INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
DAIANE DE SOUZA TRINDADE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA
COLETA SELETIVA COM ALUNOS E MORADORES DO BAIRRO BOA ESPERANÇA – IBATIBA-ES
IBATIBA 2018
DAIANE DE SOUZA TRINDADE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA
COLETA SELETIVA COM ALUNOS E MORADORES DO BAIRRO BOA ESPERANÇA – IBATIBA-ES
Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Ibatiba, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade.
Orientador: Prof. Dr Wallisson da Silva Freitas
IBATIBA 2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Ifes - Campus Ibatiba)
T833e Trindade, Daiane de Souza, 1980 -
A educação ambiental no contexto da coleta seletiva com alunos e moradores do bairro Boa Esperança – Ibatiba-ES / Daiane de Souza Trindade. – 2018.
60 f. : Il. ; 30 cm.
Orientador: Wallisson da Silva Freitas
Monografia (especialização) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Ambiental e Sustentabilidade, 2018.
1. Educação ambiental. 2. Educação básica - Ibatiba (ES). 3. Prática de ensino. 4. Sustentabilidade. 5. Monografias - Pós-graduação. I. Freitas, Wallisson da Silva. II. Instituto Federal do Espírito Santo. Campus Ibatiba. III. Título.
CDD: 363.70071 Elaborada por Marcelo Rocha Santos – CRB-6/ES - 787
DAIANE DE SOUZA TRINDADE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA
COLETA SELETIVA COM ALUNOS E MORADORES DO BAIRRO BOA ESPERANÇA – IBATIBA-ES
Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Ibatiba, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade.
Aprovado em: 08 de novembro de 2018
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Wallisson da Silva Freitas
Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Ibatiba Orientador
Prof. Me. Felipe Alexandre Lima Fernandes dos Santos Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Ibatiba
Membro Interno
Prof. Dr. Marcos Antônio Satller
Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Alegre Membro Externo
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Diante deste instrumento, responsabilizo-me integralmente pelo conteúdo apresentado neste trabalho de conclusão de curso ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus Ibatiba, estando ciente das sanções e punições legais, no que tange a cópia parcial ou total de obra intelectual, o que se configura como violação do direito autoral previsto no Código Penal Brasileiro no art.184. ([...]§ 1 o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial,
com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente [...]), estando também ciente das penalidades previstas no art.299 (Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante) do mesmo código no que tange a falsidade ideológica.
Assim sendo e por ser verdade subscrevo-me,
Daiane de Souza Trindade Autor da Monografia
AGRADECIMENTOS
Sempre agradeço a Deus pela vida e por me oferecer tantas oportunidades de crescimento intelectual e espiritual.
Aos meus pais, Hélio e Maria Helena pelo estímulo e por me ensinarem a importância do estudo.
Ao meu esposo Fábio Francisco, que muitas vezes foi privado da minha presença, mas que nunca deixou de me apoiar e incentivar.
Ao professor Wallisson Feitas pela orientação, paciência, incentivo, pela confiança no meu trabalho, me deixando caminhar sozinha nos momentos certos. Sou muito grata pelos ensinamentos que contribuíram tanto para minha formação profissional, como pessoal.
Aos Professores do Ifes - Campus Ibatiba no cumprimento do seu dever que além de transmitir seus conhecimentos e suas experiências, souberam apoiar em muitas dificuldades, bem com aos alunos pelas parceiras, amizades e incentivo.
Ao professor Messias e Alunos do 8º ano, da Escola Municipal de Ibatiba David Gomes, pois sem a dedicação deles nada disso seria possível.
“A educação é um constante processo de modificação e a maior aventura do mundo é aprender, porque leva ao processo de transformação”.
RESUMO
A importância da educação ambiental na sociedade é um assunto fundamental para a vida de todos. Este projeto procurou identificar e caracterizar a figura do poluidor com vistas a buscar alternativas para a gestão dos resíduos sólidos urbanos do bairro Boas Esperança do Município de Ibatiba/ES, objetivando a criação de boas práticas e os sensibilizando com fins para uma visão de Sustentabilidade Ambiental. Utilizou-se a Educação Ambiental como ferramenta de auxilio para a coleta seletiva, na formação de agentes multiplicadores e disseminadores de conceitos e ideias que visam o melhoramento das condições das vias de uso comum entre os munícipes de Ibatiba/ES. Foram realizadas abordagens quantitativas, por método de pesquisa de campo, que possibilitaram a realização de levantamento de informações e a realização de analises comportamental, referente ao descarte irregular de resíduos sólidos no Bairro em estudo, realizado junto a uma turma de 8º ano da Escola Municipal David Gomes. Os resultados obtidos mostraram que, mesmo cientes das consequências do descarte inadequado dos resíduos sólidos urbanos, alguns moradores insistem em descartar seus resíduos em locais impróprios, como praças e canteiros. Verificou-se também que os alunos não conseguiram descrever medidas ou ações simples que visasse produzir menos resíduos sólidos domiciliares dentro da nossa própria casa. Outrossim, foi possível despertar o interesse e envolvimento dos alunos em busca dos benefícios que o projeto de educação ambiental pôde proporcionar para o bairro, como agentes multiplicadores de informações.
Palavras-chave: Práticas pedagógicas. Resíduo sólido urbano. Políticas públicas.
ABSTRACT
The importance of environmental education in society is a fundamental matter for everyone's life. This project seeks to identify and characterize the polluter with views to seek alternatives for the management of municipal solid waste of Good hope district municipality of Rosário-ES, aiming at the creation of good practices to the residents of the Neighborhood raising awareness to a vision of environmental sustainability. The search search-if environmental education as a tool to aid for selective collection in the training of multipliers and disseminators of concepts and ideas aimed at improving the conditions of the roads of common use among neighbours of Rosário. The achievement of quantitative approaches, by method of field research, which enabled the completion of survey information and behavioral analysis for irregular disposal of solid waste in Boa Esperança District performed with the eighth grade class of the Municipal school David Garcia. The results showed that even aware of the consequences of improper disposal of solid urban waste, some residents insist on discard their waste in inappropriate places such as squares and flower beds. We noticed that students were unable to describe measures or simple actions where we can produce less household solid waste, within our own House. In addition, it was possible to awaken the interest and involvement of students in search of the benefits that the project of environmental education can provide for the neighborhood.
