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Fragmentação geopolítica

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Academic year: 2021

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FRAGMENTAÇÃO GEOPOLÍTICA: UMA ANÁLISE

ESTRUTURAL DAS PROPOSTAS DE SEPARATISMO

NO BRASIL

Eduardo Amaral Haddad* Amir Borges Ferreira Neto† Fernando Salgueiro Perobelli‡

Resumo

Este trabalho tem por objetivo dar luz ao debate sobre a criação dos novos entes federativos, trazendo elementos objetivos sobre a caracteri-zação socioeconômica dos novos espaços geopolíticos e seus respectivos papéis no novo contexto espacial do sistema inter-regional brasileiro. O artigo traz resultados inéditos para a discussão, buscando, inicialmente, identificar padrões hierárquicos e de dependência espacial e produtiva neste novo contexto federativo. Tais resultados subsidiam a analise subse-quente dos impactos da nova configuração das transferências constitucio-nais, que identifica por meio de simulações com um modelo inter-regional de insumo-produto especialmente calibrado para as 33 regiões considera-das no estudo, não apenas os potenciais ganhadores e perdedores, mas também os mecanismos de interação espacial subjacentes a estes proces-sos.

Palavras-chave: Separatismo; Análise exploratória de dados espaciais; Modelo inter-regional de insumo-produto; Transferências inter-regionais.

Abstract

This paper aims to shed light to the debate on the creation of new federal entities, bringing objective elements on the socioeconomic char-acteristics of the new geopolitical areas and their respective roles in the new spatial context of the Brazilian interregional system. The article presents new results for the discussion, initially trying to identify pat-terns of hierarchical spatial and productive dependency in this new fed-eral design. These results subsidize the subsequent analysis of the impacts of the new configuration of the constitutional transfers, which identifies, through simulations with an interregional input-output model, specially calibrated for 33 regions considered in the study, not only the potential winners and losers, but also the spatial interaction mechanisms underly-ing these processes.

Keywords: Separatism; Exploratory spatial data analysis; Interregional input-output model; Interregional transfers

JEL classification: C21, C67, H77

*Universidade de Sao Paulo, bolsista do CNPQ. Email: ehaddad@usp.brUniversidade Federal de Juiz de Fora. Email: amirneto@gmail.com

Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista do CNPq e Pesquisador Mineiro FAPEMIG.

Email: fernando.perobelli@ufjf.edu.br

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do Leste e Minas do Norte, e recriado o Estado da Guanabara na região Su-deste. Na região Centro-Oeste, além do Mato Grosso do Norte, ainda seriam criados os Estados do Araguaia e do Planalto Central.

Com as propostas avançadas, caso aprovadas, o Brasil passaria a ter 32 Estados além do Distrito Federal. Caso haja uma divisão ainda maior, como sugerido pelas propostas especulativas, o País passaria a ter 39 Estados e três Territórios.

Motivado pela aprovação da Câmara para o plebiscito sobre a criação de novos Estados, este trabalho tem por objetivo dar luz ao debate sobre a cria-ção dos novos entes federativos, trazendo elementos objetivos sobre a carac-terização socioeconômica dos novos espaços geopolíticos e seus respectivos papéis no novo contexto espacial do sistema inter-regional brasileiro. Para tanto, o estudo baseou-se na divisão territorial hipotética em que se pressu-põe que os Projetos de Lei em discussão na Câmara “vinguem” (Figura 1). Inicialmente, será realizada uma análise exploratória com alguns indicadores socioeconômicos básicos, tais como o PIB, o PIB per capita (PPC), e o índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM). A questão da heterogenei-dade intraestadual também será verificada. Em seguida, utilizando-se uma matriz de insumo-produto inter-regional considerando as novas unidades da Federação, estimada especificamente para este trabalho, o papel dos fluxos inter-regionais e sua importância relativa poderão ser verificados.

Do ponto de vista teórico, a discussão sobre os aspectos econômicos do separatismo regional busca identificar custos e benefício da fragmentação ge-opolítica (Hansen 1978). O arcabouço conceitual pode ser sintetizado em três dimensões principais associadas ao nível de integração econômica da região em questão, da importância das políticas econômicas sistêmicas — determi-nadas em nível nacional (ou estadual para o caso analisado neste artigo) — e do nível e da estrutura dos sistemas de transferências inter-regionais (Polése 1981). A Tabela 1 apresenta os principais elementos desta discussão.

Esse trabalho se divide em mais quatro partes, além desta introdução. Na seção 2, faz-se um breve relato sobre as experiências concretas de desmem-bramento territorial no Brasil, considerando-se os casos recentes de criações de novos Estados e Territórios. A seguir, a seção 3 prossegue com a análise comparativa dos indicadores mencionados, a fim de se evidenciar potenciais diferenças entre a situação atual e a situação futura hipotética. Apresenta-se também a metodologia e os resultados da análise exploratória de dados

espa-1Projetos de Lei, respectivamente: PDC 120/1995, PDC 439-A/1994, PDC 159/1992, PDC

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Figura 1: Nova Configuração Geopolítica do Brasil

Tabela 1: Dimensões Econômicas do Separatismo Descrição Dimensão 1.

Integra-ção Econômica Dimensão 2.Econômicas SistêmicasPolíticas Dimensão 3. Transfe-rências Inter-regionais Definição Ausência de barreiras

institucionais para flu-xos inter-regionais de bens e fatores

Políticas e instituições comuns Podem incluir vários elementos: polí-tica fiscal (subsídios, in-centivos fiscais, investi-mentos, etc.); política monetária; marco regu-latório

Redistribuição inter-regional dos gastos e receitas públicas

Objetivo

Sis-têmico Maximização de efici-ência: integração de mercados

Crescimento econômico Equidade: redistribui-ção de renda

Papel do

Go-verno Função reguladora Função fiscal e regula-dora (setorial) Função fiscal Custos ou

Benefícios da Separação

Dependem da impor-tância e da estrutura dos fluxos de comércio inter-regional

Dependem da importân-cia das políticas nacio-nais/estaduais e de seus impactos regionais

Dependem do saldo inter-regional e sua importância relativa, bem como da impor-tância relativa dos gastos e receitas do governo central Fonte: Adaptado de Polése (1981)

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2 Histórico Recente da Fragmentação Geopolítica Nacional

No fim da década de 1980, o Brasil saía de uma ditadura militar que durara mais de 20 anos. Assim como as demais experiências internacionais, o histó-rico de concentração estatal no País fez com que a Assembleia Constituinte de 1986 levasse consigo certa aversão a qualquer ideia centralizadora. Dessa forma, a elaboração da nova Constituição de 1988 reacendeu o debate político-econômico da questão federativa no Brasil.

Como apontado por Souza (1998, 2001) e Affonso (1994), no Brasil ocorre um federalismo “às avessas”, pois diferentemente do padrão dos Estados Uni-dos, em que as unidades da Federação, com diferentes ideologias, se uniram para formar um país (Estado), no Brasil o Estado, para garantir a continuação da agenda política vigente, decidiu pela federalização brasileira.

A Constituição Brasileira de 1988 não modificou esse caráter, visto o Art. 1ºconsidera que “a República Federativa do Brasil será formada pela união in-dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”, sendo que apenas o Art. 25 irá apontar que “os Estados organizam-se e regem-se pelas Cons-tituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”. Apesar de uma criação “artificial”, o federalismo no Brasil passou por diferen-tes regimes e conseguiu sobreviver (Souza 2001).

Serra & Afonso (1999) fazem um breve histórico dessas mudanças como a alternância entre períodos de descentralização — durante a República Velha e o Pós-Segunda Guerra — e períodos de centralização — como na Era Vargas e na Ditadura Militar de 1964-1988. Essas mudanças, entretanto, não se deram de maneira geral no caráter territorial, mas tiveram foco na estrutura fiscal do País.

