Características do planejamento físico
“O planejamento físico é uma técnica que pertence às categorias
experimentais do conhecimento científico. Sua finalidade é o ordenamento
das ações do homem sobre o território, e ocupa-se em resolver
harmonicamente a construção de todo tipo de coisas; bem como em antecipar o
efeito da exploração dos recursos naturais (Boullón, 2002 p. 72)”
Tipos de planejamento físico:
1. Planejamento do espaço natural; e
2. Planejamento do espaço urbano.
Tipos de espaço
“A linguagem do planejamento maneja sete tipos diferentes de espaço físico (real,
potencial, cultural, natural, virgem, artificial e vital). Alguns destes correspondem a
diferentes expressões materiais do espaço físico (cultural, natural, virgem, artificial), outros são qualificações conceituais próprias do planejamento (real, potencial) e um deles pertence ao campo da ecologia (vital) (Boullón, 2002 p. 75).”
Definições das 7 (sete) tipologias de espaço:
1. Espaço real. Refere-se a toda a superfície
de nosso planeta e à camada da biosfera que o envolve, que podem ser percebidas pelo homem por meio dos sentidos. É real porque é possível comprovarmos sua existência e deslocarmo-nos por ele, e mesmo, em muitos casos, modificá-lo.
2. Espaço potencial. É a possibilidade de destinar o espaço real a algum uso diferente
do atual; portanto, o espaço potencial não existe no presente, sua realidade pertence à imaginação dos planejadores, quando, depois do diagnóstico, ao passar para a parte propositiva do plano, estudam-se as possibilidades de uso de um território.
3. Espaço-cultural. É aquela parte da crosta terrestre que, devido à ação do homem,
teve modificada sua fisionomia original. Para destacar que o espaço cultural é conseqüência do trabalho do homem, voltado ao acondicionamento do solo a
suas necessidades, também é chamado de
espaço adaptado.
Conforme o tipo de tarefa que o homem realiza sobre o espaço cultural ou
adaptado; originam-se o:
- espaço natural adaptado; e - o espaço artificial.
4. Espaço natural adaptado. São as partes da crosta terrestre em que predominam as
espécies do reino vegetal, animal e mineral, sob as condições que o homem lhes estabeleceu. Também é chamado de espaço rural, para assinalar as tarefas produtivas que ali se realizam: arar e semear a terra fértil, construir canais de irrigação, cortar os bosques originais, plantar novas árvores, criar gado ou explorar jazidas minerais.
No espaço natural adaptado (ou rural) as árvores ou os cereais crescem de acordo com as forças dá natureza, mas é o homem quem decide onde devem nascer e quanto tempo vão viver. Ele determina, ainda, como devem crescer, ao plantá-las segundo um arrranjo geométrico e ao acelerar seu ritmo natural de crescimento mediante fertilizantes ou mudando, até mesmo, sua forma natural como no caso das árvores frutíferas que são podadas para aumentar sua produção.
5. Espaço artificial. Inclui aquela parte da crosta-terrestre em que predomina todo tipo
de artefatos construídos pelo homem. Sendo sua expressão máxima a cidade, também leva o nome de espaço urbano. Nele, tudo o que existe foi feito pelo homem. Todas as formas são inventadas por ele, e quando aparece algum elemento natural (flores, plantas e árvores) sua função é decorar o ambiente artificial em que lhes caberá crescer fechadas em vasos ou canteiros.
Às vezes, o conceito de espaço artificial confunde-se como de espaço natural adaptado. Essa confusão origina-se na ignorância do fato de que mesmo quando em uma plantação a mão do homem intervém, seu produto, a colheita - é um resultado natural, ou seja, acredita-se que como a plantação é um fato artificial, as plantas que nascem dela também o são. Para que a colheita fosse artificial alguém deveria ter fabricado cada planta e cada grão, vamos supor, em matéria plástica.
Tipos de espaço
6. Espaço natural virgem. São aquelas áreas, cada vez mais escassas do espaço
natural sem vestígios da ação do homem.
7. Espaço vital. Essa forma espacial não se refere ao solo, mas ao homem ou a
qualquer outra espécie do reino Monera, Protista, Vegetal e Animal, e a seu entorno ou meio favorável que requerem para poder existir.
Espaço turístico
“O espaço turístico é conseqüência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima do turismo. Esse elemento da [oferta turística], mais o empreendimento e a infra-estrutura turísticas, são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país (Boullón, 2002 p. 79)”
“A melhor forma de determinarmos um espaço turístico é recorrermos ao método empírico, por meio do qual podemos observar a distribuição territorial dos atrativos
turísticos e do empreendimento, a fim de detectarmos os agrupamentos e as
concentrações que saltam à vista (Boullón, 2002 p. 80)”.
São componentes do espaço turístico, em escala decrescente em relação ao tamanho de sua superfície:
1. Zona Turística 2. Área turística
3. Centro turístico 4. Unidade turística 5. Núcleo turístico
6. Conjunto turístico 7. Corredor turístico 8. Corredor de translado 9. Corredor de estada
1. Zona Turística
“É a maior unidade de análise e estruturação do universo espacial turístico de um país. Sua superfície é variável, já que depende da extensão total de cada território nacional e da forma de distribuição dos atrativos turísticos, que são os elementos básicos a levar-se em conta em sua delimitação. Sua dimensão mínima é imediatamente maior que a máxima alcançada por um complexo turístico (Boullón, 2002 p. 80)”. Outra característica
importante da zona turística é que ela deve contar com pelo menos 10 atrativos turísticos suficientemente próximos, independente de sua categoria.