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Apresentação das Leis que tratam da temática ambiental na esfera federal ... 18 Quadro 02 - Apresentação das Leis que tratam da temática ambiental na
esfera estadual ... 19 Quadro 03 - Apresentação de algumas das Leis que tratam da temática
ambiental no Município de Ibatiba ... 19 Quadro 04 - Ações de Educação Ambiental na Escola ... 32
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Esquema ilustrativo dos elementos que incidem no sistema de
inclusão da Educação Ambiental ... 24
Figura 02 - Macrozoneamento do município de Ibatiba/ES ... 26
Figura 03 - Divisão dos bairros do Município de Ibatiba/ES ... 27
Figura 04 - Vista parcial da Escola EMEF David Gomes, com os alunos do 8º ano e a pesquisadora ... 28
Figura 05 - Foto do Ginásio de Esporte de Ibatiba/ES ... 28
Figura 06 - Aplicação do questionário aos estudantes do 8º ano da Escola Davi Gomes ... 33
Figura 07 - Ponto irregular de descarte de resíduos em frente à Escola Davi Gomes, ao lado do Ginásio ... 34
Figura 08 - Ponto irregular de descarte de resíduos no Canteiro Municipal ... 34
Figura 09 - Ponto irregular de descarte de resíduos ... 35
Figura 10 - Palestra ministrada pela pesquisadora ... 35
Figura 11 - Estudantes como agentes multiplicadores ... 36
Figura 12 - Estudantes da Escola Davi Gomes como agentes multiplicadores .. 36
Figura 13 - Percentual de alunos que responderam à pergunta. “Você sabe o que é coleta seletiva”? ... 37
Figura 14 - Você sabe a diferença entre lixo seco e úmido? ... 38
Figura 15 - Percentual de resposta dos alunos para a pergunta: “Para você quais são as principais causas de descarte inadequado de lixo seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa” ... 39
Figura 16 - Você saberia informar quais as consequências do descarte inadequado do lixo em seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa ... 40
Figura 17 - Para você é possível gerar menos lixo? ... 40
Figura 18 - Você saberia mencionar alguma forma para redução do lixo no Bairro Boa Esperança ... 41 Figura 19 - Percentual de alunos que responderam à pergunta: ”Com o projeto
de educação ambiental “A educação ambiental como ferramenta para limpeza urbana”, que benefícios o projeto de educação
ambiental poderá trazer para o bairro”? Pode marcar mais de uma alternativa ... 42 Figura 20 - Respostas dos alunos à pergunta: “Você sabe qual a destinação
final do lixo no Bairro Boa Esperança?” ... 43 Figura 21 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a sua faixa
etária?” ... 44 Figura 22 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a sua faixa
escolaridade?” ... 44 Figura 23 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a Frequência
de Recolhimento do Lixo em seu Bairro?” ... 45 Figura 24 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: Você faz separação
de lixo em sua casa? ... 46 Figura 25 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: Você sabe o que é
lixo seco e lixo úmido? ... 47 Figura 26 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Existe coleta
seletiva em seu bairro?” ... 47 Figura 27 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Para você quais
são as principais causas de descarte inadequado de lixo seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa.” ... 48 Figura 28 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Você saberia
informar quais as consequências do descarte inadequado do lixo em seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa” ... 48 Figura 29 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Quais os locais de
descarte em seu Bairro?” ... 49 Figura 30 - Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Você sabe para
onde é destinado o lixo que é gerado no seu Bairro?” ... 50 Figura 31 - Correlação entre as respostas dos munícipes do bairro à pergunta
“Você faz separação de lixo em sua casa” e sua faixa etária ... 51 Figura 32 - Moradores que descartam o lixo na esquina de casa ... 52 Figura 33 - Moradores que assinalaram que o maior problema é a falta de
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas EA Educação Ambiental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NBR Norma Brasileira
PDM Plano de Desenvolvimento Municipal PEVs Ponto Entrega Voluntários
RSU Resíduos Sólidos Urbanos t/d Tonelada por dia
TCLE Termo de Consentimento e Esclarecimento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ... 13
2 OBJETIVOS ... 16
2.1 OBJETIVO GERAL ... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 16
3 PROBLEMAS AMBIENTAIS: CONTEXTUALIZAÇÕES ... 17
4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA ... 20
4.1 EDUACAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA ... 21
4.2 ESTUDANTE COMO AGENTE MULTIPLICADOR DE CONHECIMENTO .. 22
5 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA ... 26
6 METODOLOGIA ... 30
6.1 A PESQUISA DE AÇÃO PARTICIPATIVA E QUANTITATIVA COMO REFERÊNCIA METODOLÓGICA ... 30
6.2 DESCRIÇÃO METODOLOGICA ... 30
7 RESULTADOS E ANÁLISES ... 37
7.1 RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA COM ESTUDANTES DENTRO DE SALA DE AULA ... 37
7.2 RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA COM MORADORES DO BAIRRO BOA ESPERANÇA ... 43
7.3 CORRELAÇÃO DOS ELEMENTOS E INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA REALIZADA NO BAIRRO BOA ESPERANÇA ... 50
8 CONCLUSÃO ... 54
1 INTRODUÇÃO
A temática pautada nos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) vem sendo debatida nas últimas décadas com frequência, principalmente no que se refere aos impactos causados ao meio ambiente.
A espécie humana, desde a sua origem, buscou formas de influir no meio ambiente e de transformá-lo no sentido de atender às suas necessidades, mesmo que em certas ocasiões essa transformação tenham se mostrado desfavorável (NUNES, 2009).
A Lei nº 12.305, de 02 de Agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduo Sólido. Esta lei é muito recente se compararmos ao ano de 1880, período que se iniciou as primeiras ações de gestão de resíduos sólidos no Brasil. A mesma dispõe sobre princípios, instrumentos, responsabilidades dos geradores e do poder público, diretrizes e objetivos da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos (Lei N º 12.305, 2010).
De acordo com a Lei nº 12.305, os princípios e objetivos da Política Nacional de Resíduo Sólido voltam-se: a prevenção, o desenvolvimento sustentável, a visão sistêmica do meio social, econômico e ambiental, a eco eficiência, a cooperação entre setor público e social, a proteção à saúde pública, a qualidade ambiental, a adoção de tecnologias limpas, o incentivo a reciclagem, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos (incluídos os perigosos), às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (Lei N º 12.305, 2010).
A coleta seletiva é a base para a sustentabilidade de um gerenciamento de resíduos sólidos, ao ponto em que a segregação maximiza as possibilidades de desenvolver a reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos, minimizando a quantidade de material descartado (MONTAGNA, 2012). Além disso, pode ser considerada mais que um instrumento concreto de incentivo a redução, a reutilização e a separação do material para a reciclagem, mas também a busca de uma mudança de
comportamento, principalmente em relação aos desperdícios inerentes à sociedade de consumo (RIBEIRO, 2004).
GONÇALVES (2013) nos diz que o sucesso de um programa de coleta seletiva, visando à reciclagem, depende do envolvimento dos usuários, através de um bom programa de comunicação e educação ambiental; uma boa logística de coleta; e um bom sistema de escoamento dos materiais. A coleta seletiva deve ser planejada considerando esses três elos, sendo que o planejamento deve ser feito “de trás para frente”, primeiro definindo a destinação a ser dada aos materiais, depois escolhendo a logística a ser adotada para a coleta e, só então, elaborando o programa de educação ambiental, que deve ser constante, e não apenas uma campanha.
As campanhas educativas contribuem para mobilizar a comunidade, para sua participação efetiva e ativa na implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos, separando os materiais recicláveis e/ou reutilizáveis diretamente na fonte de geração (FERREIRA, 2004).