A criação de novos Estados está determinada no Art. 18 da Constitui-ção, em seu parágrafo 3º, tal que: “os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem no-vos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população dire-tamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.”

No foco do debate sobre o federalismo no Brasil, três pontos se destacam: (i) a questão fiscal; (ii) a representação na Assembleia; e (iii) o aumento da máquina estatal. O primeiro ponto é importante, pois, como extensivamente discutido por Serra & Afonso (1999), Souza (1998) e Affonso (1994, 2000), com a descentralização do governo, os Estados passam a ter maior importân-cia, principalmente na arrecadação tributária e gastos sociais. Porém, não sai da pauta nacional a questão da desigualdade regional no País, sendo que os

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Fundos de Participação, que representam os repasses do Governo Federal para a esfera estadual, têm importante papel a ser cumprido, tal que os Estados que menos arrecadam são os que recebem maiores participações.

Outro ponto envolvendo a questão tributária é a guerra fiscal. Dada a perda da importância vertical do sistema federativo para uma orientação mais horizontal, os Estados passam a ter o controle dos impostos de maneira tal que, para garantir seu desenvolvimento econômico, ocorrem movimentos de redu-ção das alíquotas tributárias para atraredu-ção de diferentes atividades econômicas (Serra & Afonso 1999, Souza 1998, Affonso 1994, 2000).

A questão da representação também é de grande interesse quando se dis-cute o aumento do número de Estados. A Constituição de 1988 em seus Arti-gos 45 e 46 define que o número de deputados de cada Estado será proporcio-nal à população, não podendo ser menor que oito e nem maior que setenta de-putados, enquanto cada Estado terá três senadores. Essa divisão faz com que Estados com populações maiores percam importância relativa no Congresso. Souza (1998) evidencia que o Sudeste possuía 46% do eleitorado, porém ape-nas 33,6% de representação.

O aumento dos custos da máquina estatal pode ser visto como consequên-cia imediata da fragmentação geopolítica, uma vez que, por um lado, o au-mento no número deputados e senadores gera auau-mentos diretos e indiretos no âmbito do Legislativo, e, por outro lado, os novos Estados devem estruturar-se com a criação de esferas executiva, legislativa e judiciária próprias, o que tam-bém levaria ao aumento das despesas governamentais para sua sustentação.

Para entender a atual divisão do território brasileiro, pode-se remeter ao Governo de Getúlio Vargas com os desmembramentos dos atuais estados do Acre, Rondônia, Roraima e Amapá.2 Com a construção de Brasília e a trans-ferência do Distrito Federal para o Centro-Oeste em 1960, o antigo Distrito Federal foi elevado à categoria de Estado, formando assim o Estado da Guana-bara, que era composto pelo município do Rio de Janeiro e sua área rural.

Na década de 1970, o Estado da Guanabara foi incorporado ao Estado do Rio de Janeiro. Os territórios do Acre e Rondônia foram elevados à categoria de Estados ainda durante a ditadura militar, sendo que Roraima e Amapá, apenas na constituição de 1988. A Constituição de 1988 ainda desmembrou o território do Estado de Goiás em dois, tal que a porção norte do Estado formasse o atual Estado de Tocantins.

3 Análise Exploratória de Indicadores Socioeconômicos

Esta seção realiza a análise exploratória de alguns indicadores socioeconômi-cos (PIB, PIB per capita e IFDM) para os territórios desmembrados. Todos os indicadores foram obtidos, inicialmente, a partir de informações em nível municipal, e agregados, posteriormente, em nível estadual. O objetivo desta seção é contextualizar as economias das novas unidades da Federação no Bra-sil.

2Outros territórios foram desmembrados, mas após a Segunda Guerra voltaram à sua

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Figura 2: Comparação do PIB — Brasil versus Brasil “Novo”

A Figura 2 apresenta os resultados para o PIB. Como esperado, os Esta-dos a serem dividiEsta-dos perderiam importância relativa no cenário nacional, já que passariam a ter uma menor participação no PIB nacional. O caso da Bahia se destaca, pois, apesar da divisão, ele se manteria na mesma faixa que anteriormente, o que pode ser explicado pelo fato de que o PIB da região des-membrada, apesar de constituir importante participação no PIB do Estado, é concentrado principalmente na atividade agrícola.

A Figura 3, por sua vez, apresenta a espacialização do PIB per capita. Como é possível notar, o padrão observado atualmente manter-se-ia com as divisões estaduais. Os Estados do Maranhão e Piauí, que já se encontram na faixa mais baixa de PIB per capita, manter-se-iam nos níveis mais baixos. A Bahia e o Mato Grosso manter-se-iam também na mesma faixa em que se en-contram atualmente, porém essa manutenção se difere do caso dos outros Es-tados, já que os novos Estados possuiriam um PIB relativamente alto e uma densidade populacional relativamente baixa, dado que são regiões essencial-mente voltadas para o agronegócio.

O Estado do Pará, por sua vez, é o que apresentaria maior discrepância com a separação. O Estado encontra-se, atualmente, na segunda faixa de PIB per capita. Com a divisão, os Estados do Tapajós e do Pará teriam um PIB per capita inferior ao do PIB per capita do atual Estado do Pará, enquanto o PIB per capita do Estado de Carajás passaria para uma categoria superior, evidenciando uma fonte de diferenças regionais atualmente.

A Figura 4 apresenta o IFDM (Índice FIRJAN de Desenvolvimento Muni-cipal) para os Estados. O IFDM é calculado somente para municípios, e sua agregação estadual teve como base a participação populacional do município na população estadual. O índice segue a ideia do IDH, sendo referência como indicador socioeconômico amplo. Como é possível perceber, o único caso em

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Brasil Pós-Divisão

Figura 3: Comparação do PIB per Capita — Brasil versus Brasil “Novo”

que os Estados desmembrados permaneceriam na mesma faixa que o Estado atual de origem seria o caso do Maranhão.

No caso do atual Estado do Pará, o Estado de Tapajós passaria a apresen-tar um índice de desenvolvimento menor que o do Estado atual, enquanto os Estados do Pará (desmembrado) e Carajás permaneceriam na mesma faixa de desenvolvimento. Os Estados de Mato Grosso e Bahia, quando desmembra-dos, permaneceriam como os respectivos Estados atuais, mantendo seu índice de desenvolvimento na mesma faixa de variação, enquanto os demais entes desmembrados cairiam uma faixa. O Piauí, por sua vez, apresenta uma situ-ação diferente das demais, sendo que o Estado desmembrado equiparado ao atual teria seu índice aumentado, enquanto o novo Estado cai uma faixa.

Brasil Atual Legenda 0.51 - 0.538 0.538 - 0.608 0.608 - 0.665 0.665 - 0.725 0.725 - 0.826 N L O S Brasil Pós-Divisão

Figura 4: Comparação do IFDM — Brasil versus Brasil “Novo” Por meio da análise das Figuras anteriores e da Tabela 2, pode-se concluir que os Estados criados seriam os que apresentariam, em geral, menor PIB, menor PIB per capita e menor IFDM. Dessa forma, as regiões criadas consti-tuiriam essencialmente regiões mais pobres e que dependeriam de maneira mais forte de auxílio governamental nos períodos de transição nos próximos anos.

