaca, terra, pessoas e capital.

• Desuniformidade no padrão de exigência legal sobre a indústria decorrente da existência de três esferas de fiscalização (municipal, estadual e federal) e da corrupção de fiscais, permitindo com que algumas empresas consigam operar com muito menos custos e perdas frente às que seguem tais normas à risca. • Péssima qualidade das estradas municipais, algumas estaduais e dos

acessos internos das propriedades levando a perdas, deterioração e custos elevados do leite.

• Baixíssimo volume de leite por produtor por dia leva à quase inviabilidade de coleta industrial de mais de 70% dos produtores brasileiros.

Para o pesquisador Jair Mello as principais dificuldades para produzir leite são:

• Baixa escala de produção na propriedade aqueles produtores que produzem para sua subsistência e o pouco o que sobra comercializa, não querem aumentar a produção porque a atividade não da lucro

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• Logística, produtor distante da indústria, baixa escala e péssima condições das estradas para acesso a propriedade, muitas empresas captando leite muitas vezes na mesma localidade não há um zoneamento entre as indústrias de compra de leite.

• Alta tributação custo, pois a cadeia do leite é muito complexa muito ampla para a produção de leite utiliza vários tipos de insumos agropecuários, máquinas, equipamentos, combustível muitos desses produtos possuem componentes importados.

• Falta de profissionalização de muitos produtores, pequenos e médios produtores que não fazem a gestão não possuem controle de custos, não cuidam do rebanho, e não deixa a atividade.

• Baixo consumo, o brasileiro está consumindo menos do que devia consumir o consumo per capita em torno de 180 litros e o ideal seria 200 litros ano.

Nos últimos dois anos foram descobertos grandes esquemas de adulteração do leite no Rio Grande do Sul entre a propriedade rural e a indústria, como a adição de produtos químicos e água a fim de aumentar o volume e mascarar a má qualidade da matéria-prima, isso fez com que a imagem do produto gaúcho fosse prejudicada, mas todos esses acontecimentos também têm seu lado positivo, pois a médio e longo prazo o RS sairá ganhando com esse processo, pois resultará em diferencial de qualidade para seu leite, pois os mesmos problemas existem nas outras UF e nada parecido está sendo feito fora do RS.

6. O MERCADO, A COMERCIALIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PREÇOS.

A estrutura do mercado de produtos lácteos no Brasil é bastante complexa, em virtude do elevado número de agentes econômicos que atuam no sistema e da multiplicidade de canais de comercialização. A abertura da economia, liberação de preços e o plano de estabilização, com a implementação do Plano Real em 1994, trouxeram modificações importantes para toda a cadeia agroindustrial do leite, aumentando os investimentos no setor, aumentando o mercado consumidor e viabilizando aumentos de produção.

Com as mudanças do início da década de 90, aumentou o interesse de grandes empresas internacionais em investirem nesse segmento de mercado.

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Muitos laticínios nacionais foram incorporados por essas empresas, provocando uma concentração da indústria. Essa tendência é observada desde os anos 1970, mas acentuou bastante na década de 1990. Isso aumentou o poder de negociação dessas empresas junto a produtores e consumidores, inclusive na determinação de preços. Essas multinacionais vêm se destacando no mercado, com lançamentos e novidades que ganham a preferência do consumidor, num mercado com tendência de demanda crescente (EMBRAPA, 2014)

A comercialização de produtos agropecuários está além da venda, pois, ela aborda todo o processo de transformação, diferenciação e agregação de valor, estes processos são fundamentais para a escolha/preferência do consumidor final do produto. Para Araújo (2007), os fluxos de comercialização variam de acordo com cada produto e região, os quais envolvem diferentes agentes comerciais, quer seja nas agroindústrias que podem ser consideradas como os canais intermediários, ou até mesmo na infraestrutura, relacionada à logística do produto.