Mas, cabe ressaltar o papel da sociedade em geral no desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental, que envolvem a todos, levando a ideia de que a reciclagem por si só não pode ser considerada a solução, mas que a mudança de hábitos e atitudes pode levar a sociedade a tomar medidas mais abrangentes, com ações que minimizem a quantidade de resíduos na própria fonte geradora, consumindo menos e reutilizando embalagens descartáveis. (FERREIRA, 2004).
Para AMORIM (2010), a produção de resíduos está ligada diretamente ao modo de vida, cultura, trabalho, ao modo de alimentação, higiene e consumo humanos. Destaca em seus estudos o desenvolvimento de tecnologias e a produção de materiais artificiais, porém a preocupação com a reintegração desses materiais ao meio ambiente não tem sido alvo de preocupação pelas indústrias que a produzem.
Em Ibatiba-ES não é diferente, o crescimento populacional, a ausência de conscientização ambiental e sensibilização dos moradores, a carência de infraestrutura e de políticas públicas que visem uma melhor gestão dos resíduos
sólidos, são causas explícitas do grande acúmulo de resíduos sólidos descartados de forma irregular pela cidade.
O descarte indevido de resíduos sólidos urbanos (RSU) podem acarretar um risco sério para a saúde da população, pois podem atrair baratas, moscas, vetores e também servir de foco para o mosquito Aedes aegypti, leptospirose, diarreias dentre outros. O correto seria colocar os sacos de resíduos sólidos urbanos (RSU) em frente às residências e comércio horas/minutos antes da passagem do caminhão de coleta.
Neste contexto, este trabalho de pesquisa consistiu no levantamento de dados dos hábitos dos moradores do bairro Boa Esperança no descarte de resíduos sólidos urbanos (RSU), utilizando a Educação Ambiental, na compreensão dos benefícios e vantagens recebidos através do uso adequado do Sistema Municipal de coleta de resíduos sólidos urbanos.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve como objetivo abordar a Educação Ambiental como ferramenta para a Coleta seletiva, na sensibilização dos moradores do bairro Boa Esperança e dos estudantes do 8º ano da Escola David Gomes.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Observar os hábitos de descarte de resíduos sólidos da comunidade do Bairro Boa Esperança;
Registrar as ações antrópicas mais impactantes;
Obter resposta sobre o processo da Coleta Seletiva, mostrando os benefícios do sistema, a partir da colaboração da turma da 8º ano da Escola Municipal David Gomes;
Realizar pesquisa de campo através de questionário a ser aplicado à comunidade do bairro a fim diagnosticar o perfil dos possíveis poluidores;
Transformar os estudantes em possíveis agentes multiplicadores de informações.
3 PROBLEMAS AMBIENTAIS: CONTEXTUALIZAÇÕES
No século XX foi iniciada uma reviravolta e a humanidade torna-se preocupada com o planeta onde vive. Outras inquietações como o buraco na camada de ozônio, o aquecimento global da Terra tem despertado a população mundial sobre o que tinha acontecido com o meio ambiente. Nesse "despertar", a questão da geração e destinação final do RSU foi percebida, e nesta primeira década do século XXI tem sido enfrentada com a urgência necessária (NOGUERA, 2010).
Logo após a revolução industrial no Brasil dava-se inicio a uma preocupação com a gestão de resíduos sólidos urbanos. A partir da década de 1970 os resíduos sólidos passaram a ser vistos como um problema ambiental. Essa temática foi pautada em grandes debates de encontros mundiais como: a Conferência de Estocolmo (1972), ECO 92 (1992) e Tbilisi (1997).
Com a Revolução Industrial foram surgindo vários descobrimentos tecnológicos, com mais eficiência e meios rápidos de produção. O consumismo se fez marcante, sem preocupações com o meio ambiente, surgindo assim os grandes impactos ambientais. Onde se fez necessários estudos, que visassem a qualidade de vida, o cuidado com o meio ambiente, segurança, bem estar dentre outros.
A lei 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), alterando a lei 9.605/98. Neste sentido, o Brasil passa a ter um marco regulatório na área de Resíduos Sólidos, já que esta lei faz a distinção entre resíduos (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento), (REVISTA MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL, 2010).
AMORIM (2010) diz que a produção de resíduos está ligada diretamente ao modo de vida, cultura, trabalho, ao modo de alimentação, higiene e consumo humanos. Destaca em seus estudos o desenvolvimento de tecnologias e a produção de materiais artificiais, porém a preocupação com a reintegração desses materiais ao meio ambiente não tem sido alvo de preocupação pelas indústrias que a produzem.
No Quadro 01 são apresentadas as leis federais que norteiam a temática de resíduos sólidos urbanos.
Quadro 01 - Apresentação das leis que tratam da temática ambiental na esfera federal.
Leis Legislação Federal
Lei 6.938 de 1981 Politica Nacional de Meio Ambiente Decreto 99.044 de
1988
Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos
Lei 7.802 de 1989 Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
Lei 9.605 de 1998 Lei de crimes ambientais
Lei 9.966 de 2000 A prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas.
Lei 10.308 de 2001 Gestão de rejeitos radioativos.
Lei 12.305 de 2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Lei 13.186 de 2015 Institui a Política de Educação para o Consumo Sustentável. Fonte: A autora.
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume dos resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos da Lei 12.305/2010 (art.3º, XVII).
O Decreto Federal n.º 7.404/2010 estabelece normas para execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde prevê parcerias, incentivos financeiros, capacitação e a melhoria da produção e condições de trabalho dos catadores. No
quadro abaixo apresentamos as Leis federais, estaduais e municipais que norteiam à temática.
As políticas públicas Estaduais têm como objetivo assegurar o uso adequado dos recursos ambientais do Estado do Espírito Santo. As leis preveem ações para redução, reaproveitamento, prevenção ao controle da poluição, recuperação da qualidade do meio ambiente, bem como a erradicação das destinações e disposições inadequadas dos resíduos sólidos urbanos (Quadro 2):
Quadro 02 - Apresentação das leis que tratam da temática ambiental no estado do espírito santo.
Leis Legislação Estadual
Lei 6.291 de 2000 Dispõe sobre a coleta de resíduos urbanos considerados potencialmente danosos à saúde e ao meio ambiente e dá outras providências.
Lei 6.407 de 2000 Estabelece a obrigatoriedade da adoção de plano de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde.
Lei N.º 9.264 de 2009 Institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos. Fonte: A autora.
A preocupação em promover bem estar e qualidade de vida a população faz com que a gestão pública municipal crie ferramentas para uma politica de gestão ambiental mais sólida para assegurar com medidas preventivas o controle necessário para o desenvolvimento sustentável. No Quadro 3 são apresentadas as leis municipais que norteiam a temática ambiental no Município de Ibatiba.
Quadro 03 - Apresentação de algumas das leis que tratam da temática ambiental no município de Ibatiba/ES.
Fonte: A autora.