3.2 Contexto Intraestadual

Uma pergunta, entretanto, que merece destaque é: haveria alguma lógica econômica nas divisões propostas? Ou haveria apenas um critério eminen-temente político para essas novas configurações fronteiriças? Para endereçar de forma preliminar essa questão, buscou-se analisar, por meio de técnicas de análise exploratória de dados espaciais (AEDE), o padrão espacial dos in-dicadores previamente analisados de tal forma que a verificação dos padrões

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Acre 26 18 17 30 19 18 Amazonas 15 11 20 13 12 21 Roraima 27 14 12 32 16 12 Pará 13 22 25 − − − Tapajós − − − 31 31 31 Pará − − − 14 26 25 Carajás − − − 24 13 28 Amapá 25 15 19 29 17 20 Tocantins 24 16 21 26 8 23 Maranhão 16 26 27 − − − Maranhão − − − 17 30 29 Maranhão do Sul − − − 27 25 30 Piauí 23 17 23 − − − Piauí − − − 25 32 22 Gurguéia − − − 33 33 32 Ceará 12 23 14 12 27 15

Rio Grande do Norte 19 20 13 19 23 13

Paraíba 18 24 22 18 28 24

Pernambuco 10 21 15 10 24 16

Alagoas 21 25 24 21 29 26

Sergipe 20 18 16 20 20 17

Bahia 7 19 26 − − −

Rio São Francisco − − − 28 21 33

Bahia − − − 8 22 27 Minas Gerais 3 9 9 3 10 9 Espírito Santo 11 5 6 11 5 6 Rio de Janeiro 2 3 3 2 3 3 São Paulo 1 2 1 1 2 1 Paraná 5 8 4 5 9 4 Santa Catarina 6 4 5 6 4 5

Rio Grande do Sul 4 6 7 4 6 7

Mato Grosso do Sul 17 10 8 16 11 8

Mato Grosso 14 7 11 − − − Mato Grosso do Norte − − − 23 8 14 Mato Grosso − − − 15 7 11 Goiás 9 12 10 9 14 10 Distrito Federal 8 1 2 7 1 2

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espaciais existentes indicaria a presença de um tipo de lógica econômica utili-zada para essas divisões.

Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE)

Para se analisar o padrão espacial de uma variável, é aconselhado que seja feita uma análise com as estatísticas LISA (Local Indicators of Spatial Associa-tion), que são quaisquer estatísticas que satisfaçam a dois critérios, a saber: a) trazer para cada observação, indicação de agrupamento espacial significante de valores similares ao redor dessa observação; b) a soma dos LISAs para to-das as observações é proporcional ao indicador global de associação espacial (Anselin 1995).

Anselin (1995) define o I de Moran Local, uma das LISAs mais utilizadas, como: Ii = zi∗ X j wijzj (1) onde: Ii é o I de Moran Local;

zi e zj são os desvios em relação à média;

wijsão os elementos da matriz de pesos espaciais.

O I de Moran Local pode assumir valores positivos ou negativos. No pri-meiro caso, pode-se afirmar que existe uma aglomeração espacial de valores similares, enquanto no segundo, existe uma aglomeração espacial de valores distintos.

A matriz W de vizinhos pode ser definida de diferentes maneiras, como matrizes socioeconômicas, contiguidade, distância, entre outras.3 Será utili-zada, neste artigo, a ideia de k vizinhos mais próximos, que pode ser definida, segundo Almeida (2010) como:

           wij(k) = 0 se i = j wij(k) = 1 se dij= Di(k) e wij(k) P jwij para k = 1,2,... ,n wij(k) = 0 se dij> Di(k) (2) Resultados

O padrão espacial foi analisado a partir do I de Moran local para cada uma das variáveis — PIB, PIB per capita e IFDM — tal que as matrizes de pesos es-paciais utilizadas buscaram captar a maior dependência espacial possível, ou seja, foi utilizada aquela que maximizava o I de Moran. No caso dos Estados separados, foi elaborada uma matriz para cada um, individualmente. A se-guir, foram calculadas as estatísticas I de Moran local separadamente, sendo, porém, apresentadas em conjunto a fim de facilitar as comparações.

Analisando primeiramente o Estado do Pará, é possível notar algumas mu-danças com e sem o desmembramento do Estado. Observando-se a Figura 5, nota-se que o padrão verificado atualmente é mantido, porém, novos municí-pios passam a ser significantes estatisticamente.

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Figura 5: Comparação do Padrão Espacial do PIB — Pará

As Figuras 6 e 7 apresentam um fenômeno interessante, e que será discu-tido mais adiante. Em ambas as Figuras, o que se percebe é que, se atualmente existem evidências de que haja um padrão espacial para as variáveis em aná-lise, com a separação isso não ocorreria nos dois casos para o Estado de Tapajós e no caso do PIB per capita para o Estado do Pará.

Entretanto, nas duas Figuras ainda é notável que os clusters espaciais exis-tentes atualmente seriam mantidos, sendo que, mais especificamente para a variável IFDM, no caso do Estado do Pará pós-divisão, diminuem-se os casos de clusters Baixo-Baixo. Esses clusters passariam a ser observados no que seria o Estado de Carajás.

O Maranhão (Figuras 8 e 9) e o Piauí (Figuras 10 e 11) não apresentaram padrões espaciais para o PIB nem com a configuração atual e nem com as divisões propostas. Para as variáveis analisadas no Maranhão, nota-se que o padrão verificado ao sul do Estado seria mantido, porém, com a separação, a estrutura espacial do PIB per capita alterar-se-ia ao norte do Estado atual, no “novo” Estado do Maranhão. A análise do IFDM, por sua vez, revela o contrário do padrão para o PIB per capita, sendo que o padrão observado ao norte do Estado atual seria mantido e haveria uma perda de significância estatística nos municípios ao sul, mudando assim o padrão espacial no Estado a ser criado.

Para o Piauí, a AEDE revela que, para o PIB per capita, a divisão do Estado iria alterar o padrão espacial existente, tal que municípios ao sul perderiam significância, enquanto municípios ao norte do Estado atual passariam a ter maior importância.

Para o IFDM, entretanto, assim como no caso do Pará, a mudança passaria a ser mais radical, no sentido de que, se antes existia um padrão espacial para todo o Estado atual, o novo Estado a ser criado não apresentaria nenhum,

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Figura 6: Comparação do Padrão Espacial do PIB per Capita — Pará

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Figura 8: Comparação do Padrão Espacial do PIB per Capita — Maranhão

e o padrão no “novo” Estado do Piauí seria diferente daquele apresentado atualmente.

As Figuras 12 a 14 apresentam o padrão espacial das variáveis analisadas para os municípios da Bahia. Como é possível notar, em geral há a manuten-ção da existência de um padrão espacial. A análise do PIB é a que apresenta a maior diferença, já que os municípios no extremo oeste do atual Estado, que antes não eram significantes, passariam a ter um papel mais importante no “novo” Estado.

Como se percebe, o PIB per capita, com e sem divisão, apresenta o mesmo padrão e há variações marginais quando analisado o IFDM, com aumento na importância dos municípios em geral.

Voltando-se para o Estado do Mato Grosso, a variável que apresenta maior mudança no padrão espacial é o PIB (Figura 15). Como é possível notar, atu-almente há um padrão que está concentrado mais ao sul, porção territorial que constituiria o “novo” Estado do Mato Grosso. Porém, com a divisão, esse “novo” Estado passaria a apresentar aleatoriedade espacial do PIB, ou seja,

ne-nhum padrão espacial global seria detectado. Já o Estado do Mato Grosso do Norte, que na configuração atual do Estado não apresenta qualquer padrão, ou seja, não há significância estatística, ao ser dividido passaria a ter um clus-ter de municípios de alto valor de PIB cercado por municípios de alto valor de PIB, localizado ao centro-sul deste “novo” Estado.