“Além dos atrativos turísticos, para funcionar adequadamente uma zona turística deve contar, em seu território, com equipamentos, serviços turísticos e 2
[dois] ou mais centros turísticos, e estar provida de
uma infra-estrutura de transportes e comunicações, que relacione entre si os dois principais elementos que a integram e com outras zonas e elementos do espaço turístico. Se carece parcial ou totalmente desses últimos requisitos, ela deve ser qualificada como zona potencial
2. Área Turística
“São as partes em que se pode dividir uma zona e, portanto, sua superfície é menor que a do todo que as contém; no entanto, como as zonas podem chegar a ter tamanhos diferentes, é possível que uma área da zona maior resulte maior que outra zona menor
(Boullón, 2002 p. 83)”.
“As área turísticas devem estar dotadas de atrativos turísticos contíguos, em número menor que os da zona, e necessitam, da mesma forma, de uma infra-estrutura de transporte e comunicação que relacione entre si todos os elementos turísticos que a integram. Para que possam funcionar como um sub-sistema, requerem a presença
mínima de um centro-turístico, e se sua infra-estrutura e recursos de equipamentos e
serviços são insuficientes, devem ser registradas como potenciais (Boullón, 2002 p. 83)”.
3. Centro Turístico
“ É todo conglomerado urbano que
conta em seu próprio território ou
dentro de seu raio de influência
com atrativos turísticos de tipo e
hierarquia suficientes para motivar
uma viagem turística
(Boullón, 2002 p. 84)”.4. Unidade turística
São as “[...] concentrações menores de equipamento que se produzem para
explorar intensivamente um ou vários atrativos situados um junto do outro, ou, o
que é mais exato, um dentro do outro, como é o caso de uma fonte de águas
termais rodeada por uma floresta tropical habitada por aves de aspecto
chamativo (Boullón, 2002 p. 95)”.
“Em geral, as unidades turísticas têm o aspecto de pequenas aldeias, o que,
ao lado do fato de que os serviços são explorados por diferentes proprietários,
dá a elas uma aparência bastante diferente daquela dos resorts, cujo desenho
costuma ostentar o equipamento entre o espaço verde das áreas esportivas.
Outra característica é que quase não contam com população permanente,
porque a maior parte dos que aí trabalham moram em povoações próximas
(Boullón, 2002 p. 95)”
.
5. Núcleos turísticos
“Referem-se a todos os agrupamentos com menos de dez atrativos
turísticos de qualquer hierarquia e categoria, que estão isolados no território
e, portanto, têm um funcionamento turístico rudimentar ou carecem
completamente dele, devido, precisamente, a seu grau de incomunicação. A
quantidade de atrativos pode oscilar entre dois e nove, porque os
agrupamentos isolados maiores do que esse devem ser classificados como
zonas potenciais
(Boullón, 2002 p. 96)”.6. Conjunto turístico
“A situação de todo núcleo é transitória, porque desde o momento em que, devido à construção de um novo caminho, conecta-se à rede de estradas, muda sua situação
espacial e transforma-se em um novo elemento do espaço turístico, a que
chamaremos de conjunto (Boullón, 2002 p. 96)”.
“Depois de relacionar-se com o resto do sistema, os antigos núcleos devem consolidar seu funcionamento como conjuntos mediante a construção de um empreendimento turístico que esteja de acordo com a natureza e a hierarquia de seus atrativos. Habitualmente, o empreendimento turístico situa-se em cada um deles, e deve começar resolvendo os serviços básicos, tais como estacionamento, informação, guias, saneamento, alimentação, venda de artesanato, curiosidades e miudezas, e, se a importância de algum atrativo o justificar, hospedagem. É assim que, ao evoluir, podem transformar-se em unidades ou centros (Boullón, 2002 p. 97)”.
7. Corredores turísticos
“São as vias de conexão entre as zonas, as áreas, os complexos, os centros, os conjuntos, os atrativos turísticos, os portos de entrada do turismo receptivo e as praças emissoras do turismo interno, que funcionam como elemento estruturador do espaço turístico. Conforme sua função, podem ser:
Corredores turísticos de translado;
8. Corredores turísticos de translado
“Constituem a rede de estradas e caminhos de um país por meio dos quais se
deslocam os fluxos turísticos para completar seus itinerários. Não é qualquer
estrada que pode desempenha-se satisfatoriamente como corredor turístico, ainda que na América Latina sejam raras as possibilidades de escolha, porque não é frequente que exista mais de uma estrada para ir de um lugar para outro. Quando isso é viável, deve-se selecionar as estradas que passam pelas melhores paisagens e, se possível, que contam com maior distribuição linear de atrativos ao longo do percurso (Boullón, 2002 p. 97)”.
9. Corredores turísticos de estada
“Este elemento, [...] desempenha uma função combinada de centro com corredor turístico. Com efeito, os corredores turísticos de estada são superfícies alongadas,
em geral paralelas às costas de mares, rios ou lagos, que têm uma largura que não supera, em suas partes mais extensas, os 5 km. [...] O que distingue um corredor de
estada de um corredor de translado é: primeiro, a forma de disposição dos atrativos; segundo, a forma do assentamento do empreendimento turístico e, terceiro (decorrente das anteriores), sua função (Boullón, 2002 p. 102)”.
REFERÊNCIA