Leis Legislação Municipal
Lei 465 de 1983 Código de Postura do Município de Ibatiba Lei 784 de 2015 Plano de Saneamento Básico
Lei 817 de 2017 Código de Meio Ambiente
4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA
A educação ambiental deve desempenhar a função de criar a consciência dos problemas que afetam o Meio Ambiente; deve ser dirigida a pessoas de todas as idades e de todos os níveis de ensino formal e não formal; deve constituir uma educação permanente; deve ter um enfoque global sustentado em base interdisciplinar e deve contribuir para renovar o processo educativo (TBLISI, 1977).
Por isso a Conferência de Tbilisi, realizada na Geórgia, em 1977, teve grande importância para a educação ambiental porque começou a apresentar o conceito de Educação Ambiental na dimensão idealizada hoje.
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade" (BRASIL, Lei 9795/99, 27 de abril de 1999).
Esta mesma Lei 9795/99, constitui as seguintes disposições:
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino normal.
Art.11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber a formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios da Política nacional de Educação Ambiental.
Art.12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituição de ensino de seus cursos, na rede pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos artigos 10 e 11 desta Lei.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988, em seu §1º, inciso VI, do art. 225, retrata a educação ambiental como elemento essencial a saudável qualidade de vida
e o encargo de ser promovida a todos os níveis de ensino. Configurando fundamento primordial Constitucional que originou a criação do Programa nacional de Educação Ambiental e do Decreto 4281 de 2002 que regulamentou a legislação educacional.
MARCONI e LAKATO (2009) diz que a Educação Ambiental é o comportamento moral e ético caracterizado de virtude humana contemporânea, para fornecer ao homem ferramentas para transformar todas as suas iniciativas em atitudes eminentemente acabativas, é um conhecimento humano de natureza, política, social e cultural de base epistemológica para orientar o homem a utilizar a inteligência para empreender o desenvolvimento político, social e cultural das populações viventes nas terras do mundo. Ele também coloca que a Educação Ambiental tem espaço no tempo existente entre o senso comum e o bom senso para ajudar o homem a responder de forma educada e sustentável o que muda na relação pessoa-comunidade ambiente, conforme as épocas e as necessidades que se impõe.
A Educação Ambiental no Brasil já está consolidada na pesquisa, porém na ação pedagógica ainda são necessárias muitas discussões em relação a sua importância para construção do sujeito em seus valores éticos e morais. São muitas e diferentes as formas de considerá-la em prática. Essas diferenças explicitam, de certa forma, um processo de amadurecimento teórico e metodológico inerente aos processos educativos numa sociedade, que, embora problematize cada vez mais a necessidade de atenção à Educação Ambiental, historicamente vem tratando-a como um bem social de menor importância para investimentos sociais e humanos de toda a natureza (GUSMÃO, 2000).
4.1 EDUACAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
A escola, considerada por muitos como o espaço por excelência para a divulgação da produção de conhecimentos (científicos e populares), entre outras funções possui também o papel de desenvolver o sujeito, capacidades de leitura da sua realidade, integrando-o a essa realidade, e consequentemente favorecendo a leitura de questões de cunho cotidiano, como possibilidades de explicá-la para melhor atendê-las (GADOTTI, 2000).
SEGURA (2001) relata que a escola foi um dos primeiros espaços a absorver esse processo de “ambientalização” da sociedade, recebendo a sua cota de responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população, por meio de informação e conscientização.
MEDEIROS (2011) ressalta a importância de tratar a questão ambiental no ambiente escolar, e nos diz que a cada dia que passa a questão ambiental tem sido considerada como um fato que precisa ser trabalhado com toda a sociedade e principalmente nas escolas, pois as crianças bem informadas sobre os problemas ambientais vão ser adultos mais preocupados com o meio ambiente, além do que elas vão ser transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as questões ambientais em sua casa, família e vizinhas.
O aluno quando entra em contato com os elementos da natureza e passa a se comportar de modo ambientalmente correto, entendendo as funções do meio ambiente para a manutenção e existência da vida, além de praticar ações voltadas para a conservação da natureza, aprender a respeitar e a entender a importância das questões ambientais para as novas e futuras gerações, refletindo sobre seu papel na manutenção da preservação ambiental MEDEIROS (2011).
Conforme REIGOTA (1991), a educação ambiental deve orientar-se para a comunidade. Deve-se procurar incentivar o indivíduo a participar ativamente da resolução dos problemas no seu contexto de realidades especificas. Os cidadãos do mundo, atuando nas suas comunidades, é a proposta traduzida na frase muito usada nos meios ambientalistas: “Pensamento global e ação local, ação global e pensamento local”.
Para RODRIGUES e CASTANHEIRA (2012), a educação é um processo mútuo no qual quem ensina aprende e quem aprende ensina, sendo fundamental alterar pré-conceito e hábitos, compreendendo seu dever em ser mais ecológico na sua vida. Pena que em se tratando de seres humanos, o medo de se aprender algo novo é um fator preponderante, sendo percebido tanto positiva quanto negativamente, podendo ser observado nas atitudes do indivíduo.
O educador ao ligar o conteúdo das ciências às questões do cotidiano torna a aprendizagem mais significativa. As oficinas pedagógicas realizadas durante as aulas se desenvolvem apoiadas nas vivências dos alunos e dos fenômenos que ocorrem a sua volta, buscando examiná-los com o auxílio dos conceitos científicos pertinentes. É através de um ensino investigativo, provocativo que o aluno começa a pensar e a refletir sobre o processo de construção do conhecimento (FREIRE, 2005).
Uma finalidade da educação ambiental é despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental com uma linguagem de fácil entendimento que contribui para que o indivíduo e a coletividade construam valores sociais, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. Assim, torna-se necessário mudar o comportamento do homem com relação à natureza, com o objetivo de atender às necessidades ativas e futuras, no sentido de promover um modelo de desenvolvimento sustentável. Um programa de educação ambiental eficiente deve promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atividades e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental (DIAS, 2004).
As campanhas educativas contribuem para mobilizar a comunidade, para sua participação efetiva e ativa na implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos, separando os materiais recicláveis e/ou reutilizáveis diretamente na fonte de geração (FERREIRA, 2002).
Uma etapa necessária para a reciclagem de resíduos sólidos é a coleta seletiva do resíduo gerado. A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta para a preservação do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida da população. Esse tipo de coleta é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como vidro, papéis, metais, plásticos e orgânicos, que são previamente separados na fonte geradora. A implantação de programas de coleta seletiva é de fundamental importância para minimizar os impactos gerados pelos resíduos sólidos. O primeiro passo a ser dado para a implantação de um sistema de coleta seletiva é a realização de campanhas junto à população, mostrando a importância da reciclagem e
orientando-a para a importância da separação do lixo em sua origem (GONÇALVES, 2013).
4.2 ESTUDANTE COMO AGENTE MULTIPLICADOR DE CONHECIMENTO
Segundo BRANCO (2007) o estudante na esfera da Educação Ambiental é considerado de suma importância como um agente multiplicador no processo da disseminação dos conceitos de posturas ambientais e da sustentabilidade á sociedade.