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Figura 9: Comparação do Padrão Espacial do IFDM — Maranhão

drão espacial verificado atualmente seria mantido com a divisão com apenas algumas mudanças marginais quanto à significância dos municípios, tal que não se verificam inversões nos padrões apresentados. Destaca-se, porém, a região central do Estado atual que, com a divisão, passaria a apresentar um padrão mais distinto, e os municípios ao extremo sul, que passariam a ser significativos.

O índice de Moran local não significativo nas novas regiões, ou seja, a ideia de que as variáveis estariam aleatoriamente distribuídas nos novos Estados, o que não ocorria anteriormente, é um indício de que não há evidência de uma lógica espacial hierárquica na definição das novas fronteiras.

No futuro, a definição dessas fronteiras em um subespaço econômico em relação ao original restringe a alocação de recursos, principalmente de recur-sos públicos, induzindo a formação de um processo socioeconômico “não alea-tório” do ponto de vista espacial. Os novos limites geopolíticos eventualmente definirão ações econômicas, circunscritas em espaços economicamente artifi-ciais associados a uma nova hierarquia espacial com novas restrições frontei-riças.

Um exemplo são os serviços públicos estaduais, que tendem a apresentar um padrão de especialização cada vez maior nas áreas urbanas hierarquica-mente superiores. As novas capitais terão um papel de polarização funda-mental na configuração da nova territorialidade dos entes federativos a serem criados.

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Figura 10: Comparação do Padrão Espacial do PIB per Capita — Piauí

A segmentação do espaço geopolítico atual a partir da criação dos novos Estados definirá artificialmente novos condicionantes espaciais que reorienta-rão os papéis das principais áreas urbanas, principalmente nos espaços onde não se encontram as atuais capitais. O processo orçamentário amplo exigirá novas posturas de municípios antes acomodados com sinais emitidos pelos governos estaduais a partir das capitais originais.

4 Contribuição Produtiva das Novas Unidades da Federação

4.1 Método de Extração

Considere4o caso geral de um modelo de insumo-produto inter-regional com N regiões e n setores produtivos em cada região.5O modelo é dado por:

x = Ax + f (3)

onde:

x — é o vetor coluna de produto com nN -elementos.

4Esta seção está baseada em Dietzenbacher et al. (1993)

5As regiões serão representadas por sobrescritos I,J = 1,...N e os setores por subescritos i,j =

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Figura 11: Comparação do Padrão Espacial do IFDM — Piauí

A — é a matriz (nN x nN ) de coeficientes dos insumos. f — é o vetor coluna de demanda final com nN -elementos.

A solução da equação (3) será:

x = (I− A)−1f ou Bf (4) onde B = (I − A)−1é a inversa de Leontief

O vetor de produto é particionado da seguinte maneira.6

x =x1′,··· ,xI,··· ,xN′ (5)

onde xI=xI

1,··· ,xiI,··· ,xIn



A matriz de coeficientes é construída da seguinte forma:

A =     A11 ··· A1N .. . . .. ... AN 1 ··· AN N     (6)

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Figura 12: Comparação do Padrão Espacial do PIB — Bahia

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Figura 14: Comparação do Padrão Espacial do IFDM — Bahia

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Figura 16: Comparação do Padrão Espacial do PIB per Capita — Mato Grosso

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O método de extração considera o efeito do isolamento hipotético de uma região sobre o produto do restante da economia. Sem perda de generalidade, suponha que a primeira região seja extraída. Portanto, as N − 1 regiões restan-tes representarão o restante da economia.7

Consequentemente, pode-se escrever x =x1′, xR′′ com xR=x2′,··· ,xI,

··· ,xN′′como um vetor coluna com n(N − 1) elementos. De forma similar tem-se:

A = " A11 A1R AR1 ARR # (7) De forma análoga à equação (7), a inversa de Leontief na sua forma parti-cionada é dada por:

B = (I− A)−1= " B11 B1R BR1 BRR # (8) Com base na equação (8) tem-se:

x1= B11f1+ B1RfR (9a)

xR= BR1f1+ BRRfR (9b)

Com a extração hipotética da região 1, o modelo na equação (3) será redu-zido e assumirá a seguinte forma:

¯xR= ARR¯xR+ fR (10)

O vetor ¯xR representa o produto do restante da economia para o modelo

reduzido. A solução para a equação reduzida é:

¯xR=I− ARR−1fR (11)

A diferença entre xR (equação 9b) e ¯xR (equação 10) fornecerá o efeito da

extração da região 1 sobre o produto do restante da economia. A fim de inter-pretar os elementos do vetor xR− ¯xR , tem-se que calcular a matriz B como a

inversa da matriz particionada da seguinte forma:

B1R= B11A1RI− ARR−1 (12a)

BR1=I− ARR−1AR1B11 (12b)

BRR=I− ARR−1+I− ARR−1AR1B11A1RI− ARR−1 (12c) Por consequência tem-se:

xR− ¯xR= BR1f1+BRRI− ARR−1fR (13a) =I− ARR−1AR1B11  f1+ A1RI− ARR−1fR  (13b)

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Com o objetivo de melhor entender a expressão x − ¯x , utilizaremos a equação (13b) e examinaremos esta equação utilizando a ideia dos efeitos spil-lover inter-regional e os efeitos para trás inter-regionais desenvolvidos por Miller & Blair (1985).

Para satisfazer a demanda final f1na região 1, esta região deve produzir

B11f1 . A região 1 não tem todos os insumos necessários para alcançar tal nível de produto. Portanto, com o objetivo de alcançar tal nível de produção, é necessário que a região 1 adquira insumos diretamente das outras regiões. A quantidade de insumos adquirida será AR1B11f1. Para ofertar tais insumos, a produção no restante da economia deve serI− ARR−1AR1B11f1. A mesma análise pode ser feita para o lado da demanda da economia, f1.

Ao aplicar a ideia tradicional de feedbacks inter-regionais para a região 1 é possível afirmar que os feedbacks para esta região serão obtidos através da comparação do produto da mesma dentro do modelo inter-regional com o produto da região 1 dentro do modelo de uma região. Na forma matemática temos:

x1− ¯x1= B11f1+ B1RfR−I− A11−1f1 (14) Tomando as equações (12) e (13) e mudando os superescritos 1 e R, temos:

x1− ¯x1=I− A11−1A1RBRR



fR+ AR1I− A11−1f1



(15) Com base no método de extração regional é possível afirmar que o vetor

x1− ¯x1mede a dependência para trás do restante da economia em relação à re-gião 1. Em outras palavras, o vetor permite medir qual o impacto da extração da economia das N − 1 regiões em R sobre o produto da região remanescente, 1.

4.2 Resultados

As Figuras 18 a 28 apresentam a extração de cada um dos Estados a serem cri-ados. Os resultados são apresentados nas Figuras de duas formas: à esquerda estão apresentados em percentuais do impacto total da remoção do Estado na economia, sendo que quanto mais forte a cor, maior o impacto; à direita estão apresentadas em termos de desvios-padrão, sendo consideradas faixas de um desvio-padrão em relação à média. Assim, quanto mais vermelha está a região, maiores são os impactos da extração hipotética do Estado, e quanto mais forte

(21)

o azul, menor este impacto. As principais análises são baseadas nos gráficos à esquerda.

As atuais estruturas produtivas em cada um dos Estados envolvem com-plexas ligações setoriais que englobam o Estado como um todo. A separação destes Estados “quebra” essa estrutura intrarregional original, fazendo com que apenas um subconjunto de elos seja considerado dentro dos “novos” Esta-dos, o que pode levar a uma caracterização mais específica de cada um deles, ou seja, há um direcionamento à especialização.