No caso do leite, existem cerca de cinco figuras que podem vir a desempenhar o papel de ligação entre produtor e consumidor final do produto: cooperativa, indústria, representante, distribuidores e varejista. O fluxo pode ser considerado ainda de duas maneiras: o fluxo por canais mais comuns da mercadoria, situação esta que ocorre predominantemente durante a comercialização do produto e praticamente liga todos os elos da cadeia, desde o produtor até as cooperativas, indústrias e distribuidores; e o fluxo por meio de canais alternativos, o qual ocorre em menor proporção, podendo ligar diretamente o produtor ao consumidor final (VIANA & FERRAS, 2007).

A comercialização do leite está ligada a uma estrutura de mercado denominada oligopsônio, o que indica que neste processo existe uma grande quantidade de produtores, com intuito de vender seu produto e uma restrita proporção de compradores. Vasconcelos ilustra este tipo de mercado: Oligopsônio é o mercado em que há poucos compradores negociando com muitos vendedores. Por exemplo, quanto à indústria de laticínios, em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006).

A formação de preço do leite passa a ser predominantemente influenciada pela indústria, já que é essa que estabelece o preço pago aos produtores rurais. Para estes produtores, seria melhor a existência da grande concorrência entre os

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compradores, já que, com maior disputa na compra do bem, poderiam obter melhor preço pelo seu produto (CANZIANI, 2000).

A formação de preços é resultado direto das condições de oferta e demanda, e o preço é a variável mais importante do mercado. Sendo assim, como a formação de preços é predominantemente influenciada pelos compradores, o empreendedor rural enfrenta dificuldades em comercializar sua produção, já que existe pouca concorrência entre os compradores deste produto. Uma alternativa à minimização desse problema é a criação de cooperativas de leite que desempenhem o papel de centralizadoras da produção do leite in natura, proporcionando maior poder de barganha aos produtores, nas negociações junto aos compradores do produto (MENDES & JÚNIOR, 2007).

A distância entre a indústria e o produtor é fator importante na determinação do preço do leite. O transporte representa entre 4% a 25% do preço do leite recebido pelo produtor, chegando, em algumas regiões do Brasil, a 40%. Essa diferença é determinada pela baixa densidade de produção, que é a relação da quantidade produzida pela quantidade de quilômetros percorridos pelo veículo, das fazendas às plataformas de recepção (Silva, Reis et al., 2000).

7. PERSPECTIVAS PARA O MERCADO LEITEIRO

O mercado do leite apresenta grande possibilidade de crescimento, pois é um produto largamente utilizado na alimentação humana possui grandes os volumes mundiais produzidos e consumidos anualmente, a produção vem em um crescimento constante ano a ano e o consumo per capita também vem aumentando.

Segundo o Mapa-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o agronegócio brasileiro caminha para a próxima década com foco na competitividade e na modernidade, fazendo da utilização permanente da tecnologia o caminho para a sustentabilidade. O cenário é promissor e permitirá abastecer a população brasileira e ainda gerar excedentes exportáveis. Com todos os nossos produtos, projeta-se uma balança comercial superavitária de US$ 100 bilhões/ano (Revista Balde Branco).

Para o pesquisador Wagner Beskow destaca os seguintes fatores quanto às perspectivas do mercado leiteiro:

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• O leite tem grande futuro decorrente do aumento continuado do consumo per capta que se observa mundialmente, somado ao crescimento populacional. Componentes extraídos do leite, como proteínas de alto valor agregado, encontram mercado especializado e também crescente, que deve se intensificar nas próximas décadas.

• A própria descoberta recente de que as gorduras hidrogenadas (como margarina) não são saudáveis e que o consumo do leite, por outro lado, está associado a vários fatores positivos para a saúde, auxiliará nesse processo. • No momento, o mercado internacional passa por um ciclo de baixa que ocorre

a cada três anos. Há muito produtor estocado e a produção está maior que o consumo do momento. Isso deve se alterar nos próximos meses e deveremos ter outra onda de crescimento a partir de 2016.