A escola é o espaço físico que oferece a possibilidade de ser um núcleo de aprendizado e replicação desse aprendizado, onde a criança encontra estímulos para buscar e transformar suas ideias e conceitos (BRANCO, 2007).
Na Figura 1 são apresentadas as interações entre os elementos, que compõem a base estrutural que permite o processo de educação da criança como agente multiplicador de conceitos de sustentabilidade e educação ambiental.
Figura 01 - Esquema ilustrativo dos elementos que incidem no sistema de inclusão da educação ambiental.
Tais elementos incidem no sistema de inclusão da educação ambiental ao ensino escolar. Por isso podemos dizer que estes elementos são aqueles que compõem a estrutura funcional pertinente ao processo de educação do indivíduo.
BRANCO (2007) propõe atividade cuidando do seu ambiente familiar como exemplo. A atividade auxilia na percepção de que nossas atitudes em casa podem ser iguais as nossas atitudes fora de casa fortalecem a autonomia e a responsabilidade e ajuda o aluno a se familiarizar com a ideia de que o homem também faz parte do meio ambiente e é responsável por ele.
Diante do exposto, observa-se que a educação e a percepção ambiental despontam como ferramentas na defesa do meio natural, e ajudam a reaproximar o homem da natureza, garantido um futuro com mais qualidade de vida para todos. Neste caminho, tal como descrito por MOIMAZ e MARQUES (2015) o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas.
5 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA
O Município de Ibatiba está localizado no sul do Espírito Santo a cerca de 170 km da capital Vitória. Com uma área territorial de aproximadamente 240,5 km², o município faz divisa com Brejetuba, Iúna, Irupi, Muniz Freire e Lajinha (MG). Sua altitude média é de 740m e população estimada é de 22.366 habitantes (IBGE, 2010, PSBM, 2015).
Figura 02 – Macrozoneamento do município de Ibatiba/ES.
Fonte: Plano Diretor Municipal – Ibatiba/ES - 2008.
O município constitui por uma região de montanhas com relevo acidentado. A classificação dos solos se dá como latossolo vermelho amarelo, com bastante ausência de solos ricos. Os solos são profundos, com elevada densidade de cursos de água permanentes (PSBM, 2015).
O clima da Munícipio de Ibatiba tem médias que variam entre 9,4 ºC a 30,7ºC, com períodos chuvosos entre os meses de janeiro a abril e outubro a dezembro (PSBM, 2015).
O bairro Boa Esperança, selecionado para atingir os objetivos desta pesquisa, localiza-se em uma parte central do Município de Ibatiba-ES (Figura 3), sendo um dos mais antigos bairros da cidade, possuindo residências, comércios, escolas, ginásio de esportes, ruas pavimentadas, e avenida urbanizada. O referido bairro é constituído por 04 (quatro) ruas e parte de 03 (três) Avenidas, que são: Rua
Amâncio Teixeira, Rua Idelfonso R. de Paula, Rua Francisco D. de Carvalho, Rua Luiz Rodrigues Campos, Avenida Manoel Trindade, Avenida Sérvulo Rodrigues Trindade, Avenida Afonso Cláudio.
Figura 03 – Divisão dos bairros do município de Ibatiba/ES.
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Fonte: https://sedurb.es.gov.br/Media/sedurb/
Devido ao considerável crescimento do bairro e por outros motivos a serem discutidos neste trabalho, é comum encontrar pontos de descarte de resíduos sólidos urbanos nas ruas e avenidas, principalmente resíduos domiciliares, entulhos de construção civil e descarte de móveis velhos e eletrodomésticos, causando impacto ambiental em suas diversas dimensões.
A Escola EMEF David Gomes (Figura 4), selecionada para atingir os objetivos desta pesquisa, está localizada na Rua Manoel Luís Trindade, no Bairro Boa Esperança. Esta escola é da rede municipal de ensino e possui 1.189 (mil cento e oitenta e nove) alunos, distribuídos no Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e EJA de acordo com censo escolar de 2016.
Figura 04 – Vista parcial da Escola EMEF David Gomes, com os alunos do 8º ano e a pesquisadora.
Fonte: A autora.
Também no bairro Boa Esperança localiza-se o Ginásio Municipal de Esportes, que visa proporcionar com o esporte o processo de desenvolvimento educacional. No entanto ao redor do ginásio poliesportivo do município transformou-se em um dos maiores pontos irregulares de descarte de resíduos sólidos do Município.
Figura 05 – Foto do ginásio de esporte de Ibatiba/ES
O município de Ibatiba-ES possui uma Usina de Triagem e Transbordo localizada de acordo com Plano de Desenvolvimento municipal (PDM), na Zona Especial de Projetos Específicos (ZEPE), no Bairro Branco Zona Rural.
A área total da Usina de Triagem e Transbordo de Ibatiba é de 2,02 ha. Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, no ano de 2017, o município gerou cerca de 09 t/d de resíduos sólidos urbanos.
6 METODOLOGIA
6.1 A PESQUISA DE AÇÃO PARTICIPATIVA E QUALI-QUANTITATIVA COMO REFERÊNCIA METODOLÓGICA
A metodologia do projeto esta baseada na pesquisa quantitativa quanto à abordagem, como esclarece FONSECA (2002), retratando que as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população. Os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa.
A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis FONSECA (2002).
Contudo apresenta-se a inclusão da pesquisa quali-qualitativa, onde é possível realizar a coleta dos dados e ao mesmo tempo podem-se explorar as causas dos resultados (NORMAS E REGRAS, 2017).
A metodologia da pesquisa-ação-participativa como destaca LOUREIRO (2007), nos revela que é possível à realização de um processo coletivo da aprendizagem, investigação, a fim de produzir conhecimento sobre a realidade estudada. A investigação social empírica que é concebida e realizada em estreita associação com a ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo THIOLLET (2004).
6.2 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA
O método de pesquisa quantitativa foi utilizado a fim de identificar opiniões, hábitos e atitudes da comunidade do bairro Boa Esperança, através de questionários aplicados a comunidade.
Dentro pesquisa participante ou pesquisa-ação a metodologia propõe partir da realidade social na sua complexidade e totalidade, dotada de horizontes subjetivos, e depois construir métodos adequados para captá-la e transformá-la DEMO (1989).
O presente trabalho de pesquisa iniciou-se no primeiro semestre de 2018, onde foram debatidas ações do projeto com diretor, pedagoga, professores e alunos do 8º Ano da Escola Municipal David Gomes. A turma do 8º ano foi escolhida por terem alunos com idade entre 12 e 14 anos, o que possibilitaria elucidar melhor na aplicabilidade da pesquisa aos moradores do bairro. Foi realizada um sondagem com os alunos do 9º ano, e por meio de uma observação pessoal e bem como por orientação dos professores da escola, verificou-se que a turma não teria comprometimento necessário para realização do projeto de pesquisa.