Uma evidência geral é a forte dependência dos Estados a serem criados em relação às regiões Sul e Sudeste, com destaque para o Estado de São Paulo. Analisando caso a caso, por sua vez, questões mais locais são possíveis de serem verificadas.

As Figuras 18 a 20 apresentam os resultados da extração hipotética de cada um dos três Estados a serem desmembrados no atual Estado do Pará. Os re-sultados aparecem em termos de perdas percentuais do PIB. Como destacado anteriormente, é possível perceber, a partir destes mapas, como estão conecta-das a região extraída com as demais regiões no País, revelando suas principais conexões regionais.

O Estado de Tapajós apresenta ligações mais fortes com Amazonas e São Paulo, sendo que sua extração causa pouco impacto na região ao redor do Es-tado. O Estado do Pará, por sua vez, apresenta elos ainda mais fortes com as regiões Sul e Sudeste, porém tem uma importância maior para os demais Estados do Norte e Nordeste, principalmente o Maranhão e Maranhão do Sul e Amazonas, além dos Estados que compõem o atual território estadual do Pará. O Estado de Carajás também apresenta relações mais fortes com Sul e Sudeste, porém, diferentemente do Estado de Tapajós, seus elos são mais rele-vantes na região, principalmente com o Estado do Amazonas, Pará, Maranhão e Maranhão do Sul, além de Tocantins.

As ligações das estruturas produtivas maranhense (Figura 21) e sul-mara-nhense (Figura 22) mostram-se mais diferentes, sendo que remoção da pri-meira tem forte impacto no Piauí, Ceará, Pará e Amazonas, além de algum impacto em Carajás e Tapajós, enquanto a remoção do estado do Maranhão do Sul causaria maiores impactos no Pará, Carajás, Tocantins e Maranhão. Destaca-se novamente que os maiores impactos estão concentrados nas re-giões Sul e Sudeste, evidenciando o forte caráter desigual da estrutura pro-dutiva nacional, que é fortemente concentradora.

Dos Estados analisados, o Estado do Piauí (Figura 23) é um dos que apre-senta impactos territorialmente mais abrangentes quando extraído. Além dos impactos no Sul e Sudeste, a extração deste Estado causa perdas em todo o Nordeste com destaque para Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco, além de haver ligações relevantes com o Centro-Oeste, com destaque para Goiás, e com o Amazonas. O Estado de Gurgueia (Figura 24), em contraste, apre-senta ligações mais fortes com Estados ao seu redor, principalmente na região Nordeste, com destaque para Bahia e Ceará, evidenciando um caráter mais regional desta economia.

Ao extrair hipoteticamente o Estado da Bahia (Figura 25) e do Rio São Francisco (Figura 26) os resultados são muito semelhantes, sendo que além da dependência do Sul e Sudeste há impactos no Nordeste principalmente em Sergipe, Pernambuco e Ceará. As diferenças são a maior dependência de Rio São Francisco em relação à Bahia e da Bahia em relação ao Amazonas, o que não ocorre com Rio São Francisco, refletindo uma economia mais local deste

(22)

Legenda -1 - 0 Std. Dev. Mean 0 - 1 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. 2 - 3 Std. Dev. > 3 Std. Dev.

Figura 18: Resultados da Extração de Tapajós

Legenda 0.1% - 0.9% 0.9% - 1.9% 1.9% - 3.1% 3.1% - 5.2% 5.2% - 21.6% N L O S

(23)

Legenda 0% - 0.6% 0.6% - 1.9% 1.9% - 3.6% 3.6% - 6.2% 6.2% - 30.1% N L O S

Figura 20: Resultados da Extração de Carajás

Legenda 0% - 1% 1% - 2.2% 2.2% - 4% 4% - 6.3% 6.3% - 23.7% N L O S Legenda -1 - 0 Std. Dev. Mean 0 - 1 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. 2 - 3 Std. Dev. > 3 Std. Dev.

(24)

Legenda -1 - 0 Std. Dev. Mean 0 - 1 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. 2 - 3 Std. Dev. > 3 Std. Dev.

Figura 22: Resultados da Extração do Maranhão do Sul

em relação àquele. Em outras palavras, o encadeamento produtivo do Estado do Rio São Francisco é relativamente mais concentrado espacialmente.

Por fim, extraindo-se os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Norte, Figuras 27 e 28, respectivamente, destaca-se a maior dependência desses Es-tados em relação à região Centro-Oeste, principalmente Goiás, e ao Estado do Amazonas. Nota-se ainda que há maior ligação de dependência do Estado do Mato Grosso do Norte em relação ao Estado do Mato Grosso, do que o inverso.

5 Nova Configuração das Transferências Governamentais

O Fundo de Participação dos Estados e o Fundo de Participação dos Municí-pios, FPE e FPM, respectivamente, foram criados na Lei 5.172 de 1966 tendo, entretanto, passado por modificações com o tempo. Destas modificações, a Resolução n. 242 de 1990 do TCU (Tribunal de Contas da União) apresenta os coeficientes estaduais do FPE e FPM interior que passaram a vigorar a partir de 1991, e define os demais coeficientes a serem aplicados na metodologia de cálculo, sendo que não houve modificações desde então.

De acordo com a Emenda Constitucional n. 55 de 2007, o FPE é consti-tuído por 21,5% do total arrecadado com IPI (Imposto sobre Produto Indus-trializado) e 21,5% do IR (Imposto de Renda). O FPM, por sua vez, é consti-tuído por 22,5% de cada um dos tributos mencionados com um adicional de 1% que é pago somente no mês de dezembro. Neste exercício de simulação das transferências não será utilizado este percentual adicional.

(25)

Legenda 0% - 0.5% 0.5% - 1.6% 1.6% - 3.6% 3.6% - 7.1% 7.1% - 23.8% N L O S

Figura 23: Resultados da Extração de Piauí

Legenda 0% - 1% 1% - 2.6% 2.6% - 4.6% 4.6% - 11.8% 11.8% - 45% N L O S

(26)

Figura 25: Resultados da Extração da Bahia

A metodologia de cálculo de FPE apresentada pela Lei 5.172 de 1966 defi-nia que o coeficiente seria composto por: 5% proporcionalmente à superfície do Estado e 95% proporcionalmente ao coeficiente obtido pela multiplicação do fator da população e do fator do inverso da renda per capita. Com a mo-dificação realizada em 1990, os Estados do Sul e Sudeste passaram a receber 15% do FPE e os demais 85% do Fundo. Assim tem-se:

cFPE = 0, 05f Area + 0, 95 (f Pope∗ f Renda) (16) onde:

cFPE é o coeficiente de FPE; f Area é o fator referente à área;

f Pope é o fator referente à população estadual; f Renda é o fator referente à renda.

O fator f Area é a proporção da superfície do Estado em relação à super-fície do País. O fator f Pope é um fator definido a partir da proporção da população da unidade da Federação na população nacional, enquanto o fator

f Renda é um fator definido a partir do inverso da renda per capita estadual.

As tabelas de fatores para o cálculo do FPE são apresentadas na Lei 5127/1967. Como mencionado, 85% do FPE são destinados para as macrorregiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Para definição dos novos coeficientes pós-separação, assumiu-se que a es-trutura de participação macrorregional permanecesse constante. Ainda, o

(27)

cál-Legenda 0% - 0.7% 0.7% - 2.8% 2.8% - 7.8% 7.8% - 13% 13% - 40.3% N L O S

Figura 26: Resultados da Extração de Rio São Fran-cisco

culo do FPE foi refeito, tomando como base os dados atuais de forma que se pudessem comparar os resultados da simulação.