• Em valor real, o preço do leite deverá seguir subindo, apesar das oscilações. O grande desafio é administrar os recursos de produção de forma que os custos subam menos que o preço. Este é o maior desafio do produtor e é neste cenário que o sistema de produção e o conhecimento fazem grande diferença.

Já o pesquisador Jair Mello destaca os seguintes fatores quanto às perspectivas do mercado leiteiro:

• O leite tem uma perspectiva muito boa para o Brasil, pois o Brasil é um dos poucos países que vai poder exportar leite e suprir algumas regiões do mundo na demanda pelo leite devido as limitações dos outros países produtores, o Brasil tem área, tem clima, solo e gente para trabalhar na atividade, porém pra isso se concretizar o produtor precisa se profissionalizar, para atender as exigências do mercado externo.

• O futuro é promissor, desde que o produtor e as indústrias acompanhem a evolução do mercado, se especializem cada vez mais na atividade, busquem novas tecnologias, procurem desenvolver a atividade de forma sustentável. • O preço cada vez mais é mercado mundial, hoje todas as ações que

acontecem no mercado mundial refletem diretamente no nosso preço de venda e no preço pago ao produtor, seja uma guerra, um problema com petróleo, um problema de queda de oferta de leite no mundo, ou aumento de oferta de leite no mundo isso tudo acaba influenciando na formação do preço.

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Gráfico 4: Projeção da Produção Leiteira no Brasil (2015 a 2025)

Fonte: Elaboração da AGE/Mapa e SGE/Embrapa com dados do IBGE e Embrapa Gado de Leite.

A produção de leite deverá crescer a uma taxa anual entre 2,4% e 3,3%. Essas taxas correspondem a passar de uma produção de 37,2 bilhões de litros em 2015 para valores entre 47,5 e 52,7bilhões de litros no final do período das projeções.

No Rio Grande do Sul se utilizarmos as mesmas projeções de crescimento da produção leiteira feitas pelo MAPA a produção leiteira passará de 4,8 Bilhões de litros em 2015 para 6,08 e 6,64 bilhões de litros no final do período das projeções.

O consumo nos próximos anos deve estar próximo da produção, estando estimado crescer anualmente a taxa de 2,4% ao ano durante o período das projeções.

De acordo com a Embrapa Gado de Leite, é pouco provável que o Brasil mantenha a taxa de crescimento médio da produção dos últimos anos, que foi de 4,5% ao ano. Nos anos recentes, a demanda por lácteos no país foi o principal estímulo para os incrementos de produção. No entanto, no curto/médio prazo, a conjuntura macroeconômica aponta retração na capacidade de crescimento do consumo dos brasileiros (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento).

Outros fatores que deverão influenciar o setor produtivo segundo a EMBRAPA é o crescimento e consolidação do pagamento por volume, regularidade e qualidade, promovendo escala e profissionalização da produção primária. A qualidade e higiene será uma preocupação constante, principalmente pela conscientização dos direitos do consumidor. As mudanças de hábitos de consumo,

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como a busca por praticidade e conveniência, fast food, produtos com baixo teor de gordura e crescente consciência dos aspectos nutricionais e de saúde, também devem ser consideradas no mercado de lácteos. Em resumo, os agentes que atuam na cadeia de lácteos devem adequar-se aos requerimentos do mercado globalizado, inclusive com vistas à exportação.

O potencial produtivo do setor e suas vantagens comparativas em relação a outros países produtores e tradicionalmente exportadores é grande e deverá ser trabalhado intensamente, tanto pelo Governo como pela iniciativa privada. A aprovação dos regulamentos técnicos de produção de leite foi uma das primeiras iniciativas do Brasil, no intuito de ganhar a credibilidade dos principais e maiores centros importadores de derivados de leite no mundo. (EMBRAPA, 2015).