Também na escola foram realizadas entrevistas com os alunos da 8º ano do Ensino Fundamental. Com o intuito de identificar o conteúdo ensinado sobre resíduos sólidos urbanos é replicado em sociedade a um nível satisfatório.
A metodologia da pesquisa apresentada busca direcionar ao ensino fundamental, com a inclusão de atividades extraclasses, que serão realizadas no bairro Boa Esperança. Neste contexto o estudante tem contato com a realidade do bairro, onde podemos promoveu-se passeios ao bairro para analises de descartes irregulares, bem como ações educacionais que envolvam os estudantes a disseminação de boas pratica e hábitos relacionados ao meio ambiente limpo e saudável.
Conforme DIAS (2004) a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar.
O Quadro 04 apresenta às ações e projeto determinado a comunidade, fixando prioridades e objetivos em concordância com as políticas públicas educacionais vigentes.
Quadro 04 – Ações de educação ambiental na escola David Gomes – Ibatiba/ES. ESCOLA DAVI GOMES TURMA DA 8ª SÉRIE
Público Ensino fundamental
Localização Ibatiba/ES
Tipo da instituição Pública
Nº de alunos 18
Trabalho de sensibilização em Educação Ambiental
Professor, alunas e comunidade
Projeto de Educação Ambiental - Estudo de Coleta e separação de matérias recicláveis.
- Estudo do Meio Ambiente Redução de Consumo de Recursos naturais.
- Pesquisa de Campo no Bairro Boa Esperança.
PPP – projeto político pedagógico Matérias curriculares e Educação Ambiental.
Fonte: A autora.
As entrevistas foram realizadas no dia 29 de maio de 2018, contando com o apoio dos alunos, a colaboração com professores e direção da instituição.
Num primeiro momento foi realizada a entrega do Termo de Consentimento e Esclarecimento (TCLE) aos alunos para coleta da assinatura do responsável legal para participação dos estudantes na pesquisa (Apêndice I).
Figura 06 – Aplicação do questionário aos estudantes do 8º ano da Escola David Gomes
Fonte: A autora.
Após obtenção das assinaturas do Termo de consentimento e esclarecimento (TCLE) foi aplicado aos alunos um questionário (Apêndice II), com a finalidade de mensurar o conhecimento deles sobre o assunto principal do projeto de pesquisa que se faz referência aos resíduos sólidos urbanos (RSU), aos cuidados que devemos ter como o meio ambiente em que vivemos; a coleta seletiva sendo uma ferramenta para reduzirmos nossas ações que impactam o meio ambiente, as consequências do descarte irregular dos resíduos sólidos urbanos, e a aplicação de boas práticas e hábitos ambientais.
Neste momento foi explanado aos alunos boas práticas sobre a gestão de RSU, ressaltando os impactos ambientais sofridos e suas consequências.
Nas Figuras 7 e 8 são mostradas, respectivamente, o descarte inadequado de resíduos sólidos urbanos no Bairro Boa Esperança.
Figura 07 - Ponto irregular de descarte de resíduos em frente à Escola Davi Gomes, ao lado do ginásio.
Fonte: A autora.
Figura 08 – Ponto irregular de descarte de resíduos no canteiro Municipal de Ibatiba/ES.
Figura 09 – Ponto irregular de descarte de resíduos no canteiro municipal ao lado da BR 262.
Fonte: A autora.
Dentro do cronograma de atividades proposto foi realizado na sala de vídeo da Escola Davi Gomes uma palestra e um bate papo para instruir os alunos ao projeto executado e ao tema relacionado (Figura 10).
Figura 10 - Palestra ministrada pela pesquisadora.
Dentro de sala de aula, como nas ações ocorridas em campo buscou-se sensibilizar os alunos para ações ambientais corretas, para que fora do âmbito escolar eles fossem capazes de dar seguimento ao processo da multiplicação de informação em sua socialização. Nas Figuras 11 e 12 são mostradas ações de sensibilização e conscientização da importância da Coleta Seletiva.
Figura 11 e Figura 12 - Estudantes como agentes multiplicadores.
Fonte: A autora.
7 RESULTADOS E ANÁLISES
7.1 RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA COM ESTUDANTES
Os resultados da pesquisa mostraram que 75% dos alunos sabiam o que é coleta seletiva (Figura 13) e 91,7 % assinalaram que sabiam a diferença de lixo seco e úmido (Figura 14), o que nos leva a pensar que a maioria dos alunos tem conhecimento sobre o assunto abordado no projeto de pesquisa. Destaca-se a importância da Lei 9.795/1999, onde prevê a educação ambiental no âmbito escolar, cabendo assim às escolas, faculdades e universidades o dever da promoção da mesma, de maneira integrada aos programas educacionais, atingindo assim as comunidades para que se capacitem para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Figura 13 – Percentual de alunos que responderam à pergunta: “Você sabe o que é coleta seletiva?”.
Fonte: A autora.
Observou-se que 91,7% dos alunos sabiam a diferença dos resíduos secos e úmidos e a realização de sua separação, onde se enfatizou a importância do descarte adequado de cada resíduo tal como a Figura 14.
Devemos sempre destacar a importância da redução, reutilização e reciclagem como fatores determinantes nesse processo de diminuição de impactos causados pelos resíduos a partir de atitudes simples.
Figura 14 - Você sabe a diferença entre lixo seco e lixo úmido?
Fonte: A autora.
Na Figura 15 é apresentado o percentual de resposta dos alunos para a pergunta: “Para você quais são as principais causas de descarte inadequado de lixo seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa”.
A maioria dos alunos respondeu que a causa principal do descarte inadequado do RSU em seu bairro é devido à falta de conscientização da população e o consumo exagerado. Notou-se que a consciência ambiental crítica dos alunos relatarem a respeito dos hábitos do cotidiano e de consumo difundidos pela mídia e aceitos pela sociedade, além da preocupação com a quantidade de materiais que são utilizados no dia a dia que podem ser prejudiciais a saúde e quando descartado em lugares inapropriados comprometem a qualidade do meio ambiente.
Como relata AMORIM (2010) quando diz que a produção dos resíduos sólidos urbanos está ligada diretamente ao modo de vida de um povo, a sua Cultura, trabalho, ao modo de alimentação, higiene e consumo de materiais. Reiterando que esses materiais que são descartados inadequadamente, não tem sido alvo de preocupação.
Figura 15 – Percentual de resposta dos alunos para a pergunta: “Para você quais são as principais causas de descarte inadequado de lixo seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa”.
Fonte: A autora.
No que se refere às consequências do descarte inadequado, 25% dos alunos assinalaram o mau cheiro e a proliferação de insetos e vetores que transmitem doenças, que são as consequências mais perceptíveis à população, quando comparadas, por exemplo, a poluição do solo e das águas Neste sentido, pode-se inferir que a população tende a se preocupar com aquelas consequências que lhes trazem um mal mais imediato, quando comparado aqueles que podem trazer impactos indiretos e em longo prazo.