A distribuição do FPM para os municípios foi realizada como segue: (i) as capitais recebem 10% do Fundo; (ii) os municípios de reserva8 recebem 3,6% do Fundo; e (iii) todos os municípios do interior, inclusive os de reserva, recebem 86,4% do Fundo. Os coeficientes do FPM-Capitais são obtidos pela proporção do fator obtido pela multiplicação do fator de população municipal e inverso da renda per capita estadual. Para o FPM-Interior o coeficiente é obtido pela proporção, no Estado, do fator população. Para o FPM-Reserva o coeficiente é obtido pela proporção do fator resultante da multiplicação do fator população com o fator inverso da renda per capita estadual. As tabelas de fatores utilizadas para o FPM podem ser obtidas no TC 026.778/2007-3 do TCU. Logo: cFPMcj= cFPMci = f Popmij∗ f Rendai P if Popmij∗ f Rendaj (17) cFPMrj= X i cFPMri= X i f Popmij∗ f Rendaj P if Popmij∗ f Rendaj (18) cFPMij= P jf Popmij P if Popmi (19)

(28)

Figura 27: Resultados da Extração do Mato Grosso

cFPMj= 0,10 ∗ cFPMcj+ 0,036 ∗ cFPMij+ 0,864 ∗ cFPMrj (20)

onde:

o subscrito i se refere ao município e o subscrito j se refere ao Estado;

cFPMcké o coeficiente de FPM-Capitais, tal que k = i,j;

cFPMrk é o coeficiente de FPM-Reserva, tal que k = i,j;

cFPMik é o coeficiente de FPM-Interior, tal que k = i,j;

cFPMj é o coeficiente estadual de FPM;

f Popmijé o fator relativo à população municipal;

f Rendajé o fator relativo ao inverso da renda per capita estadual.

Neste exercício de simulação das transferências governamentais com a nova configuração das Unidades da Federação, foram utilizadas estimativas de PIB per capita como proxy para renda per capita. Para o cálculo do FPM-Reserva, uma nova tabela de distribuição estadual foi elaborada de acordo com a atual, ou seja, a partir da proporção da soma do fator de população. A Tabela 3 apresenta os valores monetários estimados transferidos para cada UF. Para fins de comparação, foram utilizados os coeficientes calculados da mesma forma com e sem as divisões propostas.

A análise da Tabela 3 evidencia que os Estados desmembrados passariam a receber um maior valor de transferências governamentais, sendo que os Es-tados da própria região seriam os que mais perderiam para que houvesse tal repasse para as novas unidades federativas. O único caso em que isso não ocorre é para o desmembramento do Mato Grosso, em que haveria perda de

(29)

Legenda 0% - 0.6% 0.6% - 2.8% 2.8% - 6.5% 6.5% - 16.8% 16.8% - 36.9% N L O S Legenda -1 - 0 Std. Dev. Mean 0 - 1 Std. Dev. 1 - 2 Std. Dev. 2 - 3 Std. Dev. > 3 Std. Dev.

Figura 28: Resultados da Extração do Mato Grosso do Norte

transferências se somado o que seria repassado para ambos os Estados des-membrados em comparação com o Estado único. Nota-se que pela simulação, toda a região Centro-Oeste estaria perdendo repasses.

Todavia, a análise da nova estrutura de transferências não evidencia ape-nas os impactos diretos do novo contexto federativo, visto que há também efeitos indiretos associados às cadeias produtivas acionadas pelos gastos do governo decorrentes dos fundos constitucionais. Assim, na mesma linha de Haddad et al. (2011), foram realizadas simulações de choques de demanda final em uma estrutura de insumo-produto inter-regional estimada para as 33 UF brasileiras, considerando até 110 produtos e 56 setores em cada uma das regiões do sistema.

A Tabela 4 apresenta o vetor de choques e impactos totais gerados pelos gastos do governo no produto total de cada Estado. O vetor de choques foi construído a partir da distribuição estadual dos valores estimados das transfe-rências.9 Além disso, por não haver informações disponíveis para a distribui-ção atual das transferências dentro dos Estados a serem desmembrados, as si-mulações contrafactuais foram feitas assumindo-se três diferentes estruturas para a distribuição intraestadual das transferências atuais. Consideraram-se distribuições hipotéticas tomando-se como base as participações das regiões correspondentes aos territórios dos novos Estados dentro do Estado de origem. Três variáveis foram utilizadas como referência: (i) PIB da Administração

Pú-9Obteve-se uma correlação de 93,8% entre os valores estimados e os valores observados em

(30)

Acre 1.327 1.162 232 263 −134 Amazonas 1.454 1.204 599 634 −215 Roraima 1.170 1.025 141 155 −132 Pará 3.8721.7701.479 Tapajós − 2.212 − 475 Pará − 1.9551.157 Carajás − 882 − 441 Amapá 1.142 999 164 196 −110 Tocantins 1.370 1.041 656 769 −216 Maranhão 3.5352.066 − 836 Maranhão − 2.7811.743 Maranhão do Sul − 1.388 − 526 Piauí 2.0391.221 − 811 Piauí − 556 − 986 Gurguéia − 1.909 − 620 Ceará 3.736 3.204 2.380 2.179 −733

Rio Grande do Norte 1.272 1.211 1.157 1.105 −114

Paraíba 1.588 1.511 1.499 1.448 −127 Pernambuco 3.352 2.838 2.515 2.248 −781 Alagoas 1.972 1.503 1.092 965 −597 Sergipe 1.106 1.052 679 660 −72 Bahia 5.1964.334 − 487 Rio São Francisco − 1.246 − 432

Bahia − 4.5973.741 Minas Gerais 1.732 1.707 6.233 5.985 −274 Espírito Santo 238 261 799 750 − 27 Rio de Janeiro 851 938 1.413 1.459 131 São Paulo 1.026 943 6.381 6.103 −362 Paraná 1.254 1.254 3.254 2.974 −280 Santa Catarina 585 586 1.892 2.038 147

Rio Grande do Sul 1.118 1.116 3.256 3.425 167

Mato Grosso do Sul 838 672 692 647 −211

Mato Grosso 844 − 875 − 527 Mato Grosso do Norte − 661 − 495 Mato Grosso − 540 − 550 Goiás 1.276 1.121 1.725 1.750 −129 Distrito Federal 297 260 35 80 8 Brasil 45.364 45.364 47.474 47.474 0

(31)