O produtor terá que estar sempre preparado via uma boa gestão de sua propriedade, através de uma relação adequada entre produtividade elevada e baixo custo de produção. Deve igualmente estar disposto a enfrentar os altos e baixos do mercado, pois o leite possui um mercado bastante volátil, com importantes variações de preços num período de 12 meses. Ajuda nesse processo o fato de que o produtor hoje, em boa parte, já possui um grau de escolaridade maior, se atualizando constantemente e disposto a investir em novas tecnologias, buscar novas ferramentas para desempenhar sua atividade e entender que a atividade está em um contexto de mercado globalizado, com alta competição entre cadeias produtivas de diferentes regiões e países. Os desafios são enormes, porém, a atividade leiteira ainda permite, para os produtores bem organizados, ganhos importantes de renda.

Nos últimos anos o Rio Grande do Sul vem se destacando na produção leiteira sendo o segundo maior produtor do Brasil. No ano de 2014 foi o Estado com a maior produtividade média nacional (3.034 litros/vaca/ano) segundo o IBGE. No ranking dos 200 municípios de maior produtividade de leite por animal em 2014, 121 municípios são gaúchos. Isso demonstra que ano após ano o Estado apresenta crescimento e aperfeiçoamento da atividade, fato que permite constatar que o futuro da atividade leiteira no Rio Grande do Sul continua promissor, podendo se tornar o maior produtor nacional. O que definirá essa tendência será a organização e atuação da cadeia produtiva local nos próximos anos.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade leiteira tem um papel muito importante na sustentabilidade das propriedades agrícolas familiares, tanto no consumo quanto na geração de renda. A atividade vem crescendo ano após ano deixando de ser a atividade secundária em grande parte das propriedades para tornar-se a principal fonte de renda.

Para que todo esse desenvolvimento da atividade acontecesse os produtores e as indústrias tiveram que se aperfeiçoar e investir, pois o mercado cada vez mais está exigindo produtos de qualidade e procedência. Nesse contexto, gerenciar o custo de produção é um grande desafio, pois as despesas para atender as exigências do mercado são altas. Isso significa que o produtor terá que cada vez mais estar atualizado com as novas tecnologias e ver a atividade como um negócio.

Por fim, com o estudo verificou-se que a atividade leiteira tem um futuro promissor, pois vem crescendo ano a ano e as projeções de produção para os próximos anos são boas. O Rio Grande do Sul vem apresentando uma taxa de crescimento superior ao crescimento da produção brasileira, tanto em volume anual quanto na média produzida por vaca. Mas para que todo esse crescimento continue produtor e indústrias terão que estar preparados para os grandes desafios de competitividade que terão de enfrentar, pois a volatilidade do mercado lácteo nacional continuará sendo importante. Além disso, há uma tendência de ajustes profundos nos próximos anos já que a demanda interna não absorverá o crescimento atual da produção, obrigando esta a buscar nos mercados externos novas opções. Mesmo assim, a tendência será de uma seleção de produtores, com os menos preparados sendo excluídos do processo produtivo comercial.

9. REFERÊNCIAS

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CANZIANI, J. R. Cadeias Agroindústrias: O Programa Empreendedor Rural. Curitiba,SENAR-PR, 2003.

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MENDES, J. T. G.; JUNIOR, J. B. P; Agronegócio uma abordagem econômica. São Paulo:Pearson Prentice Hall, 2007.

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Entrevistas:

Jair da Silva Mello, Engenheiro Agrônomo, formado na Faculdade de Agronomia da Universidade de Passo Fundo/RS, com especialização em Produção Animal na mesma Universidade e no INTA Rafaela/Argentina. Tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural. Gerente de Suprimentos de matéria prima da CCGL.

Wagner Beskow, Engenheiro Agrônomo pela UFPEL, Mestrado e Doutorado em Manejo de Sistemas Pastoris pela Massey University (Nova Zelândia) Ph.D.Pesquisador/Consultor Sócio-Diretor da Transpondo.

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