Com as chuvas e águas acumuladas em resíduos sólidos urbanos expostos a céu aberto, pode-se ocorrer problemas com o aumento da proliferação de insetos que além da transmissão da dengue o Aedes aegypti é responsável também pela transmissão da zika, chikungunya e febre amarela.
Bem como a leptospirose que é encontrada principalmente na urina de ratos, uma doença infecciosa, que a pessoa em contato com o lixo pode contrair a doença caso ela tenha algum corte ou pelas mucosas.
Na (Figura 17), quando perguntados se é possível gerar menos lixo, percebe-se que a maioria dos alunos diz que é possível gerar menos lixo, porém, estes mesmos
alunos, em sua maioria, não tem conhecimento do que fazer para a redução do lixo (Figura 18).
Figura 16 – Você saberia informar quais as consequências do descarte inadequado do lixo em seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa.
Fonte: A autora.
Notou-se que os alunos não conseguiram descrever medidas ou ações simples onde podemos produzir menos lixo, menos dentro de nossa própria casa, colaborando com a gestão de resíduos sólidos do município de Ibatiba. Onde podemos mencionar o consumo consciente, a redução de sacolas plásticas, a reutilização de materiais recicláveis, fazer doações de bem de consumo que não estamos usando, dentre outros.
Figura 17 – Para você é possível gerar menos lixo?
Observou-se que 50% dos alunos não souberam mencionar alguma forma de redução de resíduos sólidos. Por isso é importante em sala de aula o docente ligar o conteúdo ministrado ás questões habituais dos alunos.
Ações podem começar dentro da escola com a implantação da coleta seletiva, a reutilização de matérias recicláveis, a reutilização de materiais que seriam descartados, redução de impressões de folhas, eliminar o uso de copos descartáveis, medidas que despertem nos alunos hábitos conscientes em seu dia a dia no ambiente escolar.
RODRIGUES E CASTANHEIRA (2012), relatam bem quando dizem que a educação é um processo mútuo, ao qual quem ensina aprende e quem aprende ensina. Pois quando educador realiza a união o conteúdo ministrado as questões cotidianas o aprendizado se torna mais eficiente.
Figura 18 – Você saberia mencionar alguma forma para redução do lixo no Bairro Boa Esperança.
Fonte: A autora.
Ao responderem sobre que benefícios o projeto de educação ambiental poderá trazer para o bairro, os estudantes assinalaram em quase todos os itens, indicando que com a educação ambiental podemos ter muitos benefícios, mas com destaque para “Preservação do meio ambiente” (26,7%).
A Escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento de ações direcionadas a preservação do meio ambiente, pois leva o estudante a absorver valores que os conduzem a uma convivência harmoniosa com o ambiente em que vive, incentivando a valorização da natureza, estabelecendo um ambiente equilibrado homem-natureza.
Por isso é de suma importância que o professor desenvolva uma educação ambiental de qualidade com os estudantes, trazendo para a escola atividades práticas ecologicamente correta, artísticas, de campo fora da sala de aula voltadas para o meio ambiente.
Como nos diz MEDEIROS (2011), faz- se necessário despertar o interesse dos alunos para as boas práticas ambientais, ressaltando a importância das questões ambientais no âmbito escolar, pois alunos bem informados sobre os problemas ambientais, vão ser adultos mais preocupados com o meio ambiente, além de serem transmissores de conhecimento obtiveram na escola sobre as questões ambientais em sua casa, família e comunidade.
Figura 19 – Percentual de alunos que responderam à pergunta: ”Com o projeto de educação ambiental “A educação ambiental como ferramenta para limpeza urbana”, que benefícios o projeto de educação ambiental poderá trazer para o bairro”? Pode marcar mais de uma alternativa.
Ao serem questionados sobre a destinação final dos resíduos sólidos (Figura 20), 83,3 % dos alunos responderam a itens que não condizem com a resposta correta, indicando desconhecimento sobre o correto destino dos resíduos que produzem.
Observou-se que 33,3% dos estudantes pressupõem que as destinações finais dos resíduos sólidos urbanos vão para o lixão, bem como outros 33,3% pressupõe que seu resíduo é destinado ao aterro sanitário.
Figura 20 – Respostas dos alunos à pergunta: “Você sabe qual a destinação final do lixo no Bairro Boa Esperança?”.
Fonte: A autora.
7.2 RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA COM MORADORES DO BAIRRO BOA ESPERANÇA
Nas figuras 21 e 22 estão apresentadas, respectivamente, as porcentagens das faixas etárias e escolaridade obtidas dos questionários aplicados aos moradores do Bairro Boa Esperança. Observa-se que há uma ampla variação de faixas etárias da população. O nível de escolaridade dos moradores está bem dividido, podendo-se observar que 54,4% destes têm ensino fundamental incompleto e completo, ensino médio incompleto e sem escolaridade e outros 45,6% têm ensino médio completo e superior completo.
Figura 21 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a sua faixa etária?”.
Fonte: A autora.
Figura 22 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a sua faixa escolaridade?”.
Fonte: A autora.
Traçado o perfil etário e escolar, as perguntas foram direcionadas a questões de conhecimento, percepção e conscientização ambiental, com o foco nos resíduos sólidos. Assim, nas Figuras 23, 24 e 25 são apresentados os resultados percentuais das respostas quanto à frequência de recolhimento de lixo, se é feita a separação do lixo em casa, se sabem o que é lixo seco e lixo seco e lixo úmido e se é feita a coleta seletiva no bairro, respectivamente.
Figura 23 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Qual a Frequência de Recolhimento do Lixo em seu Bairro?”.
Fonte: A autora.
Os RSU no município de Ibatiba são realizados porta a porta, diariamente, a fim de facilitar o recolhimento pelo caminhão compactador. Apesar da falta de equipamento adequado e precariedade usual dos caminhões nota-se que quase 80% dos entrevistados assinalaram que existe recolhimento diário porta a porta em sua rua.
Observou-se que 44,7 % dos munícipes fazem a separação do resíduo sólido urbano. Em conversa com um dos entrevistados, ele nos relatou que a coleta do serviço do município é desestimulante, pois no ano de 2015, iniciou-se no Bairro um processo de coleta seletiva e o projeto não foi a diante. Logo após eles continuaram a segregação, porém, o lixo voltou a ser misturado no caminhão compactador. Explanou um dos entrevistados: “Nós tentamos separar no início, mas a gente percebia que o caminhão jogava tudo no mesmo recipiente, então a gente acabou não separando mais”.
Quando comparado ao projeto de diagnóstico sócio ambiental dos resíduos sólidos urbanos no município de Angicos-RN, realizado por MACEDO (2011), notou-se a desigualdade nos dados obtidos onde revelou estatísticas razoáveis em nosso município onde 55,3% não realizam separação de resíduos sólidos em sua residência. Chegando a alcançar 80% em Angicos-RN nos bairros Centro e Alta Esperança.