Tabela 4: Transferências Governamentais Estimadas, em Milhões de Reais

UF Choque dos Gastos do Governo Impacto dos Gastos do Governo Divisão APU* PIB POP Divisão APU* PIB POP RO 1.506 1.587 1.587 1.587 1.784 1.873 1.872 1.873 AC 1.425 1.559 1.559 1.559 1.605 1.753 1.753 1.753 AM 1.838 2.054 2.054 2.054 2.616 2.800 2.792 2.799 RR 1.180 1.311 1.311 1.311 1.356 1.499 1.498 1.499 TA 2.687 821 607 874 2.953 933 701 991 PA 3.113 3.845 3.426 3.777 3.845 4.667 4.194 4.583 CA 1.323 977 1.610 992 1.508 1.131 1.812 1.148 AP 1.195 1.305 1.305 1.305 1.325 1.441 1.441 1.441 TO 1.810 2.026 2.026 2.026 2.095 2.323 2.327 2.326 MA 4.523 4.706 4.297 4.518 5.294 5.503 5.042 5.268 MAS 1.913 895 1.304 1.083 2.198 1.058 1.516 1.268 PI 1.541 2.535 2.623 713 1.947 3.059 3.153 1.002 GU 2.529 724 636 2.547 2.797 821 725 2.813 CE 5.383 6.116 6.116 6.116 7.171 8.049 8.047 8.052 RN 2.316 2.430 2.430 2.430 3.044 3.188 3.188 3.191 PB 2.959 3.086 3.086 3.086 3.547 3.705 3.705 3.707 PE 5.086 5.867 5.867 5.867 7.386 8.378 8.377 8.379 AL 2.467 3.064 3.064 3.064 3.010 3.693 3.693 3.693 SE 1.713 1.785 1.785 1.785 2.155 2.246 2.246 2.246 RF 1.678 607 602 596 1.957 751 746 739 BA 8.338 8.922 8.927 8.934 11.306 12.021 12.024 12.036 MG 7.691 7.966 7.966 7.966 11.065 11.347 11.355 11.357 ES 1.011 1.037 1.037 1.037 1.525 1.555 1.555 1.555 RJ 2.396 2.265 2.265 2.265 5.391 5.187 5.182 5.209 SP 7.045 7.407 7.407 7.407 17.586 17.788 17.808 17.869 PR 4.228 4.508 4.508 4.508 6.486 6.811 6.812 6.815 SC 2.624 2.478 2.478 2.478 4.071 3.876 3.876 3.876 RS 4.541 4.374 4.374 4.374 7.088 6.828 6.829 6.832 MS 1.319 1.530 1.530 1.530 1.740 1.987 1.988 1.987 MN 1.155 589 578 590 1.379 733 721 734 MT 1.090 1.129 1.140 1.128 1.448 1.481 1.494 1.480 GO 2.871 3.000 3.000 3.000 4.145 4.272 4.276 4.274 DF 340 332 332 332 1.454 1.388 1.398 1.396 BRASIL 92.838 92.838 92.838 92.838 134.278 134.145 134.145 134.192 Fonte: Resultado da Pesquisa.

Nota:* PIB da Administração Pública. blica; (ii) PIB; e (iii) população.

Com a nova configuração territorial, os novos Estados criados, com exce-ção daqueles que manteriam as capitais atuais dentro de seus limites, apre-sentariam, sistematicamente ganhos diretos — maior participação nos fundos constitucionais. Estes novos Estados apresentariam também aumento na par-ticipação dos impactos dos fundos constitucionais. Contudo, dada a depen-dência estrutural elevada em diferentes níveis hierárquicos, seja em relação à região central do Estado de origem ou em relação ao núcleo duro da economia brasileira, esses efeitos seriam reduzidos por vazamentos inter-regionais.

As regiões centrais dos Estados desmembrados, por sua vez, tenderiam a perder participação tanto dos fundos quanto nos impactos. Entretanto, o dife-rencial negativo associado aos impactos totais tenderia a ser arrefecido pelos efeitos intersetoriais e inter-regionais. A análise de extração hipotética, na seção anterior, evidenciou uma forte dependência produtiva arraigada nos Es-tados desmembrados. No caso da AEDE, na seção 3, emergiram regimes espa-ciais que caracterizam estruturas de dependência espacial, dentro dos atuais

(32)

os processos separatistas tenderiam a beneficiar as regiões periféricas destes Estados, com perdas para as regiões centrais, configurando um processo de redistribuição espacial da atividade. Entretanto, as diferenças entre as parti-cipações dos “novos” Estados nos efeitos diretos (estrutura de transferências constitucionais) seriam superiores às diferenças entre as respectivas participa-ções nos impactos totais, uma vez que as regiões centrais possuem um papel polarizador relevante. Para os outros Estados (Piauí e Maranhão), não se pode afirmar com a mesma segurança que tal padrão tenderia a se verificar, uma vez que há incertezas sobre o atual processo de distribuição intraestadual das transferências e, de acordo com nossas simulações, os resultados são sensíveis aos três conjuntos de hipóteses assumidas nos exercícios contrafactuais.

Em relação aos demais Estados da Federação, uma análise da nova estru-tura de transferências sugere que, com poucas exceções, haveria perdas dire-tas em favor dos territórios dos Estados originais desmembrados. Contudo, dada a estrutura de dependência, analisada na seção anterior, os impactos totais da nova configuração dos gastos governamentais vinculados às transfe-rências reduziriam as perdas diretas de muitos Estados que se beneficiariam de vazamentos produtivos. Esse resultado pode ser percebido pelas diferenças das magnitudes das perdas de participação relativas aos choques (estrutura de transferência) e aos impactos. Em outras palavras, as diferenças de participa-ção nos choques tendem a ser maiores que as diferenças de participaparticipa-ção nos impactos totais.

6 Considerações Finais

Existem três questões na literatura de separatismo que podem ser discutidos à luz de nossos resultados. As três questões são: a) a dicotomia entre motivos econômicos e políticos no processo de separação; b) a relação entre integra-ção/interdependência econômica e custos do processo de separação e; c) a correlação entre tamanho da região e renda per capita.

Em relação ao primeiro ponto, Hansen (1978) afirma ser difícil explicar o processo de separatismo em termos das diferenças regionais e, portanto, tratar a questão sob a forma econômica. O autor afirma que há processos de sepa-ração tanto em regiões com nível de renda abaixo da média como em regiões com nível de renda acima da média. Para o caso brasileiro, podemos afirmar que os resultados da análise exploratória de dados espaciais e a análise das transferências presentes neste trabalho possibilitaram trazer argumentos de

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Ta be la 5: Si m u la çõ es co m os Fu n d os C on st it u ci on ai s — FP E e FP M (E m % d o to ta l) U F C h oq u e d os G as to s d o G ov er n o Im p ac to d os G as to s d o G ov er n o D if .v er su s “D iv is ão ” -C h oq u e D if .v er su s “D iv is ão ” -Im p ac to D iv is ão A P U * P IB P O P D iv is ão A P U * P IB P O P D iv is ão A P U * P IB P O P D iv is ão A P U * P IB P O P R O 1, 62 1, 71 1, 71 1, 71 1, 33 1, 40 1, 40 1, 40 0, 00 0, 09 0, 09 0, 09 0, 00 0, 07 0, 07 0, 07 A C 1, 53 1, 68 1, 68 1, 68 1, 20 1, 31 1, 31 1, 31 0, 00 0, 14 0, 14 0, 14 0, 00 0, 11 0, 11 0, 11 A M 1, 98 2, 21 2, 21 2, 21 1, 95 2, 09 2, 08 2, 09 0, 00 0, 23 0, 23 0, 23 0, 00 0, 14 0, 13 0, 14 R R 1, 27 1, 41 1, 41 1, 41 1, 01 1, 12 1, 12 1, 12 0, 00 0, 14 0, 14 0, 14 0, 00 0, 11 0, 11 0, 11 TA 2, 89 0, 88 0, 65 0, 94 2, 20 0, 70 0, 52 0, 74 0, 00 − 2, 01 − 2, 24 − 1, 95 0, 00 − 1, 50 − 1, 68 − 1, 46 PA 3, 35 4, 14 3, 69 4, 07 2, 86 3, 48 3, 13 3, 42 0, 00 0, 79 0, 34 0, 72 0, 00 0, 62 0, 26 0, 55 C A 1, 42 1, 05 1, 73 1, 07 1, 12 0, 84 1, 35 0, 86 0, 00 − 0, 37 0, 31 − 0, 36 0, 00 − 0, 28 0, 23 − 0, 27 A P 1, 29 1, 41 1, 41 1, 41 0, 99 1, 07 1, 07 1, 07 0, 00 0, 12 0, 12 0, 12 0, 00 0, 09 0, 09 0, 09 T O 1, 95 2, 18 2, 18 2, 18 1, 56 1, 73 1, 73 1, 73 0, 00 0, 23 0, 23 0, 23 0, 00 0, 17 0, 17 0, 17 M A 4, 87 5, 07 4, 63 4, 87 3, 94 4, 10 3, 76 3, 93 0, 00 0, 20 − 0, 24 − 0, 01 0, 00 0, 16 − 0, 18 − 0, 02 M A S 2, 06 0, 96 1, 40 1, 17 1, 64 0, 79 1, 13 0, 95 0, 00 − 1, 10 − 0, 66 − 0, 89 0, 00 − 0, 85 − 0, 51 − 0, 69 P I 1, 66 2, 73 2, 83 0, 77 1, 45 2, 28 2, 35 0, 75 0, 00 1, 07 1, 17 − 0, 89 0, 00 0, 83 0, 90 − 0, 70 G U 2, 72 0, 78 0, 69 2, 74 2, 08 0, 61 0, 54 2, 10 0, 00 − 1, 94 − 2, 04 0, 02 0, 00 − 1, 47 − 1, 54 0, 01 C E 5, 80 6, 59 6, 59 6, 59 5, 34 6, 00 6, 00 6, 00 0, 00 0, 79 0, 79 0, 79 0, 00 0, 66 0, 66 0, 66 R N 2, 50 2, 62 2, 62 2, 62 2, 27 2, 38 2, 38 2, 38 0, 00 0, 12 0, 12 0, 12 0, 00 0, 11 0, 11 0, 11 P B 3, 19 3, 32 3, 32 3, 32 2, 64 2, 76 2, 76 2, 76 0, 00 0, 14 0, 14 0, 14 0, 00 0, 12 0, 12 0, 12 P E 5, 48 6, 32 6, 32 6, 32 5, 50 6, 25 6, 24 6, 24 0, 00 0, 84 0, 84 0, 84 0, 00 0, 74 0, 74 0, 74 A L 2, 66 3, 30 3, 30 3, 30 2, 24 2, 75 2, 75 2, 75 0, 00 0, 64 0, 64 0, 64 0, 00 0, 51 0, 51 0, 51 SE 1, 85 1, 92 1, 92 1, 92 1, 60 1, 67 1, 67 1, 67 0, 00 0, 08 0, 08 0, 08 0, 00 0, 07 0, 07 0, 07 R F 1, 81 0, 65 0, 65 0, 64 1, 46 0, 56 0, 56 0, 55 0, 00 − 1, 15 − 1, 16 − 1, 17 0, 00 − 0, 90 − 0, 90 − 0, 91 Fo n te : R es u lt ad o d a Pe sq u is a. N ot a: *A P U :P IB d a A d m in is tr aç ão P ú bl ic a.