Estes resíduos domiciliares agregam muito valor econômico, pois são constituídos de materiais diversos como: plástico, metal, papelão, alumínio, vidro dentre outros. Observou-se uma gestão sócia ambiental ineficiente, onde os materiais são desprezados e inutilizados.
Figura 24 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: Você faz separação de lixo em sua casa?
Fonte: A autora.
Notou-se na (Figura 25) que 89,5% sabem qual a diferença entre os resíduos secos e resíduos úmidos o que demostra que os moradores do bairro Boa Esperança tem consciência do assunto abordado na pesquisa. Quando comparado ao resultado dos alunos que assinalaram 91,7%, observou um ótimo índice de conhecimento do assunto abordado no projeto de pesquisa.
Uma gestão consciente dos resíduos sólidos urbanos possibilita um processo de reciclagem eficiente, bem como menos consumo de energia, reaproveitamento de materiais, diminuição na produção de resíduos, garantindo assim um sistema de sustentabilidade ao município.
Figura 25 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: Você sabe o que é lixo seco e lixo úmido?
Fonte: A autora.
Observou-se na (Figura 26) que 72,8%, assinalaram que não existe Coleta Seletiva no bairro Boa Esperança. O sistema de Coleta Seletiva do Município de Ibatiba ainda não encontra-se disponível neste bairro da cidade porta a porta, apenas pontual em alguns comércios do bairro.
Figura 26 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Existe coleta seletiva em seu bairro?”
Fonte: A autora.
Quando perguntados sobre as principais causas (Figura 27), notou-se que 36,4% responderam que a principal é a falta de local para o descarte do RSU e 35,2% assinalaram que consiste na falta de conscientização da população do bairro.
Figura 27 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Para você quais são as principais causas de descarte inadequado de lixo seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa.”.
Fonte: A autora.
Quanto às consequências do descarte inadequado dos RSU, estão distribuídos em todos os itens mencionados, porém os mais impactantes consistem no mau cheiro e a proliferação de insetos e vetores, tal como observado também nas entrevistas aos alunos, apesar das demais implicarem também na saúde e qualidade de vida dos munícipes, estas duas mais citadas são mais perceptíveis.
Figura 28 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Você saberia informar quais as consequências do descarte inadequado do lixo em seu Bairro? Pode marcar mais de uma alternativa”.
A fim de identificar atitudes corretas de disposição final dos resíduos domiciliares, perguntamos aos moradores onde eles costumavam descartar seus RSU (Figura 29). Notou-se que 45,5% dos moradores responderam que descartam seu lixo na porta de casa para coleta municipal. Porém, 30,4% dispõem seus resíduos em lugares de forma imprópria causando os pontos inadequados de lixo no Bairro Boa Esperança.
O descarte correto deve ser realizado porta a porta, uma separação previa em casa e disposta nas calçadas das casas, em horários previamente estabelecidos ou por postos de entrega voluntária (PEVs), que em geral consistem em contêineres, coletores de cores diferentes para realização da coleta dos resíduos úmidos e secos. Mais ao longo das ruas notou-se que não existem placas indicando os horários da coleta municipal e nem postos de entrega voluntária o que pode ocasionar no descarte inadequado.
Figura 29 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Quais os locais de descarte em seu Bairro?”.
Fonte: A autora.
Notou-se na (Figura 30) que a maioria da população do bairro não soube identificar a destinação final do seu resíduo sólido urbano. Sabendo que a Usina de Triagem do Município foi inaugurada em 2012, concluímos que há falta de informação pela população e divulgação do poder público.
Observou-se que 33,3% não sabem que o RSU é encaminhado para área de transbordo da Usina de Triagem, e 30,7% assinalaram que ainda possuímos lixão.
Quando comparado à resposta dos alunos, notou-se que o resultado referente a o desconhecimento do local da destinação final dos seus resíduos se faz quase idêntico comparando o item assinalado lixão onde os moradores apontaram 30,7% e os alunos 33,3%.
Figura 30 – Resposta dos munícipes do bairro à pergunta: “Você sabe para onde é destinado o lixo que é gerado no seu Bairro?”.
Fonte: A autora.
7.3 CORRELAÇÃO DOS ELEMENTOS E INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA REALIZADA NO BAIRRO BOA ESPERANÇA
A pesquisa apresentada mostra o bom grau de conscientização sobre o problema ambiental, sobretudo pela gravidade e insatisfação a respeito do cenário do bairro em pontos específicos como foi apresentado em fotos na vista in loco realizada com os estudantes da Escola David Gomes no bairro Boa Esperança.
Observou-se na (figura 31) que a maioria que não realiza a separação do RSU em sua residência esta com a faixa etária de 18 a 30 anos de idade e que os moradores mais idosos são as que descartam mais corretamente os resíduos sólidos urbanos que estão entre a faixa etária de acima de 70 anos.
Quando retratamos a cerca das atitudes dos moradores TUAN (1980), indica que a maneira que agimos frente aos fatos que vivenciamos, é primariamente uma postura cultural, onde ela tem maior estabilidade do que a percepção, pois é formada de uma longa sucessão de experiências. Onde se notou que na pesquisa de campo que a maioria dos moradores que descartam os resíduos sólidos corretamente são pessoas idosas. A apropriação de uma consciência cidadã torna capaz a transformação de hábitos e culturas.
Figura 31– Correlação entre as respostas dos munícipes do bairro à pergunta “Você faz separação de lixo em sua casa” e sua faixa etária.
Fonte: A autora.
Notou-se na (figura 32), que 39,1% dos moradores que descartam os resíduos sólidos nas esquinas de casa tem ensino médio completo, e que 34,8% de o Ensino fundamental incompleto. Observou-se a associação do grau de escolaridade mais baixo com a maior disposição inadequado de resíduos sólidos urbanos em esquinas, forma esta incorreta e inadequada de disposição para o recolhimento municipal, para a disposição final.
Figura 32 – Moradores que descartam o lixo na esquina de casa em função do grau de escolaridade.
Fonte: A autora.
Observou-se na (Figura 33) que 25% dos moradores de graus de escolaridade de ensino superior completo, ensino médio completo, ensino médio incompleto e ensino fundamental incompleto assinalaram que o maior problema da causa do descarte irregular é a falta de conscientização dos moradores. Os demais níveis escolares não assinalaram este item na pergunta elucidada.
Mesmo ciente das consequências do descarte inadequado dos resíduos sólidos urbanos, alguns moradores insistem em descartar seus resíduos em locais inadequados, como praças e canteiros, “a fim de se livrar” de um problema que é de sua responsabilidade. Lembrando que o consumidor também assume a responsabilidade compartilhada na geração dos RSU. Sendo a primeira responsabilidade na compra do produto e o consumo responsável.
Como JACOBI (2003) nos diz, é necessário acabar com a postura de dependência e de irresponsabilidade da população que decorre principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação e na coparticipação da gestão ambiental das cidades.
4,3 %
Figura 33 – Moradores que assinalaram que o maior problema é a falta de conscientização dos moradores.