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Ta be la 5: Si m u la çõ es co m os Fu n d os C on st it u ci on ai s — FP E e FP M (E m % d o to ta l) (c U F C h oq u e d os G as to s d o G ov er n o Im p ac to d os G as to s d o G ov er n o D if . ve rs u s “D iv is ão ” -C h oq u e D iv is ão A P U * P IB P O P D iv is ão A P U * P IB P O P D iv is ão A P U * P IB P O P D BA 8, 98 9, 61 9, 62 9, 62 8, 42 8, 96 8, 96 8, 97 0, 00 0, 63 0, 63 0, 64 M G 8, 28 8, 58 8, 58 8, 58 8, 24 8, 46 8, 46 8, 46 0, 00 0, 30 0, 30 0, 30 E S 1, 09 1, 12 1, 12 1, 12 1, 14 1, 16 1, 16 1, 16 0, 00 0, 03 0, 03 0, 03 R J 2, 58 2, 44 2, 44 2, 44 4, 02 3, 87 3, 86 3, 88 0, 00 − 0, 14 − 0, 14 − 0, 14 SP 7, 59 7, 98 7, 98 7, 98 13 ,1 0 13 ,2 6 13 ,2 8 1 0, 00 0, 39 0, 39 0, 39 P R 4, 55 4, 86 4, 86 4, 86 4, 83 5, 08 5, 08 5, 08 0, 00 0, 30 0, 30 0, 30 SC 2, 83 2, 67 2, 67 2, 67 3, 03 2, 89 2, 89 2, 89 0, 00 − 0, 16 − 0, 16 − 0, 16 R S 4, 89 4, 71 4, 71 4, 71 5, 28 5, 09 5, 09 5, 09 0, 00 − 0, 18 − 0, 18 − 0, 18 M S 1, 42 1, 65 1, 65 1, 65 1, 30 1, 48 1, 48 1, 48 0, 00 0, 23 0, 23 0, 23 M N 1, 24 0, 63 0, 62 0, 64 1, 03 0, 55 0, 54 0, 55 0, 00 − 0, 61 − 0, 62 − 0, 61 M T 1, 17 1, 22 1, 23 1, 22 1, 08 1, 10 1, 11 1, 10 0, 00 0, 04 0, 05 0, 04 G O 3, 09 3, 23 3, 23 3, 23 3, 09 3, 18 3, 19 3, 18 0, 00 0, 14 0, 14 0, 14 D F 0, 37 0, 36 0, 36 0, 36 1, 08 1, 03 1, 04 1, 04 0, 00 − 0, 01 − 0, 01 − 0, 01 B R A SI L 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 0, 00 Fo n te : R es u lt ad o d a Pe sq u is a. N ot a: *A P U :P IB d a A d m in is tr aç ão P ú bl ic a.

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cunho econômico para o debate sobre o processo de fragmentação da econo-mia brasileira.

No que tange à relação entre o grau de integração/interdependência econô-mica, seja no sistema intraregional (no nosso caso entre as novas regiões den-tro do Estado de origem) ou no sistema inter-regional (no caso do presente tra-balho, entre as novas regiões e as demais unidades da Federação), a literatura mostra que os custos do processo de separação estão diretamente relacionados ao grau de integração. Em outras palavras, quanto maior o nível de integração menor seriam os custos do processo de separação. Não foi objetivo deste tra-balho apurar os custos dos possíveis processos de separação. Entretanto, ao fazer a discussão no contexto de matrizes inter-regionais de insumo-produto, foi possível evidenciar o grau de interação tanto em nível intraregional como interregional e, portanto, trazer mais argumentos econômicos para o debate.

Segundo Kuznets (1961), apud in Polése (1981), o crescimento regional de longo prazo, definido como crescimento da renda per capita é, em grande parte, determinado por questões culturais, institucionais e organizacionais. Neste trabalho não objetivamos fazer uma análise prospectiva sobre o com-portamento do crescimento regional da nova configuração espacial do país. Entretanto, ao fazer uma análise sobre padrão de transferências governamen-tais — papel do governo, é possível verificar a contribuição das transferências na composição da renda regional e, portanto, evidenciar ou não a dependência do crescimento da região em relação a este componente da renda.

Assim sendo, dentro do contexto anteriormente mencionado, o objetivo deste trabalho foi trazer novos elementos para a discussão acerca da fragmen-tação geopolítica do País, que pode vir a acontecer num futuro próximo, e de suas possíveis implicações para a estrutura econômica espacial brasileira. Considerando os papéis das novas unidades da Federação no sistema inter-regional brasileiro, buscou-se, através de métodos tradicionais de análise re-gional, identificar padrões hierárquicos e de dependência espacial e produ-tiva. Os resultados subsidiaram a análise dos impactos da nova configuração das transferências constitucionais, que identificou não apenas os potenciais ganhadores e perdedores dos processos de separatismo em discussão pela so-ciedade, mas também os mecanismos de interação espacial subjacentes a estes processos.

Este trabalho, de natureza exploratória, teve apenas a pretensão de trazer novos elementos objetivos para o debate. Sob uma perspectiva sistêmica, evi-denciou pontos até então desconhecidos sobre os impactos (estáticos/potenciais) produtivos de mudanças na estrutura de transferências constitucionais, tra-zendo novos subsídios para um tema de implicações ainda mais profundas.

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Referências

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